Se vocês acham que Moraes recriou a censura, esperem o que vem por aí

Charge sobre censura - Donny Silva

Charge do Nani (nanihumor.com

Roberto Nascimento

Vem aí mais uma vergonha protagonizada pelo Congresso, em especial da lavra do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, que aproveita a queda nas pesquisas e a atual fragilidade do presidente Lula para passar a boiada, literalmente.

São regras flexíveis, que serão votadas desfigurando o Código Eleitoral, para inviabilizar a punição de políticos que fizerem a festa nas verbas de campanha, oriunda de recursos públicos do Fundo Eleitoral. Vai ser um vale tudo, na qual deputados e senadores poderão fazer o que eles bem entenderem. Lei votada, ninguém mais vai botar o guizo no gato.

DESIMPROPIDADE – Outra mudança em andamento é a flexibilização da Lei de Improbidade Administrativa. Se tornará uma impossibilidade prática a punição de gestores corruptos.

Mas o pior está por vir e atingirá os críticos e comentaristas da Tribuna da Internet: Será considerado crime criticar deputados e senadores, em qualquer plataforma das redes sociais e na internet em geral.

Estão querendo uma pena de 4 anos de prisão em regime fechado, se escreverem que Arthur Lira é corrupto na gestão dos recursos da Câmara dos Deputados, por exemplo. Uma barbaridade, em comparação à Lei da Mordaça e à censura feroz da Ditadura Militar.

BLINDAGEM – Os defensores dessas restrições não têm medo do ridículo e querem acabar com as liberdades democráticas no país. Os chefes dos Três Poderes, por exemplo, não poderão ser criticados de maneira alguma, segundo os articulares dessa reforma medieval. Nenhuma crítica, sob pena de prisão inafiançável.

Lembram de uma PEC da Mordaça? Sim, aquela que José Dirceu tentou aprovar, impedindo o Ministério Público de divulgar trechos de inquéritos contra políticos e autoridades? Pois bem, a Câmara dos Deputados também colocou essa mordaça no radar, e para ontem.

Na prática, vão inviabilizar a ação investigadora do Ministério Público. Seria melhor acabar com o MP, porque aprovada essa PEC do fim do mundo, o procuradores e promotores não teriam mais serventia.

DELAÇÃO PREMIADA – A Lei da Delação Premiada, inspiração da presidente Dilma Rousseff, que foi execrada e depois impichada por não ter vetado essa PEC da Delação está em vias de ser votada em regime de urgência, decretada por Arthur Lira, para acabar totalmente com a Delação Premiada, principalmente se o delator estiver preso. Se trechos da Delação forem vazados, o responsável pela investigação pode ser demitido, a bem do serviço público.

Se todas essas medidas draconianas passarem, ninguém mais vai ser preso no Brasil. Os advogados criminalistas estão rindo à toa, porque essas leis terão o condão de livrar seus clientes das grades e cárceres.

Medidas surrealistas, parece brincadeira, mas não é. Trata-se da realidade nua e crua. Estão tramando tudo isso aí. E há chances robustas de serem aprovadas. Votos, eles têm. Será que a sociedade brasileira vai fazer ouvidos de mercador e aceitar o que deputados e senadores querem aprovar goela abaixo, contra o país?

12 thoughts on “Se vocês acham que Moraes recriou a censura, esperem o que vem por aí

  1. Algumas coisas devem ser aprimoradas ou corrigidas, por exemplo, a divulgação de trechos selecionados de delações para fins políticos que podem influenciar o resultados de eleições.

    Quanto aos outros assuntos não estou a par ainda.

  2. ação investigadora do Ministério Público…LEI Nº 8.625, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1993; LEI COMPLEMENTAR Nº 75, DE 20 DE MAIO DE 1993… difícil derrogar leis federais votadas pelo congresso e sancionadas pelo presidente de plantão…

  3. Acho que essas pautas, embora relevantes, não são as que mais importam à maioria.

    Como o legislativo está vendo os assuntos seguintes?

    – Fim dos pisos constitucionais da saúde e educação

    – Fim da vinculação do reajuste das aposentadorias e benefícios da Previdência de acordo com o salário mínimo, incluindo aí o BPC que está crescendo muito;

    – Fim do reajuste real do salário mínimo;

    – Privatizações a varrer, sem critério.

    Isso é o que deveria importar.

    O TCU, por exemplo, é a favor da desvinculação do SM a todos os benefícios sociais. A mídia liberal também, ao insistir fortemente na necessidade de superávit primário e na redução de impostos..

    Qual político terá coragem de concordar com isso? Sei que o mercado e a mídia liberal propõe tais ajustes, nas entrelinhas.

  4. Senhor PEREZ , como queres que o deputado Arthur Lira vá preso , se ele concorreu a diversas eleições com ” Habeas Corpus Perpétuo ” que até hoje , nenhum juiz se habilitou a julga-lo , chegando ao cúmulo de o juiz do STF Gilmar Mendes , trancar todas as investigações e processos contra Arthur Lira e o pai dele , inclusive todas as podridões e provas que a ex-esposa de Arthur Lira entregou a policia e a justiça .

  5. Se o pior está por vir, é melhor cair no capinado, vazar, muntar no porco, escafeder-se, como dizia Falcão, “É melhor escapar fedendo do que morrer cheiroso.”

  6. Quando o sistema quer pegar, não adianta correr. Cheiroso ou fedendo, o cara acaba caindo.
    Augusto Pinochet mandou pegar Orlando Letelier o Chanceler de Salvador Allende, o presidente deposto do Chile em 1973, assassinado dentro do Palácio Lá Moneda, na capital, Santiago.

    Josef Stalin, o ditador da União Soviética mandou executar seu rival, Trostik na capital mexicana, que estava exilado no México.

    Hoje, mais de 50 anos depois, ficou mais fácil monitorar qualquer cidadão, esteja onde estiver. Além das câmeras, tem o celular e todas as conexões das redes sociais, em tempo real.

  7. Sociedade brasileira há de dois tipos. A que surfa nas ondas criativas do poder e a que cata marisco com os dentes para o desenvolvimento sustentável da Casa-Grande. Segundo Gaspari, andar de cima e andar de baixo.
    O andar de baixo já não ouve o mercado há muito, pois desenvolveu uma neuro-surdez coletiva alienante e alucinada. Enquanto isto, o
    andar de cima farta-se na comilança em clima de final de festa.
    Assim vamos, lépidos, fagueiros e ludibriados, colecionando ingredientes para a derrocada.

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