Nem toma-lá dá-cá tem facilitado as relações de Lula com o Legislativo

A cada votação, uma nova e grande dificuldade para o governo

Pedro do Coutto

Mesmo nomeando ministros e distribuindo recursos através das emendas, o presidente Lula da Silva encontra dificuldades em suas relações com o Legislativo. Reportagem de Camila Turtelli e Dimitrius Dantas, O Globo desta segunda-feira, focaliza o assunto. A impressão que se tem é a de que não existe uma conexão sólida no esquema envolvendo o Planalto, deputados e senadores.

Cada votação torna-se uma dificuldade muito grande para o governo que distribui atendimentos políticos a parlamentares, mas destinam-se a episódios temporários, de curta duração. Logo adiante, surgirá um novo obstáculo exigindo uma nova negociação. A impressão é a de que deputados e senadores jogam com o apoio episódico e que no fundo passa-se a sensação de que o Legislativo deseja criar dificuldades para negociar apoio a cada votação. O presidente Lula, portanto, deixa-se envolver na teia parlamentar e demonstra-se disposto a negociar caso a caso.

PLANEJAMENTO – O governo assim aparenta não ter um plano concreto para obter apoio parlamentar. Cada votação corresponde a um atendimento que vai se somando a outros, o que desperta interesses de deputados e senadores de seguirem o Executivo somente degrau por degrau.

Com isso, perde-se a unidade indispensável às ações governamentais, pois se a cada projeto exige um atendimento fisiológico. O Planalto assim demonstra que não tem uma ideia sólida do programa que deseja desenvolver e colocar em prática.

PAUTA -Agora mesmo, em reportagem, o Estado de S. Paulo de ontem focaliza uma nova versão do PT para pautar as redes sociais da internet. Secom, PT e gabinetes de líderes no Congresso fazem reuniões para acionar textos de interesse do governo, inclusive com a participação de influenciadores que atuam na área governamental.

O governo em vez de tentar pautar as atividades nas redes sociais, deve procurar divulgar através de noticiários jornalísticos o que está realizando de concreto a cada dia ou semana em benefício da população. É muito mais importante divulgar fatos concretos e iniciativas do que tentar agir na base de influenciadores através de mensagens que se perdem em redes de comunicação, não atuando na base de conteúdos efetivos como deve ser um programa governamental.

PESQUISAS – Em vez de querer pautar matérias nas redes sociais, o governo Lula deveria divulgar as suas ações e ver o efeito da opinião pública através de pesquisas sérias e objetivas. O mercado de informação acolheria os textos baseados em seus interesses coletivos.

Caso contrário, o sistema de atuação do governo Lula se assemelha à versão do gabinete que funcionou do Palácio do governo Bolsonaro. Informação não é algo que se possa produzir sem a base concreta do que se tem a informar. Caso contrário, a notícia perde o seu poder de influir, o que exige conteúdos e argumentos claros e objetivos.

4 thoughts on “Nem toma-lá dá-cá tem facilitado as relações de Lula com o Legislativo

  1. “A mídia liberal e a Faria Lima perderam a paciência, porque querem mais, cada vez mais. É cada dia mais estridente a campanha pelo fim dos pisos constitucionais da saúde e educação, pelo fim da vinculação do reajuste das aposentadorias e benefícios da Previdência de acordo com o salário mínimo e mesmo pelo fim do reajuste real do salário mínimo.”

    Isso é o que deveria importar. O TCU, por exemplo, é a favor da desvinculação do SM a todos os benefícios sociais.

  2. Sr. Pedro.

    Coloque o cinto de segurança na cadeira, semana de explosões de preços.

    Batata, cebola, tomate, quiabo, vagem, mandioca. Os preços batendo no telhado do céu.

    Não vou citar os preços das frutas são preços que parecem palavrões.

  3. Prezado Pedro, o povo elegeu o presidente, mas não lhe deu a maioria no Congresso. Portanto, foi montado um governo de coalizão. No entanto, os Partidos que compõe a base, acabam votando contra o governo.
    Quando o governo tem interesse numa matéria, tanto na pauta econômica quanto na dos costumes, não consegue sucesso, principalmente neste semestre de 2024.
    A oposição vem dando uma surra no governo. Dois vetos do presidente Lula foram derrubados pelos deputados e senadores.
    O governo está refém dos presidentes da Câmara e do Senado. Arthur Lira é o protagonista da vez, agindo como Primeiro Ministro.

    A semana passada foi terrível para o país. Lira bateu o pé na PEC da Anistia. Todos os vândalos que depredaram o Congresso com extrema violência serão perdoados. Quem está na Papuda, condenado, poderá sair pela porta da frente, livres, leves e soltos.
    Quem fugiu para a Argentina, em torno de 100 criminosos com medo de enfrentar a prisão, poderá retornar ao Brasil, com a ficha limpa.

    Nesse diapasão, os parlamentares vão votar também, o fim da Delação Premiada, inaugurando uma nova mamata para políticos corruptos, e criminosos de todos os tipos, que poderão requerer a nulidade de todas as delações, passadas e futuras. Vai abrir um espaço enorme nas prisões superlotadas.

    O governo assiste inerte, o rolo compressor da oposição, esmagando os líderes do governo nas duas casas Congressuais.

    Fala-se em uma Reforma Ministerial para reorganizar a coalizão e permitir um alívio na relação com o Congresso, mas, a partir de agosto, os parlamentares vão para seus redutos eleitorais, trabalhar seus candidatos a prefeito, visando o apoio deles na futura disputa em 2026. Trabalham hoje, de olho no amanhã. O governo é apenas um detalhe nessa equação política.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *