Anistia é estender tapete vermelho para golpistas terminarem o serviço

Um ano de impunidade das cúpulas militares. Por Jeferson Miola

Charge do Carlos Latuff (Arquivo Google)

Bruno Boghossian
Folha

Foi uma ação entre amigos. A presidente da comissão mais importante da Câmara procurou Jair Bolsonaro para discutir um projeto de anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023. Caroline de Toni (PL) escolheu um aliado do ex-presidente como relator e prometeu incluir a proposta em pauta.

Até as paredes do Congresso sabem que a ideia de anistiar os presos de 8 de janeiro seria a inauguração de uma farra que incluiria o próprio Bolsonaro. A presidente da CCJ tentou disfarçar e disse que o ex-presidente não pediu para ser incluído na proposta. “Olha a altivez do nosso presidente Bolsonaro em não visar o seu próprio interesse”, exagerou.

À LUZ DO DIA – O plano de livrar o ex-presidente da prisão e talvez anular sua inelegibilidade é uma trama conduzida à luz do dia. A ideia é começar pelos “injustiçados do dia 8 de janeiro” para fingir que Bolsonaro nunca preparou um golpe de Estado, nunca pediu ajuda de militares de alta patente e nunca recebeu apoio de parlamentares que, hoje, tentam blindá-lo.

A pressa e a criatividade desses agentes sugerem que o ex-presidente não está disposto a esperar um julgamento. Em outra frente, a Câmara pôs em pauta uma proposta que invalida delações feitas por réus presos.

Não por acaso, a PF está prestes a indiciar Bolsonaro em inquéritos turbinados por depoimentos do tenente-coronel Mauro Cid.

PASSAR A BORRACHA – A ideia de passar uma borracha nos crimes do ex-presidente só vaga pelos corredores do Congresso porque tem a simpatia do centrão —numa mistura de corporativismo e gratidão pelas benesses extraídas do governo passado.

Algumas propostas têm apoio de cardeais de partidos da base de Lula e ressoam na Esplanada dos Ministérios.

O argumento mais vendido nessa feira é uma necessidade de pacificação do país. Como não se pode atribuir aos parlamentares nenhuma ingenuidade, o mais provável é que tenham sido tomados pelo cinismo. Falar em anistia é estender um tapete vermelho para que os golpistas voltem e terminem o serviço.

14 thoughts on “Anistia é estender tapete vermelho para golpistas terminarem o serviço

  1. Sr. Newton

    O Papai Comunista-Refinado dos Pobres vai cuidar somente dos pobres….

    A nova classe de” pobres” são as Montadoras de Carroças Plastificadas com alguns “docinhos” do Presidíario Presodente da República de Bananas de Nóis Tolos…..

    O que será que as Montadoras de Carroças “prometeu” para a Quadrilha do Nine Fingers.??

    Que blusinhas nada, o negócio é outro bem mais recheado de bilhões do meu dinheiro…

    Projeto bilionário por trás da ‘taxa das blusinhas’ beneficia montadoras…

    https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2024/06/07/projeto-bilionario-por-tras-da-taxa-das-blusinhas-beneficia-montadoras.htm?cmpid=copiaecola

    Grande Abraço

    Até o próximo artigo, se o Ladrão não acabar com o Pais antes….

    • Acertou na mosca José Vidal.
      Logo tô o primeiro comentário, fugiu do assunto.
      Não adianta, até às pedras das ruas ficaram sabendo, que Bolsonaro está articulando, uma PEC da Anistia para que possa concorrer a presidência em 2026. Ele está com uma sede ao pote, para voltar a mandar e preparar golpe de estado.

      Já o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, o primeiro ministro, tem outro interesse: Capturar os votos dos 99 deputados do PL para eleger Elmar Nascimento, o candidato de Lira para continuar o legado do Centrão, a partir de fevereiro de 2025. O objetivo de Arthur Lira é ter um boneco de ventríloquo na presidência da Câmara nos próximos dois anos, para alavancar sua candidatura ao governo do Estado de Alagoas em 2026.
      Lira vai ter que enfrentar o grupo de Renan Calheiros, o cacique rival de Lira em Alagoas.
      Será uma luta de titãs políticos, na terra de Graciliano Ramos.

      E o Brasil e o seu povo? Para Arthur Lira, não passa de um mero detalhe, que ele usa e abusa, como quer e quando quer.

      Nesse sentido, o deputado Arthur Lira, que viu a Câmara ser invadida e quase destruída e agora quer absolver aqueles vândalos com gosto de sangue na boca, chega a rivalizar com Bolsonaro, na maldade contra o país.

      • Caro Roberto Nascimento,
        resta poucos de nós aqui no blog, já dominado por adeptos da extrema direita ou da direita liberal.
        Aqui, 80% dos artigos atacam o STF, como se essa instituição fosse a nossa maior mazela. E de lambuja atacam o governo atual, por erros passados.

        Mas vamos empurrando e como diz uma música aqui da terra, “não podemos se entregar pros home”

  2. Lei da anistia.
    Wikipédia.

    A Lei da Anistia, no Brasil, é a denominação popular dada à lei n° 6.683,[1] sancionada pelo presidente João Batista Figueiredo em 28 de agosto de 1979, após uma ampla mobilização social, ainda durante a ditadura militar.

