Datafolha diz que aprovação de Lula (24%) é a pior de todos os tempos

Lula será o mais velho a deixar Presidência; veja ranking - 31/12/2024 -  Poder - Folha

Será que Lula vai culpar de novo a área da comunicação?

Igor Gielow
Folha

A aprovação do presidente Lula (PT) desabou em dois meses de 35% para 24%, chegando a um patamar inédito para o petista em suas três passagens pelo Palácio do Planalto. A reprovação também é recorde, passando de 34% a 41%.

Acham o governo regular 32%, ante 29% em dezembro passado, quando o Datafolha havia feito sua mais recente pesquisa sobre o tema. Neste levantamento, foram ouvidos 2.007 eleitores em 113 cidades, na segunda (10) e na terça-feira (11), com margem de erro geral de dois pontos para mais ou menos.

CRISES SUCESSIVAS – O tombo demonstra o impacto de crises sucessivas pelas quais passa o governo, sendo a mais vistosa delas a do Pix. Ela ocorreu em janeiro, com a divulgação de que o governo iria começar a fiscalizar transações superiores a R$ 5.000 pela modalidade instantânea de transferência bancária.

Ato contínuo, houve uma cobrança da oposição, sugerindo controle indevido, e uma enxurrada de fake news dizendo que haveria uma taxação do Pix. O governo ficou atônito, e restou à Fazenda do ministro Fernando Haddad (PT) revogar a medida.

Lula preferiu atribuir o fiasco à sua comunicação e trocou a chefia do setor, promovendo o marqueteiro baiano Sidônio Palmeira para a vaga do petista Paulo Pimenta. Os problemas, contudo, continuaram.

E A INFLAÇÃO? – A inflação de alimentos é um foco constante de preocupação, e o presidente não contribuiu com frases como aquela na qual sugeriu que as pessoas parassem de comprar comida cara. Se na teoria parece lógico, soou como um lavar de mãos, devidamente aproveitado pela mais ágil oposição.

Resultado: Lula colheu a pior avaliação de sua vida como presidente. Antes, havia atingido 28% de ótimo e bom em outubro e dezembro de 2005, no auge da crise do mensalão, em seu primeiro mandato (2003-06). Já o maior índice de ruim e péssimo fora registrado em dezembro passado (34%).

Seu terceiro mandato, iniciado em 2023, vinha sendo marcado por uma certa estabilidade na avaliação. Na média entre nove levantamentos do Datafolha, sua aprovação era de 36% e a reprovação, de 31%. Os números atuais falam por si.

NEM BOLSONARO… – Seu antagonista principal na polarização brasileira, o antecessor Jair Bolsonaro (PL), tinha uma reprovação semelhante a essa altura de seu mandato, marcando 40% de ruim/péssimo. Sua aprovação, contudo, era algo melhor: 31%.

A pesquisa mostra a erosão da popularidade de Lula inclusive em grupos usualmente próximos do petista, o que deve tornar as luzes amarelas acesas no Planalto em vermelhas. São estratos com grande importância eleitoral pelo tamanho.

Na parcela dos que ganham até dois salários mínimos, por exemplo, a aprovação caiu de 44% para 29%. Eles representam 51% da amostra populacional do Datafolha, e a margem de erro no grupo é de três pontos percentuais apenas.

OUTROS RESULTADOS – Nos 33% dos ouvidos que só têm ensino fundamental, o tombo foi também de 15 pontos: de 53% para 38%. Aqui, a margem de erro é de quatro pontos.

Mesmo na fortaleza Nordeste, reduto eleitoral por excelência do petismo apesar do avanço do bolsonarismo, houve grande prejuízo, com o ótimo/bom deslizando de 49% para 33%, numa região que concentra 26% do eleitorado, com margem de erro também de quatro pontos.

Entre eleitores de Lula no segundo turno contra Bolsonaro em 2022, o recuo foi de 20 pontos, chegando a 46%. Aqui, a desaprovação quase dobrou (7% para 13%), mas a desconfiança fez a opinião migrar mais para o regular, que foi de 27% para 40%. A margem de erro é de quatro pontos.

EM DECADÊNCIA -Colocando os números de aprovação na forma de saldo, Lula só se sai no azul entre os menos escolarizados, com uma margem positiva de dez pontos, e numericamente entre os nordestinos, com magros três pontos.

Já os piores grupos, em termos de saldo, são as três faixas de renda acima dos 2 mínimos: de 2 até 5 e de 5 até 10 salários (33 pontos negativos em ambos) e acima de 10 (45 negativos), ressalvando que aí as margens de erro são respectivamente de 4, 8 e 12 pontos, para mais ou menos.

A pesquisa não fez especulações eleitorais, mas servirá de combustível para o debate surdo que ocorre nas hostes governistas acerca das chances de Lula em 2026.

LONGO PRAZO – Outros levantamentos publicados recentemente apontam que ele segue favorito, mas ainda é cedo e não se sabe o impacto de longo prazo de uma exposição à chuva da desaprovação.

O próprio presidente tem tentado sugerir cautela, dizendo que será candidato no ano que vem “se estiver legal de saúde”. Ele já escolheu uma linha argumentativa, repetida por seus ministros, para explicar a crise em que seu governo se encontra.

“Esse é o meu ano. Eu quero desmascarar essa quantidade de mentira que tem nas fake news, no celular, todo mundo mentindo para todo mundo”, disse em viagem à região Norte na semana passada, restando sabe se isso será suficiente para inverter a curva ora desfavorável de sua aprovação.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Com prazo de validade vencido, Lula tenta reviver o passado em forma de farsa. Não tem simancol, vive uma realidade paralela. O vexame que deu com a mulher sem dentes foi grotesco. Ele demonstra que não tem a menor condição de exercer a Presidência, mas continua sonhando com a reeleição, porque sonhar ainda não foi proibido pelo amigo Xandão. (C.N.)

