Reprovação de Lula dispara em PE e BA e ultrapassa 60% em SP, RJ, MG

Sidônio está acabando com Lula, diz Ciro Nogueira, prestes a desembarcar

Imagem mostra o senador Ciro Nogueira. É um homem branco, com cabelos levemente grisalhos. Ele veste um terno cinza, com camisa branca. Está sentado em um sofá e aparece gesticulando com seu braço direito

Ciro Nogueira quer tirar o PP da coligação do governo

Marianna Holanda e Thaísa Oliveira
Folha

Presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) afirma que o novo ministro da Secom, Sidônio Palmeira, “está acabando” com o presidente Lula (PT) ao colocá-lo para falar mais. Para ele, a exposição não ajuda um governo com baixa aprovação —e, para melhorar, o petista precisaria se reinventar, o que ele vê como improvável.

Na oposição, mesmo com um integrante do PP, André Fufuca, como ministro do Esporte, o senador ameaça desembarcar do governo, puxando a fila de outros partidos do centrão. Afirma, porém, preferir dar “governabilidade” para o petista e fazer uma “transição” para o próximo presidente — já contando com um nome de direita.

“Se o governo não tiver uma mudança radical agora, de rumos para o país, não tem como nem a gente, daqui a pouco, permitir que os membros do partido participem desse governo”, diz à Folha o ex-chefe da Casa Civil de Jair Bolsonaro (PL).

O nome do sr. surgiu na delação de Mauro Cid como parte do núcleo que defendia o resultado das eleições. O sr. sabia dos demais?
Eu era uma das pessoas que defendiam respeitar a vontade popular e fui quem convenceu o presidente a iniciar a transição. Acho impossível um ministro tão presente no dia a dia do presidente não ver o movimento de um golpe militar.

Cid está mentindo?
Não sei. Eu não tinha proximidade com o Cid, porque defendia a demissão dele desde que cheguei ao governo. Ele levava muita coisa errada para o presidente. Bolsonaro estava fazendo uma live e ele entregou um papel [dizendo] que a vacina [contra a Covid] poderia desencadear HIV. Eu queria comer o fígado dele.

Acha que o Bolsonaro pode ser preso?
Não. Se ele tiver um julgamento justo, não tem como prender por isso. E seria muito ruim para o Brasil se isso acontecesse. As pessoas com quem eu conversei sobre a denúncia [afirmam que] é muito de achismo, de delação e que não tem nenhuma prova contra. Ele é inocente nesse caso.

Comandantes das Forças Armadas afirmam que o presidente tratou de um golpe com eles…
Por que não denunciaram isso na época? É muito engraçado eles agora vindo com esse tipo de coisa. Eles tinham que ter pedido demissão ou ter denunciado. É a palavra de um contra o outro. E eu acredito mais na palavra do presidente. E vai ser um absurdo se Bolsonaro não for julgado no pleno [do Supremo]. Aí não é um julgamento justo.

Há ainda provas que ligam Bolsonaro à fraude no cartão de vacinação, às joias…
Pelo amor de Deus, vamos virar a página. Ninguém aguenta mais a mídia com esse discurso para tentar tirar o foco dos problemas do país. Me desculpe, eu não vou mais falar sobre isso.

O PP hoje tem um ministério no governo; o sr. defende o desembarque?
Defendo que nem tivesse entrado. Foi um erro. É um governo completamente ultrapassado, com o presidente isolado, sem vontade de tomar as decisões que o país precisa.

O ex-presidente da Câmara Arthur Lira [PP-AL] vai entrar no governo?
Se depender de mim, não. Não queria, mas está muito próximo de termos de reunir o partido e tomar uma decisão definitiva de desembarcar. Gosto muito do ministro Fufuca, mas, se o governo não tiver uma mudança radical de rumos para o país, não tem nem como a gente, daqui a pouco, permitir que os membros do partido participem desse governo.

Lula deve conversar com os partidos que têm ministério.
Com o meu partido ele não vai conversar. A forma como o presidente Lula quer fazer isso não vai funcionar. Até nós fizemos isso no passado: entregam cargos para os partidos, recebem os votos. Hoje não vai. Vê quantos votos o Fufuca trouxe, quantos o Silvinho [Costa Filho, ministro de Portos] trouxe. Nada.

O sr. falou com Fufuca sobre a saída dele do governo?
Já, eu disse que estou sendo pressionado. Também não quero ser o causador de uma insolvência do governo. Porque, se eu desembarco hoje, o União Brasil pode vir junto, o Marcos Pereira [presidente do Republicanos] ,é difícil ficar sozinho lá dentro. E eu não sei se o [Gilberto] Kassab [presidente do PSD] fica. Mas não sei se isso é bom para o país atualmente, sabe? Acho que o governo tem um piso de aprovação. Porque uma coisa é tirar a Dilma Rousseff como a gente tirou. A Dilma tinha 7%. Lula nunca vai chegar a 7%. Então, acho que o ideal é dar governabilidade ao país para a gente fazer uma transição. Se eu fosse o presidente Lula, o mais rapidamente possível, eu anunciava que não era candidato e virava essa página.

Bolsonaro está inelegível, mas insiste na candidatura em 2026. O sr. acha que essa estratégia pode atrapalhar a direita?
Não vai atrapalhar. Eu acho que ele tem o direito. Ainda tem recursos. As pessoas não podem admitir que um homem que está liderando as pesquisas seja impedido de disputar porque se reuniu com embaixadores. Só acho o seguinte: se o candidato dele for o Tarcísio ou o Ratinho [Jr.], ele tem que escolher neste ano, porque eles têm que fazer o processo de transição, escolher os sucessores, e se afastar [dos cargos] em abril. Se Bolsonaro marchar para ser candidato até o final, é porque ele vai colocar um dos filhos. E tem a Tereza [Cristina] também. Mas é difícil, acho que o natural hoje seria o Tarcísio, o Ratinho ou um dos dois filhos [Flávio ou Eduardo].

Qual o melhor nome?
Jair Bolsonaro.

No cenário sem ele.
Quem ele escolher.

Mas ele está mais para que lado?
Ele acha que vai ser candidato. Esteve na minha casa uns 15 dias atrás, passou a tarde conversando comigo. Ele acha que esse governo acabou, que o Lula não vai ter condições de fazer nem campanha, que a popularidade dele vai cair perto da Dilma. Vai ser muito difícil para o Judiciário proibir a população de escolher o candidato que a grande maioria quer. É uma avaliação que ele faz.

O sr. está considerando um cenário com Lula candidato?
Lula não vai perder a última eleição da vida dele e ser lembrado para a história por uma derrota. [Fernando] Haddad já está escolhido. E com essa economia do jeito que está, o povo tendo que declarar ovo no Imposto de Renda…

Qual seria a mudança de chave no governo para 2026?
Lula se reinventar, e eu acho difícil. A forma dele de se comunicar está muito errada. Quem está acabando com o Lula é o Sidônio, a exposição dele. O cara fala 20 minutos, aí uma derrapada é o que mais vai para a internet.

Bolsonaro falava bastante também…
Na época da campanha, Bolsonaro falando muito na TV era ruim. Quando botava o Lula falando, era bom para o Lula. Sidônio veio com essa imagem e é isso que está acabando com o Lula. Aí bota um monte de gente aplaudindo qualquer coisa que ele faz e ele fala aquelas besteiras. As pessoas enjoaram dessa forma de se comunicar. Eu aprendi uma coisa: quando o governo está mal, quanto mais você fala, pior. Porque as pessoas criam mais resistência. Eles acham que o Lula, por ser um grande líder, tem capacidade de convencer as pessoas. Estão expondo demais e isso está sendo o suicídio dele.

Confiabilidade do STF também será  julgada nesta ação contra Bolsonaro

Tribuna da Internet | Com poder delirante e irrefreado, o Supremo perde o  pudor e escancara seu partidarismo

Charge do Bier (Arquivo Google)

Dora Kramer
Folha

Não havendo dúvida de que a denúncia da PGR contra Jair Bolsonaro (PL) será aceita, o Supremo Tribunal Federal está na iminência de outra vez julgar ação envolvendo uma figura de proeminência-mor na República.

No caso do mensalão, o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) não estava na lista dos processados, mas sua sombra pairava no ambiente que lhe foi desfavorável depois, quando o Supremo referendou as decisões de Curitiba na Operação Lava Jato.

NOVA PERCEPÇÃO – De lá para cá, o espírito e seu tempo mudaram; com eles, mudou a percepção da sociedade sobre o trabalho do STF. Pesquisas Atlas/Intel de setembro de 2024 e fevereiro deste ano apontam que metade (50% e 47%, respectivamente) da população não confia na imparcialidade dos magistrados.

A Justiça não tem de ser popular, mas precisa ser respeitada e, sobretudo, confiável. Fica neste patamar quando atua com equilíbrio não só nas decisões, mas também na observância das leis naturais da contenção ética por parte de seus operadores.

Na falta de tais atributos, o tribunal se torna vulnerável ao que o professor Oscar Vilhena chama de erosão da autoridade indispensável ao reconhecimento de condição moral para enquadrar a nação aos ditames da Constituição.

PESSOAL E PROFISSIONAL – Alguns dos atuais ministros, os menos contidos, quando confrontados com críticas, alegam que seu compromisso com a lei não inclui acordo com as expectativas da plateia. Estão certos quanto a sentenças, mas não quanto ao esperado em termos de procedimentos. Estes demandam sobriedade no pessoal e transparência no profissional.

São exigências nem sempre observadas. Há exemplos vastamente relatados. O mais recente, a ideia de se fazer um jantar de confraternização entre o STF e o presidente da República. O bom senso aconselhou o cancelamento devido à denúncia da PGR.

Do episódio, contudo, ficou registrada a falta de noção de que protocolos existem para delimitar prerrogativas e manter os Poderes cada qual no respectivo quadrado. A confiabilidade do julgamento em via de começar roga que assim seja.

