Hugo Motta acena com discurso de bolsonarista, enquanto a anistia avança

Motta anuncia que a Câmara pode analisar anistia

Pedro do Coutto

Não podiam ser mais absurdas as declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, negando a balbúrdia e o atentado contra a democracia no dia 8 de janeiro de 2023 , afirmando que os atos de vandalismo contra as sedes dos Três Poderes não configuraram uma tentativa de golpe de Estado.

Em entrevista à rádio Arapuan, de João Pessoa, ele reconheceu a gravidade da depredação, mas disse que os atos foram “uma agressão às instituições” promovida por “vândalos e baderneiros”, sem coordenação política suficiente para caracterizar um golpe.

AGRESSÃO – “O que aconteceu não pode ser admitido novamente, foi uma agressão às instituições. Agora, querer dizer que foi um golpe… Golpe tem que ter um líder, uma pessoa estimulando, tem que ter apoio de outras instituições interessadas, e não teve isso”, declarou.

A declaração ocorre em meio à pressão de parlamentares aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro para que a Câmara avance na proposta de anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro. A medida perdoaria todos os envolvidos em “manifestações” de caráter político e eleitoral entre 8 de janeiro de 2023 e a entrada em vigor da eventual lei, restringindo punições apenas a crimes de depredação de patrimônio público.

Motta não assumiu compromisso em pautar o projeto de anistia e disse que a decisão será tomada em conjunto com os líderes partidários da Casa. “Não posso chegar aqui e dizer que vou pautar a anistia semana que vem, ou não vamos pautar. Será um tema que vamos analisar, digerir”, afirmou. A anistia aos condenados do 8 de janeiro foi uma das principais pautas debatidas nos bastidores da eleição de Motta para a Presidência da Câmara. O tema foi discutido tanto com bancadas governistas quanto com a oposição.

DISPARATE – As afirmações de Hugo Mota configuram-se como um verdadeiro disparate, uma vez que o que se desenrola em Brasília é o julgamento dos acusados por subversão. Os réus tiveram chance de defesa e as investigações comprovam a culpabilidade dos mesmos que montaram verdadeiras residências nas calçadas em frente aos quartéis pedindo a intervenção militar. Está evidente a tentativa de golpe de Estado,somada às depredações e aos distúrbios em Brasília. Tudo gravado, constando como a maior da prova da participação dos réus.

As ações tentaram subverter a ordem e só não tiveram êxito pela não participação de grande parte da cúpula do Comando das Forças Armadas. Os golpistas deixaram o seu rastro sinistro, destruindo o patrimônio público e provocando a desordem. Milhares de pessoas foram à Brasilia para promover atentados contra a democracia em um ato brutal. As prisões em massa conseguiram conter os atos que tinham um objetivo claro.

O atentado foi frustrado, mas a intenção ficou e por isso dezenas de pessoas foram julgadas. Ao negar a gravidade da questão, Hugo Motta mostra, desde já, a sua intenção em resgatar a possibilidade de Jair Bolsonaro se candidatar no próximo ano, demonstrando que no cenário político, tudo é possível.

9 thoughts on “Hugo Motta acena com discurso de bolsonarista, enquanto a anistia avança

  1. Em 8 de janeiro prenderam no atacado, qualquer um, até quem comprovou por todos os meios documentais e testemunhais inequívocos que não tinha absolutamente nada a ver e estava a milhares de quilômetros de Brasília realizando atividades totalmente distintas.

    Não podemos esquecer que o Brasil é um país que prende muito e prende errado.

    Quantos homens casados presos por acusações falsas de Maria da Penha feitas por stalkers e estelionatárias com as quais jamais teve qualquer tipo de relacionamento?

    Aliás, Maria da Penha virou arma para relações comerciais, locatícias, invasão de terras, porque prende quem jamais seria enquadrado na Lei, gente sem nenhuma relação, a milhares de quilômetros de distância, contra todas as provas dos autos e a mínima lógica, com base apenas em qualquer mentira inventada por qualquer uma e contrária a todas as provas sobrepostas.

    O que é diferente de anistiar Bolsonaro e dar trela para o jogo de cena da dupla dos mesmos toscos: Lula-Bolsonaro que estão acabando de vez com o Brasil.

    Não há diferença nenhuma entre eles.

    O projeto patrimonialista brasileiro é secular, apartidário, unânime, sem nenhuma dissidência.

    E é a favor dele que o discurso do Presidente da Câmara está trabalhando.

  2. “Presente de grego de Lula”?

    Lula insiste em dar ministérios a Lira e Pacheco para tê-los por perto, mas os ex-presidentes da Câmara e do Senado resistem em aceitar.

    Os ministérios que Lula oferece, ‘de porteira fechada’, e que ambos têm rejeitado, são os da Agricultura (de Carlos Fávero), a Lira, e do Desenvolvimento (de Alckmin), a Pacheco.

    Estariam os dois parlamentares prevendo debacle do governo e consequente não reeleição de Lula em 2026, e evitando, desde já, entrar numa ‘barca furada’?

  3. Senhor PEDRO RICARDO MAXIMINO , lembre-se que os parlamentares arautos da tal anistia , sequer estão preocupados em defender os pobres diabos até então presos , mas sim , querem interromper e sustar todas as investigações e processos contra os subversivos e seus financistas já identificados , pois é público e notório que a ” intentona golpista ” em 08/01/2023 contou com amplos e pleno apoio do congresso nacional , além dos comandantes dos quarteis que se deixaram ” sitiarem ” por dias á fio , pelos subversivos , conspiradores e baderneiros .

  4. Não contente com agredir o bom senso e a razão, negando a tentativa de golpe, esse rebento do bolsonarismo planeja incentivar a mudança da Lei da Ficha Limpa as fim de abrir a porteira ao resto da canalhada. Eu comentei no X:
    A aprovação de uma pena de dois anos para infração da Lei da Ficha Limpa é muito mais do que tudo o que foi dito, seria o ridículo mundial do legislativo brasileiro e de roldão, de seu povo, eterna vítima da canalhice política, pois estaria decretando como pena, uma medida inaplicável, já que o período da inelegibilidade seria igual ao período sem eleições, facilmente arguido e manipulado por qualquer advogado neófito.

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