Jornalista Cristina Graeml faz história: é a mulher mais votada em Curitiba

Cristina Graeml atribui derrota à "massacre midiático" e promete fiscalização ao novo governo - Portal Metropolitano

Cristina Graeml atribuiu sua derrota ao “massacre midiático”

Rafael Fantin
Gazeta do Povo

Primeira mulher a disputar o segundo turno nas eleições municipais de Curitiba, a jornalista Cristina Graeml (PMB), 54 anos, entrou para a história da política da capital paranaense muito antes do fim da apuração dos votos neste domingo (27), quando Eduardo Pimentel (PSD) foi eleito prefeito.

No encerramento do primeiro turno, Graeml já era a mulher mais votada da história das eleições municipais curitibanas com 291.523 votos, o que representa 31,17% dos votos válidos em um dos pleitos mais acirrados na capital do estado desde a redemocratização do país. O vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD) ficou na primeira colocação com 33,51% da preferência do eleitorado.

No segundo turno, a votação da jornalista subiu para 390.254 (42,36% dos votos totais) contra 531.029 (57,64%) de Pimentel.

DIZ A JORNALISTA – “Em 331 anos, Curitiba nunca teve uma mulher no governo. Eu já fiz história através desse eleitorado expressivo no primeiro turno pelo fato de uma mulher chegar ao segundo turno. Nunca antes houve essa possibilidade”, disse Graeml durante a sabatina da Gazeta do Povo, realizada com os dois concorrentes à prefeitura.

A jornalista conservadora afirmou que os eleitores colocaram a candidatura dela como “antissistema” durante a campanha. “A proposta não era exatamente essa. O objetivo era ser um nome de fora da ‘política tradicional’, no sentido que eu não sou de famílias de políticos que se perpetuam no poder há décadas, apenas trocando a geração, mas mantendo o sobrenome”, alfinetou.  

Os números de Graeml superaram o desempenho da petista Gleisi Hoffmann, que disputou a prefeitura de Curitiba nas eleições municipais de 2008. Até o pleito deste ano, a atual presidente do PT era a mulher com mais votos na história da capital.

MUITO MENOS – Com apoio do presidente Lula, que governava o país durante o segundo mandato e no auge da polarização com o PSDB, Hoffmann teve apenas 183.027 votos ou 18,17% da preferência do eleitorado nas urnas, números insuficientes para chegar ao segundo turno, apesar de terminar a eleição como a segunda candidata mais votada. O prefeito tucano Beto Richa foi reeleito com o apoio de 778.514 curitibanos, o que significava 77,27% dos votos válidos.

Ao contrário da estrutura partidária petista, Graeml conseguiu se filiar no final do ano passado ao PMB, sigla “nanica” na política nacional, e teve o nome lançado como pré-candidata à prefeitura de Curitiba em janeiro.

Durante as convenções em agosto, a candidatura foi confirmada pelos filiados da legenda no Paraná, mas a Executiva Nacional do PMB tentou dissolver as comissões municipal e estadual, o que poderia invalidar a candidatura de Graeml.

SEM TEMPO NA TV – A candidata de direita não tinha tempo de propaganda eleitoral no rádio e televisão e chegou a ser “desconvidada” do primeiro debate da campanha na Band, onde foi barrada após receber o convite.

No entanto, a identificação do eleitor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com as propostas apresentadas nas redes sociais por Graeml impulsionou a adesão do eleitorado curitibano à candidatura.

Segundo o levantamento da Quaest divulgado no dia 19 de outubro, a jornalista saltou de 6% de intenções de votos entre os entrevistados na pesquisa do dia 17 de setembro para 26% no levantamento na véspera do primeiro turno, ultrapassando o candidato Luciano Ducci (PSB), apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

APOIO DE BOLSONARO – Além de disputar os votos da direita com Pimentel, a jornalista passou a disputar o apoio de Bolsonaro com o candidato do grupo político do governador Ratinho Junior (PSD). Apesar do PL fazer parte da chapa e indicar o ex-deputado Paulo Martins (PL) como candidato a vice, o ex-presidente autorizou Graeml a usar a imagem dele na campanha à prefeitura.

Em entrevista à Gazeta do Povo durante o primeiro turno, ela não descartou a possibilidade de concorrer a uma cadeira como representante paranaense no Congresso Nacional.

“Não tenho planos de ser deputada federal. Não digo que não serei, que não concorrerei, posso vir a ser, pois meu nome está se consolidando no eleitorado conservador, mas no momento o meu desejo e a minha proposta é ser gestora em Curitiba, com muito orgulho pela possibilidade de ser a primeira prefeita”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Interessante matéria, enviada por Mário Assis Causanilhas. Faltou dizer que Eduardo Pimentel é membro de uma das famílias mais poderosas e ricas do Paraná. E neto de Paulo Pimentel, ex-governador do Estado, que armou com Ratinho para colocar a mídia a serviço da campanha do rebento. Foi a mais desigual disputa desta eleição municipal. (C.N.)

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