Itamaraty acusa EUA de distorcer e politizar as decisões de Moraes

Alexandre de Moraes durante sua sabatina na CCJ do Senado, em 21 de fevereiro de 2017

Moraes é polivalente e cria problemas internos e externos

Felipe Frazão
Estadão  

O governo Lula da Silva acusou o governo americano de tentar politizar decisões judiciais nesta quarta-feira, dia 26, após uma crítica pública à liberdade de expressão no Brasil, feita pelo Departamento de Estado. No post, a chancelaria americana diz que bloquear informações e multar empresas — numa referência às punições feitas pelo ministro Alexandre de Moraes contra a plataforma Rumble — é antidemocrático.

“O governo brasileiro rejeita, com firmeza, qualquer tentativa de politizar decisões judiciais e ressalta a importância do respeito ao princípio republicano da independência dos poderes, contemplado na Constituição Federal brasileira de 1988″, afirma o comunicado do Ministério das Relações Exteriores.

COM SURPRESA – O governo Lula disse ainda ter recebido com surpresa a manifestação Da diplomacia americana. “A manifestação do Departamento de Estado distorce o sentido das decisões do Supremo Tribunal Federal, cujos efeitos destinam-se a assegurar a aplicação, no território nacional, da legislação brasileira pertinente, inclusive a exigência da constituição de representantes legais a todas as empresas que atuam no Brasil”, acrescenta o Itamaraty na nota.

Ainda de acordo com a chancelaria, a liberdade de expressão é um direito fundamental consagrado no sistema jurídico brasileiro e deve ser exercida em consonância com os demais preceitos legais vigentes, sobretudo os de natureza criminal.

A crítica do Departamento de Estado ocorreu depois de Moraes bloquear a plataforma Rumble no País, afirmando que a rede social cometeu “reiterados, conscientes e voluntários descumprimentos das ordens judiciais, além da tentativa de não se submeter ao ordenamento jurídico e ao Poder Judiciário brasileiros”.

PROCESSO NOS EUA – A Rumble e a Trump Media, empresa ligada a Donald Trump, processaram o ministro nos Estados Unidos, acusando-o de violar a soberania americana. O pedido, em liminar, foi rejeitado pela Justiça americana. Na decisão, a juíza Mary Scriven não analisou o mérito da ação, argumentando que as decisões do ministro não se aplicam nos EUA e que ainda não houve qualquer tentativa de impor seu cumprimento em território americano.

Segundo o inquérito das fake news, presidido por Moraes, o Estado brasileiro e suas instituições republicanas foram alvo de uma orquestração antidemocrática baseada na desinformação em massa, divulgada em mídias sociais. O processo tramita no STF há quase seis anos.

Críticos de Alexandre de Moraes dizem que ele excede suas funções como juiz e atua com parcialidade. Agora, ele havia exigido que a empresa indicasse um representante no Brasil.

DIZ O GOVERNO – Nos bastidores, a diplomacia de Lula associa a manifestação a ações recorrentes de parlamentares de direita e bolsonaristas expatriados nos Estados Unidos, entre eles o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o blogueiro Paulo Figueiredo.

Os passos do deputado nos EUA, alguns deles divulgados abertamente nas redes sociais, vêm sendo acompanhados por diplomatas. Nos últimos dias, Eduardo Bolsonaro fez um giro por gabinetes congressuais, inclusive de parlamentares ligados à América Latina, entre eles María Elvira Salazar. Republicana e da Flórida, ela é integrante da frente parlamentar do Brasil no país – a Brazil Caucus.

O deputado federal, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, visitou membros do Executivo americano e conversou com autoridades do Departamento de Estado.

VIA DE MÃO DUPLA – O primeiro guichê que atende questões relacionadas ao Brasil é justamente o Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, responsável pelas relações com as Américas. Ele é dirigido pelo embaixador Michael Kozak.

Trata-se do mesmo órgão da diplomacia americana que fez a publicação em sua conta oficial no X. Na mesma plataforma, a conta do Departamento de Estado em espanhol reproduziu o texto traduzido.

“O respeito à soberania é uma via de mão dupla com os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil. Bloquear o acesso à informação e impor multas a empresas sediadas nos EUA por se recusarem a censurar indivíduos norte-americanos é incompatível com os valores democráticos”, disse a diplomacia americana, também nesta quarta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, o Supremo deixou o pepino nas mãos de Alexandre de Moraes, dando a ele poderes suprainstitucionais. Os ministros não perceberam quão despreparado é Moraes. Por óbvio, não se pode dar poderes ilimitados a quem demonstra ser limitado. O resultado é essa crise diplomática que só tende a se agravar, porque não existe meia liberdade de expressão. Para os americanos, a Primeira Emenda é inegociável, como base da democracia. Comprem pipocas. (C.N.)

Comissão da Câmara dos EUA aprova projeto para barrar Moraes no país

Darrell Issa Hopes to Have Proof of IRS Conspiracy Theory Soon

Darrell Issa comanda a votação contra Moraes nos EUA

Johanns Eller
O Globo

O Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira (26) um projeto de lei que, na prática, permite barrar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro Alexandre de Moraes de entrar no país ou até mesmo deportá-lo. O texto, chancelado por deputados do Partido Republicano do presidente Donald Trump, avança agora para análise do plenário da Casa, controlada pela legenda.

O colegiado é dominado por republicanos, mas a votação contou com o apoio do democrata Jamie Raskin (Maryland). Como publicamos no blog nesta quarta-feira, o projeto é apenas uma das frentes de bolsonaristas e trumpistas nos EUA para desgastar o ministro do Supremo.

SEM CENSORES – Apresentado sob a alcunha de “No Censors on our Shores Act”, o projeto foi protocolado em setembro do ano passado pelos deputados Darrell Issa (Califórnia) e María Elvira Salazar (Flórida), ambos republicanos e críticos do Supremo, no contexto da suspensão da rede social X no Brasil por Moraes após a empresa se recusar a cumprir ordens judiciais da Corte.

Eram necessários 23 votos entre os 44 membros – 25 são republicanos e 19 são filiados ao Partido Democrata, de oposição e que é minoria na Casa.

O colegiado é presidido pelo republicano Jim Jordan (Ohio), signatário de outro projeto de lei que também tem Moraes na mira, além de parcerias da Justiça Eleitoral brasileira com entidades governamentais americanas como a USAID.

PORTAS CERRADAS – O texto votado no Comitê Judiciário – equivalente à Comissão de Constituição e Justiça no Brasil – torna “inadmissíveis” e sujeitos à deportação “agentes estrangeiros” que venham a infringir o direito de liberdade de expressão por meio de censura a cidadãos dos Estados Unidos em solo americano, e foi celebrado por deputados aliados de Jair Bolsonaro no Brasil.

Em uma dura fala durante a abertura dos trabalhos, Darrell Issa não escondeu que o projeto de lei foi apresentado em resposta às decisões do STF no Brasil.

“Agora mesmo, no Brasil – parte dessa legislação surge do exemplo deste país, mas também da União Europeia, Reino Unido e Austrália, os direitos de cidadãos americanos ao acesso a redes públicas como X e Meta têm sido sistematicamente censurados. O motivo dessa lei veio quando Elon Musk se recusou a acatar ordens do Brasil e o X foi derrubado em todo país”, declarou o deputado da Califórnia.

PRIMEIRA EMENDA – “Meu projeto tem um objetivo simples: dizer [a esses países] vá em frente, ignore a Primeira Emenda em seu próprio país. É seu direito. Se você quiser derrubar X, Meta, Google, o que você quiser, não espere vir aos Estados Unidos com um visa americano. Não espere estar nos EUA e permanecer no país se você for responsável pela extinção da liberdade de expressão”.

No plenário da Câmara, os defensores do projeto precisarão garantir 218 votos – a maioria dos 435 deputados – para que ele se converta em lei.

Esse é exatamente o número de parlamentares republicanos na Casa, o que, a princípio, sinaliza caminho aberto para a legislação.

DEPARTAMENTO DE ESTADO – Pouco depois da votação do projeto que almeja barrar Moraes no colegiado da Câmara, o perfil oficial do escritório do Departamento de Estado americano para o Hemisfério Ocidental publicou – também no X – uma referência às decisões do Supremo pela derrubada de perfis e à multa expedida pela Corte às plataformas que descumpriram ordens judiciais.

“Respeito pela soberania é uma via de mão dupla para todos os parceiros dos EUA, incluindo o Brasil. Bloquear o acesso à informação e impor multas a companhias sediadas no território americano por se recusar a censurar pessoas residentes nos Estados Unidos é incompatível com os valores democráticos, incluindo a liberdade de expressão”.

O bloqueio do X foi suspenso um mês depois após a companhia recuar e nomear um representante legal no Brasil, pagar as multas expedidas pelo Supremo e se comprometer a acatar decisões da Justiça.

MORAES NA MIRA – Mas Alexandre de Moraes continuou na mira de trumpistas e bolsonaristas, e o cenário político dos EUA deu uma guinada de 180 graus desde então.

A Câmara dos Representantes segue controlada pelos republicanos, que nas eleições de 2024 passaram a deter o controle sobre o Senado e, claro, a Casa Branca. Além disso, o dono do X, Elon Musk, se tornou assessor sênior do Trump, além de chefiar o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês).

Antes, a lei não teria o apoio de senadores democratas e ainda poderia ser vetada pelo então presidente Joe Biden, que mantinha boas relações diplomáticas com o Brasil.

Na ocasião, tanto Issa quanto María Elvira deixaram claro que o projeto foi protocolado em resposta à decisão de Moraes de suspender a rede social X.

DIREITO INALIENÁVEL – A deputada da Flórida afirmou que Alexandre de Moraes representa a “vanguarda em uma cruzada internacional contra a liberdade de expressão e cidadãos como Elon Musk” e argumentou que o direito previsto na primeira emenda é “natural e inalienável” e não deve ter fronteiras.

Já o colega da Califórnia, à época presidente da seção do Comitê Judiciário (equivalente à Comissão de Constituição e Justiça no Brasil) voltado para assuntos da internet, falou em “abuso de poder cometido pelo Supremo Tribunal Federal”, “que tem Elon Musk em sua mira”, e foi além:

“Com este projeto, autoridades de governos estrangeiros estarão avisados: se negarem aos nossos cidadãos os direitos da primeira emenda, negaremos sua entrada nos EUA ou mostrar a porta de saída”.

