Maria Hermínia Tavares
Folha
Virou lugar comum dizer que o Brasil está imerso em polarização política. Dez em dez comentaristas a tomam como fato consumado e a consideram um dos principais problemas a emperrar o bom funcionamento da democracia no país. O termo foi ganhando importância à medida que se tratou de entender a crise política da década passada. E entrou para valer no vocabulário das classes conversadoras com a ascensão de Bolsonaro e a entrada em cena de uma extrema-direita ativa e ruidosa.
A controvérsia sobre o assunto é maior entre os acadêmicos e reproduz a animada discussão em curso nos departamentos de ciência política de universidades norte-americanas. Lá, como cá, há quem considere que se trata de um fenômeno restrito às elites políticas e à ínfima parcela dos cidadãos que acompanham o dia a dia do jogo do poder.
POLO RADICAL -No Brasil, alguns até argumentam que não seria adequado falar em polarização, pois o que se tem de fato é apenas um polo radical de ultradireita, sem equivalente na outra ponta do espectro, onde predomina uma centro-esquerda para lá de moderada.
Há ainda especialistas para os quais ela não só existe como se calcifica em atitudes extremadas e irredutíveis, muito além das meras simpatias políticas, a ponto de influir nas preferências por interlocutores, tipo de vizinhança ou laços familiares.
Em sociedades com divisões políticas calcificadas, as pessoas evitam ir a locais frequentados por partidários do inimigo, torcem para não tê-los como colegas ou vizinhos, muito menos parceiros das filhas.
PESQUISA REVELADORA – No Brasil, ainda são poucos os estudos empíricos que permitam desatar a controvérsia. Apenas algumas sondagens de opinião trataram de enfrentar a questão.
Daí o interesse em recente pesquisa do Datafolha sobre a segunda preferência dos paulistanos entre os candidatos a prefeito. O levantamento, feito nos primeiros dias deste mês, revela que a polarização passa longe dos prováveis eleitores.
Assim, Guilherme Boulos (PSOL), da coligação de esquerda, é a outra opção dos que se dizem decididos a votar em Ricardo Nunes (PMDB), que desfruta do firme apoio do governador Tarcísio de Freitas e, com menos entusiasmo, da família Bolsonaro.
VICE-VERSA – Da mesma forma, os que já estão fechados com o candidato da coligação petista, têm Ricardo Nunes e Tábata Amaral empatados como segunda escolha. Os que preferem Pablo Marçal (PRTB) são mais coerentes na sua opção pela direita: na maioria apontam Ricardo Nunes como primeira alternativa. Mesmo neste caso, um contingente menor se declara disposto a apoiar Tabata Amaral ou Guilherme Boulos, caso seu escolhido desista de concorrer.
Esses resultados seriam impensáveis se a sociedade estivesse cindida de cima abaixo em torno de opções políticas polares. Para um contingente numeroso dos paulistanos comuns, a distância entre os candidatos da direita e o contendor de centro-esquerda não parece ser grande – nem, em princípio, intransponível. Eles podem percorrê-la a depender da oferta de candidatos.
Talvez o que vale para São Paulo valha também para o país.
A DANÇA DAS CADEIRAS na eleição de São Paulo é entretenimento melhor do que o Ratinho de 1997.
Marçal faz o cover do Viny:
“Mexe a cadeira
E bota na beira da sala
Mexe a cadeira
Agora bem na minha cara
Mexe a cadeira da maneira que te tara
Mexe a cadeira e perde a vergonha na cara
E vem, vai, vem ,vai
Move your body, don’t stop
Move your body, don’t stop
Mexe a cadeira, hum
Menina mexe a cadeira
Mexe a cadeira, hey
Bota pra danar, hey
Trepa na mesa, hey
Give it up, give it up, give it up
Mexe a cadeira e bota na beira da sala
Mexe a cadeira mexe na minha cara
Mexe a cadeira sabe tudo e nada fala
Mexe a cadeira e vai fazendo a minha mala
Mexe a cadeira da maneira que te tara
Mexe a cadeira e perde a vergonha na cara”
Infelizmente os “cientistas políticos”, existe disto entre nós, não se dão o trabalho de estudar o eleitor no seu “domicílio eleitoral”, a realidade do município onde mora o cidadão. A realidade para o cientista político é a nacional, ou a das megalópoles mas dos municípios menores não, como se o eleitor que aí vive não tivesse importância, e é aí que o povo realmente vai dizer o que pensa do governo federal, estadual e municipal, o resto é chute dos experts, daqueles que não saem da bolha em que vivem, estúdios de televisão/rádio e nas universidades.