Ninguém se envergonha de o Brasil ser um dos países mais corruptos

Corrupção - Disciplina - Lingua Portuguesa

Charge do Cícero (Correio Braziliense)

Mario Sabino
Metrópoles

O brasileiro não está preocupado com a vergonha de o Brasil ser apontado como um dos países mais corruptos pelo mundo pela Transparência Internacional, em fato medido, comprovado. Em 2012, estávamos no 69º lugar, entre 180 países. Hoje, estamos na 107ª posição.

Não era honroso, mas não era desastroso. Agora, estamos no nosso devido lugar: o do desastre permanente. Objetivos alcançados, missão cumprida.

CORRUPÇÃO ACEITA – Prisões da Polícia Federal por corrupção despencam quase 80% em 6 anos. Brasileiro gosta de ladrão. Vota em ladrão, tem simpatia por ladrão, solta ladrão. Admira ladrão, homenageia ladrão. As exceções confirmam a regra. O destino.

Estou falando de política, não do ladrão cotidiano, do assaltante, do falso entregador que mata por celular, do chefão da facção criminosa.

Estranhamente, porém, o brasileiro não estabelece relação entre uma coisa e outra. Entre o ladrão da política e o ladrão que inferniza o nosso dia a dia. É como se o segundo não fosse a consequência lógica do primeiro, não fosse o seu espelho.

IGUAIS A ELES – Já presenciei olhinhos que pareciam honestos se revirarem de prazer quase carnal diante de notórios finórios. Quanto não dariam para ser como eles?

Certa vez, em uma roda em São Paulo, ouvi um sujeito dizer para o gáudio dos presentes: “Não preciso mais fazer política, já ganhei dinheiro suficiente”.

Juro. Eu não sabia quem era o gajo, fui informado sob demanda, no privado, de que se tratava de um ex-suplente de senador de um estado do Centro-Oeste, como você não conhece, rapaz? Mas a casa do ex-suplente — espetacular, você precisa ver — era na capital paulista. É.

CULPA DA LAVA JATO – O destino do brasileiro teve um interregno durante a Lava Jato. Aquela operação que cometeu “erros”, como repetem os meus colegas de profissão no aposto obrigatório ao lamentar as condenações revogadas, o produto de roubo devolvido. Lamento profissional, bem entendido, e que até culpa os “erros” da Lava Jato por tudo ter voltado a ser como sempre foi ou até pior.

Vamos deixar de conversa mole e adentrar a conversa dura: o grande “erro” da operação foi ter investigado, processado e prendido ladrão graúdo, de empresário a político, aproximando-se perigosamente das togas.

A Justiça brasileira tratou de consertar esse erro, de nos tirar do desvio e de impedir que ele se repita. Era perigo da extrema direita, ameaça para a democracia, já passou. É o nosso destino: a cobiça. É a história, é a sociologia, é a formação, é o caráter nacional.

CARÁTER NACIONAL – Em Paulo Prado, “Retrato do Brasil”, está lá: “Corsários, flibusteiros, caçulas das antigas famílias nobres, jogadores arruinados, padres revoltados ou remissos, vagabundos dos portos do Mediterrâneo, anarquistas e insubmissos às peias sociais – toda a escuma turva das velhas civilizações, foi deles o Novo Mundo”.

O que resta? Paulo Mendes Campos, o Paulinho amigo, lá de 1961, em crônica: “Resta por fim como espantalho gritantemente brasileiro, vergonhosamente brasileiro, o pobre, nosso compatriota de pé no chão, destroçado pelos parasitas, cegado pelo tracoma, morando em casebres de barro, palafitas, mocambos, favelas, cobertos de feridas, analfabeto, mal alimentado, vestido de farrapos, pobre criatura humana, pobre bicho humano, pobre coisa humana, pobre brasileiro humano”.

Mas vamos deixar de sentimentalismos. Se pudesse, o nosso compatriota de pé no chão roubaria também.

Os 12 trabalhos do autocrata Trump em busca da erosão democrática

Estados entram na Justiça contra ordem de Trump sobre cidadania de filhos  de imigrantes ilegais: 'Ele não é rei', diz procurador | Mundo | G1

Trump está seguindo o manual para destruir a democracia

Conrado Hübner Mendes
Folha

Não há receita rígida para desmontar a democracia. A ordem de fatores e a dose variam. Mas o roteiro contemporâneo combina 12 tarefas. Invariavelmente. Um programa de transferência de tecnologia da autocratização. Aqui um resumo temático.

  1. O autocrata e o Povo. Induza confusão entre vitória eleitoral e mandato ilimitado. A identificação existencial entre povo genuíno e líder eleito apaga a distinção entre maiorias e minorias. Estas, ou se aliam, ou são excluídas. Não há diversidade: “povo” de um lado contra os moralmente depravados de outro.
  2. O autocrata e a Verdade. Estigmatize e inviabilize instituições de produção de informação, ciência e imaginação crítica. Ataque universidades, vigie salas de aula, intimide cientistas, professores, jornalistas. Invoque intenções maliciosas no que fazem.
  3. O autocrata e Deus. Explore o poder religioso. O líder não é só encarnação messiânica do povo, mas se relaciona com a vontade de Deus. De um Deus.
  4. O autocrata e o Tempo. Administre a velocidade. Saiba os benefícios da tempestade (“shock and awe”) e o momento de desacelerar. Alterne avalanche e calmaria para desnortear. Invente um passado e dali tire seu plano de futuro.
  5. O autocrata e a Lei. Da lei se imponha como último intérprete. A linguagem jurídica oferece potente ferramenta de autolegitimação. Formal e informalmente, inunde cortes e as desafie a controlar seus atos (“shock and law”). Ignore ou desobedeça a ordens judiciais. Desgaste capital político de cortes e, na hora certa, capture juízes e juristas.
  6. O autocrata e a Palavra. Bagunce a semântica, descole as palavras de seus conceitos enraizados. Torne as ideias de liberdade, democracia e direitos o seu contrário. Esvazie a possibilidade da comunicação a partir de conceitos compartilhados.
  7. O autocrata e a Força. Demonstre ser um sujeito de força e explore a exibição de força. Militares, policiais e milícias sectárias são extensão de suas mãos. Infalíveis no combate a inimigos, não devem satisfação à lei, apenas à sua pessoa.
  8. O autocrata e a Burocracia. Combata expertise e autonomia, rejeite atos de governo baseados em razão e evidência. Estigmatize burocratas profissionais e os substitua por lealistas e apologistas.
  9. O autocrata e a Política. Quase todas as dimensões da vida devem se politizar. Combata instituição imparcial. Todo indivíduo e instituição deve assumir lado, critério primário de autoidentificação pública e privada.
  10. O autocrata e o Poder Econômico. Não deixe de trazer a oligarquia para o governo.
  11. O autocrata e o Estrangeiro. Em nome da soberania, rejeite governança supranacional dos direitos humanos, da segurança internacional, sanitária e climática. E se credencie no consórcio global contra a democracia.
  12. O autocrata e inimigos imaginários. Fabrique pânico moral permanente e legitime violência contra os grupos mais vulneráveis. Associe imigrantes, transgêneros, negros, indígenas, militantes sociais ao crime.