ALVOS DE MORAES  – O argumento é que as restrições de perfis por ordem de Moraes em inquéritos como o das milícias digitais já atingiram brasileiros com cidadania americana ou residência fixa nos EUA.

O projeto apresentado ontem prevê justamente sanções a autoridades estrangeiras que violem o direito à liberdade de expressão de cidadãos dos Estados Unidos que estejam em solo americano.

A proposta contempla indiretamente casos de brasileiros como Paulo Figueiredo, denunciado na semana passada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) junto de Bolsonaro e outras 33 pessoas pela trama golpista, e Rodrigo Constantino. Os dois são cidadãos americanos, têm canais de direita e tiveram suas redes sociais bloqueadas e passaportes cancelados por ordem de Moraes no âmbito do inquérito das fake news.

FIGUEIREDO FESTEJA – Na última segunda, Figueiredo celebrou nas redes sociais a inclusão do projeto na pauta do Comitê Judiciário desta quarta.

Conforme antecipamos na época, bolsonaristas radicados nos Estados Unidos passaram a costurar junto a parlamentares trumpistas uma ofensiva contra o Supremo pelo que apontam como violação ao direito da liberdade de expressão, previsto de forma irrestrita pela primeira emenda da Constituição americana, e o projeto aprovado pelo comitê nesta quarta foi a primeira iniciativa formalizada.

SEM VISTOS – Em setembro de 2024, um grupo de deputados e senadores aliados de Trump também encaminharam uma carta ao então Secretário de Estado americano, Antony Blinken, solicitando a revogação dos vistos de todos os ministros do STF — com destaque para Alexandre de Moraes, descrito no documento como “ditador totalitário”.

Na correspondência, os parlamentares sustentaram que a democracia e a liberdade de expressão estariam sob ameaça no Brasil em função de decisões do STF que teriam violado estes princípios, entre elas a suspensão do X, “sob fundamentos jurídicos questionáveis”.

O documento fala também de censura a conservadores e críticos da Corte, que representaria uma “perigosa guinada autoritária em uma das maiores democracias do Ocidente”.

SECRETÁRIOS DE ESTADO – Blinken não acatou o pedido dos republicanos e deixou o cargo em janeiro, com o fim do mandato de Joe Biden. Seu substituto, Marco Rubio, também criticou Alexandre de Moraes à época enquanto senador pela Flórida e classificou a derrubada do X como “autoritária” e parte de uma “campanha pela censura”.

Ainda sob o governo Biden, a embaixada dos Estados Unidos em Brasília divulgou uma nota citando a importância da liberdade de expressão “em uma democracia saudável” ao comentar a suspensão do X, antes mesmo do Supremo oficializar a decisão, o que causou preocupação na Corte. Agora, com Trump na Casa Branca, o cenário é ainda mais imprevisível.

Moraes costuma brincar com a possibilidade de ser barrado nos EUA afirmando ter preferência pelo turismo na Europa, mas uma eventual retaliação do Congresso americano traria graves repercussões políticas nas relações entre Brasília e Washington.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Moraes é totalitário e não serve para ser juiz. Os demais ministros deram força a ele, e o resultado é esse vexame internacional. (C.N.)

Gaza e Ucrânia comprovam: maior vítima da guerra é a verdade dos fatos

Grupo terrorista Hamas entrega corpos de reféns israelenses - YouTube

Causa da morte dos reféns virou “propaganda” de guerra

Wálter Maierovitch
do UOL

Na propaganda de guerra a mentira deslavada é frequente. É voltada a interferir na formação da opinião pública, quer interna, quer internacionalmente. Dentre os seus princípios informativos não existe o compromisso com a verdade. Em quantidade, tem muito mais fake do que nas redes sociais bolsonaristas, para se ter uma pálida ideia.

NOVA ORDEM – Putin e Trump, agora de braços dados e pela força das armas, dispostos a escrever uma nova ordem mundial, abusam da mendacidade com relação à guerra na Ucrânia.

Nesta semana, por exemplo, Trump afirmou que Zelensky não tem apoio popular para manter-se presidente da Ucrânia. Segundo Trump, a aprovação do governo Zelensky é de apenas 4%.

A independente agência de pesquisas ucranianas, que goza de prestígio internacional pela isenção, apontava para uma aprovação de 57%. Depois de três anos de guerra, é altíssima a aprovação de Zelensky. A lembrar, no primeiro ano de guerra, a aprovação de Zelensky, que Trump chama de ditador, atingiu 90%.

SEM LEGITIMIDADE? – Putin, num jogo de cena e com propaganda de guerra forte, alega não ter Zelensky, pelo fim do mandato, legitimidade para participar de qualquer acordo sobre a guerra.

Sem legitimação, não poderia ser chamado para uma mesa de negociação de paz, concluiu Putin, que sonha com um novo império, mas aceita passar para a história como restaurador do poderio da antiga União Soviética.

Com base na Constituição da Ucrânia, votou-se uma lei marcial de suspensão das eleições por absoluta impossibilidade de realização e prorrogou-se o mandato de Zelensky.

NADA CONSEGUIRAM – Trump, numa jogada de propaganda de guerra e a justificar ter afastado a Ucrânia das negociações de paz nos encontros em andamento em Riad, trombeteou para ser ouvido mundo afora: “Durante três anos, nada conseguiram resolver pela paz”. O “nada conseguiram” diz respeito não só a Zelensky, mas, também, à União Europeia, apoiadora de Ucrânia e preocupada com a expansão russa.

Numa tabelinha, Trump quer um imediato cessar-fogo, com realização de eleições para a presidência. Já mandou o seu assessor, dar um parecer e este foi negativo quer pela guerra, quer pelas destruições, quer pela migração a outros países da Europa.

Nas terras ucranianas ocupadas na guerra, Putin realizou um plebiscito sob encomenda, com soldados russos apresentando as cédulas e acompanhando o voto que deveria ser assinalado no campo reservado à aprovação, de modo a territórios ocupados integrarem a nação russa. Com base no plebiscito, praticou ato de império e anexou as áreas ao estado nacional russo. Simples, assim.

MAR DE AZOV – Para se ter ideia: os soldados de Putin ocupam uma área estimada em 131 mil km², algo igual ao tamanho da Grécia. Nela, Kerson, Zaporizhzhia, Luhansk e Donetsk –tudo a ensejar a integração com a Criméia e absoluto controle do mar de Azov.

À luz do direito internacional e em termos de legitimidade, o plebiscito encomendado por Putin não tem valor algum. E valor algum terá, caso dado como concluído, o acordo de paz preparado em Riad pelos três delegados russos e dois americanos, sem a participação e aprovação da Ucrânia. Na cabeça da dupla Trump-Putin, a Ucrânia é uma espécie de sede vacante, por isso não precisaria ser representada. A dupla pensa poder decidir pelos ucranianos, pasmem.

A propaganda de guerra difunde-se, como acima exposto, pela Ucrânia, com objetivo de assustar a população e fazer surgir uma liderança pró-Trump e Putin, para vencer uma eleição que será certamente fraudada.

QUEREM A PAZ? – Para Trump, a paz é a sua meta: na campanha eleitoral disse que isso aconteceria em 24 horas. Sem corar, Putin também fala da sua dor ao verificar a quantidade de mortos. Também quer a paz.

Com efeito, revelou Anne Morelli no livro — fornecendo inúmeros exemplos históricos — que a primeira regra elementar da propaganda de guerra é preparada da seguinte maneira: antes de declarar guerra, fala-se solenemente de não a desejar e ser a meta lutar pela paz.

A propósito, frisa Morelli que Hitler, um ano antes de invadir a Polônia e causar o início da Segunda Guerra, celebrou acordo com os polacos e disse: ” Estamos completamente convencidos que este acordo levará a uma paz duradoura”.

HAMAS FRAGILIZADO – O acordo com Israel, costurado por Egito, Catar e EUA, representou uma oportunidade para o Hamas mostrar estar vivo e contar com apoio dos palestinos.

Ainda para fim de imagem propagandística, fez da entrega dos reféns, na primeira fase do acordo e com previsão de libertação de 33 deles, uma encenação humilhante com relação aos vivos, e macabra referentemente aos 4 corpos sem vida restituídos.

Quanto aos quatro corpos sem vidas, duas crianças, mãe (exame de DNA comprovou ter havido erro, pois não se trata da mãe) e um idoso octogenário, preparou-se um espetáculo macabro para fim propagandístico.

CAUSA DAS MORTES – Urnas mortuárias com escolta de soldados do Hamas encapuzados e com metralhadores serviram para a propaganda e, nesse campo, o lado do respeito, da dor, não contaram.

Na guerra da propaganda, o Hamas atribuiu a Israel as mortes do bebê e da criança. Teriam sido causas por bombardeios a Gaza. Porém, depois dos exames cadavéricos, Israel alega que a verdadeira causa das mortes foi falta de alimentação e não as explosões dos bombardeios. E, por exame de DNA, o corpo entregue não é o da mãe das crianças e de nenhuma das reféns do 7 de Outubro.

Diante das contrapostas versões espalhadas pela guerra de propaganda, caberá a um organismo internacional do campo científico desvendar e anunciar a verdade.

Piada do Ano! País vive um momento meio mal-humorado, diz Barroso

Suíça: Barroso diz que insegurança jurídica no Brasil é 'lenda'

Barroso vive um momento lindo e cheio de emoções

Manoela Carlucci
da CNN

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, comentou nesta quarta-feira (26) a situação que o Brasil atravessa. “O país está vivendo um momento um pouco mal-humorado. Está todo mundo meio de mal com a vida”, disse o magistrado durante um painel em um evento do BTG, em São Paulo.

Após a declaração, citou seu “slogan pessoal”, como ele chama, que o ajuda a ficar de bem com a vida e “cumprir da melhor forma possível” o papel que desempenha.

