Zelensky teme ser enganado por Trump na reunião com Putin

Zelensky quer acordar plano de paz com Trump antes de falar com Putin - SIC Notícias

Trump quer assumir as ricas jazidas minerais da Ucrânia

Wálter Maierovitch
do UOL

Como sabe até a mitológica deusa romana Libertas, entronizada monumentalmente em Nova York, o neopresidente Donald Trump errou ao afirmar, levianamente, que acabaria com a guerra na Ucrânia em 24 horas.

No momento, existem dúvidas quanto a ter havido em novembro passado, como anunciado por Trump, uma ligação telefônica ao presidente russo Vladimir Putin para acertos futuros sobre a guerra. Para muitos, Trump inventou o telefonema para poder sustentar o tal prazo de 24 horas.

Perguntado pelo repórter do New York Post, ele respondeu: “É melhor que não lhe diga”.

NEM SIM NEM NÃO – A desconfiança veio à tona porque Trump sustentou ter mantido, entre sábado e domingo passados, conversa telefônica com Putin. O Kremlin não confirmou e, com a estratégia de sempre, também não desmentiu.

O presidente ucraniano, Volodymir Zelensky, preocupou-se e entrou em campo para avisar, com sutileza, seu desejo de participar do tão propalado encontro entre Trump e Putin sobre a Ucrânia. Já teme levar bola nas costas e não vê lógica de ficar fora de conversa que envolve seu país.

“Não podemos permitir que alguém decida qualquer coisa por nós”, frisou Zelensky.

VISÕES DIFERENTES – Trump e Putin têm visões diferentes e, ao que tudo indica, inconciliáveis para se chegar ao fim da guerra.

Trump tem visão mercantilista e míope. Ele, como se fosse um corretor à cata de comissões e não presidente dos EUA, quer receber, em troca da paz, o contido em “terras raras” ucranianas: lítio, urânio e outros minerais. A expressão “terras raras” é do próprio Trump.

Talvez Trump ainda não tenha sido informado que essas reservas encontram-se bem próximas dos russos – -em região próxima ao Donbass (bacia carbonífera do Donests), área pretendida pela Rússia.

10% DO TERRITÓRIO – Putin, que cinicamente afirmou estar preocupado com as mortes na guerra e para lá enviou norte-coreanos como ‘bucha de canhão” (pelo despreparo, morrem como moscas, disse um general ucraniano), quer garantir uma fatia de mais de 10% do território ucraniano, a ser integrado a já conquistada Criméia.

Segundo Trump, na conversa telefônica do final de semana, Putin teria dito: “Toda aquela gente morta. Jovens, belas pessoas. São como os vossos filhos, dois milhões deles”.

Mas e ao contrário do imaginado por Trump, o interesse de Putin não está nos mortos e não se resume às conquistas territoriais. E Zelensky sabe bem disso.

AS EXIGÊNCIAS – Putin não abrirá mão da neutralidade da Ucrânia, ou seja, jamais quer vê-la integrando a Aliança Atlântica (Otan).

Mais ainda, Putin quer a Ucrânia sem exército e armas. E, lógico, não quer assumir nenhuma garantia de que não realizará novas anexações.

Trump não tem a mínima visão de estadista. É apenas um empresário, de visão mercantilista, como afirmei acima.

UCRÂNIA VENDIDA – Zelensky, que já percebeu tudo, pisa em ovos. Numa reunião somente entre Trump e Putin, ele tem certeza que sairá vendido –junto com a Ucrânia.

Zelensky pretende, e esta é a razão da resistência à invasão russa, uma Ucrânia livre, autônoma e independente.

Para a inteligência ucraniana, e Trump não sabe, o presidente russo já projetou investir 10% do PIB na guerra. Putin está calculando a guerra como de longo prazo, depois da gritante falha de informação quando imaginou uma invasão concluída em poucos dias e com aplausos dos ucranianos.

MAIS SOLDADOS – Para os 007 ucranianos, Putin projeta utilizar mais 100 mil novos soldados nos combates.

Keith Kellogg, 80 anos e assessor da Trump para a guerra na Ucrânia, revelou à mídia norte-americana ser preciso uma centena de dias para o governo trabalhar com a tentativa de colocar fim à guerra.

Disse isso porque Trump tomou posse no dia 20 de janeiro e o prazo trombeteado já escoou.

Trama da Usaid contra Bolsonaro é mais uma teoria conspiratória

What cutting USAID could cost the U.S. — and how China, Russia may benefit

Usaid é a maior fornecedora de alimentos a países pobres

Felipe Bailez e Luis Fakhouri
Folha

Na última segunda-feira (3), Elon Musk, que conduz o Departamento de Eficiência Governamental (Doge) na gestão Trump, anunciou que pretende fechar a Usaid, a principal agência do governo americano responsável por administrar programas de ajuda e desenvolvimento internacional.

O presidente Donald Trump ordenou o congelamento de pagamentos e a suspensão massiva de funcionários, resultando no fechamento do site da Usaid e na tentativa de integrá-la ao Departamento de Estado.

TEMA CENTRAL – Esse evento rapidamente se transformou em tema central de discussão no ecossistema de mensagens da direita bolsonarista brasileira, onde mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram monitorados pela plataforma Palver vêm intensificando uma narrativa que associa a Usaid a uma suposta interferência com intenções golpistas nos rumos políticos do Brasil.

De acordo com essa narrativa, a agência estaria envolvida em manobras para influenciar decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e até mesmo para silenciar vozes críticas por meio da censura em redes sociais e aplicativos de mensagens.

Essa narrativa sustenta que a Usaid desvia recursos dos impostos dos Estados Unidos para financiar operações de influência e censura que favorecem determinados interesses políticos.

VITÓRIA DE LULA – Assim, os defensores dessa tese afirmam que, se a agência não estivesse “financiando” tais redes, o resultado das urnas seria outro e o presidente Jair Bolsonaro, retratado como vítima de interferência externa, teria se mantido no poder.

É possível detectar uma ampla disseminação através de mensagens de uma fala de Mike Benz, ex-funcionário do Departamento de Estado do primeiro governo Trump. Sua fala é utilizada como prova central dessa interferência, afirmando que, “se a Usaid não existisse, Bolsonaro ainda seria presidente”.

O Supremo Tribunal Federal (STF) e o TSE são acusados de adotar decisões que, em conluio com a Usaid, contribuíram para silenciar os apoiadores de Bolsonaro, enquanto Alexandre de Moraes é descrito como um instrumento desse aparato, apoiado por agentes ligados à instituição.

ATÉ SOROS… – A suposta rede de influência se estende também a figuras internacionais como George Soros, apontado como o grande financiador por trás de uma rede de ONGs que colaboram com a Usaid para promover uma agenda globalista, e a Bill Gates, cuja fundação é citada como uma fonte de apoio a projetos controversos alinhados a essa suposta política de censura.

O governo Biden é acusado de manter e financiar instituições que facilitam essa interferência externa, em oposição às iniciativas de Trump e Musk.

Victoria Nuland, por sua vez, é citada como peça chave que teria participado de intervenções em governos estrangeiros, “escolhendo” novos gabinetes antes mesmo de derrubar os antigos.

NÓS E ELES – Essa articulação retórica é reforçada por uma linguagem intensamente emotiva, com termos agressivos como “verme” e “golpe dos golpes”, que dividem o debate político em dois campos antagônicos: “nós”, os patriotas defensores da soberania, e “eles”, os supostos agentes de uma conspiração global.

A repetição incessante de links e referências a vídeos e artigos – na maioria das vezes sem verificação – contribui para uma polarização que fragiliza o debate público, misturando informações distorcidas a críticas legítimas sobre a influência estrangeira na política.

Ao refletir sobre essas acusações, é fundamental lembrar que a narrativa que coloca a Usaid como a grande vilã da interferência política e da censura é, antes de tudo, uma adaptação de teorias conspiratórias antigas, agora recontextualizadas para se adequar ao discurso da extrema direita.

