Tarcísio precisa varrer a estupidez que polui a Educação pública oferecida em São Paulo

Justiça de SP suspende distribuição de materiais digitais com erros pelo  governo Tarcísio de Freitas - Hora do Povo

Charge do Éton (Arquivo Google)

Elio Gaspari
O Globo/Folha

No início de agosto, o secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, anunciou que as escolas públicas do estado abririam mão dos livros didáticos impressos do programa federal, entrando na modernidade do material eletrônico. O doutor deu-se ao luxo de criticar os livros do Ministério da Educação, chamando-os de “rasos e superficiais”. Faltava dizer quem analisou as obras. Faltava dizer também:

1- Que a empresa da qual Feder é acionista tinha negócios com a secretaria.

2- Que dezenas de milhares de alunos não têm dispositivos capazes de acessar a internet.

3- Que mais da metade das escolas da rede pública não tem equipamento para imprimir as apostilas eletrônicas.

ERA APENAS ILUSÃO – Parecia que Feder abria de forma truculenta e inepta um debate que algum dia haverá de chegar: o uso de livros eletrônicos na rede pública. Parecia, mas era ilusão. A modernidade de Feder, endossada pelo governador Tarcísio de Freitas, era apenas uma cobertura para a estupidez.

A repórter Adriana Ferraz, do UOL, revelou que um slide de aulas para alunos da 9ª série informava que d. Pedro 2º assinou a Lei Áurea e que “em 1961, quando ele era prefeito de São Paulo”, Jânio Quadros assinou “um decreto vetando o uso de biquínis nas praias da cidade”.

Em 1961, Jânio era presidente, ele nunca proibiu o biquíni e São Paulo não tem praia. Quem assinou a Lei Áurea foi a princesa Isabel. Em maio de 1888, d. Pedro 2º estava em Milão, entre a vida e a morte.

NINGUÉM LEU… – Erros desse tipo não deveriam ser cometidos pelos autores patrocinados pela Secretaria de Educação. Admita-se que um autor jejuno enganou-se, o que não é pouca coisa. Ninguém leu os textos errados, coisa que não acontece com os livros do MEC. Rasa e superficial é a gestão de Feder.

Do alto de sua prepotência, a secretaria disse que afastou os responsáveis. Só faltava que os mantivesse. Feder é quem deveria ser afastado, até que explicasse quem colocou essas besteiras nos slides e por que elas não foram corrigidas.

O governador Tarcísio de Freitas formou-se pelo Instituto Militar de Engenharia em 2002, quando o Brasil já havia se livrado da maluquice da reserva de mercado para a produção de computadores.

RESERVA DE MERCADO – Meia dúzia de militares e algumas dúzias de espertalhões haviam criado um regime pelo qual era mais fácil entrar no país com um quilo de cocaína do que com um laptop.

O que parecia ser uma reserva de mercado era apenas uma mamata destinada ao fracasso. Tarcísio de Freitas sabe disso.

A entrada de material didático em plataformas eletrônicas é coisa séria, desde que os alunos tenham acesso aos equipamentos necessários. O que se tentou em São Paulo foi outra coisa. Livros impressos não precisam de manutenção. Plataformas eletrônicas precisam, e o doutor Feder sabe disso.

ERA ESTUPIDEZ – Uma plataforma eletrônica capaz de dizer que São Paulo tem praia e d. Pedro assinou a Lei Áurea é capaz de coisas que só um ex-aluno do IME pode imaginar.

Sobretudo se, no serviço público, esse aluno do IME participou de uma faxina parcial na burocracia de transportes do governo federal.

O que parecia ser um debate sério era apenas estupidez, e o que parecem ser erros pontuais sugerem que a coisa é muito mais feia do que se imagina.

9 thoughts on “Tarcísio precisa varrer a estupidez que polui a Educação pública oferecida em São Paulo

  1. Como dizia o célebre Odorico Paraguaçu, repetido várias vezes no bordão de Mário Tupinambá em seu personagem Bertoldo Brecha: “A inguinorança é que astravanca o pogressio”.

  2. Alguém tem dúvida que Tarcísio Freitas é elitista. Qual aluno da rede pública de ensino, filho de pobre pode arcar com a compra de material eletrônico?

    Tarcísio Freitas, é de ideia privatista até de empresa estratégica de cunho social e de utilidade pública, que não deveria ser privatizada para enriquecer alguns empresários, como é o caso da Sabesp.

    Tarcísio Fretas, está querendo vender terras públicas com 90% de desconto para os ruralistas ricos. antes que a lei proíba. Essas terras ajudaria à assentar quem precisa da terra para trabalhar, sobreviver e colaborar com a reforma agrária que é tão necessária ao Brasil e aos trabalhadores que dependem de terra para trabalhar.

    Tarcísio Fretas, é mais um ovo da serpente deixada pelo ex-presidente?

  3. E o povinho que vota?
    Quem sabe, num ato de responsabilidade, deixamos com a imprensa a decisão direta de eleger?
    Quem não sabe o que é política, democracia, estado e ganhou o titulo de eleitor, fará oq ue com ele?
    Fallavena

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