OTIMISMO – “É uma atitude que tem me ajudado ao longo da vida de cumprir bem, ou da melhor forma possível o meu papel… e de conseguir conservar uma visão construtiva e produtiva do Brasil, que eu tenho de fato, porque, olhando em perspectiva, eu acho que nós percorremos um longo caminho”, afirmou.

De acordo com Barroso, o mundo tende a enfrentar um momento de “negacionismo”, no que diz respeito ao plano ambiental, mas que, no entender dele, o Brasil não deve “embarcar nessa canoa”.

“Acho que é uma má opção, sobretudo para um país como o Brasil, com todas as potencialidades que o Brasil oferece em matéria de proteção ambiental, de enfrentamento à mudança climática e do aquecimento global”, disse.

ALTERNATIVAS – Ele citou, como potenciais do país, a energia renovável, a economia verde e a Amazônia.

Na visão do ministro, é preciso “acertar o passo”, no que diz respeito ao crescimento econômico, na superação da pobreza, na educação de qualidade, na elevação da ética pública e da ética privada para que o país se torne a “sensação do mundo”.

“Integridade, competência e idealismo, eu acho que compõem o trinômio que nos levarão a ser um dos países mais bem-sucedidos”, concluiu.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como se vê, o ministro Barroso já escolheu a fantasia para brincar o Carnaval. Vai sair de “Professor Pangloss”, o animado personagem de Voltaire. Embora não tivesse nada e vivesse em meio às maiores dificuldades, Pangloss não perdia o otimismo e animava Cândido e Cunegundes, que não entendiam o que se passava na cabeça dele. Barroso é um farsante. Se vivesse realmente como diz, não estaria sempre cercado de seguranças. (C.N.)

Rio que te quero Rio, especialmente em época de Carnaval

Carnaval 2023 no Rio: blocos de rua hoje; domingo, 19 de fevereiro | Exame

É impossível não gostar do carnaval no Rio de Janeiro

Vicente Limongi Netto

Alguns dias no Rio de Janeiro abrandaram minha alma, iluminaram meu coração. Jogamos no mar as cinzas da minha amada mulher, como era desejo dela. Despedida não existe. Wrilene continua viva, do meu lado. Cuidando dos meus passos. Zelando pelas nossas filhas e netos.

Fui criado no Rio. Gosto da cidade. Desgostar do Rio de Janeiro é impossível. Nota de 3 reais. Nada abala as belezas da inigualável cidade maravilhosa. A brisa do mar enfeitiça. O carioca não se abate com pouco. Tira das profundezas dos problemas e mágoas a alegria de viver. Sensibiliza os visitantes.

É CARNAVAL – Os ventos do carnaval dominam a cidade. O Cristo Redentor abençoa a festança. Praias, hotéis, botecos, ruas, avenidas, restaurantes cheios, sol forte, tomam conta da animação.

O povo está precisando de alegria. Deixar por alguns dias o círculo vicioso de tragédias, ladroagem, mendicância, desemprego, insegurança, maldade, intolerância.  A receita é entregar a vida ao carnaval. Válvula de escape do brasileiro. Como o futebol.

O script é sair da bolha da tristeza e sambar, cantar, gritar, pular, abraçar, beijar. Beber como se fosse a última vez. Sem pensar nas cinzas da quarta-feira. Porque viver é cultivar amor, amizade, esperança, fraternidade, união e solidariedade.

Lula troca ministros com humilhante processo de fritura e desconsideração

A imagem mostra um homem de cabelo grisalho e barba, vestindo um terno escuro, de costas, e uma mulher com cabelo escuro e liso, usando uma blusa cinza, olhando para a câmera. Ela segura pastas coloridas. Ao fundo, há uma bandeira do Brasil.

Nísia Trindade foi humilhada implacavelmente por Lula

Elio Gaspari
O Globo

Lula troca alguns de seus ministros num humilhante processo de fritura pública que desqualifica o próprio governo. Em setembro de 2023, sem uma só palavra de agradecimento, ele demitiu a atleta Ana Moser do Ministério do Esporte, colocando no seu lugar o deputado André Fufuca (PP-MA). Tratava-se de trocar competência na equipe por votos do centrão na Câmara.

Numa operação semelhante, em 1996, o presidente Fernando Henrique Cardoso viu-se obrigado a dispensar a ministra Dorothea Werneck, da Indústria e Comércio. Visitou-a, comoveu-se e registrou em seu diário: “Fui ficando com raiva de mim mesmo”. O cavalheirismo foi uma das marcas da Presidência de FHC.

PIMENTA NA FRITURA – Depois da dispensa de Ana Moser, a descortesia mudou de patamar. Em janeiro passado, Lula trocou o ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, submetendo-o a um processo de fritura pública, desqualificando seu trabalho. Como Pimenta é um velho companheiro do PT, seria um tipo especial de jogo jogado.

Num novo lance, fritou a ministra Nísia Trindade. Há mais de uma semana ela dava expediente enquanto circulavam rumores de que seria substituída pelo colega Alexandre Padilha.

 Há dias, em Itaguaí, Lula disse que “de vez em quando, a gente erra, mas na maioria dos casos a gente escolhe um ministro de qualidade”. A gente quem, cara pálida? Quem escolhe os ministros é o presidente da República.

POSTURA INDIGNA – Esse tipo de tratamento para os ministros que serão dispensados ofende também os que permanecem e inibe eventuais postulantes. Chegar ao ministério pode ser uma ambição de pessoas qualificadas, mas o risco de uma dispensa humilhante não vale a pena ser corrido. Para um candidato desqualificado, tanto faz, pois seus interesses são outros.

Há algo imperial nos maus modos de Lula. Na segunda-feira, ele revelou que, numa conversa com um presidente da Petrobras, soube que a empresa pretendia comprar uma sonda coreana e disse-lhe: “Não vai comprar. Se você comprar, a mesma caneta que te colocou na presidência vai te tirar da presidência. Nós vamos fazer aqui”.

Lula não revelou quando ocorreu esse diálogo, mas falava de corda em palácio de enforcado. A construção de sondas para explorar petróleo gerou a Sete Brasil, empresa que faliu em novembro passado, deixando um espeto de R$ 36 bilhões e recordações de uma tenebrosa caixinha revelada na colaboração do ex-ministro Antonio Palocci, designado para administrá-la.

EXIGE ETIQUETA – A postura imperial de Lula espelha a conduta de dois presidentes excêntricos: João Figueiredo (1979-1985) e Jair Bolsonaro (2019-2022).

Dispensar ministro é coisa que exige alguma etiqueta dos presidentes e de suas vítimas. Lula tem sido brindado com a elegância dos colaboradores que demitiu. Nenhum deles saiu atirando.

Em 1953, Getúlio Vargas demitiu por telegrama o ministro da Educação, Ernesto Simões Filho, que estava na Europa. O governo começava a ir mal das pernas e Simões recusou-se a reclamar, com uma frase que vale tanto para quem sai como para quem tira: “Perdi a pasta, mas não perdi a educação”.

Na praça, um domingo que não existe mais, para o poeta Mauro Mota

Tribuna da Internet | Category | Paulo Peres | Page 7Paulo Peres
Poemas & Canções

O advogado, jornalista, professor, memorialista, cronista, ensaísta e poeta pernambucano Mauro Ramos da Mota e Albuquerque (1911-1984) , membro da Academia Brasileira de Letras, tenta festejar na praça um domingo que não existe mais.  

DOMINGO NA PRAÇA
Mauro Mota

Na praça, este domingo
não é de hoje: é antigo.

O banco, o lago, a relva
para onde é que me levam?
Ai, dezembro de acácias,
esta praça não passa.

E essa gente depressa
(a moça e a bicicleta)
passa para deixar-se
um pouco nesta tarde.

Ai, dezembro de acácias,
este cheiro, esta música…
Sou, domingo na praça,
um momento o que fui.

Câmara dos EUA inclui na sua pauta o projeto contra Alexandre de Moraes

O ministro totalitário

Deputada Maria Salazar aponta irregularidades de Moraes

Deu no Poder360

A Câmara dos Deputados dos EUA incluiu na pauta do Comitê Judiciário o projeto de lei “No Censors on Our Shores Act”, que visa impor restrições a estrangeiros que atentem contra a liberdade de expressão em solo americano.

A proposta foi apresentada em setembro de 2023 pelos deputados Darrell Issa (Califórnia) e María Elvira Salazar (Flórida), ambos do Partido Republicano do presidente Donald Trump.

O projeto prevê a declaração de inadmissibilidade e eventual deportação de indivíduos identificados como responsáveis por censura a cidadãos dos Estados Unidos. A medida ganhou força no Brasil após a suspensão da rede social X/Twitter por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que ordenou a derrubada de perfis na plataforma.

DECISÃO JUDICIAL – No caso Rumble/Trump, a Justiça dos Estados Unidos decidiu nesta terça-feira (dia 25) que o Rumble e a TMTG (Trump Media & Technology Group) não são obrigados a seguir as ordens de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal.

A juíza Mary S. Scriven entendeu que as decisões do ministro brasileiro não se aplicariam nos Estados Unidos. A juíza afirmou que “não há qualquer evidência de que o governo brasileiro, o governo dos Estados Unidos ou qualquer outra entidade relevante tenha tentado fazer cumprir as ordens emitidas por Moraes” nos EUA.

ORDEM DE MORAES – O Rumble está suspenso no Brasil por determinação de Moraes, depois que a empresa descumpriu ordens judiciais. A plataforma de vídeos e o grupo de midia de Trump entraram com uma ação na Justiça norte-americana para impedir os efeitos da determinação e acusaram de censura o magistrado  brasileiro.

Na resposta do Tribunal dos EUA, Scriven cita a Convenção de Haia e um tratado de assistência jurídica mútua firmado entre os Estados Unidos e o Brasil.

Segundo a juíza, os acordos exigem uma notificação específica para terem validade em outro país. Ela afirma que não tem conhecimento de tal ação, e que, por isso, nega que a determinação de Moraes se aplique nos Estados Unidos.

ÚNICA HIPÓTESE – Por fim, a juíza Scriven avaliou que o Tribunal analisaria a ação caso a Justiça brasileira quisesse aplicar as determinações do Supremo em território norte-americano sem seguir as convenções adequadas.