RETÓRICAS ALARMISTAS – Em um momento em que a confiança nas instituições é essencial para a consolidação da democracia, o debate público deve se fundamentar em evidências verificáveis, e não em retóricas alarmistas que apenas ampliam a polarização.

Afinal, a verdadeira soberania não se conquista com teorias conspiratórias, mas com o fortalecimento das instituições e do espírito democrático.

Bolsonaro acha que dois erros formam um acerto na Ficha Limpa

Charge do Alecrim (Arquivo Google)

Mario Sabino
Metrópoles

Um assecla de Jair Bolsonaro, o deputado federal Hélio Lopes, do PL do Rio de Janeiro, propõe que a Lei da Ficha Limpa seja desfigurada por lei complementar. A desfiguração prevê que o período de inelegibilidade de um político ficha suja caia de 8 para 2 anos a partir do cometimento do ilícito e que a condenação impeditiva tenha de ser na esfera criminal, não apenas na eleitoral. Valeria já para a próxima eleição presidencial.

A coisa, portanto, foi pensada sob medida para permitir que Jair Bolsonaro, condenado no TSE pela reunião com os embaixadores para avacalhar as urnas eletrônicas e pelo uso eleitoreiro do 7 de Setembro, possa concorrer à presidência da República em 2026.

MUITO OTIMISMO – É uma malandragem otimista, visto que não coloca no horizonte a quase certa condenação do ex-presidente pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático e organização criminosa.

Como não poderia deixar de ser, Jair Bolsonaro está entusiasmado com a proposta de lei complementar. Para se justificar diante do seu eleitorado, notório por apoiar o texto draconiano da Lei da Ficha Limpa, ele diz que a legislação virou arma política da esquerda e dos tribunais superiores contra desafetos políticos.

De fato, o que vale no Brasil é a máxima segundo a qual aos amigos faz-se o favor e aos inimigos aplica-se a lei.

DO TIPO DILMA = Exemplo inesquecível dessa tradição tropical é o episódio espantoso de Dilma Rousseff ter conservado os direitos políticos ao sofrer impeachment, em inquestionável afronta ao texto da coitadinha da Constituição, graças a uma manobra de Ricardo Lewandowski, que presidia a sessão do Senado que chancelou o impeachment da companheira.

Jair Bolsonaro é, no entanto, mais um espécime brasileiro a tentar convencer a malta desavisada de que dois erros fazem um acerto, em oposição à máxima que diz o contrário. De que se combate a jurisprudência de ocasião com a legislação de ocasião.

TUDO ERRADO – Mas não é porque uma lei certa serve a gente errada que se deve servir a gente errada mudando a lei certa.

O afrouxamento na Lei da Ficha Limpa para beneficiar Jair Bolsonaro abrirá a porteira para que a impunidade grasse ainda mais no ecossistema político, e assim se explica o alvoroço com a proposta de Hélio Lopes na Câmara dos Deputados, onde viceja gente reta e vertical.

Nada é ruim o suficiente que não possa piorar.

Decreto de Trump prepara demissões em massa no serviço público

No Salão Oval, Musk explica, mas não justifica seus métodos

Victor Lacombe
Folha

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou um decreto nesta terça-feira (11) ordenando que as agências do governo federal americano preparem um plano de demissões em massa a ser liderado pelo bilionário Elon Musk, à frente do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês).

O texto diz que todos os órgãos federais devem se colocar à disposição de Musk e sua equipe, que avaliarão a folha de pagamento e decidirão que cortes serão feitos.

CARGOS-CHAVE – Além das demissões, o decreto prevê novas contratações para cargos-chave —parte da iniciativa de Trump, discutida ainda na campanha eleitoral, de garantir que apenas pessoas leais a ele ocupem as posições mais importantes da burocracia americana.

O decreto, entretanto, estabelece que, para cada quatro servidores federais demitidos, as agências poderão contratar somente um novo trabalhador. A regra não vale para órgãos que lidem com segurança pública ou imigração, e as Forças Armadas não estão inclusas no plano de demissões.

O texto assinado por Trump diz ainda que todas as novas contratações devem ser feitas “em consulta com o chefe da equipe do Doge”, Elon Musk, que decidirá ainda quais vagas devem ser permanentemente fechadas.

ESTADO MENOR – O Doge, que não é um departamento propriamente dito, foi criado por Trump para que Musk pudesse diminuir o tamanho do aparato estatal americano. Na prática, o bilionário vem usando seu poder para pressionar servidores federais a se demitir e fechar agências e programas que ele julga “de esquerda” ou desperdício de dinheiro —como a Usaid, de ajuda externa, hoje num limbo jurídico.

Em entrevista coletiva no Salão Oval da Casa Branca ao lado de Trump, Musk disse que os EUA irão à falência sem os cortes de gastos no governo federal propostos por ele.

Foi a primeira vez que o bilionário conversou diretamente com a imprensa desde que se mudou para Washington para assumir o Doge.

SEM CORRUPÇÃO – O empresário disse que suas ações à frente da iniciativa buscam eliminar corrupção e fraude na burocracia, sem citar exemplos ou apresentar provas desses crimes. Segundo ele, seu objetivo principal é “restaurar a democracia”. “Se a burocracia é quem manda, qual o sentido de falarmos em democracia?”, perguntou.

Questionado por jornalistas, Musk descartou a ideia de que ele opera em uma zona jurídica cinzenta sem fiscalização, uma vez que não ocupa um cargo formal em uma agência estabelecida do governo americano.

Segundo uma porta-voz da Casa Branca, o bilionário é um “trabalhador especial do governo”.

TUDO NA JUSTIÇA – Essa zona cinzenta é a lenha na fogueira dos processos judiciais em curso contra Musk e suas ações de cortes de gastos nos tribunais americanos. No sábado (8), um juiz proibiu que o bilionário e sua equipe do Doge tenham acesso ao sistema de pagamentos do Tesouro —uma decisão que Musk, Trump e o vice-presidente, J. D. Vance, criticaram fortemente nos últimos dias.

“A burocracia, que não é eleita, é o quarto Poder, e tem na verdade mais poder do que qualquer representante eleito”, disse Musk nesta terça na Casa Branca —ele próprio uma das pessoas não eleitas mais poderosas do governo americano.

“Ela não corresponde à vontade do povo”, insistiu.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A intenção é boa. Gostar gastos supérfluos, combater a corrupção, agilizar o serviço público, tudo isso é necessário. O que causa espanto e revolta é a maneira de fazer, atropelando as leis e as pessoas, de forma impiedosa. Não é um jeito republicano de fazer as coisas, é um procedimento claramente tirânico, que a Justiça tem obrigação de impedir. (C.N.)

Advogado petista ataca Múcio por defender revisão das penas do 8 de Janeiro

Um homem de terno escuro e gravata vermelha está sentado em um sofá, olhando para a câmera. Ao fundo, uma mulher está em uma mesa, visível parcialmente, com um logotipo que diz 'VIVA' em um painel circular. O ambiente é moderno e bem iluminado.

Experiente e seguro, Múcio deu uma bela entrevista à TV

Mônica Bergamo
Folha

Coordenador do grupo de advogados Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, ligados a Lula e ao PT,  diz que as declarações do ministro José Mucio (Defesa) sobre anistia a presos no 8 de janeiro são “estarrecedoras” e “gravíssimas”.

Mucio defendeu na segunda (10), em entrevista ao programa Roda Viva (TV Cultura), diferenciar penas de envolvidos nos ataques. Sobre a possibilidade de anistia, o ministro disse ser uma decisão que pertence ao Congresso Nacional.