Na mitologia grega, o rei Euristeu impôs 12 missões a Hércules. Tarefas como matar o leão de Nemeia e roubar o cinturão de Hipólita. Parecia impossível aos cientistas políticos da época. Hércules foi lá e fez.

Trump e Bolsonaro se familiarizaram com a cartilha no primeiro mandato. Trump veio mais afiado e bem assessorado para efetivá-la no segundo.

Um dia para se guardar do lado esquerdo do peito, dentro do coração

Image tagged with mário quintana, frase, amizade – @frasespoesiaseafins on TumblrCarlos Newton

Hoje é o Dia Internacional da Amizade. Para comemorar esta data muito especial, selecionamos um texto do escritor e poeta português Fernando Pessoa, um poema do compositor e poeta carioca Paulo Peres e uma frase do poeta gaúcho Mário Quintana, mas sempre lembrando também a maravilhosa mensagem de Milton Nascimento e Fernando Brant, em “Canção da América”, porque amigo é coisa para se guardar debaixo de sete chaves, do lado esquerdo do peito, dentro do coração…

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DOIS AMIGOS ZANGADOS
Fernando Pessoa

Encontrei hoje em ruas, separadamente, dois amigos meus que se haviam zangado. Cada um me contou a narrativa de por que se haviam zangado. Cada um me disse a verdade. Cada um me contou as suas razões.

Ambos tinham razão. Ambos tinham toda a razão. Não era que um via uma coisa e outro outra, ou um via um lado das coisas e outro um lado diferente. Não: cada um via as coisas exatamente como se haviam passado, cada um as via com um critério idêntico ao do outro.

Mas cada um via uma coisa diferente, e cada um portanto, tinha razão.

Fiquei confuso desta dupla existência da verdade.

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UM POEMA DE PAULO PERES PARA O DIA DE HOJE

DIA DO AMIGO
Paulo Peres
 

Não existe palavra
Que possa definir
O real significado,
A bênção Divina
E a felicidade infinita
De tê-lo como amigo.

Linguajar destemperado de Lula atrapalha a marquetagem de Sidônio

Lula: Nenhum de vocês conhece inflação como eu | CNN 360º

Lula afirma que a inflação está razoavelmente controlada

Josias de Souza
do UOL

A gestão de Sidônio Palmeira na Secretaria de Comunicação da Presidência fará aniversário de um mês nesta sexta-feira. Nesse período, o marqueteiro devolveu Lula à boca do palco. Fez o chefe circular. O resultado das primeiras incursões foi espantoso.

Em quatro semanas, Lula culpou consumidores pela carestia —”Se está caro, não compra”—, atribuiu a alta do dólar e dos juros a Roberto Campos Neto —”Ele deixou uma arapuca”— e algemou Fernando Haddad —”Se depender de mim não tem outra medida fiscal”.

E TAMBÉM… – Como se fosse pouco, atropelou Marina Silva. Chamou de “lenga-lenga” a análise técnica do Ibama sobre a prospecção de petróleo na Foz do Amazonas -“Está parecendo que é um órgão contra o governo”— e deu de ombros para a emergência climática -“Eu quero que seja explorado”. Beleza. Mas precisava da grosseria?

O jacaré abre a boca para Lula nas pesquisas. A linha da reprovação do governo sobe. A da aprovação desce. Vai ficando claro que não há uma crise de comunicação, há escassez de material a ser comunicado.

Vivo, Cazuza diria que Lula 3 virou um museu de grandes novidades.

NOVA CAMPANHA – Vem aí a primeira campanha publicitária com a grife de Sidônio Palmeira. Terá viés nacionalista, informa a Folha.

O pano de fundo será a celebração dos dois anos de governo. Sidônio confunde campanha institucional com campanha eleitoral.

De resto, a língua de Lula desafia a marquetagem. Dedica-se a um tipo inusitado de magia. A cada aparição, tira um gambá novo da cartola.

Lula critica Ibama pela demora em autorizar pesquisas na Margem Equatorial

PL busca líderes de partidos para fechar votos da anistia até o Carnaval

Cartum: quadrinhos, tirinhas e charges - 12/09/2024 | Folha

Charge do Laerte (Folha)

Augusto Tenório
Metrópoles

A cúpula do PL iniciou um esforço concentrado em busca de apoio ao projeto de anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro. O ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, e congressistas da legenda iniciaram conversas com dirigentes do centrão, pedindo sinal verde para abordar deputados e conseguir os 257 votos.

O objetivo dos bolsonaristas é levar a proposta ao colégio de líderes da Câmara até o Carnaval.

