Ao atacar Israel, o Irã agora corre o risco de enfrentar também os Estados Unidos

Irã ameaça dar 'resposta esmagadora' a Israel, caso país revide contra ataque de mísseis | O Tempo

Irã ataca Israel lançando cerca de 180 mísseis à noite

Igor Gielow
Folha

O violento ataque que despedaçou a cúpula do Hezbollah, a começar pelo homem que tornou o grupo fundamentalista libanês numa potência regional, é uma vitória tática indiscutível para Israel e uma redenção parcial para Binyamin Netanyahu. Há quase um ano, o premiê viu sua política de tentar dividir os palestinos estrangulando a Autoridade Nacional na Cisjordânia e abrindo cofres seus e do Qatar para o Hamas render o mais horrendo ataque a Israel na história.

Agora, pode falar com certa hipérbole, mas não sem motivos, que está conduzindo o Oriente Médio a uma nova configuração. Em vez da reconciliação buscada há 30 anos por Ytzhak Rabin, a paz de Netanyahu é forjada a fogo.

GANHOU PONTOS – O premiê continua sendo uma figura amplamente odiada, em especial por seu fracasso na questão dos reféns. Mas ganhou pontos, não menos por causa da percepção de que o Hezbollah teria de ser confrontado alguma hora.

Isso não torna esses ganhos permanentes, por óbvio. Em termos puramente militares, Israel parece extremamente cauteloso em relação à sua invasão do Líbano. Há motivos históricos para isso, dado que é um filme antigo que se vê nas telas de celular hoje.

Em 1978, Tel Aviv invadiu o sul do Líbano até a o rio Litani para expulsar as forças da OLP (Organização para a Libertação da Palestina) que de lá operavam ataques contra Israel. Alguém falou Hezbollah? Pois então, o grupo xiita nem era nascido e a questão já estava colocada.

MILÍCIAS CRISTÃS – Bem-sucedido, apesar de reveses como um massacre de represália perto de Tel Aviv, o governo israelense acabou saindo e deixando a segurança na mão de um aliado, o Exército do Sul do Líbano, formado por milícias cristãs que lutavam na guerra civil do país árabe.

O cenário, como se vê, era mais matizado ainda do que agora, mas alguns elementos subsistem. A Unifil, a impotente força da ONU para o sul libanês, foi formada naquele ano para em tese estabilizar a região.

Quatro anos depois, ainda atrás de Yasser Arafat e os seus, Israel atacou novamente, chegando desta vez até Beirute. Entre idas e vindas, ficou 18 anos em solo libanês, vendo nascer no processo o Hezbollah por meio do Irã, que em 1979 virou uma república fundamentalista islâmica e passou a exportar seu modelo.

MODIFICAÇÃO – O grupo, formado em 1982 no vale do Bekaa pelos minoritários xiitas libaneses com a mão do Irã por trás, era um grupo lateral nessa história até a chegada de Hassan Nasrallah ao poder, cortesia do assassinato de seu antecessor por um míssil israelense em 1992.

O fracasso do acordo de retirada israelense em 2000, com o Hezbollah tornando o sul libanês numa base de lançamento de mísseis e foguetes contra Israel, ajudou a formar o quadro atual. No meio do caminho, em 2006, a guerra entre os rivais encerrada em empate levantou a moral dos extremistas.

Com o ataque do Hamas falhando em levar a uma operação frontal no norte pelo Hezbollah, surgiram dúvidas acerca das capacidades e da disposição dos libaneses. O pé no freio, ironicamente, estava em Teerã, que comanda a rede de rivais de Israel e dos EUA na região.

MORTE DO SUCESSOR – Enfraquecida por crises social e econômica, a teocracia viu o sucessor presumido do líder supremo, o presidente Ebrahim Raisi, morrer num estranho acidente de helicóptero em abril.

Isso explica o dilema do Irã, que foi encurralado pela velocidade com que Israel apertou o torniquete no pescoço do seu maior ativo regional.

Ao sair da retórica e voltar a atacar Israel com mísseis na noite desta terça-feira (1º), o Irã agora arrisca-se a ver o peso de Tel Aviv e de Washington combinados contra si — no mínimo, perderiam seu precioso programa nuclear.

10 thoughts on “Ao atacar Israel, o Irã agora corre o risco de enfrentar também os Estados Unidos

  1. Sr. Newton

    Nosso dinheiro indo para o esgoto das eleições viciadas e carcomidas……

    Essa “farra com dinheiro público é uma das maiores rapinagens contra o povo brasileiro, apenas para as ratazanas escolherem quem eles desejam e não o povo…….

    Estamos perdidos…

    E o pior, um bandidão desses ainda está livre, leve e solto pelas ruas do Páis sem ser incomodado…..

