Weslley Galzo
Estadão
A relação entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se esgarçou. Três iniciativas, duas delas do ministro Alexandre de Moraes, foram classificadas como tentativa de silenciar advogados e prejudicar a atuação da defesa em processos que tramitam na Corte.
O episódio mais recente foi registrado na última terça-feira, 7, quando Moraes negou o pedido do defensor público Esdras Carvalho para fazer sustentação oral durante o julgamento de um habeas corpus na 1º Turma do STF. O defensor argumentou que o plenário virtual, onde o processo começou a ser julgado, garante à defesa dos réus a possibilidade de fazer sustentações orais. Ele desejava, portanto, se valer do mesmo direito no plenário físico.
MORAES PROÍBE – Moraes, por sua vez, citou um trecho do regimento interno do STF que veda a realização de sustentação oral na 1º Turma do Tribunal. Durante a sessão, o defensor acatou o argumento do ministro. Mas dois dias depois do julgamento, a OAB emitiu nota dizendo que a decisão fere a Constituição.
“A sustentação oral está inserida no direito de defesa, que é uma garantia constitucional e, portanto, não se submete a regimentos internos, mesmo o do STF. Tais regimentos regulamentam o funcionamento dos tribunais e não podem corrigir ou suprimir direitos constitucionais regulamentados por leis federais”, diz o texto assinado pelo presidente da OAB, Beto Simonetti. “Coibir tais prerrogativas significa apequenar os direitos individuais”, destaca a nota.
Antes da crise se instalar, o presidente da Ordem cerrou fileiras ao lado da Corte para conter os ataques antidemocráticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e respaldar as decisões dos ministros. Agora, Simonetti tem dito que “a defesa intransigente do Judiciário e do sistema eleitoral, feita para preservar os avanços democráticos, não significa o empoderamento dos tribunais para ignorarem as leis “.
MORDAÇA DO STF – Antes do episódio, a OAB já havia apontado outra tentativa de “mordaça” por parte do Supremo. Na ocasião, apresentou um pedido para que a então presidente do STF, Rosa Weber, revertesse a decisão de julgar no plenário virtual os réus acusados pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro.
Para a OAB, as sessões virtuais violam o direito à ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal – mesmos argumentos utilizados pela organização para se queixar dos limites impostos às sustentações orais presenciais. A Ordem cobra que o plenário virtual só seja utilizado quando houver concordância dos advogados envolvidos nos processos. A presidência do STF, no entanto, nada fez a respeito.
O defensor público da União Gustavo de Almeida Ribeiro argumenta que a escolha do formato de julgamento, se presencial ou virtual, deve considerar o tema e o tipo de processo a ser julgado.
DIZ O DEFENSOR – “Devendo ser a sistemática virtual evitada em casos de ações penais originárias ou em temas polêmicos e em que haja divergência marcante entre os julgadores”, exemplifica.
As queixas dos advogados ainda se somam a mais uma mudança regimental realizada pelo STF neste ano. No início de outubro, a presidência da Corte, já sob o ministro Luís Roberto Barroso, criou um novo formato de julgamento que inclui um intervalo de tempo entre a apresentação dos argumentos dos advogados e os votos dos ministros.
A regra anterior previa que os magistrados apresentassem os seus votos logo após a fase das sustentações. Caso não houvesse mais tempo na sessão, os magistrados deveriam ler os seus pareceres no início da reunião seguinte.
PREFERÊNCIA VIRTUAL – A mudança agora prevê que os advogados falem num dia e os ministros em outro, a ser marcado posteriormente. O argumento utilizado para mudar o procedimento é que o novo modelo daria mais tempo para os magistrados analisarem os processos e discutirem os votos entre si.
Barroso defendeu a mudança fazendo uma equiparação com o funcionamento do plenário virtual. Segundo o presidente do STF, as discussões na plataforma digital ‘dão ao ministro mais tempo de estudo e reflexão do que no plenário físico’, o que mais uma vez gerou atritos com a OAB.
O ministro fez declaração com o intuito de rebater a alegação dos advogados de que as sustentações em julgamentos virtuais interfeririam com o direito de defesa.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Até que enfim a OAB resolveu se levantar contra a chamada ditadura do Judiciário, protestando diante de novas inconstitucionalidades do todo-poderoso ministro Moraes. A omissão da OAB era sinal de conivência, uma posição que jamais poderia ser adotada pela instituição que representa os advogados. Agora, se quer realmente se posicionar, a OAB deveria se unir ao Congresso para colocar o Supremo no seu devido lugar, que é importante, porém não é hegemônico, muito pelo contrário, aliás. (C.N.)
Agora o caldo entornou, o Xandão cabeça de ovo arrumou briga com o MPF, até quando ele batia nos desafetos, como aquele casal de Santa Catarina, ou condenado uma faxineira à 17 anos de cadeia estava tudo bem. Mas agora o homem, melhor dizendo, o super-homem resolveu peitar outros defensores da sociedade e da democracia. A inação, ou seria melhor dizer, a covardia do sindicato dos advogados também é responsável pela arrogância dos onze supremos, os donos da verdade, do bem e do mal.
Prezado Carlos Newton
Veja a que ponto chegou a esculhambação no judiciário brasileiro.
“Juiz usa ChatGPT para escrever uma sentença e se dá mal: ferramenta inventou jurisprudências.”
LINK
https://oglobo.globo.com/blogs/lauro-jardim/post/2023/11/juiz-usa-chatgpt-para-escrever-uma-sentenca-e-se-da-mal-ferramenta-inventou-jurisprudencias.ghtml
Já passou da hora de algum freio de arrumação ser dado no STF e isso independe de esquerda, direita, centro ou qualquer viés político. E essa história de excesso de sessões virtuais está mais parecendo uma forma “oficial” de gazetear fisícamente o trabalho. Nada com pertencer a elite do serviço público brasileiro…
A OAB calou-se durante muito tempo e o STF foi se organizando intramuros e agora vai demorar um pouco para voltar a obter a legitimidade que tinha antes. A OAB não pode ser aliada do STF ou qualquer outra instituição.
Quanta falta faz um Raymundo Faoro, José Roberto Batochio, etc. Velhos tempos, em que a OAB representa os Advogados e, principalmente, a SOCIEDADE.
Quem vai parar, ora pois diria Nhô Vitor, meu saudoso avô materno:
Collor de Mello & outros, para “redimirem-se” e descansarem em paz!
Grande oportunidade de acerto, para os que até aqui trairam o Brasil e os brasileiros!
Aplausos a OAB pela firmeza e vigilante protesto. A entidade é forte, quando não se omite, diante dos arrogantes togados de plantão. são tantos que meu espaço é pouco.
O Brasil está tão bagunçado e destroçado que o comentário que fiz, outro dia sobre as milícias, cabe muito g, vejam só, para a mais alta corte de justiça.
Que tempos!!!!
Por isso estamos tao mal dirigidos
Um pouco de conhecimento basico de historia, teria evitado alimentar feras que depois podem devorar o criador
A origem nao era exatamente para milicias, mas certamente pode e deveria ter sido levado em conta
Quis custodiet ipsos custodes? é uma frase em latim do poeta romano Juvenal, traduzida como “Quem há de vigiar os próprios vigilantes?”
e outras formas como “Quem vigia os vigilantes?”, “Quem guardará os guardiões?”, , “Quem vigia os vigias?”, “Quem fiscaliza os fiscalizadores?”
Digo eu, quem limitaria os milicianos, depois de bem alimentados de concessoes, vistas grossas e incentivos??