MAIORES ALIADOS – Os alvos do cortejo da cúpula do PL são os presidentes: Gilberto Kassab, do PSD; Marcos Pereira, do Republicanos; e Antônio Rueda, do União Brasil. Na estimativa da legenda de Bolsonaro, pelo menos metade das bancadas do centrão deve apoiar a anistia.

Essas siglas mantêm núcleos bolsonaristas, que ignoram o fato de aliados comandarem ministérios no governo Lula. O PL quer investir nesses grupos, além de apelar aos independentes.

O partido de Bolsonaro também espera contar com a anuência do PP de Ciro Nogueira, uma vez que o senador foi ministro da Casa Civil no governo passado. O presidente do Progressistas se manteve alinhado à oposição no governo Lula, e é cotado como vice de uma eventual candidatura do ex-presidente.

CONTANDO VOTOS – Juntos, PP, União Brasil, PSD e Republicanos somam 197 deputados. Dessa forma, levando em conta o cálculo do PL de garantir pelo menos metade dessas bancadas, o partido de Bolsonaro conseguiria mais 98 votos.

O número ainda não é o suficiente para aprovação de um projeto de lei.

Dessa forma, a cúpula do PL pode se ver obrigada a procurar apoio no MDB de Baleia Rossi, que é aliado do governador Tarcísio de Freitas (SP). A procura por legendas menores, como PRD e Avante, que somam 12 deputados, também está no radar.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O autor do projeto, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), calcula entre 15 e 18 traições na bancada de seu partido. Ele está agora na liderança do PL e vai pressionar pela votação. Sóstenes é amigo do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, e está confiante em que terá apoio. (C.N.)

Que assuntos o STF trata com Lula e ministros no escurinho de um jantar?

COMPENSA SIM ! ! ! | JORNAL DA BESTA FUBANA

Charge do Zappa (humortadela)

J.R. Guzzo
Estadão

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, convidou o presidente da República e mais um lote de gatos gordos do seu governo para um jantar entre eles. Nenhum membro do Congresso Nacional foi convidado. Você, então, nem pensar – seu papel se limita, como sempre, a pagar a conta.

Tudo bem: o ministro Barroso não é obrigado, legalmente, a incluir nenhum deputado em seus convites, e muito menos o pagador da conta.

Mas a partir do minuto em que o STF anuncia esse jantar como um evento de alta importância pública, equivalente à assinatura do Tratado de Versalhes ou coisa parecida, passa a ser a sua obrigação, sim, explicar o que está fazendo. Aí fica tudo errado.

É “IMPRÓPRIO” – O convite, para começar, é impróprio – para usar uma palavra que os analistas políticos gostam de escrever quando, com todo o respeito, pedem vênia ao Excelso Pretório para discordar, civilizadamente, de alguma coisa que os ministros fazem.

O STF não tem nada de convidar um dos poderes, e não o outro, para festejos a portas fechadas – ou abertas. Não vivem dizendo que “isso aqui não é a casa da Maria Joana”?

Então: se vamos para um incesto público entre Poder Judiciário e Poder Executivo, a própria Maria Joana pensaria duas vezes antes de abrir a sua casa para um negócio desses.

ASSUNTOS DE ESTADO – A finalidade do jantar, segundo se anunciou, é tratar de assuntos de Estado entre o STF e o governo Lula. Mas não existe rigorosamente nenhum assunto de Estado, um único que seja, para ser tratado em particular entre o comando do Poder Judiciário e o comando do Poder Executivo.

Alguém é capaz de sugerir alguma questão que o STF e Lula tenham de tratar entre si? No tempo em que o Brasil tinha juízes de verdade, um magistrado não ia jantar com os paxás do governo.

“Se o senhor tem algum assunto a discutir, por favor venha aqui ao Fórum”, dizia o juiz, “e fale o que quiser, na frente do escrivão”. Ponto final.

FALTA DE ÉTICA – O STF atual dá a impressão de achar incompreensível este tipo de conduta – que fazia parte do código de ética mais elementar de um integrante do sistema de justiça. “Como assim? Qual é o problema da gente se trancar com o presidente da República e a turma dele para tratar das nossas coisas? Ninguém tem nada a ver com isso”. É o que estão dizendo os ministros do STF – é este, hoje em dia, o seu procedimento operacional padrão.

Não há, como se constata pela aplicação dos princípios básicos da lógica, nenhum assunto de interesse público que possa ser tratado no escurinho de um jantar desses.

CONVERSA FIADA – Há, do lado de Lula, assuntos que são do interesse direto de Lula. Do lado dos ministros, os assuntos são do interesse direto dos ministros. O resto é conversa jogada fora.

Que assuntos poderiam ser esses? Muitos, mas uma coisa é 100% certa: nada do que eles conversarem entre si, nada de nada, poderia ser dito em público. Se não fosse assim, por que a conversa fechada, sem o testemunho de nenhum parlamentar?

O STF formou maioria, e há muito tempo, para banir a moral da vida pública brasileira. Um cidadão decente, no Brasil de hoje, é uma ameaça à “democracia”; não pode ouvir o que eles dizem, porque se souber o que estão dizendo vai fazer “ataques” ao “Poder Judiciário”. Transparência nos atos do governo tornou-se uma agressão às instituições.

Sem foco e sem luz, o governo Lula semeia o desânimo popular

Lula assume governo com o desafio de manter a inflação sob controle |  Charges | O Liberal

Charge do J.Bosco (O Liberal)

Maria Hermínia Tavares
Folha

O presidente Lula chega à metade de seu mandato carente do entusiasmo que despertou no passado. Recente pesquisa Genial/Quaest mostra queda da aprovação do seu trabalho; pela primeira vez, desde 2023, mais entrevistados o desaprovam. A perda de apoio é significativa por também ocorre entre seus eleitores fiéis.

Os bons indicadores econômicos —crescimento do PIB e do emprego— não amainaram as críticas dos formadores de opinião que duvidam de sua sobrevida a médio prazo.

