Trump resumiu a relação com Brasil: afinal, quem precisa mais de quem?

Trump proíbe a entrada de imigrantes pela fronteira com o México |  Metrópoles

Na Presidência, Trump esnoba o Brasil solenemente

J.R. Guzzo
Estadão

Que tal se contentar com os meros números e realidades, modestamente, para lidar com toda essa ansiedade em torno do que vai acontecer no Brasil agora que Donald Trump é o novo presidente dos Estados Unidos? Talvez isso seja mais útil, se você pretende realmente ficar sabendo alguma coisa prática a respeito, do que entrar no território não-mapeado das grandes placas tectônicas que movem a geopolítica universal.

O ponto de partida poderia ser a constatação de que uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa. Brasil é Brasil, claro, mas Estados Unidos também é Estados Unidos.

DEPENDÊNCIA – Não dá, aí, para achar que a conversa é de “potência para potência”, porque não é – da mesma forma que o Real Madrid não joga na mesma divisão da Portuguesa Santista. Ninguém resumiu isso tão bem como o próprio Trump, ao dar a sua opinião sobre o assunto.

As relações entre os Estados Unidos e o Brasil vão muito bem, disse ele, mas é bom lembrar que o Brasil precisa mais dos Estados Unidos do que os Estados Unidos precisam do Brasil. É isso mesmo, exatamente isso, e não se vai nem até a esquina achando que nós somos a última bolacha do pacote.

Só para simplificar um pouco: bolacha, mesmo, são os próprios americanos, que têm um PIB de 28 trilhões de dólares, 10 trilhões (isso mesmo, tri) acima do da China, ou mais de um quarto de tudo o que se produz neste mundo.

NEM PERCEBERÃO – Se a “mudança do clima”, por exemplo, fizer o Brasil sumir um dia do globo terrestre, os Estados Unidos não vão sentir mudança nenhuma no seu dia a dia.

Exportamos 40 bilhões de dólares por ano para lá, mas é tudo matéria-prima, como um país qualquer da África, ou produtos do agro – este mesmo que Lula já chamou de fascista. Em compensação, o Brasil depende dos Estados Unidos até para mandar um zap pelo celular.

O Brasil seria um país remediado, talvez, se fosse apenas um anão diplomático – pior que isso, é um anão tecnológico, e anão tecnológico, hoje em dia, está vendido, embalado e pronto para entrega. Não há nada aqui, em termos de economia contemporânea, que alguém no mundo queira comprar.

COMPRAR O QUÊ? – Turbinas para avião? Aparelhos de tomografia? Inteligência artificial? Nosso sistema de produção é um dos menos competitivos do mundo.

Uma boa big tech americana, sozinha, tem valor de mercado maior que todo o PIB do Brasil. De todas as importações dos Estados Unidos, só 1% vem do Brasil – e 12% das exportações brasileiras vão para lá.

Somos uma desgraça mundial em educação pública de baixo nível, homicídios, roubos, corrupção, venda de sentenças por juízes que ganham os maiores salários do mundo e por aí vai. Quem precisa mais de quem?

12 thoughts on “Trump resumiu a relação com Brasil: afinal, quem precisa mais de quem?

  1. A situação não é confortável mesmo, ainda mais depois das declarações de Trump, o torpe! Mas pergunto: todo o “inventário” da situação acima exposta é culpa de quem??? Há quantos anos estamos emperrados? A cadeira de Estudos Brasileiros ainda está vigente na faculdade?

  2. Com um porta voz da categoria desse panfletário norte-americano disfarçado de bolsonarista, o Trump pode dormir tranquilo, que não precisa se preocupar com uma invasão tupiniquim.
    Artigos depreciativos humilhando o Brasil perante um país estrangeiro iguais a esse que o nosso Editor deixou passar, deveriam ser considerados crime de lesa pátria.

  3. Na comparação entre EUA e China faltou registrar que:

    “As fábricas chinesas, contudo, produzem quase um terço (31%) de todos os bens manufaturados do mundo. Quase o dobro dos EUA (16%), o segundo colocado.”

  4. Nossos defensores da Democracia bananeiros vão dar as cartas no Mundo contra a ascenção do “nazi-fascismo”, inclusive nos EUA.

    Nossa oligarquia estatal não cansa de ser ridícula.

  5. O artigo detona o Brasil. Não deixando pedra sobre pedra.

    Não se permitiu, o autor, nenhuma ilusãozinha.

    Nada de (impávido) “colosso”, de “gigante” (pela própria natureza).

    É chocante a redução do país à extrema insignificância.

    ACORDA, brasil!

  6. Impressionante, Sr. Carlos Newton:

    Do ufanismo do “Não verás nenhum país como este!” de Olavo Bilac, já marqueteiro à época, restou lavrada no artigo a desolação do “Não Verás País Nenhum” do Ignácio Loyola Brandão.

  7. Vejam a diferença O Brasil não deporta americano que viva clandestinamente no pais, porque simplesmente não existe.
    Brasileiro para entrar nos Estados Unidos tem que fazer uma “gincana documental” e esperar uns dois anos pelo visto, se tiver a sorte de ser aceito.
    Já americano entra no Brasil sem precisar sequer do visto de entrada, e mesmo assim são poucos os que vem.
    Em tudo em que se possa imaginar a vantagem é deles, então se pergunta, somos iguais a eles?
    O Trump só esta lembrando a nós, o nosso verdadeiro lugar.
    Agora mesmo a federação cucaracha vai se reunir para peitar o Trump, vai se engraçado.

  8. Lampejos de sabedoria? Dedilhar mazelas nacionais que estamos cansados de conhecer e divulgar para consumo interno, só para tentar avalizar uma crítica ofensiva ao nosso país pelo ídolo do ídolo do escriba?
    Por favor, respeitem, se não minha inteligência e lucidez, ao menos meus cabelos brancos ou a falta deles, já cansei de destripar e expor as entranhas podres da Casa Grande e a miséria e sofrimento da Senzala e aí…NADA!
    O Ciro, acostuma a fazer a mesma coisa, com mais informação e competência, e aí…NADA!
    Temos que parar com essa compulsão para digitar sem nada na cabeça, a não ser os ganchos da mídia paga e dos aventureiros mediáticos e passar a raciocinar visando exclusivamente um melhor futuro para nosso país e família, e os meios de obtê-lo.

  9. Só faltou falar que somos todos vira latas cujo destino é ficar eternamente lambendo o rabo do império
    Se depender destes “patriotas bolsonaristas”, deveriamos voltar a ser colonia e oportunamente revogar tambem a Lei Aurea , para voltarmos a ter competitividade economica.

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