VIA WHATSAPP – Trechos da fala de Múcio passaram a ser encaminhados via WhatsApp por advogados que defendem presos no 8/1, e incomodaram membros do Prerrogativas. O grupo é alinhado ao governo Lula e foi criado na época da Lava Lato como reação a medidas da operação.

“Nunca houve, na história de nenhum país do mundo, uma tentativa tão fartamente documentada de golpe de Estado como a que assistimos no Brasil. Algo que não se pode ignorar ou relativizar. Múcio deveria, antes de se pronunciar, ler os autos e os processos. Deveria procurar um advogado. Múcio insultou os que seguem defendendo a nossa democracia e as nossas instituições. Insultou o Supremo Tribunal Federal e o bom senso”, diz Marco Aurélio de Carvalho, em nota.

E segue: “E, ainda pior, insultou milhares de famílias que ainda choram os seus mortos e ainda procuram os corpos daqueles que morreram lutando pela liberdade que ele próprio utiliza agora para passar pano para golpistas. Vergonhoso”.

SEM ANISTIA – O advogado diz, entretanto, que “não podemos deixar de reconhecer a lealdade do ministro Mucio ao presidente Lula e a importância de sua gestão na estabilização das relações do governo com as Forças Armadas”. Mas ressaltou:

“A anistia não é e jamais será o melhor caminho para reconciliar um país ainda tão dividido pelo ódio e pela intolerância. Esperamos, pois, que o ministro se some aos que não pretendem se omitir ou se esconder na conveniência do silêncio.”

Em momentos da entrevista, Mucio chegou a chamar os ataques de “golpe”, mas recuou e posteriormente argumentou que apenas o julgamento da Justiça poderá dizer se houve um ataque para derrubar ou não o governo Lula.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGJosé Múcio está corretíssimo. O Supremo julgou atos coletivos, ao invés de fazer julgamentos individuais, em que cada um responde exclusivamente pelo que fez. O advogado Marco Aurélio de Carvalho parece desconhecer esta lei. É lamentável. (C.N.)

Receita poética de Hilda Hist para curar os ferimentos do tempo

Revista CULT - Hilda Hilst (1930 - 2004) | FacebookPaulo Peres
Poemas & Canções 

A ficcionista, dramaturga, cronista e poeta paulista Hilda Hilst (1930-2004) usa o poema “Penso Linhos e Unguentos”, para os ferimentos que o tempo produz no coração.

PENSO LINHOS E UNGUENTOS
Hilda Hilst

Penso linhos e unguentos
para o coração machucado de tempo.
Penso bilhas e pátios
Pela comoção de contemplá-los.
(E de te ver ali à luz da geometria de teus atos)

Penso-te
Pensando-me em agonia. E não estou.
Estou apenas densa
Recolhendo aroma, passo
O refulgente de ti que me restou.

Líder do PL acredita que a anistia vai entrar logo na pauta da Câmara

Tribuna da Internet | Anistiar Bolsonaro significa suicídio democrático e  convite à baderna

Charge do Fred Ozanan (Paraíba Online)

Bela Megale
O Globo

Jair Bolsonaro e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, entraram em campo com o foco de conseguir votos para aprovar o projeto que anistia os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.

Integrantes da cúpula do PL relataram que ambos têm procurado presidentes dos partidos, na tentativa de fazer com que a proposta seja pautada o quanto antes na Câmara dos Deputados.

PRIMEIRO, OS VOTOS – As lideranças do PL, no entanto, se comprometeram com o presidente da Casa, Hugo Motta, a pleitear que o assunto só seja apreciado no plenário depois de terem os votos necessários para a anistia.

As conversas de Valdemar e Bolsonaro com os presidentes dos partidos têm ocorrido separadamente, já que ambos estão proibidos de se falarem, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF).

OUTROS LÍDERES – Em paralelo, deputados do PL na Câmara têm conversado com lideranças de outras legendas na busca de votos. Entre os partidos que estão na mira dos bolsonaristas estão o Republicanos e o PSD, já que o União Brasil é a sigla do relator da proposta.

Entre os deputados mais empenhados em angariar apoio para a anistia está o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante. Como informou a coluna, ele tem feito projeções otimistas sobre a data em que o projeto poderia ser pautado e avalia que há chance de isso ocorrer nas próximas semanas, antes do Carnaval.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
O pastor Sóstenes Cavalcanti, autor do projeto, tornou-se líder do PL, o que facilitará a tramitação, porque depende do colégio de líderes e do presidente Hugo Motta, claro. Antes de sair, Arthur Lira convocou uma comissão para analisar o projeto. Portanto, o primeiro passo de Motta será pedir que os líderes anunciem os membros. Só depois de formada a comissão é que o projeto começa a tramitar, com aprovação quase certa, na minha opinião, por motivos que depois mencionarei. (C.N.)

Inflação abranda, e não há mais justificativa para juros tão elevados

Há um descompasso entre a inflação real e a taxa de juros da economia

Pedro do Coutto

A inflação oficial em janeiro de 2025 recuou para 0,16%, a menor taxa para um mês de janeiro desde o início do Plano Real, em 1994. O INPC, que mede a inflação das famílias com renda de até cinco salários mínimos, não variou (0%). Os resultados não serviram para aplacar a sede do mercado financeiro, ou melhor, a sede de juros altos.

Os analistas financeiros se dividiram, uns vendo baixa nos preços dos alimentos, mas se alarmando com os serviços, enquanto outros observaram justamente o oposto. Apesar de o índice, no acumulado em 12 meses, ter ficado bem próximo do teto da meta de inflação, em 4,56%, o mote no mercado financeiro é de que o caos se aproxima.

DESACELERAÇÃO – Na economia real, a situação é diferente. O índice oficial tem desacelerado a inflação, convergindo para o centro da meta, e a combinação de diferentes instrumentos tende a contribuir com a melhora do quadro inflacionário, não apenas a calibragem periódica da taxa de juros. O grupo de alimentos ainda tem uma pressão inflacionária forte, marcada pelos fatores climáticos, pelo câmbio e pela conjuntura de produção e de colheita no mundo.

Porém, a expectativa é que haja uma desaceleração nos próximos meses, motivada inclusive por um câmbio mais favorável. Durante o último bimestre do ano, o mercado sofreu uma pressão altista na taxa de câmbio, que consequentemente produz um efeito em cascata sobre os demais preços da economia.

Com um processo de desaceleração ou redução gradual da taxa de câmbio, consequentemente, a pressão inflacionária sobre produtos que são negociados internacionalmente, tende a diminuir. Então, a expectativa é que a inflação se mantenha nessa tendência nos próximos meses.

TAXA BÁSICA – A menor pressão inflacionária abre espaço para uma taxa básica de juros menos ortodoxa, como está sendo adotada ao longo dos últimos meses. Ou seja, temos um descompasso entre a inflação real e a taxa de juros da economia. Aumentar a taxa de juros não produz um efeito direto sobre esses itens, que são muito voláteis, mas acaba produzindo um efeito negativo sobre a economia, impedindo que a capacidade produtiva do país seja aumentada, se expanda e se tenha a possibilidade de ter um crescimento econômico com menor pressão inflacionária no médio e longo prazo.

Então, só com os juros mais civilizados o país terá a capacidade de competir internacionalmente em melhores condições e ter uma economia que cresça sem os gargalos estruturais. Nesse sentido, há espaço para um processo mais adaptável da taxa básica de juros, ao invés do que o mercado financeiro anda projetando com taxa de juros acima de 15% neste ano.

Se conseguir cumprir 50% das suas promessas, Trump sairá consagrado

Trump impõe tarifas a China, México e Canadá - 01/02/2025 - Mercado - Folha

Excêntrico, devasso e pedante, Trump é um bom político

Denis Lerrer Rosenfield
Estadão

É Donald Trump “louco”? Bravateiro? A seguir boa parte da cobertura midiática e jornalística, o mundo estaria à beira da falência.