DESÂNIMO POPULAR -O aumento do preço dos alimentos parece impedir que aqueles resultados se traduzam em sensação de melhoria para os muitíssimos que vivem com dinheiro contado.

 Nenhuma iniciativa do governo tem conseguido erguer o ânimo popular. Muito menos o das elites que desconfiam do mandatário e de seu partido.

Diante disso, fraqueja a fidelidade das legendas de direita que formam a coalizão governista. Dez entre dez analistas preveem obstáculos políticos no Congresso ao longo dos quase dois anos que restam à Presidência Lula.

TRÊS DESAFIOS – As dificuldades do governo são de três tipos: institucionais, políticas e de clareza de objetivos. A arquitetura política brasileira inibe a concentração de poder decisório no Executivo nacional.

Federação; multipartidarismo; e, em consequência, governo de coalizão; Congresso bicameral; e Corte Suprema com amplos poderes são a fórmula institucional que desconcentra poder, restringe a capacidade de ação unilateral da Presidência e bloqueia governos de um só partido. Assim, obriga a negociação de consensos entre lideranças e legendas distintas.

O resultado é um processo sempre lento e difícil de administrar. E ainda mais complicado quando, ao longo da última década, o Legislativo se fortaleceu frente ao Executivo.

UM NEGOCIADOR – Nesse arranjo, líder apto é aquele que agrega, negocia, convence e concede; nunca o que trata de impor sua vontade ou o programa de seu partido.

Se as coalizões de governo são sempre necessárias, porque resultantes de fatores institucionais, a atual administração enfrenta outra dificuldade —esta, de natureza propriamente política: para governar, o presidente de centro-esquerda precisa das forças de direita, majoritárias no Congresso. Porém, ter a direita no governo naturalmente reduz a ambição de qualquer agenda progressista.

Nada disso é novidade para o presidente Lula. Afinal, no passado, ele governou com coalizões que incluíam partidos do centrão. Negociador nota 10, soube construir consensos em torno de políticas de inequívoco impacto social.

DESEMPENHO FOSCO – Embora as instituições e as novas prerrogativas de um Legislativo dominado pelos conservadores imponham limites a iniciativas de centro-esquerda, não parece estar principalmente aí o nó que amarra a gestão atual a um desempenho fosco.

Pois já não basta ao seu condutor dizer que suas metas são cuidar do povo e garantir trabalho e comida para todos os brasileiros. Faltam a Lula uma nitidez de objetivos, foco e prioridades claras.

Precisa de uma política econômica que explicite compromisso com a estabilidade da moeda e o crescimento sustentável e uma agenda social inovadora que enfrente a questão da qualidade dos serviços públicos e da criação de oportunidades de desenvolvimento para pessoas e famílias.

Trump garante a Putin a vitória na Ucrânia e muda tudo na Europa

A weakened Zelensky acknowledges opening of peace negotiations

Apanhado de surpresa, Kelenski não sabe como proceder

Anton Troianovski
Folha/New York Times

Para o presidente da Rússia, Vladimir Putin, uma ligação telefônica marcou um ponto de virada tão importante quanto qualquer batalha em sua guerra de três anos na Ucrânia.

Em um longo telefonema na quarta-feira, o presidente Trump transmitiu uma mensagem a Putin que resumiu muito da forma como o líder russo vê o mundo de hoje: que a Rússia e os Estados Unidos são duas grandes nações que devem negociar diretamente o destino da Ucrânia e passar a tratar de assuntos globais ainda mais importantes.

MAPA REDESENHADO – Foi o sinal mais claro de que Putin, apesar dos fracassos desastrosos da Rússia no início de sua invasão da Ucrânia no começo de 2022, ainda poderia sair da guerra com um mapa redesenhado da Europa e uma expansão da influência da Rússia.

O telefonema foi feito no mesmo dia em que o secretário de defesa de Trump, Pete Hegseth, declarou que os Estados Unidos não apoiariam o desejo da Ucrânia de se tornar membro da Otan.

Também ocorreu no momento em que o Senado confirmou Tulsi Gabbard, amplamente vista como simpática a Putin, como a próxima diretora de inteligência nacional.

JOGO INTELIGENTE – Em conjunto, os acontecimentos marcaram uma recompensa para a campanha de meses de Putin de elogios a Donald Trump – aparentemente acreditando que o presidente americano tem o poder de proporcionar uma vitória russa na Ucrânia.

“Putin está jogando um jogo muito inteligente”, disse Tatiana Stanovaya, membro sênior do Carnegie Russia Eurasia Center, em Berlim. “Ele está investindo 100% no esforço para seduzir Trump”.

Em Moscou, a notícia da tão esperada ligação provocou uma onda de alegria mal contida. Os comentaristas afirmaram que o esforço de três anos liderado pelos americanos para isolar a Rússia havia terminado enfaticamente.

“GRANDE HISTÓRIA” – Eles comemoraram a brilhante postagem de Trump na mídia social após a ligação sobre “a Grande História de Nossas Nações” e observaram que o presidente americano havia falado com Putin antes de ligar para o presidente Volodmir Zelenski da Ucrânia.

Um parlamentar russo disse que a ligação de Putin com Trump “rompeu o bloqueio do Ocidente”. Outro disse que os europeus certamente estavam lendo a postagem de Trump sobre o assunto “com horror e não conseguiam acreditar em seus olhos”. Um terceiro disse que era um “dia de boas notícias”.

Em um sinal da explosão de otimismo, o principal índice do mercado de ações da Rússia saltou 5% na manhã de quinta-feira, atingindo seu ponto mais alto desde o verão passado, e sua moeda abalada, o rublo, ganhou em relação ao dólar, atingindo seu nível mais forte desde setembro.

