Monitores de 17 países respondem a Zuckerberg “em defesa da verdade”

Zuckerberg: Empresas precisam de 'mais energia masculina' - 11/01/2025 -  Tec - Folha

Monitores dizem que o trabalho deles é muito proveitoso

Juliana Causin
O Globo

Em carta aberta enviada a Mark Zuckerberg, 20 organizações de checagem classificam como “retrocesso” a decisão da Meta de encerrar o programa de verificação independente de informações. O documento alerta que o fim do fact-checking nas plataformas da empresa causará “danos reais em muitos lugares”.

“Acreditamos que a decisão de encerrar o programa de verificação de fatos da Meta é um retrocesso para aqueles que desejam ver uma internet que prioriza informações precisas e confiáveis”, afirmam os checadores.

ACESSO À VERDADE – O documento foi publicado pelo Instituto Poynter de Estudos de Mídia, dos Estados Unidos, uma organização sem fins lucrativos que fundou a Rede Internacional de Fact-Checking (IFCN).

Assinado por organizações de 17 países, o texto defende que o “acesso à verdade alimenta a liberdade de expressão”. Os checadores também destacam que alguns dos países onde o programa funciona são “altamente vulneráveis à desinformação que incita instabilidade política, interferência eleitoral, linchamentos e até genocídio”.

Em um vídeo nas redes sociais na terça-feira, Mark Zuckerberg, CEO e cofundador da Meta, anunciou que encerraria o programa de checagem de informações indepentente para o Threads, o Instagram e o Facebook. A medida, segundo ele, começa a valer nos Estados Unidos para depois ser expandida globalmente.

VIROU CENSURA – Zuckerberg alegou que o programa de fact-checking converteu-se em uma “ferramenta de censura” e que os profissionais que verificam Informações nas redes “se tornaram politicamente tendenciosos”. A Meta começou nesta semana a notificar checadores dos EUA sobre o fim dos contratos com a empresa.

No lugar da checagem independente, a big tech vai adotar modelo similar ao usado pelo X, de Notas da Comunidade. Nesse sistema, os usuários ficam responsáveis pela classificação do conteúdo que circula nas redes.

Na carta ao magnata da tecnologia, os checadores defendem que a ferramenta da Notas da Comunidade pode coexistir com o programa de verificação de fatos de terceiros. Também argumentam que o enfraquecimento das salvaguardas de moderação é ruim para o próprio negócio da Meta.

GOLPES E BOATOS – “Se as pessoas acreditarem que as plataformas de mídia social estão cheias de golpes e boatos, elas não passarão tempo ou farão negócios nelas”, afirma o texto, que é assinado por duas agências brasileiras, a Lupa e a Aos Fatos.

Criada em 2016, a rede de checagem contava com ao menos 80 organizações, segundo a Meta. Os checadores, responsáveis por identificar desinformação em publicações, precisavam ser auditados e seguir padrões estabelecidos pela International Fact-Checking Network (IFCN).

Na carta, as organizações ressaltam que a Meta “sempre elogiou o rigor e eficácia” do processo. Também lembram que os checadores nunca tiveram autoridade para remover conteúdo, o que era uma responsabilidade da big tech.

BONS RESULTADOS – “Pesquisas indicaram que os rótulos de verificação reduziram a crença e o compartilhamento de informações falsas”, defendem.

“E, em seu próprio depoimento ao Congresso, o senhor [Mark Zuckerberg] se gabou de o programa de verificação de fatos da Meta ser líder da indústria”, acrescentam, em referência à audiência do empresário, em 2021, no Congresso americano.

O grupo acrescenta que está “pronto” para trabalhar novamente com a Meta e ressalta que a verificação é essencial “para manter realidades compartilhadas e discussões baseadas em evidências, tanto nos Estados Unidos quanto globalmente”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Zuckerberg diz que o monitoramento virou censura e passou a ser feito sob critérios político-partidários. Os checadores – que não querem perder os empregos, é claro – alegam que há bons resultados e os frequentadores aprendem a se comportar. Então, é preciso ver as estatísticas. Por exemplo: a cada 100 postagens que os monitores pedem bloqueio, quantos são concedidos pela Meta? E qual a percentagem de bloqueios sob critérios meramente políticos? (C.N.)