Outros o qualificam como “colonialista”, “imperialista”. Todavia, tais apelações apenas expõem a perplexidade da esquerda e de autointitulados “especialistas”, que procuram tão só aferrar-se a suas ideologias.

FINO ESTRATEGISTA – A questão consiste, porém, em que. quando não se entende um fenômeno, a única alternativa reside na repetição de velhas fórmulas e ações infrutíferas. Se há loucura em Trump, é a que se faz com método.

Apesar de seu estilo desagradar a muitos, Trump é um fino estrategista. Sabe utilizar as armas que tem à sua disposição: a força militar e o poderio econômico. Não se atém nem a tratados internacionais com nações amigas, como o tratado de livre comércio com o México e o Canadá. Terminou a era em que o discurso democrata politicamente correto simulava ditar as cartas, que eram simplesmente desrespeitadas. O diálogo, agora, torna-se subsequente à ameaça, que pode tornar-se realidade a qualquer momento.

NOVO PARADIGMA – Trump está introduzindo um novo mindset, um novo paradigma geopolítico. E a partir dessas novas ideias, novas ações surgirão. Em nosso continente, os resultados já se fazem sentir. Na Colômbia, o governo esquerdista de Gustavo Petro tentou enfrentar Trump e foi literalmente humilhado.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, ao dar-se conta de que Trump não recuaria no aumento da tributação dos produtos importados de seu país, comprometeu-se a controlar a imigração ilegal e o narcotráfico.

O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, tentou fazer frente ao presidente americano. Retrocedeu imediatamente na visita de Marco Rubio, ministro de Relações Exteriores, inclusive saindo da Rota da Seda.

CHINA E BRASIL – Assinale-se, ainda, duas atitudes que destoam dessas reações iniciais: China e Brasil. A China respondeu moderadamente e, pasme-se, recorreu à Organização Mundial do Comércio. Os comunistas recorreram a uma agência internacional criada para regrar o livre comércio internacional segundo uma lógica liberal!

Lula da Silva foi igualmente comedido. Não teve nenhum arroubo e orientou a diplomacia brasileira a evitar qualquer atrito. Mudou o seu discurso anterior de enfrentamento com Trump. Igualmente emitiu uma nota, muito bem elaborada, condenando o antissemitismo e relembrando os horrores do Holocausto. Parece aí sinalizar para uma trégua com o Estado de Israel, a depender de seus próximos passos.

O CASO DE GAZA – Trump pensa fora das ideias recebidas. Sua postura relativa ao Oriente Médio é uma prova disso. De nada adianta repetir as mesmas fórmulas e os mesmos fracassos. Reconstruir Gaza! Como? Reerguendo a estrutura do terror?

Quando Ariel Sharon saiu de Gaza em 2005, coube aos palestinos exercerem a sua autodeterminação. O que fizeram? Primeiro, entraram em uma guerra civil entre o Hamas e o Fatah, com a vitória do primeiro, lançando centenas dos membros do segundo de altos edifícios.

Posteriormente, o Hamas não se preocupou com o bem-estar material dos palestinos. Pior, veio a utilizá-los como escudos humanos. A ajuda humanitária foi desviada para a construção de túneis e a aquisição de armamentos.

CONQUISTA DO HAMAS – A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA, na sigla em inglês) tornou-se um mero instrumento do terror. A destruição de Gaza é uma das grandes conquistas do Hamas. E querem eles agora ditar os termos de um acordo que lhes permita voltar à situação anterior?

A retórica de Trump não deixa de ser desconcertante ao propor uma nova “Riviera do Oriente Médio”. Para além da imagem, o problema colocado é importante.

A reconstrução de Gaza não pode ser feita sem um deslocamento populacional, salvo se essas pessoas ficarem expostas a tendas e às intempéries durante um período de 10 a 15 anos.

SEM DOIS ESTADOS – Claro que qualquer deslocamento deve ser voluntário, com garantias a serem estabelecidas entre as partes. Se essa ideia não for aceitável, que outros atores apresentem soluções factíveis.

Clamar pela solução de dois Estados está agora fora do horizonte após o massacre de 7 de outubro. Historicamente, os árabes recusaram a partição da Palestina conforme a proposta da Comissão Peel nos anos 1940, não aceitaram tampouco a partição da ONU em 1947, tendo como único objetivo a destruição do Estado de Israel.

Tentaram novamente eliminar o Estado judeu nas guerras de 1967 e 1973. Yasser Arafat recusou a criação de um Estado palestino, com pequenas correções territoriais, proposto pelo ex-presidente Bill Clinton e pelo ex-primeiro-ministro israelense Ehud Barak. As guerras do Hamas são apenas o epílogo desse longo processo destrutivo.

ESTILO PORTO RICO – Trump busca novas soluções. Se ganhar 50% do que está propondo, já é uma grande vitória. Talvez tenha em vista a proposta do ex-embaixador americano em Israel, David Friedman, visando a criar uma entidade palestina juridicamente semelhante à associação de Porto Rico aos EUA.

Gozo pleno da cidadania, Estado de bem-estar social, liberdade de trabalho e estudo, sem, no entanto, ter independência em questões de defesa, de relações exteriores e tributárias.

O objetivo é uma vida digna.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGInstigante matéria, enviada por Mário Assis Causanilhas, que aumenta a polêmica sobre Trump. (C.N.)

Maior culpado pela anistia chama-se Alexandre de Moraes, vulgo “Xandão”

Tribuna da Internet | Moraes não aprende com os erros e está envergonhando o Supremo

Charge reproduzida do Arquivo Google

Carlos Newton

A anistia aos envolvidos na repressão e na luta armada na ditadura de 64 foi discutida em profundidade, mostrou-se absolutamente necessária, e o país conseguiu permanecer 45 anos seguidos em normalidade democrática.

Agora, o Congresso se prepara para votar outra anistia, em função dos acontecimentos do final de 2022 e início de 2023. Mas a situação é muito diferente, a anistia atual jamais deveria sequer ser cogitada, embora já caminhe para se tornar realidade.

MAIOR CUJPADO – Se existem alguns culpados por essa desnecessária e incômoda anistia, não há dúvida de que o principal deles é o ministro Alexandre de Moraes, que passou a ser chamado de “Xandão” devido ao inconveniente rigor nas condenações, que foram absurdamente seguidas pela maioria dos ministros do Supremo.

Se Moraes não tivesse chamado a si a responsabilidade de julgar os envolvidos no 8 de Janeiro, deixando que os juízes federais de primeira instância cuidassem do assunto, não teria havido tanta injustiça, a ponto de levar os parlamentares a apoiar esse novo projeto de anistia.

Em reação ao destempero de Moraes, o presidente da Câmara Hugo Motta, logo após assumir, foi claro ao considerar exagerada a dosimetria das penas.

FALSOS TERRORISTAS – Moraes cometeu erros seguidos. Um deles foi declarar “terroristas” todos os réus. Na Praça dos Três Poderes foram presos 243 suspeitos – 161 homens e 82 mulheres. No dia seguinte, a PM prendeu mais 1.927 que não tinham deixado o acampamento.

Os verdadeiros terroristas, que se infiltraram na manifestação, eram os militares “kids pretos”, que lideram o quebra-quebra, mas nenhum deles foi preso. Mas também poderiam ser considerados terroristas os três trapalhões que foram presos depois, por tentar explodir no aeroporto um caminhão-tanque na véspera de Natal – George Washington Oliveira, Alan Diego dos Santos e Wellington Macedo de Souza.

PENAS PEQUENAS – George Washington, o líder, foi condenado a nove anos e quatro meses de regime fechado; Alan Diego pegou cinco anos e quatro meses de reclusão; e Wellington Macedo de Souza foi condenado a seis anos de prisão. Todos já estão em liberdade condicional.