“Caso alguma entidade ou indivíduo tente fazer cumprir essas diretrizes nos EUA sem obedecer às leis e tratados aplicáveis, o Tribunal está pronto para exercer sua jurisdição para determinar se as determinações ou ordens são exequíveis sob a legislação dos EUA”, escreveu.

A Convenção de Haia determina que para notificar uma pessoa ou empresa é necessário ter uma comunicação formal e direta.

NORMAS DE HAIA – Quando a notificação é do sistema de Justiça de um país para uma pessoa ou empresa de outra nação, é preciso acionar o Ministério da Justiça. Este, por sua vez, acionará a contraparte no país do acusado para que, por meio de uma carta rogatória, seja formalmente notificado.

O ministro Alexandre de Moraes determinou a suspensão do Rumble no Brasil depois que a plataforma não cumpriu decisões judiciais.

São elas: a remoção dos perfis do jornalista Allan dos Santos na rede social; o bloqueio dos repasses financeiros recebidos por ele por meio de publicidade; a inscrição de apoiadores e doações na plataforma; e a indicação e comprovação de um representante legal da empresa no Brasil.

BLOQUEIO DE CONTAS – A rede social, que voltou a funcionar no Brasil em 8 de fevereiro, foi intimada pelo ministro a bloquear as contas do blogueiro.

Na ocasião, os advogados da empresa responderam que não tinham poderes legais para serem intimados em nome do Rumble Brasil e renunciaram. Moraes, então, pediu que a empresa de origem canadense indicasse um representante legal no Brasil.

No despacho, o ministro que essa figura é uma exigência para uma companhia com sede no exterior atuar no Brasil. Argumentou também que o Marco Civil da Internet estabelece que uma plataforma pode ser responsabilizada pelos danos causados pelo conteúdo de seus usuários, caso decisões judiciais pessoais não sejam cumpridas.

ALLAN DO SANTOS – Em outubro de 2021, o ministro havia, dentre outras medidas, determinado o bloqueio dos perfis de Allan dos Santos em diversas redes sociais, incluindo o Rumble.

O jornalista, no entanto, criou outros perfis, os quais Moraes continuou a determinar o bloqueio.

Argumentava que as novas contas seriam uma “estratégia” para driblar decisões anteriores, já que o teor das publicações era o mesmo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGOs Estados Unidos classificam Allan dos Santos como “perseguido político” e não é considerado imigrante ilegal. A perseguição movida por Moraes funciona como um green card para Allan dos Santos, que está a salvo da Interpol, e pode morar para sempre nos EUA. E hoje a Câmara americana vota(C.N.)

Lembrem que sociedade aberta é aquela que respeita as ideologias

From bashing Zelensky to lobbying senators, Vance settles in as Trump's No.  2 | CNN Politics

Vance defende a sociedade aberta e a tolerância ideológica

Fernando Schuler
Veja

“J.D. Vance fez um discurso inusitado na Conferência de Segurança europeia, em Munique. Plateia repleta de líderes do continente, grande expectativa, esperava-se que ele falasse de Putin, da guerra, mas Vance não se abalou: “O problema de vocês não são as ameaças que vêm da Rússia nem a China, mas o perigo que vem de dentro”, disse. E completou: “O recuo da Europa em seus valores mais fundamentais, que são os mesmos dos Estados Unidos”.

Generosidade dele. Os valores europeus nunca foram os mesmos que os da formação americana. A inspiração que veio de Locke, Milton e do liberalismo inglês, que andava na cabeça dos fundadores da América, sempre foi um recorte muito específico da tradição europeia.

PRIMEIRA EMENDA – O Velho Continente nunca teve nada semelhante à Primeira Emenda, garantindo a liberdade de expressão. E vem daí a raiva provocada pela fala de Vance. Na prática, ele deu um sermão na liderança europeia com base em deuses ou, ao menos, em credos não tão comuns assim.
Vance fez nove acusações. Quatro dizem respeito à agenda woke. Coisas como a prisão de Adam Smith-Connor, um fisioterapeuta condenado por rezar perto de uma clínica de aborto, na Inglaterra. Outras têm a ver com a censura e a intolerância política.

Tudo bem representado, na visão de Vance, pelos firewalls, na prática de isolar a direita no jogo político.

DIREITA ILEGÍTIMA – A lógica que foi se tornando comum, nos anos recentes, segundo a qual há uma “extrema direita” ilegítima e que, como tal, não deve ser admitida na democracia. O conceito é elástico e pode incluir Trump, um libertário como Milei, um partido direitista como a Alternativa para a Alemanha (AfD) ou o tradicionalismo francês de Marine Le Pen.

Diria que qualquer um que Anne Apple­baum e alguns colunistas do Times resolvam chamar de “autocratas” é candidato à lista. A eleição de Trump criou um problema para essa turma, visto ser ridículo tratar um presidente eleito com maioria sólida no Congresso como uma espécie de marginal.
O fato mais grave citado por Vance diz respeito ao cancelamento das eleições presidenciais na Romênia em dezembro.

DINHEIRO RUSSO – Calin Georgescu, engenheiro agrícola de “extrema direita”, ganhou as eleições e a Corte Constitucional mandou fazer novas eleições.

O motivo: suspeitas de dinheiro russo impulsionando contas do TikTok em apoio a Georgescu. Causando “desordem informacional” na cabeça do “eleitor ordinário”, para dar um toque brasileiro ao problema.

Se a moda pegar, a cada vez que o povo votar errado basta a Suprema Corte anular as eleições e fazer a turma votar de novo. Vance foi direto: “Se você foge assustado de seus próprios eleitores, nem os EUA podem salvá-lo”.

SOCIEDADES ABERTAS – Vance fez em seu discurso uma forte defesa de um velho conceito nascido no coração da Europa: a ideia das sociedades abertas. O conceito foi usado por Karl Popper em seu livro escrito sob o trauma da Segunda Guerra.

Ele diz, em essência, que nosso destino, como sociedade, é aprendermos a viver junto com pessoas que divergem fundamentalmente de nós. De nossos valores, da maneira como enxergamos a vida, das relações entre homens e mulheres e do destino humano.

Daí a frase de Vance sobre respeitar os direitos de nossos “oponentes”, em vez de colocá-los na cadeia, “seja o líder da oposição, seja um cristão rezando ou um jornalista tentando relatar as notícias”. E aqui é preciso ser claro: Vance tem razão.

CONVIVÊNCIA DE CONTRÁRIOS – E as razões de Vance vêm do fundo do próprio aprendizado europeu. Da renúncia a mandar os hereges para a fogueira, contrarrevolucionários para a guilhotina ou judeus para campos de concentração.
A ideia das sociedades abertas foi a pedra de toque das democracias liberais à época da Guerra Fria e depois da queda do Muro de Berlim. Época que o pensador conservador N.S. Lyons bem chamou de “longo século XX”, marcada pelo “é proibido proibir”, de maio de 68, e pelo otimismo liberal de Fukuyama, bem depois, com seu “fim da história”.

De alguns anos para cá, essas coisas mudaram. Da celebração da liberdade, fomos mergulhando na era do “controle”.

DESMORONAMENTO – Lyons e muitos conservadores culpam a própria ideia das sociedades abertas pelo desmoronamento. Nossa civilização teria cedido a uma ideia empobrecida da política como técnica. A noção do Estado fundado em procedimentos “neutros” feitos de “processos burocráticos, decisões judiciais e comissões tecnocráticas”.

A visão é caricatural, mas faz sentido: instituições sem “alma”, destituídas de base de valores, acreditando na ingênua ideia de neutralidade do Estado diante da diversidade de visões de mundo.
Lyons está errado. E arrisco dizer que a velha ideia de Popper nunca foi tão necessária. Digo mais: os males de nossa civilização provêm exatamente da traição aos valores das sociedades abertas, e não o contrário.

NOVA IDEOLOGIA – Mesmo sendo um conservador, foi exatamente isso o que disse Vance. O que aconteceu, nas últimas duas décadas, foi o lento processo de captura do Estado por um novo tipo de ideologia.

Quando uma Corte Constitucional diz que esse ou aquele grupo não é legítimo para ganhar uma eleição, que certos tipos de opinião são inaceitáveis no debate público, o sinal é claro: a premissa da neutralidade das instituições foi atirada pela janela.

Quando a educação pública se subordina a premissas dadas pelos movimentos identitários, temos o mesmo fenômeno. E, por óbvio, quando chegamos ao ponto de o sujeito ser preso por rezar em silêncio, há muito se cruzou uma fronteira.
ÚNICA SAÍDA – Não deixa de ser curioso que Vance, ele mesmo um conservador, tenha feito um discurso em defesa das sociedades abertas. E o fez por uma simples razão: porque não há outra saída.

Se Vance reivindica o direito de Smith-­Connor rezar perto daquela clínica, no Reino Unido, terá de aceitar que uma ativista feminista defenda o direito ao aborto em alguma outra calçada. Isso vale para católicos, protestantes e para toda sorte de predileções.

Dias atrás li sobre o 4B, uma nova seita de mulheres que não quer conversa com o sexo masculino. E há quem viva imitando cães e tartarugas por aí.

RÉGUA ÉTICA – O que nenhum desses agrupamentos está autorizado a fazer é converter sua moralidade privada na régua ética para a sociedade. É esse o ensinamento singelo de Popper. Isso pode irritar a esquerda, seduzida pela cultura woke. E a um certo conservadorismo que parece sonhar em fazer o mesmo a partir dos “valores tradicionais”.

Mas a verdade é que a ideia liberal vem do fundo da própria tradição europeia. Do aprendizado com as guerras de religião, que fez Locke escrever suas cartas sobre a tolerância; do horror com o fanatismo religioso, que fez Voltaire dobrar a Justiça francesa, no caso Jean Calas; da reação à injustiça movida pelo ódio político e racial, que fez Zola escrever seu “J’Accuse…!”.

Tudo isso pertence à Europa. Mas é também a nossa herança. Nossa melhor herança, da qual não deveríamos abrir mão.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Importantíssimo artigo, enviado por Mário Assis Causanilhas. Com toda certeza, a única saída está no fortalecimento das sociedades abertas, como defendemos também aqui na Tribuna, com respeito a todas as ideologias e correntes sociais e religiosas. (C.N.)