    Valdemar diz que PL gastou todo bilhão que partido tinha para eleição

    https://www1.folha.uol.com.br/poder/2024/10/valdemar-diz-que-pl-gastou-todo-bilhao-que-partido-tinha-para-eleicao.shtml

  2. Grande sucesso do IRA

    Essa vida é jogo rápido

    Para mim ou pra você

    Mais um ano que se passa

    Eu não sei o que fazer

    Juventude se abraça

    Se une pra esquecer

    Um feliz aniversário

    Para mim ou pra você

    Feliz aniversário

    envelheço na cidade

    Feliz aniversário

    envelheço na cidade

    • Irã resistiu a oito longos anos de coalizão iraquiana com o marionete descartado Saddam quatro décadas atrás.

      O regime de 1980 apenas se fortaleceu.

  3. Irã, pode chamar a Rússia e a Coréia do Norte pro jogo.

    O Brasil não!

    Lula deveria levar toda a sua comitiva de mais de cem para passar uma temporada de paz parcial no Irã, com um alvo na testa.

  4. Seis dias depois do massacre do Hamas, eu fazia esta reflexão:
    O MUNDO ENLOQUECEU
    A doutrinação religiosa, o negócio mais próspero e que mais cresce no mundo e seu pior fruto entre todos, o fanatismo radical que cega e destrói neurónios, sentimentos e humanidade, chegou numa fase explosiva mundial que só pessoas experientes, atentas, sensatas e analíticas viam vir faz tempo, enquanto as sumidades mundiais políticas, científicas e financeiras se preocupavam com projetos pessoais ou corporativos que nunca conseguem redundar em progresso e esperança para a humanidade como um todo.

    Na noite de São Bartolomeu, em 1572, católicos fanatizados encheram as ruas de Paris de mais de 3 mil corpos de homes, mulheres e crianças suspeitos de serem protestantes e no dia seguinte, o Papa Gregório XIII enviava carta de congratulações ao Rei Carlos IX pela iniciativa.

    Entre o século XV e XVIII, o Santo Ofício ou Inquisição, legitimado por Roma, queimou na fogueira mais de 300 pessoas acusadas de hereges.

    Mormons assaltaram e mataram 160 viajantes de uma caravana de pioneiros americanos em 1857, por motivos religiosos, no que ficou conhecido como o Massacre de Mountain Meadows.

    Entre 1939 e 1943, o regime nazista, sem nenhum protesto importante conhecido da população cristã alemã, trucidou ou provocou a morte por inanição de 6 milhões de judeus, sem distinção de sexo ou idade, no Holocausto e 500 mil ciganos, na operação Porajmos.

    Os turcos otomanos mulçumanos, entre o início da 1ª Guerra e 1923, massacraram 1,5 milhão de arménios.

    A mulçumana Indonésia, invadiu e eliminou 150 mil cidadãos do Timor Leste, entre 1975 e 1999.

    Nos anos noventa, os conflitos entre Sérvia, Croácia e Kosovo e as rixas religiosas entre católicos, cristãos ortodoxos e muçulmanos fizeram 8000 vítimas.

    Em 2008, em Orissa na Índia, hinduístas mataram 100 cristãos, destruíram 333 casas e incendiaram outras 6.500.

    Do terrorismo e barbárie religiosos nem o Brasil escapou, em 1698, holandeses calvinistas que tinham invadido o Rio Grande do Norte, mataram mais de 80 católicos brasileiros.

    Do exposto acho que fica claro que os judeus não podem ser classificados como um povo conquistador, agressivo e muito menos terrorista, ou seja, nada que justifique a onda que está se criando ficticiamente de antissemitismo mundial, pelo que cabe questionar, POR QUE? Por que esse ataque selvagem totalmente errado politicamente, sabendo que a consequência lógica seria a condenação pela opinião pública mundial e a reação bélica fulminante do estado de Israel, muito mais aguerrido e preparado militarmente? Não sei, conspiração mundial secreta ou o mundo realmente enlouqueceu?

    Um Velho na Janela
    Enviado por Um Velho na Janela em 13/10/2023
    Reeditado em 15/10/2023
    Código do texto: T7907821
    Classificação de conteúdo: seguro

    C

  5. Bolsonaro não vale as fezes constirpadas em seu ventre, fez as maiores atrocidades, mas pelo menos quanto ao Irã acertou uma vez, pois sabia repetir frases papagaiadas de Trump:

    “Soleimani não era general, era terrorista”

    “Não estou do lado de país que apoia terroristas”

    “Não entendeu, Irã?”

    “Não vou defender país que apoia terrorista!”

  6. Dentre tantas atritadas frentes para participar, USA terá que decidir-se pra que banda irá, deixando-se vulnerável e que sabe não ser esse o propósito da “atlantica” Fenix, à ressurgir das próprias cinzas!

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