Enquanto isso, os 1.430 eternos suspeitos do 8 de Janeiro pegaram entre 13 e 17 anos e continuam presos. A comparação mostra condenações injustas de Moraes, que prendeu como “terrorista” até um morador de rua.

O ministro errou também ao julgar crimes dos quais alegava ser vítima. Deveria ter se considerado “suspeito”, mas quem se interessa?

###
P.S. 1
Os parlamentares do PT, PSOL e PCdoB estão unidos contra a anistia, mas a maioria do Congresso acha que é medida necessária e muitos querem dar um jeito de livrar Bolsonaro, como aconteceu na ilegal descondenação de Lula da Silva. Se isso ocorrer, não tenham dúvidas, a culpa é de Moraes e da grande maioria do Supremo, que se curva diante de suas decisões ditatoriais.  

P.S. 2 – Mas o castigo vem a cavalo. Agora, o poderoso Xandão passa pelo constrangimento de ser inquirido pelo relator especial para liberdade de expressão da OEA, o colombiano Pedro Vaca Villarreal. Teria sido muito melhor votar na forma da lei do que bancar o machão. (C.N.)

Gaza como Riviera do Oriente Médio devia ser o projeto palestino

Costa da Faixa de Gaza que pode ser usada para corredor humanitário marítimo -- Metrópoles

Israel e EUA querem se apossar do território palestino

Mario Sabino
Metrópoles

Leitores cobram deste colunista, pobre de mim, um comentário sobre a fala de Donald Trump a respeito de os palestinos serem evacuados da Faixa de Gaza, de ela passar a ser administrada pelos Estados Unidos e da sua transformação em Riviera do Oriente Médio.

É um factoide, mais um, do presidente americano, que guarda proporcionalidade no seu absurdo com os gritos dos antissemitas sobre a eliminação de Israel e a formação de uma Palestina que iria do Jordão até o Mediterrâneo, embora pouquíssimos deles saibam dizer tanto o nome do rio como o do mar.

APOIO A ISRAEL – A declaração abilolada de Donald Trump deve ser levada em consideração pelo seu subtexto: o de reafirmar que o presidente americano está fechado com a direita radical israelense, não fará nenhuma pressão pela criação de um estado palestino e, pelo contrário, apoiará a política de Benjamin Netanyahu e dos seus asseclas de continuar a estabelecer colônias israelenses na Cisjordânia.

Quando Donald Trump disse o troço, fui além dessa constatação e perguntei a mim mesmo, visto que não poderia perguntar ao meu cachorro, por que não ocorre aos próprios palestinos transformar a Faixa de Gaza na Riviera do Oriente Médio, o que geraria benefícios também para a Cisjordânia?

É POSSÍVEL – Por que não admitem a realidade incontornável de ter de conviver com Israel, não chutam o Hamas do poder, não dão uma banana para o Irã e não abraçam o projeto de desenvolver o seu território?

Não sou tão ingênuo a ponto de achar que tudo isso é fácil, mas o caminho difícil não significa que ele é impossível, como já demonstraram outros povos, que superaram dificuldades internas e saíram da pobreza para a prosperidade.

Imagino que, com um projeto de desenvolvimento ousado, os palestinos poderiam contar com o apoio da Arábia Saudita, por exemplo, que veria na Faixa de Gaza um ótimo negócio financeiro e também geopolítico para se contrapor aos iranianos. Em um segundo momento, os Estados Unidos também não perderiam a oportunidade de investir na região, e até os Trump ergueriam um hotel por lá.

GRANDE POTENCIAL – Uma Palestina disposta a usar o seu potencial turístico e avançar economicamente, abandonando ódios ancestrais e renunciando ao terrorismo, teria mais apoio internacional para ser reconhecida como estado independente e se mostraria suficientemente confiável para que Israel aceitasse o fato. Interesses econômicos comuns são o melhor caminho para a paz.

Gaza como a Riviera do Oriente Médio deveria ser o projeto palestino. Mas eles precisariam se livrar da servidão voluntária aos canalhas do Hamas e aos corruptos da Autoridade Palestina.

Câmara precisa punir Nascimento, um deputado covarde e desprezível

Caso Elmar Nascimento: Vice-presidente da Câmara xinga repórter e pode responder por falta de decoro - Ultima Hora Online

Fotomontagem  do Arquivo Google

Vicente Limongi Netto

Deplorável, covarde, desprezível e injustificável a agressão do estrupício fantasiado de parlamentar, Elmar Nascimento (União-BA) contra a repórter do site UOL, Natália Portinari. A estupidez do energúmeno engomado atinge toda a classe jornalística.

Entidades como Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e Sindicato de Jornalistas de São Paulo têm o dever de protestar contra a estupidez de um destemperado parlamentar que chegou a ser cotado para presidente da Câmara.

CONTINUA COTADO – E, agora, com a nova Mesa Diretora eleita, o idiota é falado para presidir o órgão técnico mais importante da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça.

A agressão do canalha não pode ser esquecida. Elmar enlameia a classe política já tão desmoralizada junto à opinião pública. O insano deputado envergonha Ruy Barbosa, respeitado, saudoso e amado baiano. Elmar que sofra as consequências pelo seu medonho desatino no Conselho de Ética da Câmara.

As patadas e os coices de Elmar Nascimento também merecem providências enérgicas do presidente recém eleito e empossado, Hugo Motta.

COMPOSTURA – O papel do jornalista, é fazer perguntas.  O entrevistado responde, se quiser. Mas que mantenha a compostura que o cargo que ocupa exige.

O jovem presidente da Câmara, que também é médico, precisa receitar forte purgante para o desprezível Elmar Nascimento. Para que ele passe a vomitar suas asneiras com seus aspones.  Menos com jornalistas.

O grupo Folha de São Paulo, para o qual a repórter Natália Portinari trabalha, deve presentear o grotesco e infame Elmar Nascimento, por merecimento, com um par de ferraduras e um título de sócio atleta do Jóquei Clube.

COMÉRCIO EM ALTA – O Distrito Federal fechou 2024 com 1.010.153 empregos formais. Resultado da criação de 42.371 novas vagas ao longo do ano.

O número representa um aumento de 4,4% em relação a 2023. O setor de comércio e serviço foi o grande destaque, respondendo por 91,4% desse saldo de novas vagas (38.723) sendo 26.628 no setor privado.

STF cobra Lula por agravamento da mortandade na tribo Yanomami

Atendimento médico na Terra Indígena Yanomami

Governo alardeia melhoras que não chegam às aldeias

Johanns Eller
O Globo

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, deu um prazo de dez dias para o governo Luiz Inácio Lula da Silva explicar o agravamento do quadro de emergência sanitária na Terra Indígena Yanomami. Barroso atendeu a um pedido da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que acionou a Corte no último dia 24 denunciando um aumento nos casos de malária, desnutrição infantil e infecções respiratórias agudas.

Com a decisão, tomada nesta quinta-feira (6), o Ministério da Saúde e a Casa Civil terão de se manifestar até o próximo dia 16. A crise dos ianomâmis se arrasta desde o governo Jair Bolsonaro e a pandemia de Covid-19.

EMERGÊNCIA PÚBLICA – Logo após a posse de Lula, em janeiro de 2023, o governo decretou emergência pública na Terra Yanomami e se comprometeu a combater o garimpo ilegal na região, responsável pela poluição dos rios e também por levar doenças contagiosas ao território ianomâmi em Roraima.

Os números indicam que mais da metade da população de 32.012 indígenas padeceu de malária: em 2024 houve 18.310 casos da doença reportados na Terra Yanomami contra 14.450 em 2023. Nove deles morreram da patologia no ano passado, enquanto outros dez faleceram por desnutrição e 22 por infecções respiratórias agudas – condições que, conforme alertou a Apib junto ao STF, são agravadas pela malária.

OUTRAS DOENÇAS – Os casos de infecção respiratória aguda também cresceram 300% no intervalo de um ano: saltaram de 3.113 em 2023 para 11.484 no ano passado. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, esteve no território dos ianomâmis no dia 10 de janeiro.