    Em sua redação original dada pelo Projeto de lei n° 14 de 1979-CN,[2] dizia-se o seguinte:

    “ Art. 1º É concedida anistia a todos quantos, no período compreendido entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexo com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta e Indireta, de fundações vinculadas ao poder público, aos Servidores dos Poderes Legislativo e Judiciário, aos Militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares e outros diplomas legais. ”
    Embora esta tenha sido a redação original, o trecho final onde se lê “e outros diplomas legais” foi vetado por orientação do então presidente João Batista Figueiredo em mensagem apresentada à sessão conjunta do congresso nacional em 22 de agosto de 1979.

    Memória seletiva essa do Vidal, só lembra o que é ruim para os outros.

  3. Em suma. Todos os vândalos terroristas do oito de janeiro, serão anistiados e não vão pagar os prejuízos da destruição do Congresso, do Planalto e do STF.

    Qual será o recado? Pode quebrar tudo, que ao final, não dará em nada.

  4. CASO DALLAGNOL – Um exemplo foi a cassação do deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) , mesmo sendo absolvido por unanimidade pelo TRE paranaense , mas foi julgado e condenado pelos juízes do TSE , pasmem por conveniente unanimidade, havendo várias inconstitucionalidades na decisão.
    Portanto , sugiro aos arautos em defesa da anistia aos verdadeiros criminosos envolvidos na intentona , vandalismo e quebra-quebra do patrimônio público em 07/01/2023 , que primeiro anistiem e o restitua ao seu legitimo cargo de deputado federal o Deputado cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) , por não ter cometido nenhum crime incurso na legislação Brasileira , mas sim fora cassado por obra e graça dos ” vingadores da república ” , por tê-los expostos ao público Brasileiro como falsos defensores da ” lei e da ordem ” , com o agravante de que o próprio presidente da câmera federal Arthur Lira , também é parte do problema , ao ser um dos participantes dos ” vingadores da república ” , liderados pelo presidente Lula .

  5. ANOS DE CHUMBO

    Cada um dos 2.500 anistiados pode receber até R$ 100 mil; ministro da Defesa e cúpula militar faltam à cerimônia

    FHC concede anistia política a militares
    WILLIAM FRANÇA
    DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

    Sem a presença do ministro Geraldo Quintão (Defesa) e dos comandantes das Forças Armadas, o presidente Fernando Henrique Cardoso assinou medida provisória que anistia cerca de 2.500 militares punidos por infrações disciplinares no regime militar.
    Além da declaração da “condição de anistiado político”, está prevista indenização de até R$ 100 mil para cada anistiado, civil ou militar, ou a seus descendentes -o que deve custar cerca de R$ 10 milhões este ano ao Tesouro.
    É a primeira vez em que o governo FHC concede anistia ampla para militares numa norma geral, como uma lei ou MP. Até então, houve poucos atos administrativos sobre casos isolados ou apenas atos reparatórios individuais, como a Lei dos Mortos e Desaparecidos Políticos (9.140/ 96).
    A MP, assinada 12 anos após a Constituição, pretende concluir o processo de anistia política, iniciado em agosto de 1979. “Não posso deixar de dizer que hoje é um dos dias mais felizes da minha vida”, afirmou FHC, um ex-perseguido político, ao assinar a MP.
    A medida cria quatro direitos gerais aos anistiados: 1) Declaração de que é anistiado político; 2) Reparação econômica indenizatória; 3) Contagem do tempo de afastamento para fins previdenciários; e 4) Conclusão de curso interrompido ou reconhecimento de diploma obtido no exterior.
    A Folha apurou que houve pressões militares para que a MP não fosse tão abrangente ou que pudesse deixar margens para interpretações subjetivas, como estava prevista inicialmente.
    Os militares temiam que todos os processos disciplinares pudessem ser revistos -incluindo os sem caráter político, como furtos em quartéis- ou mesmo que casos de reintegração de pessoal ao longo dos anos fossem anulados.
    O primeiro texto da MP foi concluído em abril de 2000, numa comissão criada pelo ex-ministro da Justiça José Carlos Dias -mas sem a participação dos militares. Desde então, eles devolveram o texto por sete vezes para revisão.
    A queixa era quanto ao atendimento de alguns setores que, para os militares, quebraram a hierarquia -como 483 marinheiros que se revoltaram em 13 de março de 64, num comício do presidente João Goulart (61-64), pouco antes de ele ser deposto pelos militares.
    Outros beneficiados são ex-pilotos da Aeronáutica que perderam o brevê e a permissão para trabalhar na aviação civil. O caso estava previsto na Constituição, mas sem regulamentação -tentada em 95 pelo então deputado Roberto Freire, mas vetada por ser considerada inconstitucional.
    A principal ausência foi a do ministro da Defesa Geraldo Quintão. Ele estaria em viagem. Também não compareceu nenhum comandante militar -nem o general Alberto Cardoso (Segurança Institucional), que tem sala no próprio Planalto.
    “Essa medida provisória conclui um longo processo de restabelecimento dos valores fundamentais da democracia, dos direitos humanos e da reparação”, disse FHC, que contou sua trajetória de perseguição política.

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