Afinal, por que Lula ainda não demitiu o ministro corrupto, alvo da Polícia Federal?

Lula decide manter Juscelino e ordena que ministro reforce sua defesa |  Metrópoles

A Codevasf já suspendeu as obras propostas pelo ministro

Raquel Lopes
Folha

O presidente da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba), Marcelo Andrade Moreira Pinto, determinou a suspensão de todos os contratos mantidos com a Construservice, alvo de investigação da Polícia Federal que mira o ministro das Comunicações do governo Lula (PT), Juscelino Filho (União Brasil-MA).

A Polícia Federal cumpriu na manhã desta sexta-feira (1º) mandados de busca e apreensão. Um dos alvos da busca foi Luanna Resende, irmã de Juscelino e prefeita de Vitorino Freire (MA). Segundo a apuração, os recursos indicados por Juscelino foram usados em contratos com a Construservice para obras no município. A empresa teria sido contratada em editais fraudados.

LICITAÇÕES VENCIDAS – A Construservice venceu pregões da Codevasf que totalizam R$ 527 milhões. Desse valor, a Codevasf empenhou R$ 139,4 milhões em contratos com a empresa. Do total empenhado, houve liquidação de apenas R$ 30,2 milhões, correspondentes a serviços efetivamente prestados.

A Codevasf  também decidiu encaminhar para auditoria especial todos os convênios mantidos com os municípios de Vitorino Freire, Bacabal e São Luís, independentemente de quais sejam as empresas responsáveis pela execução das obras e serviços vinculados aos convênios.

Em nota, a Codevasf informou que colabora com o trabalho das autoridades desde a primeira fase da operação Odoacro, em julho de 2022. No âmbito de apurações internas relacionadas às operações, a Codevasf demitiu um funcionário no mês de agosto após a conclusão de processo conduzido por sua corregedoria.

FOLHA DENUNCIOU – As investigações da PF sobre a atuação da Construservice em contratos da Codevasf tiveram origem em reportagens da Folha publicadas em maio de 2022. O jornal revelou que a empreiteira havia obtido a vice-liderança em licitações da estatal apesar dos indícios de crimes contra o seu suposto dono de fato, o empresário Eduardo José Costa Barros —também conhecido como Eduardo Imperador ou Eduardo DP. Ele chegou a ser preso nas primeiras fases da investigação, mas foi solto posteriormente.

A Codevasf, entregue pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a partidos do centrão em troca de apoio político e mantida dessa forma agora pelo governo Lula, cresceu em contratos no governo anterior e expandiu seu foco e sua área de atuação.

Ao mesmo tempo, a estatal se transformou num dos principais instrumentos para escoar a verba recorde das emendas, distribuídas a deputados e senadores com base em critérios políticos e que dão sustentação ao governo no Congresso — tanto sob Bolsonaro quanto sob Lula.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As emendas parlamentares são importantíssimas para os municípios carentes. Se funcionasse direito, tudo bem. Mas se transformou num cipoal de licitações fraudadas, é uma denúncia atrás da outra. Ao invés de atender à coletividade, as obras beneficiam os interesses das famílias de políticos locais. Desse jeito, é melhor acabar com as emendas parlamentares e negociar direto com os prefeitos. O sistema está totalmente podre. Mas quem se interessa? (C.N.)

5 thoughts on “Afinal, por que Lula ainda não demitiu o ministro corrupto, alvo da Polícia Federal?

  1. O orçamento secreto (RP9) foi julgado inconstitucional pelo STF, coisa que o Congresso deveria corrigir. Boa parte dos valores destinadas a isso, foram direcionados para emendas dos parlamentares já prometidas às prefeituras (que estão reclamando que a verba delas, referente às emendas diminuíram).

    As emendas parlamentares são constitucionais, regulamentadas por Lei e são de execução obrigatória. Quem pode aperfeiçoar esse instrumento é o legislativo.

    No portal de transparência de vários órgãos, estão descritos os municípios e as áreas beneficiadas por essas emendas.

    https://portaldatransparencia.gov.br/emendas/consulta?ordenarPor=autor&direcao=asc

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