Após a publicação da reportagem, o Planalto emitiu uma nota na qual destacou que o governo Lula conduziu a “maior operação já realizada pelo Estado na Terra Indígena Yanomami” com o objetivo de “reverter o abandono herdado e garantir a proteção e a recuperação das condições de vida dos povos indígenas”.

A Apib, porém, sustentou na manifestação ao Supremo que a malária, a desnutrição e as infecções respiratórias pioraram a despeito dos números alardeados pelo governo federal e do crédito extraordinário de R$ 1,06 bilhão autorizado pelo Congresso no ano passado para que a gestão Lula enfrentasse a crise dos ianomâmis.

AÇÃO DESARTICULADA – Para a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil, o quadro reflete “uma ação desarticulada do governo federal, uma vez que os dados sobre o ‘sucesso’ da operação em Yanomami são completamente destoantes à situação de saúde ali observada, de forma a indicar que inexiste um diálogo interno que gere uma ação estrutural dentro do território”.

A entidade também pediu ao Supremo que a União informasse o número de cestas básicas enviadas à Terra Yanomami e os critérios adotados para a distribuição de fórmulas para o combate à desnutrição infantil, bem como o esclarecimento pelo Tribunal de Contas da União (TCU) se o crédito extraordinário autorizado pelo Congresso foi aplicado de forma eficiente.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Um tremendo vexame para Lula e o governo. Eles dizem que amparam os índios e a televisão exibe cenas dantescas, que mais parecem emergir de um campo de concentração. Nem mesmo as cestas básicas chegam à tribo Yanomami, ficam no meio do caminho. Apesar das imagens, a Secom insiste que os índios estão bem tratados. Ou seja, a desfaçatez dessa gente é uma arte, diria Ataulfo Alves. (C.N.)

Recorde! Brasil cai ainda mais no ranking de combate à corrupção

Tribuna da Internet | Sociedade brasileira está aprisionada à corrupção do  caráter, uma forte pandemia

Charge do Tacho (Jornal NH)

Gustavo Côrtes
Estadão

O Brasil ficou na 107ª posição na edição de 2024 do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), da Transparência Internacional, empatado com Argélia, Malauí, Nepal, Níger, Tailândia e Turquia. É a pior colocação na série histórica, iniciada em 2012.

De acordo com o relatório da entidade lançado junto com o ranking, o decréscimo da nota do País se deveu a fatores como o silêncio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a pauta anticorrupção e a manutenção do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, no cargo mesmo após ser indiciado pela Polícia Federal por corrupção passiva, fraude em licitação e organização criminosa. O caso foi revelado pelo Estadão em janeiro de 2023.

HÁ 30 ANOS – Desde 1995, o IPC avalia 180 países e territórios e atribui notas entre 0 e 100 para medir o nível de integridade das nações com base em dados que trazem a percepção de acadêmicos, juristas, empresários e especialistas acerca do nível de corrupção no setor público.

Os melhores resultados desta edição vieram de Dinamarca (90 pontos), Finlândia (88), Cingapura (84) e Nova Zelândia (83).

Em 2014, o Brasil chegou a figurar na 69ª posição, ao lado de Bulgária, Grécia, Itália, Romênia e Senegal. Agora, com 34 pontos, o País demonstrou piora que o colocou abaixo da média de seus pares regionais, de 42 pontos, e da média global, de 43 pontos. Aproximou-se, assim, do grupo de países de regimes antidemocráticos, a exemplo da Turquia, que teve a mesma pontuação.

LAVA JATO – No grupo do G20, o Brasil ficou à frente de apenas dois países: México e Rússia.

O relatório cita pontos de enfraquecimento do combate à corrupção como a renegociação dos acordos de leniência da operação Lava Jato, em que réus se comprometeram a pagar multas para ressarcir danos causados por desvios éticos.

Também menciona a retomada da influência de empresários que confessaram ilícitos junto ao governo. Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do Grupo J&F são citados. Em maio, eles chegaram a participar de uma reunião no Palácio do Planalto na presença de Lula.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Aqui no Brasil é tudo Piada do Ano. Os irmãos Joesley e Wesley Batista, por exemplo, são inexpugnáveis. Agora mesmo, o Itamaraty colocou sob sigilo de cinco anos os telegramas diplomáticos sobre os irmãos Joesley e Wesley Batista e a ditadura de Nicolás Maduro, na Venezuela. Como diz o ex-presidente Michel Temer, “tem de manter isso, viu!” (C.N.)

Moraes diz a relator da OEA que há 28 bloqueados nas redes

Brasil espera equilíbrio de relator de comissão da OEA - 11/02/2025 -  Painel - Acre Notícias

Relator da OEA foi recebido por Barroso e por Moraes

Mônica Bergamo
Folha

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes disse, nesta segunda (10), ao relator especial para liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA (Organização dos Estados Americanos), o colombiano Pedro Vaca Villarreal, que 1.900 pessoas foram denunciadas após os ataques de 8 de janeiro.

Deste total, segundo ele, 28 investigados tiveram os perfis em redes sociais bloqueados por ordem da corte.

COM BARROSO – Moraes participou do encontro com o advogado a convite do presidente do STF, Luís Roberto Barroso.

Na conversa, o ministro explicou o contexto das investigações e deu detalhes sobre os motivos que levaram à suspensão da plataforma X, de Elon Musk, no Brasil: porque a empresa fechou sua representação legal no país e com isso deixou de cumprir a legislação brasileira e pelo descumprimento reiterado de outras decisões do STF.

Ele também afirmou que, ao longo dos últimos cinco anos, cerca de 120 perfis foram bloqueados no país. Em todos os casos, disse, houve acompanhamento da defesa e da Procuradoria-geral da República (PGR), sendo que mais de 70 recursos foram julgados em colegiado.

LIBERDADE DE EXPRESSÃO – O objetivo foi mostrar ao relator da OEA que não há um quadro generalizado de bloqueio de perfis e afronta à liberdade de expressão no Brasil.

Com encontros agendados também com parlamentares e lideranças bolsonaristas, a visita de Pedro Vaca ao Brasil entusiasma o grupo, que enxerga a oportunidade de convencer o organismo internacional de que não existe mais democracia nem liberdade de expressão no país.

A expectativa dessas lideranças é a de que o advogado faça um relatório contundente contra Moraes, considerado o maior algoz do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

ATAQUE À DEMOCRACIA – Durante o encontro, Barroso falou sobre como o Brasil sofreu um forte ataque à democracia, inclusive com tentativa de golpe de Estado, o que exigiu a atuação do  Supremo.  

Ele citou situações de risco, como a politização das Forças Armadas e o incentivo a acampamentos bolsonaristas que pediam golpe de Estado. Lembrou ainda discursos de parlamentares defendendo a agressão a ministros do STF.

Barroso afirmou também que novas investigações da Polícia Federal descobriram um plano para matar o então presidente eleito, Lula (PT), o vice, Geraldo Alckmin (PSB), e Moraes.

Pedro Vaca tem outras conversas marcadas com jornalistas e organizações de Direitos Humanos e da sociedade civil.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Foi uma tremenda saia justa. Barroso e Moraes fizeram uma tabelinha e tentaram dar o drible da vaca no relator da OEA, mas não deu. As provas contra Moraes são muitas e indefensáveis, como o inquérito do fim do mundo, que não acaba nunca, a censura e o bloqueio de perfis e de contas bancárias, sem assegurar o direito de defesa dos investigados. Para disfarçar, Moraes liberou Monark, mas ficou devendo muitas decisões autoritárias. (C.N.)

