Grupo anticorrupção da OCDE preocupa-se com a anulação das provas da Odebrecht

Convenção foi criada para evitar que empresas tivessem vantagem mediante pagamento de propina

OCDE acompanha o retrocesso do Brasil contra a corrupção

André Shalders
Estadão

Em relatório publicado nesta quinta-feira (19), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra preocupação com a decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, que anulou as provas advindas do acordo de leniência da Odebrecht (atual Novonor).

O documento produzido pela entidade avalia os esforços do Brasil para implementar a Convenção Contra o Suborno Transnacional, e lista medidas que ainda precisam ser adotadas. A última avaliação do tipo foi publicada há nove anos, em outubro de 2014. De 43 recomendações feitas à época, o Brasil só conseguiu 16 total ou parcialmente, segundo o grupo de trabalho da OCDE.

NA QUARTA FASE – A Convenção é um acordo internacional para coibir a prática de empresas multinacionais de pagar propinas em países estrangeiros. Entrou em vigor em 1999, e o Brasil se tornou signatário em 2002. O relatório publicado nesta quinta-feira diz respeito à quarta fase de implementação da Convenção Contra o Suborno Transnacional da OCDE, no País.

A decisão de Toffoli atendeu a um pedido da defesa do presidente Lula (PT), e tornou nulas todas as provas obtidas dos sistemas Drousys e MyWebDayB, usados pela Odebrecht para fazer a contabilidade do pagamento de propinas a agentes públicos.

Apesar disso, o acordo de leniência da empresa continua válido, e cópias das provas continuam existindo em uma sala-cofre na Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise (SPPEA) da Procuradoria-Geral da República (PGR), em Brasília.

MONITORAMENTO – O relatório é assinado pelo Grupo de Trabalho sobre Suborno (WGB, na sigla em inglês), e foi elaborado a partir de uma visita da equipe da OCDE ao Brasil em maio deste ano. A decisão de Dias Toffoli que anulou as provas do acordo de leniência da Odebrecht foi tomada depois da primeira versão do relatório ter sido fechada – a inclusão posterior de várias menções ao assunto mostra a preocupação da OCDE com o tema.

“Recomenda-se que o Grupo de Trabalho acompanhe as possíveis consequências que esta decisão (de Dias Toffoli) pode ter sobre os acordos de leniência do Brasil em questões de suborno estrangeiro, em particular, a medida em que pode afetar a sua segurança jurídica”, diz, acrescentando:

“Recomenda-se também acompanhar as possíveis consequências que a decisão pode ter sobre a capacidade do Brasil de fornecer e obter assistência jurídica mútua em casos de suborno estrangeiro”, diz um trecho, em tradução livre.

GRANDE PREOCUPAÇÃO – “A decisão do STF que levou à anulação das provas do acordo de leniência da Odebrecht certamente foi recebida com grande preocupação pela OCDE e por outros grupos que também estão avaliando o Brasil e que também lançarão em breve os seus relatórios, como o GAFI (Grupo de Ação Financeira Internacional, ligado ao G7) e a UNCAC (Convenção da ONU contra a corrupção)”, diz o economista Bruno Brandão, que é diretor executivo da Transparência Internacional no Brasil.

“Trata-se do maior caso de suborno transnacional da história. E isso não é a Transparência Internacional que está dizendo, é o Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Então, a anulação dessas provas vai gerar uma preocupação internacional significativa. É sintomático que essa decisão, que em tese já está fora do marco temporal do relatório, tenha sido citada várias vezes, mostrando a relevância desse acontecimento”, diz Brandão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A Piada do Ano é o governo Lula acreditar (?) que a OCDE aceitará o ingresso do Brasil como país-membro, como já fez com Peru, Chile, Colômbia, Costa Rica, Eslovênia, México, Polônia e Turquia. A diferença é que esses países estão realmente tentando reduzir a corrupção, enquanto o Brasil continua a acreditar que a promiscuidade entre governantes e empresários engorda e faz crescer. Aliás, o Brasil é o único país onde o suposto combate à corrupção é monitorado de forma permanente pela OCDE, através de uma comissão especial. (C.N.)

7 thoughts on “Grupo anticorrupção da OCDE preocupa-se com a anulação das provas da Odebrecht

    • Hahahaha… tipo combate à corrupção, gastos públicos controlados, estabilidade jurídica, liberdade econômica, etc…

      O bom mesmo é roubar, imprimir dinheiro, garantir a impunidade, e xeretar todo mundo!

  1. “o dinheiro ia sai de onde está, para ser usado onde deveria estar”

    “”OCDE acompanha o retrocesso do Brasil contra a corrupção””

    A montanha de dinheiro sai dos nossos bolsos através dos impostos e vai ser usado onde deve estar, nos bolsos dos corruptos, que o diga a Quadrilha do Cachaça e o amigo do amigo do meu Pai Odebrejo…..

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