RETIRADA DE SANÇÕES – Os empresários russos esperam que um acordo de paz com Trump possa levar à retirada das sanções contra seu país. O Kremlin disse que, além da Ucrânia, Trump e Putin abordaram as “relações bilaterais russo-americanas na esfera econômica”.

Tatiana Stanovaya e muitos outros comentaristas observaram que as chances de Putin conseguir tudo o que deseja estão longe de ser garantidas. Em particular, embora Trump pareça estar concentrado em acabar com os combates na Ucrânia, Putin quer um acordo mais amplo com os Estados Unidos que faça a Otan recuar e permita que a Rússia recupere uma esfera de influência na Europa.

“Donald Trump falou a favor de um fim rápido das hostilidades”, disse o Kremlin em seu resumo da ligação, dando a entender essa divergência. “Vladimir Putin, por sua vez, mencionou a necessidade de eliminar as causas fundamentais do conflito.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Grande passo para a negociação de paz, que significa o fim das sanções e um alívio econômico à Europa em pleno inverno, quando mais se sente falta do gás russo. Nesta sexta-feira, Zelenski se reúne em Munique com o secretário de Estado Marco Rubio, e o vice-presidente dos EUA, JD Vance. Vai espernear em vão, a festa dos dólares em profusão acabou, ele terá de negociar o cessar-fogo. (C.N.)

Novidade na corrupção brasileira é a propina já “prevista em contrato” 

Arquivos Lino Rogério da Silva Furtado - Perfil Brasil

Polícia Federal descobriu que há propinas até em contratos

Josias de Souza
do UOL

Os escândalos tornam-se mais escandalosos quando o país se habitua a eles. No caso das emendas parlamentares, o problema não é apenas a falta de luz. A questão é que a impunidade leva ao acúmulo de pus no fim do túnel. Desvio vai, desvio vem, ganhou o noticiário um caso inusitado.

Envolve a suspeita de cobrança de propina de 6% sobre verbas do Ministério da Saúde enviadas para um hospital da cidade gaúcha de Santa Cruz do Sul. Segundo a Polícia Federal, o desvio está previsto em contrato. Nessa versão, os investigados esqueceram de maneirar.

BUSCA E APREENSÃO – Entre os suspeitos está Lino Rogério Furtado, assessor do deputado Afonso Motta, do PDT, que diz desconhecer os malfeitos.

Por ordem do ministro do Supremo Flávio Dino, Lino Furtado foi afastado do cargo, teve a conta bancária parcialmente bloqueada e recebeu a visita dos rapazes da PF nesta quinta-feira.

No total, realizaram-se 11 batidas policiais. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos por Flávio Dino depois que a PF colecionou indícios de um rateio de verbas que inclui um lobista e funcionários do hospital.

IMPUNIDADE POLÍTICA – O novo escândalo chega às manchetes duas semanas antes de uma audiência de conciliação entre Executivo e Legislativo para tratar da transparência dos gastos. Foi convocada por Dino para 27 de fevereiro.

No ano passado, num encontro que teve o mesmo objetivo, Dino advertiu que os “armários” do Supremo estão “cheios de investigações contra parlamentares”.

Há duas dezenas de inquéritos. O excesso de tempestades recomenda que seja interrompida a bonança da impunidade.

Diretor da Transparência diz que Brasil parou de combater corrupção

Diretor de organização explica piora do Brasil em índice de corrupção | CNN Brasil

Desde a Lava Jato não se combate corrupção, diz Brandão

Deu na CNN

O Brasil caiu para a 107ª posição no mais recente Índice de Percepção da Corrupção, divulgado pela Transparência Internacional. Em entrevista à CNN, o diretor executivo da organização, Bruno Brandão, detalhou os fatores que levaram à queda do país no ranking.

O índice, considerado o mais abrangente e tradicional medidor de corrupção no mundo, é baseado na percepção de especialistas sobre o problema em 180 países e territórios.

EMENDAS SECRETAS – Brandão explica que, devido à natureza oculta da corrupção bem-sucedida, o índice se baseia em avaliações de empresários, investidores, juristas e acadêmicos que estudam ou trabalham com o tema.

Um dos principais fatores destacados por Brandão para a queda do Brasil no ranking é o uso indevido de emendas parlamentares.

O diretor executivo aponta três impactos sistêmicos desse esquema: 1) Destruição da capacidade do Brasil de formular políticas públicas com bases técnicas; 2) Explosão da corrupção no nível local, com bilhões de reais sendo direcionados a municípios sem capacidade de controle; 3) Distorção no processo eleitoral, com a reeleição favorecida para quem tem acesso às emendas.

RECEITA ANTICORRUPÇÃO – Brandão ressalta que os países bem-sucedidos no combate à corrupção compartilham três elementos essenciais: 1) Instituições sólidas, confiáveis e democráticas; 2) Leis eficazes que permitem o enfrentamento e a prevenção da corrupção; 3) Uma cidadania bem informada, consciente, livre e ativa na defesa de seus interesses e direitos.

O diretor enfatiza que, embora a receita seja simples de compreender, sua aplicação é desafiadora.

Para o Brasil melhorar sua posição no ranking, será necessário um esforço conjunto de fortalecimento institucional, aprimoramento legislativo e engajamento cidadão na luta contra a corrupção.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
No caso do Brasil, tudo isso funciona como uma belíssima Piada do Ano. Por obra e graça do Supremo, a corrupção não é mais punida no Brasil, as ações se arrastam de tal maneira que os crimes acabam prescrevendo. Quando chega a haver condenação, como no caso de Paulo Maluf, prevaleceu a prisão domiciliar, porque ele alegou ter câncer. Na verdade, foi câncer de próstata, que ele operou em 1990, e ficou curado. Apesar disso, deram a ele a prisão domiciliar, sem uso de tornozeleira. Ah, Brasil!!! (C.N.)