STF decidirá se a Lei da Anistia perdoou matadores de Rubens Paiva

Dino suspende benefício retroativo a juízes e critica “vale-tudo”

Dino afirma que a ocultação do cadáver jamais prescreve

Rayssa Motta
Estadão

O Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar se a Lei de Anistia, que perdoou crimes políticos cometidos durante a ditadura militar (1964-1985), se aplica aos casos de desaparecidos políticos.

Os ministros acordaram que é necessário emitir uma decisão de alcance nacional sobre o assunto. Por isso, aprovaram o julgamento do tema em repercussão geral. Isso significa que o posicionamento do STF deverá ser seguido por todos os juízes e tribunais do País.

Foi o ministro Flávio Dino quem propôs que a Corte se pronuncie sobre a aplicação da Lei da Anistia. Dino argumentou que, nos casos de ocultação de cadáver, o crime “se prolonga no tempo” e, por isso, na avaliação dele, não poderia receber perdão.

DISSE O MINISTRO – “A manutenção da omissão do local onde se encontra o cadáver, além de impedir os familiares de exercerem seu direito ao luto, configura a prática do crime, bem como situação de flagrante”, defendeu.

Na ocasião, o ministro citou o filme “Ainda Estou AquI”, de Walter Salles, que retrata o drama da família do ex-deputado Rubens Paiva após o seu desaparecimento durante a ditadura.

“No momento presente, o filme ”inda Estou Aqui” (…) tem comovido milhões de brasileiros e estrangeiros. A história do desaparecimento de Rubens Paiva, cujo corpo jamais foi encontrado e sepultado, sublinha a dor imprescritível de milhares de pais, mães, irmãos, filhos, sobrinhos, netos, que nunca tiveram atendidos os seus direitos quanto aos familiares desaparecidos.”, escreveu Dino.

OUTRO CASO – Flávio Dino é o relator de um recurso do Ministério Público Federal (MPF) contra uma decisão do Tribunal Regional da 1.ª Região (TRF1), em Brasília.

O julgamento anistiou os coronéis Lício Augusto Ribeiro Maciel e Sebastião Curió Rodrigues de Moura, este último já falecido, pelas mortes e ocultação dos cadáveres de André Grabois, João Gualberto Calatrone e Antônio Alfredo de Lima na guerrilha do Araguaia.

É com base neste processo que o Supremo vai analisar o alcance da Lei da Anistia.

###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
São acusados pela morte de Paiva o major José Antônio Nogueira Belham, que hoje é general, e os militares Rubens Paim Sampaio (que já morreu), Raymundo Ronaldo Campos (que também já morreu), Jurandyr Ochsendorf e Souza e Jacy Ochsendorf e Souza. A denúncia feita pelo Ministério Público Federal (MPF) foi aceita em primeira e segunda instância há dez anos. (C.N.)

O tempo é um fio bastante frágil, na poesia de Henriqueta Lisboa

www.antoniomiranda.com.br - Brasil Sempre - Poesia Henriqueta Lisboa

Henriqueta, retratada por Nássara

Paulo Peres
Poemas & Canções

A poeta mineira Henriqueta Lisboa (1901-1985), em 1963, foi a primeira mulher eleita membro da Academia Mineira de Letras. Em 1984, recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras pelo conjunto de sua obra. Intelectual sensível, dedicou sua vida à poesia e sustentava que “O Tempo é Um Fio” e com bastante fragilidade  precisa ser sustentado e vivido.

O TEMPO É UM FIO
Henriqueta Lisboa

O tempo é um fio
bastante frágil
Um fio fino
que à toa escapa.

O tempo é um fio.
Tecei! Tecei!
Rendas de bilro
com gentileza.

Com mais empenho
franças espessas.
Malhas e redes
com mais astúcia.

O tempo é um fio
que vale muito.

Franças espessas
carregam frutos.
Malhas e redes
apanham peixes.

O tempo é um fio
por entre os dedos.
Escapa o fio,
perdeu-se o tempo.

Lá vai o tempo
como um farrapo
jogado à toa.

Mas ainda é tempo!

Soltai os potros
aos quatro ventos,
mandai os servos
de um pólo a outro,
vencei escarpas,
voltai com o tempo
que já se foi!…

Sou do tempo em que a esquerda acusava a Usaid, que Trump vai demolir

Donald Trump e Elon Musk -- Metrópoles

Não dá para acreditar que eles vão acabar com a Usaid

Mario Sabino
Metrópoles

Havia quase 50 anos que eu não ouvia falar em Usaid, a agência americana de ajuda para o desenvolvimento internacional. Ela voltou à ordem do dia por causa de Donald Trump. A Usaid foi responsável por eu nunca ter sido aluno de ginásio. O ginásio, que vinha depois do primário e antes do colegial, foi extinto por causa do acordo do MEC com a agência americana, durante a ditadura militar. Primário e ginásio passaram a ser o primeiro grau e o colegial, o segundo grau.

Assim, o 1º ano do ginásio, que significava a promoção a um estágio superior da vida aos olhos de quem estava para entrar na adolescência, foi substituído pela 5ª série, reles continuação do 4º ano primário.

NOVO CURRÍCULO – O acordo MEC-Usaid, que começou a ser implementado em 1968, não apenas reestruturou as séries escolares, como mudou o currículo tradicional, eliminando matérias como filosofia e latim, instituindo o ensino obrigatório de inglês, aumentando a carga horária de matemática e introduzindo a Educação Moral e Cívica.

A esquerda, que sempre teve nas escolas e nas universidades os seus principais centros de doutrinação ideológica, denunciou o acordo como ingerência americana e um primeiro passo para a privatização da escola pública.

Acabou conseguindo que ele fosse suavizado nas suas premissas, mas nunca engoliu a coisa totalmente. Na faculdade, eu ainda ouvia professores acusando a Usaid de ser um braço do imperialismo americano.

PARADO NO TEMPO – É por isso que, em um primeiro momento, soou paradoxal para este senhor aqui a grita da esquerda contra a demolição da Usaid promovida por Donald Trump. Eu estava parado no tempo e, além disso, sou meio bobinho.

O presidente americano se empenha em desmontar a Usaid, porque a agência, veja só, foi colonizada pela esquerda, assim como boa parte dos organismos e instituições filantrópicas do mundo. Estava patrocinando programas que se chocam com o pensamento e os valores da direita representada por Donald Trump.

Estava gastando uma montanha de dinheiro do pagador de impostos americano para sustentar essa gente que ama a humanidade acima de tudo.

NINHO DE VERMES – O escudeiro presidencial Elon Musk, encarregado de passar a tesoura nos custos do governo americano, da mesma forma que fez no Twitter, foi quem deu o primeiro apito contra a Usaid.

Ele publicou que “ficou evidente que não se trata de uma maçã com um verme dentro, o que temos é simplesmente um ninho de vermes. Temos que nos livrar de tudo, está além de qualquer conserto. Vamos fechá-la”.

A oposição está indignada, evidentemente. Ao responder aos adversários democratas, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, loira e raivosa como uma apresentadora da Fox News, deu alguns exemplos da “longa lista de porcarias que este governo está cortando, como desperdício e financiamento federal”.

GASTOS DENUNCIADOS – “Dois milhões de dólares para mudanças de sexo na Guatemala, US$ 6 milhões para financiar turismo no Egito. US$ 20 milhões em um novo programa Vila Sésamo no Iraque, US$ 4,5 milhões para combater desinformação no Casaquistão”, listou Karoline Leavitt, que continuou:

“Quando você olha para o desperdício e para o abuso que perpassaram a Usaid, nos últimos anos, estas são algumas das prioridades insanas nas quais essa organização tem gastado dinheiro: US$ 1,5 milhão para promover políticas de diversidade, equidade e inclusão em locais de trabalho na Sérvia, US$ 70 mil para a produção de um musical de diversidade, equidade e inclusão na Irlanda, US$ 47 mil para uma ópera transgênero na Colômbia, US$ 32 mil para um gibi transgênero no Peru.”