Substituição de Nísia Andrade torna-se novo episódio de desgaste para Lula

Nísia busca apoio do PT para evitar demissão da pasta

Pedro do Coutto

A substituição da ministra Nísia Trindade no Ministério da Saúde transformou-se num episódio de desgaste para o presidente Lula da Silva. Anunciada no final da semana que passou, a movimentação sobre o cargo refletiu-se num processo de mais uma preocupação para o Planalto.

Com sua demissão dada como certa por aliados do presidente Lula, a ministra acenou politicamente no último sábado. Mesmo alvo de frituras, Nísia compareceu ao ato de aniversário de 45 anos do PT, partido do qual não é filiada. Por ser uma pasta estratégica, o ministério sempre foi alvo de desejo dos partidos, enquanto a ministra sempre representou uma indicação técnica e não política.

AGENDA – Foi o segundo dia consecutivo de Nísia próxima ao PT, já que no dia anterior, ela participou de agenda em Maringá (PR) ao lado do deputado federal Zeca Dirceu.

Na ocasião, em entrevista à afiliada da rádio CBN, ela negou sua saída. O ato da ministra Nísia Trindade, que surpreendentemente buscou apoio junto ao PT para permanecer no cargo, tornou ainda mais delicada a sua substituição pelo senador Alexandre Padilha, contribuindo para mais uma fator de desequilíbrio para Lula na medida em que deixa claro a resistência em torno de uma possível manutenção do quadro que vem acentuar que as iniciativas do presidente da República compreendidas na realidade podem não se efetivar se a maioria da legenda não desejar.

Não é só uma questão de maioria, mas de uma parcela de poder do partido capaz de barrar a nomeação de um ministério. O fato demonstra que Lula é prisioneiro de seu próprio esquema partidário, já que colocou Nísia Andrade no cargo e agora encontra dificuldade de substituí-la.

Deputado americano é usado para atacar Moraes e defender Bolsonaro

Republican Congressman Faces Backlash at Town Hall Furious at Trump | The  New Republic

O deputado Rich McCormick aceitou fazer esse papel

Paulo Cappelli
Metrópoles

O deputado norte-americano Rich McCormick (Republicano) pediu a Donald Trump, seu colega de partido, que imponha sanções econômicas a Alexandre de Moraes. O congressista formalizou a solicitação em uma carta enviada ao presidente dos Estados Unidos. Nela, o parlamentar argumenta que o ministro do STF buscaria condenar Bolsonaro para “esmagar a oposição” no Brasil.

A carta foi dirigida ao presidente Trump e também ao conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz, dizendo que “na semana passada, o ex-presidente Jair Bolsonaro foi indiciado no Brasil, em uma tentativa flagrante do regime brasileiro de afastar o principal candidato para a eleição do ano que vem”.

GUERRA JURÍDICA – “A acusação do ex-presidente Jair Bolsonaro não é sobre justiça — é sobre eliminar a competição política por meio de guerra jurídica judicial, assim como o presidente Trump foi alvo antes de fazer o maior retorno político da história”, diz o deputado, acrescentando:

“O juiz da Suprema Corte brasileira Alexandre de Moraes transformou o judiciário brasileiro em uma arma para esmagar a oposição, proteger o presidente Lula e fraudar a eleição de 2026 antes que um único voto seja lançado. Suas ações são um ataque direto à democracia, à liberdade de expressão e ao estado de direito, e respeitosamente solicitamos que você tome medidas para garantir que o Brasil celebre uma eleição livre e justa em 2026.”

SOBRE MORAES – Prosseguiu o deputado na carta enviada a Trump: “Moraes não é apenas um problema para o Brasil — ele é uma ameaça crescente para os Estados Unidos. Ele já tentou censurar empresas dos EUA, suprimir a liberdade de expressão e minar a soberania digital americana. Seu ataque a plataformas como X e Rumble levou a processos judiciais da Trump Media, expondo seu flagrante desrespeito à lei dos EUA e às proteções da Primeira Emenda da nossa Constituição”.

E prossegue: “Em resposta ao processo, Moraes retaliou banindo todos os vídeos do Truth Social em todo o país, impondo pesadas multas ao X de Elon Musk (que anteriormente sofreu multas semelhantes e uma proibição geral), impondo uma proibição geral ao Rumble no Brasil, exigindo que empresas americanas forneçam informações confidenciais de usuários de dissidentes políticos que buscam refúgio nos Estados Unidos e ameaçando um CEO americano com acusações criminais.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A carta não para por aí e segue esculhambando Moraes. Por óbvio, foi escrita pela equipe do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e entregue ao parlamentar americano. Na carta, Bolsonaro aparece como vítima, o que sabemos que não é. Recorrer a deputado estrangeiro nessa situação é um ato vergonhoso. Os problemas brasileiros precisam ser resolvidos pelo Brasil. Mas quem se interessa? (C.N.)

Viagem inútil de Janja e comitiva a Roma custou cerca de R$ 300 mil

O que Janja fez em Roma e quais foram os custos da viagem; entenda - Estadão

Janja foi a Roma para ler um discurso sobre a fome

André Shalders
Estadão

As passagens aéreas de ida e de volta da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, a Roma, na Itália, custaram ao contribuinte R$ 34,1 mil. A primeira-dama voou de classe executiva de Brasília à capital italiana em 9 de fevereiro e retornou dia 13 de fevereiro, num voo direto para São Paulo.

Procurada, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) disse que Janja foi convidada a participar do evento pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrário (Fida), como colaboradora do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS).

DE PENETRA… – Atualmente, a emissão de passagens é regulamentada por um decreto de janeiro de 2022, editado ainda no governo Jair Bolsonaro (PL). A classe executiva está liberada apenas em voos com mais de sete horas e só para ministros de Estado ou pessoas com os cargos comissionados mais altos – ou, ainda, para quem os represente.

Não é o caso de Janja, que não possui cargo formal na estrutura do Poder Executivo. Em viagens anteriores, a Secom disse que a “legislação vigente” autoriza a primeira-dama a usar a classe executiva.

Na capital italiana, Janja participou de eventos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e se encontrou com o Papa Francisco. Ao todo, o grupo que foi a Roma somou 12 pessoas e consumiu ao menos R$ 292,3 mil em passagens e diárias – alguns valores ainda não são conhecidos.

EM ETAPAS – A primeira-dama embarcou em Brasília às 18h10 num Airbus A330 Neo da TAP, e chegou à capital portuguesa, Lisboa, às 6h da manhã do dia 10 de fevereiro. Às 11h45, pegou outro voo da TAP, chegando ao aeroporto de Fiumicino em Roma às 15h50.

Uma vez em Roma, Janja hospedou-se na Residência Oficial do Brasil, no número 14 da Piazza Navona, no Centro da cidade. A residência fica no Palazzo Pamphilj, um palácio barroco construído em 1650 pelo arquiteto Girolamo Rainaldi.

Na volta, Janja pegou um voo direto de 12h e 4 minutos, de Fiumicino para o aeroporto internacional de Guarulhos (SP). A primeira-dama viajou no assento 10 L, na janela, na classe premium business, equivalente à executiva.

EM CIMA DA HORA – Pode ter contribuído para o alto preço da passagem de Janja a falta de antecedência na compra: a reserva da viagem foi feita no dia 31 de janeiro, só dez dias antes do voo de ida. A compra foi solicitada pelo ministério de Wellington Dias, à agência de turismo Voetur.

O valor gasto na passagem da primeira-dama é compatível com um bilhete Brasília-Roma-Brasília comprado em cima da hora.

O voo de ida foi operado pela TAP, de Portugal, e o voo de volta, pela Latam. O Painel de Viagens do Ministério do Planejamento não traz ainda informações sobre eventuais diárias pagas a Janja – a Secom disse que informações sobre custos devem ser buscadas com o MDS.

A COMITIVA – O grupo que esteve em Roma é formado pela secretária de Assuntos Internacionais da Fazenda, Tatiana Rosito; uma servidora da Fazenda; três assessores de Wellington Dias e quatro nomes da Presidência da República – três dos quais são integrantes do “gabinete informal” de Janja, revelado pelo Estadão.

O maior valor em diárias foi pago à servidora Raquel Porto Mendes Ribeiro, do Ministério da Fazenda: R$ 17,8 mil. Ao todo, ela recebeu oito diárias, para participar de vários eventos do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola. Um deles foi a reunião do Conselho de Governadores do Fida, na qual Wellington Dias e Janja discursaram. Durante o encontro, Dias foi eleito presidente mundial do Conselho da Aliança Global.

Na reunião deste ano do Conselho de Governadores do Fida, as autoridades presentes discutiram formas de implementar os compromissos da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, grupo multilateral lançado na reunião do G-20 no Rio de Janeiro, no fim do ano passado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
O Planalto alegou que Janja viajou “a convite do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrário”, mas isso é “menas verdade”, como Lula falava antigamente. Quem a convidou foi o ministro Wellington Dias, que ia ser demitido e teve essa ideia genial. Agora, eu aposto que ele não será mais demitido. (C.N.)

Tarcísio nega candidatura, porque assim se protege e continua viável

Tarcísio sai em defesa de Bolsonaro: “Estamos juntos, presidente”

Tarcísio é grato a Bolsonaro e espera o momento adequado

Pedro Augusto Figueiredo
Estadão

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem se irritado com notícias de que ele aceita ser candidato a presidente da República em 2026, mas aliados avaliam que este cenário é cada vez mais provável diante da piora da avaliação do governo Lula (PT) e o bom desempenho do chefe do Executivo paulista nas pesquisas eleitorais.

A ressalva é que Tarcísio somente consideraria trocar uma reeleição praticamente garantida em São Paulo por uma aventura presidencial se for convocado por Jair Bolsonaro (PL) para substituí-lo nas urnas.

DIZ TARCÍSIO – O governador nega que será candidato a presidente. “Eu não sou candidato. Tem muita gente falando por mim. Ninguém fala por mim. Ninguém está autorizado. Meu único foco é São Paulo”, disse Tarcísio ao Estadão.

