Trump é risco menor perto de avanço da dívida pública, adverte Meirelles

Henrique Meirelles anuncia que será candidato a senador por Goiás em 2022 |  Política | Valor Econômico

A austeridade de Meirelles é vista como negativa por Lula

Julio Wiziack
Folha

A vitória de Donald Trump nos EUA não preocupa mais do que o ajuste fiscal necessário para conter o avanço da dívida pública brasileira. Para Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda de Michel Temer e ex-presidente do Banco Central no governo Lula (2003-2011), a turbulência no câmbio gerada pelo retorno de Trump não preocupa tanto quanto a projeção do aumento da dívida.

Nos últimos dez anos, a dívida pública saltou de R$ 2,7 trilhões, 53,7% do PIB, para R$ 8 trilhões, o 74,4%. Cálculos da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado indicam que ela pode romper a barreira de 80% do PIB neste ano.

PROBLEMAS – “O país não vai conseguir conviver com esse déficit sem ter problema econômico lá na frente”, disse Meirelles em entrevista ao Painel S.A.

O ex-ministro da Fazenda considera que haverá barreiras tarifárias erguidas por Trump a importados como forma de reverter a desindustrialização. Nesse processo, acha difícil que o Brasil seja prejudicado.

“No caso da desindustrialização americana, ele quer arrebentar. Isso afeta mais os países da Ásia. O alvo maior dele é a China. Agora, o Brasil exporta preferencialmente commodities. Até que ponto vai querer produzir café nos EUA? Na soja, eles são produtores. Mas o aumento da capacidade de produção lá pode gerar pressão inflacionária. É difícil”, disse.

ALTA DO DÓLAR – Para Meirelles, a valorização do dólar logo após a vitória é esperada e reflete ainda uma aposta de investidores de que será mais seguro investir em títulos dos EUA do que de emergentes, uma situação que tende a se acomodar à medida que seu governo tiver início.

“O dólar subiu contra alguns países e foi só isso. É uma pressão de curto prazo. Temos de ver como isso se acomoda.”

A alta do dólar é um problema menor perto do avanço da dívida pública.

DÍVIDA PÚBLICA – “O problema é a dívida pública continuar subindo com esse tipo de déficit [fiscal]. Vai chegar num momento que ficará insustentável. O primeiro problema, a alta do dólar no curto prazo, coloca uma pressão de percepção de curto prazo, de impacto na inflação, taxa de juros etc. Agora, o mais importante, e tem que resolver, é a trajetória da dívida. O país não vai conseguir conviver com esse déficit sem ter problema econômico lá na frente.”

Para ele, a condução da economia pela equipe de Fernando Haddad (ministro da Fazenda) “não é excepcional, nem ruim”, mas conseguem equilibrar a pressão do PT, de um lado, e, de outro lado, com o que precisa ser feito.

“Não dá. Tem que enfrentar [corte de gastos]. Acho que Haddad e Simone Tebet [ministra do Planejamento] estão certos. Tem que ser logo [o anúncio do pacote].”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enfim, aparece alguém preocupado com a dívida pública. Infelizmente, no Brasil a irresponsabilidade reina, junto com a impunidade e a imunidade. Temos todos os motivos do mundo para sermos pessimistas, e Trump nada tem a ver com isso. (C.N.) 

6 thoughts on “Trump é risco menor perto de avanço da dívida pública, adverte Meirelles

  1. Podia começar retirando os incentivos fiscais de certos grupos de comunicação em vez de lascar o chicote no lombo do povão, mas aí é uma choradeira sem fim desses mesmos jornalecos.

  2. “Nos últimos dez anos, a dívida pública saltou de R$ 2,7 trilhões, 53,7% do PIB, para R$ 8 trilhões, o 74,4%. Cálculos da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Senado indicam que ela pode romper a barreira de 80% do PIB neste ano.”
    No Brasil ninguém, digo, nenhum governo tomou pra si a responsabilidade de auditar a dívida pública. Cedo ou mais tarde isto deve ser feito. Mas como sempre os governantes tendem pelo mais fácil: penalizar o funciolalismo público para tirar de quem não tem para dá para quem tem. Quando me refiro ao funcionário, estou falando do pequeno. É certo que isto não terar o efeito desejado sem que se coloque o dedo na ferida. Auditagem da Dívida Pública. É constitucional. É preciso ser feito com urgência.

