Paulo Peres
Poemas & Canções
O crítico literário, tradutor, ficcionista e poeta gaúcho Luís Carlos Verzoni Nejar, membro da Academia Brasileira de Letras, viu o vento lavar as pedras, as noites e as águas no poema “Pedra-Vento’, inclusive, o vento lavou até o vento, mas ficaram as palavras.
PEDRA-VENTO
Carlos Nejar
O vento lavou as pedras,
mas ficaram as palavras.
O vento lavou as pedras
com sabor de madrugada.
O vento lavou as noites,
mas ficaram as estrelas.
O vento lavou a noite
com água límpida e mansa.
Mas não lavou a salsugem.
O vento lavou as águas,
mas não lavou a inocência
que amadurece nas águas.
O vento lavou o vento.
Memória de um instante
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Raios riscaram o céu
O vento soprou sem rumo
Estrondos ecoaram distante
Parecia até o fim do mundo!
Mas do céu só caiu chuva
Forte, abundante, ligeira
Que tirou do barro sêco
Um cheiro gostoso de poeira
Ao fim, restou uma brisa fraca
O sol no horizonte distante
Nuvens por toda parte esparsas
E a memória de um instante
(Sapo de Toga)
ótimo poeta.