O boné de Lula é o nada absoluto deste país sem nada na cabeça

Lula com boné criado por seu marqueteiro

Lula com o boné criado por seu ministro-marqueteiro

Mario Sabino
Metrópoles

Você tira férias e o que acontece no Brasil? Piora. É o caso perfeito de um país que piora permanecendo como sempre foi, e você pode escolher o ângulo que quiser para definir o nosso imutável estado de coisas.

Agora, temos o ângulo do boné inventado pelo marqueteiro de Lula, usado pelo presidente da República e por ministros e outros acólitos petistas.

AME-O OU DEIXE-O – Sai o boné do MST, vermelho como a alma companheira, entra o boné azul, para fazer contraste, com o slogan “O Brasil é dos brasileiros”, de notável afinidade eletiva com o “Brasil: ame-o ou deixe-o” da ditadura militar.

Parece que é uma apropriação petista de um mote de campanha da oposição, que dizia que o Brasil não era do PT, mas dos brasileiros, segundo publicou o colega Paulo Cappelli. Uma forma de “provocar a oposição, que usou adereços vermelhos para exaltar a posse de Donald Trump nos Estados Unidos”.

Criou-se, assim, esta não menos do que ridícula guerra dos bonés. Em resposta, opositores usaram bonés com inscrições críticas ao governo e com propaganda eleitoral do inelegível Jair Bolsonaro.

POBRES BRASILEIROS – Porta-vozes bolsonaristas na imprensa também fizeram litanias sobre o Brasil, na verdade, não pertencer aos brasileiros, já que os coitados dos brasileiros não mandam no próprio país, são explorados por uma elite assim e assado e por aí vai. Como se os bolsonaristas estivessem muito preocupados com essa verdade.

E é assim que, a quase dois anos da eleição presidencial de 2026, o Brasil está outra vez sob os eflúvios do marketing eleitoral. Para quê?

Para eleger os mesmos nomes de sempre, que não têm projeto nenhum de país, certo ou errado que seja, a não ser satisfazer as próprias ambições de poder e do seu corolário, a cobiça pelo vil metal. Para o Brasil, enfim, piorar, permanecendo como sempre foi.

ESTILO MACHADIANO – Ao me informar sobre a guerra dos bonés, depois das minhas férias romanas, lembrei-me do conto de Machado de Assis, aquele autor muito citado e pouco lido hoje, intitulado “O Capítulo dos Chapéus”, a meu ver elucidativo sobre a atual guerra dos bonés.

A certa altura, um dos personagens do conto, de quem a mulher gostaria de mudar o chapéu baixo, que julgava pouco elegante, explica como um chapéu é o prolongamento de quem o usa:

“A escolha do chapéu não é uma ação indiferente, como você pode supor; é regida por um princípio metafísico. O princípio metafísico é este: o chapéu é a integração do homem, um prolongamento da cabeça, um complemento: ninguém o pode trocar sem mutilação.”

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P.S.
– O boné criado pelo marqueteiro de Lula não tem significado, não expressa ideias, não aponta caminhos. É um complemento do nada absoluto de um país que não tem nada na cabeça. (M.S.)

Trump, Musk e Netanyahu se igualam em crimes contra a humanidade

Benjamin Netanyahu arrives in US for talks with Donald Trump | BBC News

Netanyahu e Trump são dois perdidos numa guerra suja

Wálter Maierovitch
do UOL

Ao assumir o DOGE (Departamento de Eficiência Governamental), o empresário Elon Musk montou, no governo Donald Trump, uma assessoria composta apenas de pessoas muito jovens e sem experiência na política. Segundo ele, esses assessores deverão trabalhar 80 horas semanais.

É uma busca de lugar ao sol, num sistema de emulação, como numa final olímpica de 100 metros rasos do atletismo.

CORTAR A USAID – Daí desse grupo de idealistas, partiu a ideia de cortar os auxílios financeiros proporcionados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, a USAID, criada pelo então presidente democrata John Kennedy.

Musk quer mudar a estrutura administrativa da Casa Branca, fazendo-a funcionar como uma espécie de startup estatal, para transformá-la em modelo.

SEM REGRAS – Assim como a Trump não contam as regras do direito internacional, as convenções e os tratados, para Musk as pesquisas que interessam são apenas as que confirmam as suas ideais e delírios.

Nesta semana, uma pesquisa apontou que a maioria dos norte-americanos não querem grande influência de Musk no governo.

O resultado é o seguinte: 26% não desejam que ele tenha muita influência; 43% entendem que deveria ter apenas um pouco de influência e 17% apontam para não possuir nenhuma influência.

RIVIERA EM GAZA – O premier israelense Netanyahu e o novo ministro de Defesa do seu governo, Israel Katz, iniciaram na sexta-feira (7) uma campanha para convencer os palestinos de Gaza, diante da intenção revelada por Trump, a desocuparem a faixa, para a construção da Nova Riviera idealizada pelo presidente americano.

Qual a vantagem? Certamente esperam que os palestinos deem asas à imaginação e esqueçam as destruições de suas casas e a morte se parentes e amigos.

A dupla Netanyahu e Katz terá de convencer 2 milhões de palestinos. Para onde os palestinos deverão mudar, nada está sugerido. Por seu turno, Jordânia, onde já vivem 3 milhões de foragidos palestinos, e Egito já declararam que não aceitarão os palestinos, depois da sugestão de migração de Trump.

REPROVAÇÃO – O sanguinário Netanyahu ainda não Atentou, sob o prisma moral e ético, para a reprovação do mundo árabe.

Quando anunciou o bombardeamento do norte de Gaza, o premier israelense recomendou o deslocamento dos palestinos do norte ao sul. À época, o direito internacional já condenava esse tipo de ação coercitiva do tipo: “saiam daí que vamos bombardear, destruir tudo”.