Ele afirma que disputará a reeleição, mesmo sabendo que está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral e foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República na semana passada como líder da organização criminosa que tentou dar golpe de Estado após ser derrotado na eleição de 2022. Se for condenado, pode pegar até 43 anos de prisão.

Na terça-feira, 18, antes da denúncia da PGR, Tarcísio publicou nas redes sociais que seu candidato é o ex-presidente Bolsonaro. Nos bastidores, o chefe do Executivo paulista repete o que tem dito em público e acrescenta que conhece a estratégia do padrinho político e estará com ele até o final.

PRÉ-CANDIDATO – Bolsonaro continuará a dizer que é pré-candidato ao Palácio do Planalto para não perder força política enquanto tenta evitar uma condenação no Supremo Tribunal Federal (STF) — tática semelhante à de Lula, que mesmo preso insistiu em uma candidatura em 2018.

Um integrante do governo Tarcísio afirma que a postura do chefe é acertada por dois motivos. Primeiro, reforça a lealdade a Bolsonaro sem dar brecha para o surgimento de atritos entre os dois. O ex-presidente se irrita com qualquer discussão pública sobre quem será seu sucessor.

Além disso, o governador evita o desgaste de ser encarado como o principal rival de Lula. A avaliação é que Tarcísio entrará na mira das forças governistas se sinalizar publicamente que tem intenção de disputar a Presidência.

MANTER A DISCRIÇÃO – Um dirigente de uma sigla do Centrão em São Paulo considera que o melhor caminho para Tarcísio é manter a discrição para não irritar Bolsonaro e deixar que setores econômicos e partidos aliados tentem convencer o ex-presidente de que ele seria a melhor opção.

Contribui para este argumento a pesquisa AtlasIntel que mostrou que Tarcísio empata tecnicamente com Lula, enquanto o próprio Bolsonaro seria derrotado pelo petista em um eventual segundo turno.

O levantamento aponta que Lula tem 45,7% das intenções de voto contra 44,7% do chefe do Executivo paulista. Já no cenário com Bolsonaro, o petista vai a 47,6% contra 43,4% do ex-presidente. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Outra pesquisa, a CNT/MDA, confirma esse empate técnico com Lula.

PRINCIPAL NOME – O desempenho de Tarcísio contra Lula na AtlasIntel também é melhor do que o de Ronaldo Caiado (União Brasil), Pablo Marçal (PRTB) e Eduardo Bolsonaro (PL) — outro nome cotado para receber a bênção de Bolsonaro.

Um dos aliados mais próximos do governador, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que também é secretário de Governo de São Paulo, disse na sexta-feira, 21, que Tarcísio é o nome mais forte para concorrer contra Lula no ano que vem, mas que a decisão do governador de tentar a reeleição para o governo paulista precisa ser respeitada.

“Se o Tarcísio fosse candidato, mas não será, o Caiado já me disse que não sairia candidato, Ratinho, Tereza [Cristina, senadora], Zema também apoiariam Tarcísio”, disse Kassab, sinalizando que o governador poderia unificar a direita. “O Tarcísio não saindo eu entendo que muito possivelmente cada partido da centro-direita vai lançar o seu nome”.

KASSAB ESPERA – O próprio Kassab é apontado como alguém que trabalha para ser vice do governador ou mesmo candidato ao Palácio dos Bandeirantes se Tarcísio mudar de ideia.

Kassab enfrenta a concorrência de André do Prado (PL), presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PL) também são cotados para encabeçar uma chapa, caso Tarcísio não dispute a reeleição.

Lula começou a nova campanha eleitoral entre os pobres sem futuro

Lula faz sinal de positivo com as mãos -- Metrópoles

Lula aparece na TV usando chapéu de malandro carioca

Mario Sabino
Metrópoles

Lula começou esta semana sua campanha eleitoral antecipada na televisão, sob patrocínio extra dos pagadores de impostos, que já financiam os fundos partidário e eleitoral. Para buscar a reeleição, ele precisa reverter a queda na aprovação do seu governo, hoje em abissais 24%.

Como não pode baixar na marra o preço da comida, resta-lhe brandir aos pobres as esmolas assistencialistas que distribui.

Lula passará, assim, a vender com mais insistência o seu peixe para a dona Maria e para o seu João, conforme a prescrição do marqueteiro Sidônio Palmeira, atual chefe da Secom.

COMPRAR VOTOS – Pelo que entendi do programinha eleitoral, Lula tenta agora comprar votos por meio da propaganda da distribuição “gratuita” de remédios e do dinheiro dado a estudantes que não faltam à escola — dinheiro que está fora do orçamento do governo, como se não saísse do mesmo caixa deficitário. A ideia é fazer crer que esses óbolos significam prosperidade.

O povo brasileiro é sempre comprável, desde que a relação entre custo e benefício lhe pareça favorável no presente imediato — como não existe futuro para os nossos pobres, e muito menos futuro de país, a questão fiscal inexiste para eles.

O problema para Lula é que, por enquanto, as suas esmolas parecem não compensar a inflação no supermercado, e eis o motivo de sua aprovação ter despencado.

VAI GASTAR MAIS – Já que não há sinal de que a inflação arrefecerá a ponto de fazer diferença para a dona Maria e para o seu João na hora de eles votarem em 2026, o problema para nós todos, embora nem todos nós tenhamos consciência disso, é que o governo gastará ainda mais com assistencialismo, aumentando o buraco no orçamento e alimentando a espiral inflacionária.

Não há boa notícia nenhuma a ser anunciada por Lula a cada vez que ele aparecer na TV. Mas o que importa é enganar a dona Maria e o seu João até a eleição de 2026. Eles não têm futuro mesmo e nunca terão.

Na pesquisa CNT/MDA, Bolsonaro já passa Lula e Tarcísio empata

Bolsonaro tem 51,4%, e Lula tem 48,6%, diz pesquisa Veritá

Pesquisa Verita confima números da pesquisa CNT/MDA

Manoela Carlucci
da CNN

O atual presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aparece empatado tecnicamente com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em eventuais cenários de segundo turno de uma disputa presidencial, de acordo com uma pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta terça-feira (25).

O levantamento ouviu 2.002 entrevistados entre os dias 19 e 23 de fevereiro. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%.

BOLSONARO NA FRENTE – No primeiro cenário proposto, Bolsonaro aparece à frente numericamente, com 43,4% das intenções de voto, enquanto Lula tem 41,6%, em empate técnico.  Apesar de ter sido considerado na pesquisa, o ex-presidente está inelegível por oito anos, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No segundo cenário, Lula aparece com 41,2%, enquanto Tarcísio de Freitas tem 40,7%, em novo empate técnico.

Sem Lula, Bolsonaro vence Haddad por 43,1% e 39,4%. Tarcísio também ganha numericamente do atual ministro por 38,3% a 37,3%.

APROVAÇÃO DESPENCA – O desempenho pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente do governo é desaprovado por 55,3% dos entrevistados em uma pesquisa CNT/MDA, divulgada nesta terça-feira (25). Segundo o levantamento, a aprovação de Lula é de 40,5%.

Em comparação com a última pesquisa CNT, de novembro do ano passado, o índice de desaprovação cresceu nove pontos percentuais, indo de 46% a 55%, em números arredondados. Já a aprovação oscilou de 50% para 40%, também considerando o arredondamento.

Atualmente, 4,2% dos entrevistados não sabem ou não responderam.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG  – Como cantava Moraes Moreira, lá vai o Brasil descendo a ladeira, levando junto o sonho petista de mumificar Lula igual a Lênin… (C.N.)

Elon Musk sugere o confisco dos bens que Moraes tiver nos EUA

Moraes x Musk: o que pode mudar com proibição do X?

Moraes e Musk são dois perdidos numa política suja

Jamil Chade
do UOL

O bilionário Elon Musk, um dos principais nomes do governo de Donald Trump, sugeriu nas redes sociais que poderia defender o confisco de bens do ministro do STF, Alexandre de Moraes. Numa postagem, ele questionou se o brasileiro conta com propriedades nos EUA.

“Moraes não possui propriedades nos EUA?”, perguntou o empresário e aliado do presidente americano.

REAÇÃO A ATAQUE – Seu comentário foi feito como resposta a uma publicação na rede X indicando um discurso de Alexandre de Moraes, no final de semana, acusando as plataformas digitais de adotar uma “ideologia fascista”.

A pergunta de Musk foi respondida por Paulo Figueiredo, neto do último ditador do regime militar, João Figueiredo (1979-1985), e que foi investigado pela Polícia Federal por envolvimento na tentativa de golpe de estado no Brasil.

Figueiredo, que mora nos EUA, sugeriu que Moraes sequer precisaria ter ativos nos EUA, já que a inclusão de seu nome na lista de pessoas sob sanção permitiria que bancos nos EUA vetassem qualquer abertura de contas em seu nome.

Musk respondeu: “Interessante”.  

PUNIR MORAES – A ideia de sanções contra Moraes já faz parte da consideração do governo americano. O UOL apurou que o tema está no gabinete de Donald Trump.

Nesta quarta-feira, uma lei que permitiria a adoção de sanções contra pessoas que atuem a favor da censura contra empresas e pessoas nos EUA será votada numa das comissões do Congresso americano. O projeto deve ser aprovado, diante da maioria republicana no órgão.

Mas apenas se transformará em lei quando chegar à plenária. Um dos focos da lei é Moraes, diante de sua ação contra a plataforma X, ainda em 2024.C

APENAS UM LADO – Ainda que nos EUA ele esteja sendo qualificado como um “operador da censura”, a ofensiva omite as violações cometidas pelas empresas no Brasil. A suspensão ocorreu depois que a X se recusou a indicar um representante legal no país, uma exigência da legislação nacional.

Mas as sanções contra o ministro brasileiro foram sugeridas no processo da Rumble e das empresas de mídia de Donald Trump contra Moraes.

