Marinha compra antenas sem aval da Starlink e fere regra militar dos EUA

Starlink quer criar antena para levar internet a clientes em locais extremos

Antenas da Starlink estão sendo usadas sem autorização em navios

Cézar Feitoza e Mateus Vargas
Folha

A Marinha do Brasil assinou uma série de contratos para aquisição de internet da Starlink para navios com empresas não autorizadas pela gigante americana a revender seus produtos para esse tipo de uso.

As contratações das antenas do grupo de Elon Musk para uso militar, sem o aval da Starlink, ferem regras para a revenda dos produtos da empresa, mostram documentos obtidos pela Folha.

Apesar disso, foram ao menos sete contratos que a Marinha fechou para o fornecimento de serviço de internet dos satélites de baixa órbita da Starlink. A banda larga atende os navios Maracanã, Bracuí, Babitonga, Atlântico e Cisne Branco, além da Fragata Liberal. Os contratos representam cerca de R$ 300 mil.

SEM IRREGULARIDADES?

 A Marinha afirma que não há irregularidades. Mas até o  Multipropósito Atlântico, maior navio de guerra da América Latina, também usa internet da Starlink sem aval da empresa norte-americana.

Em todos os casos, as vencedoras são micro e pequenas empresas sem autorização formal da Starlink para revender seus produtos.

Para ter as antenas em estoque, esses grupos geralmente compram os kits da Starlink como pessoa física, instalam nos navios e mandam o faturamento à Marinha como pessoa jurídica.

CREDENCIAMENTO – A Starlink exige o credenciamento de empresas como revendedoras para manter controle sobre os clientes finais de seus produtos. A autorização é concedida após as companhias assinarem uma “carta de solidariedade” e comprarem milhares de kits de antenas —um investimento de cerca de R$ 4 milhões.

Quando as empresas pretendem participar de licitações no setor de defesa, elas precisam submeter a proposta à Starlink, que analisa se as regras do edital permitem a venda direta ou precisam passar pelo setor de exportação específico sobre Defesa Nacional no governo dos Estados Unidos.

O documento, obtido pela Folha, diz que, ao vender os produtos da Starlink, o cliente deve se certificar que os kits de internet “não serão usados, operados e testados em veículos militares, equipamentos de defesa ou inteligência, ou para cenários de combate”. A Marinha não teve acesso a esses termos.

INDAGA AO CLIENTE – O cliente concorda”, continua o documento, “em não modificar os Kits Starlink para usos militares ou de inteligência, pois tais modificações podem transformar os itens em artigos de defesa controlados pelas regulamentações de exportação dos EUA, exigindo autorização para exportação, suporte ou uso fora dos Estados Unidos”.

A Starlink ainda afirma que erros nos procedimentos podem “resultar em violações do controle de exportações” dos EUA. “A Starlink reserva o direito de encerrar ou suspender os serviços em resposta a violações dessas certificações por sua empresa ou pelo cliente governamental”, conclui.

O empresário Luis Fernando Zocca é um dos sócios da CSLV Telecomunicações. A empresa não tem autorização da Starlink, mas consegue acesso às antenas e revende o serviço para navios da Marinha.

RESERVA DE MERCADO – Para ele, restringir as licitações somente às revendedoras autorizadas da Starlink vai criar uma reserva de mercado, já que somente quatro empresas no Brasil são credenciadas pela gigante norte-americana.

“Se os órgãos públicos condicionarem a contratação às revendedoras autorizadas, haverá duplo prejuízo: primeiro por impedir a participação dos pequenos provedores; segundo, a possibilidade de haver várias dispensas de licitações desertas e fracassadas, pois as grandes empresas não se interessam por todas as ofertas do serviço público”, disse.

Zocca diz que, apesar de ter diversos contratos de antenas com órgãos públicos, sua empresa nunca foi notificada pela Starlink. “Creio que deveria ser ela a principal interessada em notificar fornecedores que estivessem vendendo seus planos a órgãos públicos”, afirmou.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Temos afirmado aqui na Tribuna que é uma infantilidade brigar com Elon Musk. Ele tem todo o direito de não permitir que sua empresa seja instrumento de censura. Tentar “demonizar” Musk é uma bobagem. Quando Alexandre de Moraes erra, a culpa não pode ser de Musk. (C.N.)

4 thoughts on “Marinha compra antenas sem aval da Starlink e fere regra militar dos EUA

  1. Mas tal compra com certeza foi feita à revelia do presidemente Stalinácio, ele odeia o dono da empresa fornecedora destas antenas à nossa gloriosa marinha de guerra. Será que o Elon Musk, um cara que não plantou sequer um só pé de capim no Brasil vai retaliar, com tem feito o ministro Xandão cabeça de ovo contra as pessoas dais quais não gosta? Aí os navios da nossa gloriosa Marinha vão ficar sem internet, mas será que o trilionário é capaz de baixarias deste tipo?

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