Brasil tornou-se um estranho no Brics, que já não serve a interesses nacionais

Brics na Rússia: o que reunião dominada por Putin e China significa para o  futuro do Brasil do bloco? - BBC News Brasil

Nos vídeos, os representantes assistiram ao pronunciamento de Lula

Demétrio Magnoli
Folha

Na superfície, o Brics é um bloco antiocidental, como Xi Jinping e Putin, mais ainda, pretendem apresentá-lo. De fato, são coisas diferentes para atores diversos. O Brasil, porém, tornou-se um estranho no ninho: o grupo já não serve aos interesses nacionais.

Lula vetou, por razões exclusivas de política doméstica (e por enquanto), o ingresso de Venezuela e Nicarágua. Porém, desde a entrada do Irã, na expansão de 2023, o Brics+ iniciou um giro antiOcidente.

ARCA DE NOÉ – A cúpula de Kazan emitiu convites a 13 novos parceiros, inclusive Belarus, um protetorado informal russo, Cuba e Bolívia, que apoiam a invasão imperial da Ucrânia, além de Vietnã, Cazaquistão e Uzbequistão, situados nas esferas concorrentes de influência chinesa e russa.

Inexiste, contudo, algum tipo de consenso mínimo na Arca de Noé do Brics+. No comunicado final da cúpula, Putin nem tentou contrabandear uma sentença de apoio à sua guerra ucraniana.

Em busca de prestígio, o Brasil obteve uma menção à reforma do Conselho de Segurança da ONU, balão de ar que se choca com o veto chinês ao ingresso da Índia. Os comunicados do grupo são exercícios na arte de circundar a substância.

TENSÕES REGIONAIS – A rivalidade estratégica sino-indiana atravessa o Brics desde o berço. As duas expansões adicionaram as tensões regionais entre Irã/Arábia Saudita, Turquia/Irã e Egito/Etiópia. A Índia mantém um tratado nuclear com os EUA. A Turquia, agora Estado-parceiro, faz parte da Otan. Pirandello escreveu “Seis Personagens em Busca de um Autor”; no Brics inflacionado, são 22 personagens à procura de um texto.

“Sul Global”, atualização do Terceiro Mundo, é uma miragem. Há 60 anos, o Movimento dos Não Alinhados (NAM), suposta representação do Terceiro Mundo, também estava permeado por rivalidades, a principal entre China e Índia, mas assentava-se sobre um consenso forte: o anticolonialismo.

O Brics+ não dispõe de um inimigo tão evidente quanto as antigas potências coloniais – exceto, talvez, o controle dos EUA sobre as finanças globais.

CONTRA O DÓLAR – Rússia e China nutrem o projeto do Brics Bridge, um sistema multilateral de pagamentos capaz de circundar o dólar. Seria, em tese, um propósito comum, estimulado por razões de peso: os custos financeiros associados à primazia da moeda dos EUA e o interesse de escapar às sanções comerciais cada vez mais abrangentes impostas por Washington.

Falar é fácil, executar são outros quinhentos. Quem dará crédito a uma cesta de moedas não-conversíveis? Qual governante inscreveria a economia da Índia na órbita do Banco Central chinês?

Dezenas de países formam fila para entrar no Brics+. Para quase todos, o ingresso não acarreta custos ou compromissos. São, em geral, autocracias à procura de um raio de sol: um clube no qual ninguém fala em direitos políticos, liberdades públicas ou igualdade perante a lei.

NADA A VER… – No passado recente, o Brics oferecia ao Brasil a oportunidade de diálogo privilegiado com potências relevantes na cena mundial. A expansão, que prosseguirá, diluiu a influência brasileira – e, com as periféricas exceções de Cuba e Bolívia, excluiu a América Latina do mapa.

Maduro correu a Kazan, infiltrando-se por uma janela lateral na reunião do grupo.

O regime venezuelano tem o que ganhar no Brics+. O Brasil, não mais.

8 thoughts on “Brasil tornou-se um estranho no Brics, que já não serve a interesses nacionais

  1. Demorou a perceber.

    Pode não atender aos interesses nacionais, mas o salário de Dilma, hoje banqueira do Brics, é estratosférico.

    Não confundir. O extenso território brasileiro e sua grande população têm reconhecida importância no exterior. Irrelevante, no caso, seria o governo brasileiro.

    Falam muito, e praticamente nada produzem de edificante internacionalmente, infelizmente.

    Mas o que esperar externamente de um presidente que contrata um assessor para visitar governos de outros países, e, como se fora um estafeta, entregar-lhes um modelo de cartinha para indicá-lo ao Prêmio Nobel da Paz?

  2. Foram encarregados pela Máfia KHAZARIANA a fazer o serviço sujo e a prova é a indole ou essência das desmioladas, corruptas e beligerantes cabeças envolvidas nessa enrustida e dizimadora”maré vermelha”!
    Convenhamos, só cacos!

  3. Maduro faz chacota de Lula

    A líder da oposição na Venezuela, Corina Machado, falou que a equivocada posição adotada por Lula diante da contestada reeleição de Nicolás Maduro falhou. E que, hoje, o ditador venezuelano faz chacota de Lula.

    “O sistema instalado na Venezuela é absolutamente militar, com dois braços repressores: o armado, com setores militares e paramilitares, e um braço repressivo judicial.”

    Fonte: Folha de S. Paulo, Mundo, 26.out.2024 às 14h16 Por Mayara Paixão

  4. A OPÇÃO DO PSDB PELAS CADEIRAS DO DATENA EM SP, EM DETRIMENTO DA EVOLUÇÃO POLÍTICA, É ESTRANHA, MUITO ESTRANHA, MAS “ESTRANHO NO NINHO” do BRICS o Brasil não é, a nosso ver, mas que a tendência é colocar azeitonas nas empadas da China reinventada por si mesma sem sair do velho lugar comum isto é, com o seu partido único, o PC, mostrando que a autocracia no caso funciona, ao ponto de levar à loucura até mesmo os EUA, “o rei da democracia” que, na verdade, na prática, não é uma Democracia mas isto sim uma plutocracia putrefata com jeitão de cleptocracia e ares fétidos de bandidocracia apenas mais cheirosa do que a brasuca,, não obstante o déficit chinês gigantesco de democracia, em sendo aí que reside, a nosso ver, os “Calcanhar de Aquiles”, dos gigantes norte-americano e asiático, atuais “donos do mundo”. E, tb a nosso ver, é exatamente aí, no contrapé dos calcanhares de Aquiles de ambos os gigantes, os Golias dos tempos atuais, que reside a “Grande Chance” de ouro do Brasil de se levantar, sacudir a poeira e a lama do passado e dar a volta por cima, um Pulo de Leão adiante dos “donos do mundo”, com projeto próprio, novo e alternativo de política e de nação, que representa a nova via política extraordinária, além dos EUA e da China, no bojo da Revolução Pacífica do Leão (RPL-PNBC-DD-ME), que MOSTRA, com todas as letras, literalmente, o novo caminho para o necessário novo Brasil de verdade, e o novo mundo, com Democracia Direta e Meritocracia, a nova política de verdade, com Deus na Causa, que projeta o Brasil na vanguarda democrática do necessário novo mundo civilizado, mais justo, mais empático e mais humano, até porque, em sã consciência, ninguém aguenta mais o continuísmo da mesmice de tudo isso que aí está, na seara política, com prazo de validade vencido há muito tempo, com a imprensa partidária falada, escrita e televisionada tb a bordo, pedindo pelo Amor de Deus mudanças de verdade, sérias, estruturais e profundas, sobretudo porque evoluir é preciso.

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