No documento apresentado às cortes na Flórida, as duas empresas insistem que Moraes repetiu o mesmo comportamento do Tribunal Penal Internacional ao ameaçar os interesses de cidadãos e empresas americanas. A corte internacional foi alvo de sanções e seu procurador-geral teve seus bens confiscados nos EUA.

CRISE EM MONTAGEM  – Para diplomatas e interlocutores em Washington ouvidos pela reportagem, o palco de uma crise política entre Donald Trump e o Brasil está sendo montado.

Na semana passada, Moraes suspendeu a plataforma Rumble depois de a empresa não indicar um representante legal no Brasil. Era a oportunidade que bolsonaristas e a base do governo de Donald Trump esperavam para manipular uma justificativo de uma eventual ação contra o juiz brasileiro.

Em dezembro de 2023, a plataforma foi fechada no Brasil. Oficialmente, a empresa indicou que, por discordar de uma decisão de Moraes de remoção de conteúdo do influenciador Monark, ela optou por deixar o país. Outras plataformas simplesmente seguiram as sentenças do Judiciário.

RETORNO – Mas a companhia retomou suas atividades em fevereiro de 2025, indicando que a vitória de Trump na eleição nos EUA teria facilitado essa decisão.

Com seu retorno, contas que tinham sido banidas como a de Allan dos Santos e que disseminavam desinformação sobre o sistema eleitoral nacional foram retomadas.

A armadilha estava montada. O CEO da empresa, Chris Pavlovski, indicou que não cumpriria as decisões do STF e, caso seja suspensa, observadores nos EUA e no Brasil apontam que o banimento pode se transformar numa crise diplomática.

ESTRATÉGIA – Trump usa a Rumble como plataforma para sua própria rede social e um ataque contra a empresa seria considerado como um ataque contra os aliados da Casa Branca.

Para os advogados da Rumble e das empresas de Trump, as “táticas extrajudiciais do juiz Moraes também estão em conflito direto com política pública dos EUA, conforme articulado na Ordem Executiva 14203, emitido pelo presidente Trump no início deste mês”.

O decreto se opõe a “excessos judiciais estrangeiros que buscam impor jurisdição a entidades dos EUA sem consentimento”.

DIZ O PROCESSO – “Ao coagir a Rumble a nomear advogados brasileiros e ameaçando com ações punitivas se ela não cumprir, as ações do ministro Moraes espelham o tipo de conduta extraterritorial condenada pela Ordem Executiva”, afirmam no processo contra o brasileiro.

“Suas ordens também visam contornar a determinação prévia do governo dos EUA, ameaçando a soberania da lei dos EUA e minando a cooperação internacional”, diz.

Para a defesa de Trump, “os paralelos entre as ações do Tribunal Penal Internacional condenadas na Ordem Executiva 14203 e a conduta do juiz Mores são impressionantes”.

ORDENS DE MORDAÇA – “Ambas envolvem atores judiciais estrangeiros que pretendem afirmar jurisdição extraterritorial sobre indivíduos e entidades além de seu alcance legítimo ou sem o consentimento dos EUA”, afirmam.

Assim como o decreto de Trump descreve as investigações de Haia e os mandados de prisão contra cidadãos americanos como ilegítimos e ameaçadores, “as ordens de mordaça do ministro Moraes buscam impor leis de censura brasileiras a empresas sediadas nos EUA, infringindo o discurso protegido pela constituição e operando fora dos limites permissíveis da autoridade judicial”, afirmam.

Segundo eles, as ordens de Moraes “seguem o mesmo padrão de exagero: visam empresas sediadas nos EUA como Rumble e TMTG, essas ordens exigem a remoção de conteúdo legal que não viola a lei dos EUA”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGMoraes tem razão em tentar regular as redes sociais, porém não sabe como fazer e age como um trapalhão. (C.N.)

Cid e militares contestam tese de que reunião de oficiais era para dar golpe

Mauro Cid diz que Bolsonaro 'ficou milionário' enquanto sua vida  desmoronava | Jovem Pan

Cid não concorda com ilação do procurador Paulo Gonet

Cézar Feitoza
Folha

A PGR (Procuradoria-Geral da República) denunciou seis oficiais do Exército que participaram de uma reunião em novembro de 2022 na qual, segundo a acusação, foram elaboradas estratégias para pressionar os chefes militares a apoiarem um golpe de Estado.

A versão apresentada pela PGR é contestada pelo tenente-coronel Mauro Cid e pelos militares que participaram do encontro. Diante do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), o delator reafirmou o argumento de que a reunião não tramava conspirações.

CONVERSA DE BAR – “Eu gostaria de caracterizar essa reunião como conversa de bar. Bate-papo de bar. Ninguém apresentou documento, ninguém sentou para organizar [a pressão contra os comandantes militares]”, disse Cid.

O encontro ocorreu na noite de 28 de novembro de 2022 no salão de festas do prédio em que morava o coronel Márcio Nunes de Resende Júnior, em Brasília. Era uma segunda-feira, dia que marcava o início das reuniões do Alto Comando do Exército naquela semana, quando a cúpula da Força se encontrava na capital federal.

Mauro Cid disse, em depoimento à Polícia Federal, que militares com formação nas Forças Especiais se encontravam com frequência mensal em Brasília para confraternizar. Como os “kids pretos” que assessoravam generais do Alto Comando tinham viajado a Brasília naquela semana, decidiu-se, segundo Cid, marcar um encontro dos antigos colegas.

SERIA CONSPIRAÇÃO? – A conversa durou cerca de três horas. Os militares denunciados tentam minimizar o teor das conversas, enquanto a PGR interpreta o encontro como parte das conspirações golpistas.

Segundo a Procuradoria, a reunião foi organizada pelo coronel Bernardo Romão Correa Neto —à época assistente do então comandante militar do Sul, general Fernando Soares.

“Resolvi tomar uma iniciativa e conto com o apoio do Nilton para isso. Reunir alguns FE [Forças Especiais] em funções chaves para termos uma conversa sobre como influenciar nossos chefes”, escreveu Correa Neto para o coronel Fabrício Moreira de Bastos em 26 de novembro de 2022.

ESTRATÉGIA DE PRESSÃO – A PF diz que cerca de dez militares participaram do encontro. A PGR reforça que a reunião buscava “desenvolver estratégia de pressão sobre os comandantes renitentes [aos planos por um golpe de Estado]”.

O procurador-geral Paulo Gonet destaca dois pontos principais para concluir que os militares presentes na reunião conspiravam contra a democracia.

O primeiro é o fato de que os oficiais tinham enviado entre si, pelo WhatsApp, um documento elaborado por militares do Exército cujo objetivo era pressionar o comandante da Força para apoiar o golpe.

CARTA DA ATIVA – A “carta dos oficiais da ativa ao Comando do Exército” passou a circular nos meios militares naquele dia, como mostrou a Folha. Os quatro coronéis autores do documento foram identificados em investigação do Exército e indiciados na Justiça Militar —Paulo Gonet, porém, não denunciou os indisciplinados.

O fato de os militares já terem acesso à carta e terem conversado sobre o documento na reunião é apontado pela PGR como prova de que eles pressionaram o comandante do Exército por um golpe.

A segunda prova apontada pela PGR são mensagens de WhatsApp trocadas entre os militares durante o encontro. Em uma delas, o coronel Bastos elencou cinco “ideias-força” supostamente definidas na reunião.

IDÉIAS-FORÇA – Seriam elas as seguintes, segundo o militar: 1) “Falta de coesão dentro da Força — Nec [necessidade] de atuação no curtíssimo prazo”; 2) “Nec de alertar os C Mil A [Comandos Militares de Áreas] acerca da realidade”; 3) “Rlz [realizar] ações concretas no campo informacional (comunicação estratégica)”; 4) “Criação de um Gab [gabinete de] Crise, inicialmente no campo informacional”; 5) “O EB [Exército Brasileiro] deverá falar com o Presidentes do Poder Legislativo e Judiciário”.

E o “estado final desejado” seria estabelecer “laços de confiança” entre o então presidente Jair Bolsonaro (PL) e o comandante do Exército, general Freire Gomes.

CENTRO DA GRAVIDADE – O coronel Bastos ainda apontava o ministro Alexandre de Moraes como o “centro de gravidade” —conceito militar que representa a fonte de força e de poder do inimigo, alvo principal para desestabilizar o oponente.

Mesmo com as provas apresentadas pela PGR, Mauro Cid disse em depoimento que o encontro entre os militares era informal e não foram elaborados planos para pressionar os chefes das Forças Armadas.

“Obviamente, o que foi conversado e discutido é a mesma coisa da conjuntura, do que estava acontecendo. Se conversou sobre as manifestações, do pessoal pedindo [o artigo] 142, aquela pressão que estava acontecendo no Exército”, disse Cid à Polícia Federal.

QUERIA SABER – “O pessoal queria saber o que cada oficial estava pensando, porque ali tinha militares que eram assessores de generais. O que cada comandante estava pensando. Então o papo foi em torno disso daí.”

Segundo Cid, o coronel Cleverson Ney Magalhães disse no encontro que seu chefe, o general Estevam Theophilo, era “muito leal ao general Freire Gomes e que não iria fazer nada se não tivesse anuência do Alto Comando”.

Sobre a carta dos oficiais, Cid disse que o assunto foi comentado como se fosse um “tiro no pé”. “Quem assinasse seria punido e ia acabar não tendo muita relevância [na carreira], porque o militar não pode assinar abaixo-assinado”, completou.

CONFRATERNIZAÇÃO – O coronel Correa Neto defendeu linha parecida com Cid. Disse, segundo termo de depoimento, que na reunião “foi conversado [sobre] o momento pessoal de cada um e sobre o cenário político”.

O coronel Cleverson também afirmou à PF que tratou o encontro como uma “confraternização de final de ano extremamente informal”. Ele disse ainda que foi contra a carta que pressionava o general Freire Gomes: “Transparece uma transgressão disciplinar; [olhei] com esse enfoque para a referida carta”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mas uma excelente matéria de Cézar Feitosa. Mostra a disparidade entre o que foi dito na delação e o que foi ouvido pela Procuradoria, digamos assim. O nome disso é manipulação. (C.N.)