  3. *É RIDÍCULO TER SAUDADES DO GOVERNO MILITAR.*
    Como alguém, em sã consciência, pode ter saudades de um governo que tinha, apenas, *12 ministérios?* Prova, inequívoca, que o país não era bem administrado.
    Como confiar em *presidentes que morreram pobres?* Um homem que ocupa o cargo máximo de uma nação, sem fazer fortuna, prova que não sabe aproveitar oportunidades, nem gerir o patrimônio próprio. Um incapaz.
    Como ser saudoso de uma época de ditadura, onde todos os cidadãos tinham direito ao livre acesso às armas de fogo? E pior, a repressão era tão violenta que, mesmo armados, os cidadãos não se matavam. Isso demonstra o medo da população contra aquele governo bárbaro.
    Como respeitar um regime que criou o *INSS, o PIS, o PASEP, regulamentou o 13º,* instituiu a correção monetária, criou o *Banco Nacional da Habitação, o FUNRURAL,* construiu mais de 4 milhões de moradias e abriu 13 milhões de vagas de emprego?
    Melhor nem falar de infraestrutura. Em 21 anos, conseguiram, apenas, *asfaltar 43.000Km de estradas,* construir 4 portos, reformar outros 20, instalar as maiores hidrelétricas do mundo, decuplicar a produção da Petrobrás, criar a *Embratel e a Telebras,* implementar dois polos petroquímicos, entre outras coisinhas sem importância.
    A educação era ridícula. Pegaram o país com *100 mil estudantes secundaristas* e transformaram em *1.3 milhões.* Criaram o *Mobral, o CESEC, a CNPQ e o programa de Merenda Escolar*.
    Nestes vergonhosos anos de chumbo, onde o PIB cresceu *14%, as exportações* saltaram de *1.5 para 37 bilhões,* atingimos a *7ª economia economia mundial* e nos tornamos o *2º maior produtor de navios do planeta.* Uma catástrofe!!
    Realmente, durante essa página negra da história nacional, pelo visto, apenas os presídios funcionavam. Esses, sim, um exemplo. Neles entraram *terroristas, assassinos, assaltantes, guerrilheiros, seqüestradores, e saíram deputados, ministros, governadores e, até, dois presidentes.* Isso que é recuperação. 🤔

    Ta fazendo o que?
    Compartilha logo UÉ !!!

  4. Tem que cortar a gastança no topo.

    Combater as fraudes, inclusive na previdência.

    A Lava Jato nos mostrou apenas a pontinha do iceberg.

    E, ao contrário do que alega o corporativista Barroso, o Judiciário e o MP têm tudo a ver com isso.

    São os maiores e mais poderosos sanguessugas e garantidores da roubalheira neste país.

  5. Lula não está se esfarelando?

    Juros estratosféricos e subindo! Inflação acima da meta e subindo! Preços, taxas e tarifas absurdos e aumentando, inclusive e principalmente, os ‘administrados’ pelo governo Lula, que – no momento – parece desgovernado e sem rumo.

    Dívida Pública – Faz déficit orçamentário ao usar dinheiro público para se manter no cargo ‘comprando’ apoio de parlamentares com emendas secretas, ‘angariando’ aliados com cargos, sinecuras etc. e ‘comprando’ votos de eleitores com bolsa família etc.

    E como fazer frente então ao iminente e avassalador avanço da extrema-direita nacional e internacional?

    Só resta mesmo o Moraes – goste-se ou não dele – que enfrenta, processa, prende, tornezeléra, inelegibilíza, retém passaporte e que poderá ainda enjaular outros, inclusive o ex.

    De resto, não tem mais nada. (O que é que tem?), a não ser o já enfadonho e infrutífero blá blá blá do ainda presidente.

  6. Imagine a revolução que seria se o MP trabalhasse, sem plantar nulidades, e o Judiciário tivesse milhares de Lava Jatos?

    Infelizmente mataram a única e todos os bandidos permaneceram impunes e voltaram à cena do crime.

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