14 thoughts on “Monitores de 17 países respondem a Zuckerberg “em defesa da verdade”

  1. Acaso bloqueiam pornografia, por estar fora dos padrões da comunidade?
    É claro, que todas as idades tem livre acesso!
    Então, qual é a lisura e objetivos dessa atividade?

  2. Gente! Quem detém a verdade? Nas ciências exatas eu sei, a lógica e a racionalidade, que valem aqui e em Marakesh, ontem e hoje e, mesmo assim, superáveis. Vide a física quântica.

    Quem disse que meia dúzia de burocratas são a expressão daquele conceito quando se trata do âmbito da informalidade, da opinião e expressão de pontos de vistas?

    Pensamento único não se enquadra no horizonte de quem é democrata na filosofia e na concomitante práxis.

    Como colocar nas mãos de burocratas patrimonialistas, como os de então, que adoram diraduras, incusive as medievais, tal como aquelas que assassinam mulheres por que não usavam o véu ou aqueles que têm o estupro como função pedagógica de Estado e que acham que democracia é uma Geni, que dá pra qualquer um, sem qualquer critério e a gosto das circunstâncias. Estes só podem, e o são na prática, meros censores.

    Embora a qualidade não seja determinada pela quantidade taxativamente, creio que os bilhões de usuários da Meta são aqueles mais adequadas para consideram o caráter cdas mensagens e não meia dúzia anciosos pra imporem sua visão de mundo.

    Estes tipinhos que querem impor sua “democracia” na marra são tiranos, uns mais outro menos explícitos.

    Precisamos deixar de passar pano pra este projeto de privatização e onipresença do Estado pra impor a “verdade” de uma elite patrimonialista, que o coloca a serviço de seus interesses particularissimos.

    E escusos.

  3. A propósito de quem não tem bem certas e estruturadas convicções e se definem por não serem o outro.

    “Sou o que o outro não é.
    Portanto, minha existência e meu desejo são definidos pelo desejo e a falta do outro”.

    André Lacerda – Psicanalista

    Melhor definição de nossos sombrios tempo, o do lulobolsonarismo.

    Querem nos impor seu vazio existencial, através da força, inclusive da burocrático-jurídica.

    Me inclua fora desta!

  4. Analisar e classificar a fiscalização sobre os crimes, eventualmente cometidos mas comunicações nas redes sociais e mídias, sob o viés ideológico de tipificá-la como censura, pura e simples, não me parece atitude própria de pessoas bem intencionadas que pugnem por viver sob o império da Lei.

    • Exatamente. Ora, alguns são imunes às fake news prejudiciais,, mas a grande maioria não é. Aos que pregam a liberdade de expressão absoluta, será que ficariam desse lado quando uma determinada falsidade prejudicial à sua família fosse propagada nas redes sociais? Entrariam na justiça para que o conteúdo fosse retirado?

      Será que tudo deveria ser resolvido via justiça formal?

      Alguns países não precisam nada disso, porque a sua população é suficientemente educada para não espalhar coisa que prejudiquem a sociedade, como, por exemplo, o Japão. Porém, muitos países possuem populações suscetíveis a manipulações prejudiciais.

      Criticar é uma coisa, difamar é outra. Propaganda honesta é uma coisa, já desonesta é crime. E precisamos acionar a justiça para que coisas semelhantes sejam retiradas do ar? Vale tudo, até que a justiça se pronuncie?

  5. A censura faz parte do ideário socialista.
    Sou contra!
    Se perguntarem aos cobradores de ônibus se são a favor a catraca eletrônica com cartão, vão ser contra, senão deixam de existir.
    Alguns países do mundo que censuram as redes sociais: Coreia do Norte, Cuba, China, Rússia, Venezuela, Nicarágua; isso não é suspeito?
    Só os socialistas sabem o que é bom pra todo mundo? Eles nasceram com esse dom divino?
    O que pensar daqueles que foram defuntizados por Mao, Stalin, Fidel, Pol Pot e outros carniceiros do bem?

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