O New York Times, que a direita americana gosta de chamar de “The Pravda on the Hudson” resolveu fazer um fact-checking para desmentir a lista de Karoline Leavitt. Não conseguiu totalmente.

APENAS EXAGERANDO – O máximo que os editores do jornal conseguiram foi dizer que ela estava exagerando em 5 dos exemplos que deu e que certas iniciativas foram do Departamento de Estado, como se isso mudasse alguma coisa para o pagador de impostos.

A direita brasileira aproveitou a deixa para propagar que a Usaid meteu o bedelho indevidamente nas eleições brasileiras. Quer instalar CPI, a pretexto de que a agência teria usado estratégias para promover “censura, regulação das redes sociais e promoção de debates políticos direcionados e atuação na construção de narrativas midiáticas que favorecem agendas políticas específicas, não necessariamente alinhadas aos interesses do povo brasileiro”.

Para um sujeito da minha idade, é divertido.

AÇÃO HUMANITÁRIA – Levando-se em conta que a Usaid é responsável por 40% da assistência humanitária mundial, com um orçamento (congelado) de US$ 40 bilhões, tendo a crer que a sanha destruidora de Donald Trump (e Elon Musk) se arrefecerá.

O mais provável é que sejam mantidos os programas realmente importantes financiados pela agência, como os de combate à fome e a doenças infecciosas e os de caráter estritamente educacional.

Afinal de contas, a Usaid é o braço caridoso do imperialismo americano, como estava claro quando me tirou a chance de ser um aluno de ginásio. O outro braço segura o porrete.

O impacto da taxação de aço e alumínio brasileiros por Trump

Situação pode gerar um confronto diplomático com os EUA

Pedro do Coutto

O presidente americano Donald Trump anunciou que iria impor tarifas sobre o aço e alumínio brasileiros a partir desta segunda-feira, e com a medida atingirá diretamente as exportações do Brasil para o mercado norte-americano. A ação gerou repercussões negativas na economia nacional e poderá impactar no aumento dos preços tanto internamente quanto na redução da produção. Economicamente, o aço e o alumínio vão ficar mais caros, pois exportaremos menos e produziremos menos.

Com isso, o Brasil enfrentará uma sobrecarga interna desses produtos, o que levaria a uma queda nos preços domésticos, impactando diretamente a indústria e o mercado de trabalho. Diante deste cenário, poderemos assistir a uma série de desdobramentos negativos para a economia brasileira, refletidos por menos crescimento, menos arrecadação e menos emprego. Da mesma forma, a taxação pode ainda levar o Brasil a buscar uma solução no âmbito da Organização Mundial do Comércio, onde poderá processar os Estados Unidos e exigir reparações.

TENSÕES DIPLOMÁTICAS – Além do impacto econômico, a medida pode acirrar as tensões diplomáticas entre os dois países, uma vez com os Estados Unidos fazendo a primeira agressão econômica, a resposta do governo brasileiro poderá vir a seguir em uma escalada que não convém a ninguém e uma disputa comercial só trará prejuízos para ambos os lados. Ou seja, uma briga na qual todos saem perdendo.

Por um lado, a taxação também traz à tona uma nova dinâmica geopolítica, pois o governo americano está se isolando no cenário global. É uma oportunidade para o Brasil fortalecer os laços com Europa e Ásia, demonstrando que a ação de Trump pode se revelar um tiro no pé.

Ao mesmo tempo, em relação à competitividade da indústria brasileira, o Brasil é mais eficiente na produção de aço e alumínio do que os EUA. Eles não conseguem produzir aos mesmos preços brasileiros, uma vez que somos mais eficientes. No fundo da questão, a taxação visa proteger os industriais norte-americanos e não a indústria dos Estados Unidos. No entanto, a longo prazo, os impactos dessa decisão devem ser sentidos tanto no campo econômico quanto no campo diplomático. Por fim, resta saber como os governos reagirão a essa escalada de tensões e quais serão as medidas do Brasil na OMC.

Musk é imprudente e apoia Trump nestas decisões nada republicanas

Elon Musk na capa da revista Time, publicação norte-americana

Na capa. a revista Time põe Musk na cadeira presidencial

Carlos Newton

Havia uma aura positiva em torno do bilionário americano Elon Musk, devido à importância de seu trabalho em prol do desenvolvimento econômico e social da humanidade. A começar pela Starlink. Sem essa empresa praticamente não existiria comunicação imediata nas regiões menos desenvolvidas do mundo, como a Amazônia, e não é preciso dizer mais nada.

Há outras atividades positivas desenvolvidas por Musk, que merecem apoio, mas ele está metendo os pés pelas mãos na gestão do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), especialmente no caso da extinção da USAID, a maior agência de apoio humanitário do mundo.

SATÉLITES EM PROFUSÃO – Um dos êxitos de Musk é a Starlink, a subsidiária do grupo aeroespacial SpaceX que mantém em órbita cerca de sete mil satélites, uma enormidade, pois ainda não há nem dez mil no espaço. E a empresa planeja adicionar mais 7,5 mil satélites de baixa órbita somente no Brasil, segundo a solicitação já encaminhada à Anatel, nossa agência de telecomunicações. 

Esse trabalho de Musk gera lucro, mas é importantíssimo para o mundo. Da mesma forma, as viagens espaciais da SpaceX para pesquisar Marte também são uma forma de preparar a indústria espacial para evitar a proximidade de asteroides com mais de 200 metros de diâmetro, capazes de arrasar a vida na Terra, como já aconteceu no passado remoto, na era dos dinossauros.

E há a empresa de pesquisas médicas Neuralink, que estuda conexão de cérebros a computadores, para tratamento de gravíssimas doenças neurológicas.

CONTRA CENSURA – Também é altamente proveitosa a luta de Musk contra a censura nas redes sociais. Especialmente agora, quando todos precisam saber o real significado dessas medidas drásticas que o empresário vem levando o presidente Trump a tomar.

É sintomática a capa da edição da revista Time, com uma fotomontagem de Musk sentado na famosa cadeira presidencial do Salão Oval, na Casa Branca.

Sob o título “Dentro da Guerra de Elon Musk em Washington”, a reportagem da Time mostra como Musk opera afoitamente no governo a partir do DOGE (Departamento de Eficiência Governamental).

TRABALHO DURO – Trata-se de um trabalho duríssimo, porque os Estados Unidos são uma esculhambação e têm mais servidores do que o Brasil, proporcionalmente. Reduzir as despesas com funcionalismo e outros gastos é tarefa meritória, que o Brasil também precisa fazer com a maior urgência.

Em tradução simultânea, Musk trabalha para aprimorar o serviço público e acabou pegando como exemplo a Usaid (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), principal entidade da ajuda humanitária do mundo.

Existem flagrantes irregularidades na ação da Usaid, mas a função da dupla seria sanar os problemas, jamais extinguir essa importantíssima agência, criada por John Kennedy para mostrar que os Estados Unidos não somente se dedicavam a explorar o resto do mundo, pois também se dedicavam a ajudar os países e regiões mais carentes.

A USAID VIVE – Esse ensandecido e injustificável esforço para extinguir a USAID não terá êxito, porque a agência foi criada pelo Congresso. Deveria ser enxugada e redirecionada para suas funções originais, de apoio a países carentes, epidemias e calamidades.

A revista Time diz que Musk e Trump tentam implodir o serviço público. É o que parece, e significaria criar o caos permanente na maior potência mundial. Portanto, espera-se que eles acordem e se limitem a reduzir gastos e aprimorar os serviços, ao invés de destruí-los.

A Justiça já despertou e começa a bloquear Trump, que confia na bancada republicana no Congresso. Mas essa maioria é frágil e será diluída pelas atitudes ditatoriais que Trump vem tomando, a demonstrar sua falta de preparo e seu desequilíbrio emocional. Trump e Musk vão aprender que na vida tudo tem limites.