Agora, Netanyahu não está só no papel de divulgar os desejos de Trump. Sua conduta de premier, à luz do direito internacional, será, caso tentada ou consumada, a ação delinquencial de coautor de “limpeza étnica”, um grave crime contra a humanidade.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Como dizia meu amigo Francisco Rego, políticos como Netanyahu e Trump não valem o peido de uma gata, especialmente quando se encontram na situação prevista pelo ator, diretor e dramaturgo Plínio Marcos, e são dois perdidos numa guerra suja. (C.N.)

“Álibi”, a canção de Djavan sobre um amor que era mais que um desejo

Djavan traz 'Vesúvio' para o Recife, em maio - Folha PE

Djavan, grande nome da MPB

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor, compositor e produtor musical alagoano Djavan Caetano Viana revela na letra de “Álibi” o ser apaixonado e não correspondido, tal como ele gostaria que fosse, inclusive, já não se sacia com força do beijo, mesmo que o sexo seja intenso, frequente e vadio.

A música tornou-se um dos maiores sucessos do cantor e faz parte do LP Djavan Ao Vivo, lançado em 1999, pela Epic/Sony Music.

ÁLIBI
Djavan

Havia mais que um desejo
A força do beijo
Por mais que vadia
Não sacia mais

Meus olhos lacrimejam teu corpo
Exposto à mentira do calor da ira
No afã de um desejo que não contraíra.
No amor, a tortura está por um triz
Mas gente atura e até se mostra feliz

Quando se tem o álibi
De ter nascido ávido
E convivido inválido
Mesmo sem ter havido, havido

Quando se tem o álibi
De ter nascido ávido
E convivido inválido
Mesmo sem ter havido, havido
Havia mais que um desejo

Trump abre a negociação de paz na Ucrânia, falando com Putin e Zelensky

Em conversa com Trump, Putin afirma que 'negociações | Internacional

Na conversa, Putin convidou Trump a visitar Moscou

Katharine Jackson e Doina Chiacu
MSN/Reuters

Donald Trump discutiu a guerra na Ucrânia nesta quarta-feira em ligações por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, no primeiro grande passo diplomático do novo presidente dos EUA em uma guerra que ele prometeu encerrar.

Em uma publicação em sua plataforma de redes sociais após falar com Putin, Trump disse que eles “concordaram que nossas respectivas equipes iniciem as negociações imediatamente” e que ele começaria telefonando para Zelensky.

CONVERSA BOA – Segundo o Kremlin, Putin e Trump concordaram em se encontrar, e Putin convidou Trump a visitar Moscou.

Depois da ligação com o líder ucraniano, Trump escreveu: “A conversa foi muito boa. Ele, assim como o presidente Putin, quer a PAZ”.

“Nós… conversamos sobre oportunidades para a paz, discutimos nossa prontidão para trabalharmos juntos… e as capacidades tecnológicas da Ucrânia… incluindo drones e outras indústrias avançadas”, escreveu Zelensky no X.

CEDER TERRITÓRIOS – Trump vem dizendo que vai encerrar a guerra na Ucrânia rapidamente, sem explicar exatamente como irá fazê-lo.

Mais cedo nesta quarta-feira, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, deu a declaração mais contundente do novo governo até agora sobre sua abordagem em relação à guerra, dizendo que recuperar todo o território da Ucrânia ocupado pela Rússia desde 2014 é irrealista, assim como sua adesão à Otan.

“Nós queremos, como vocês, uma Ucrânia soberana e próspera. Mas precisamos começar reconhecendo que voltar às fronteiras pré-2014 da Ucrânia é um objetivo irrealista”, disse Hegseth, em uma reunião com a Ucrânia e mais de 40 aliados na sede da Otan em Bruxelas. “Buscar um objetivo ilusório apenas prolongará a guerra e causará mais sofrimento.”

GARANTIAS – Hegseth afirmou que qualquer paz duradoura precisa incluir “garantias robustas de segurança para assegurar que a guerra não começará novamente”.

Afirmou, no entanto, que tropas dos EUA não serão mobilizadas para a Ucrânia como parte dessas garantias. “Os Estados Unidos não acreditam que a adesão da Ucrânia à Otan seja um resultado realista de um acordo negociado.”

França, Alemanha e Espanha disseram que o destino da Ucrânia não pode ser decidido sem a participação ativa de Kiev. O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Noël Barrot, afirmou que a Europa teria o seu papel nas garantias de segurança à Ucrânia, mesmo se a adesão à Otan não fosse imediata.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Parodiando Fernando Pessoa, negociar é preciso, viver não é preciso. Estima-se que a guerra na Ucrânia já deixou centenas de milhares de mortos. Para quê? Ora, para nada, como os cavaleiros de Granada, em louca disparada, na monumental obra de Miguel de Cervantes. Vivemos num mundo cão, sem a menor dúvida. (C.N.)

Brasil ‘não entrará em guerra comercial’ por tarifas sobre o aço, diz Padilha

No Brasil, o Congresso fortalecido serve de freio a exageros do governo

Charge/Cartum – Junião

Charge do Junião (Arquivo Google)

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

Não passou nem um mês de governo Trump e já perdemos as contas de suas ordens executivas. É quase como se o Congresso americano não existisse. Ele é, hoje, disfuncional, entregue à polarização. O Partido Republicano —salvo raras exceções— virou o partido do movimento Maga (Make America Great Again).

O Congresso lá funciona como um freio de mão. Quando está nas mãos da oposição, trava o andamento do governo, inclusive impedindo a aprovação do Orçamento e punindo toda a população. Quando está nas mãos do governo, lhe dá carta branca.

MAIORIA ESCASSA – Como as maiorias são sempre pequenas, também não permite que o governo aprove mudanças mais profundas, que exijam votações superiores a 50%. Pelo mesmo motivo, um impeachment é impossível. Quase não há negociação entre os partidos.

Essa é uma das grandes diferenças da política americana para a brasileira: nosso Congresso é forte. Na verdade, forte até demais, e é o governo que fica sempre contra a parede.

Seja com Lula ou com Bolsonaro, o Congresso se fez protagonista da política e impôs limites ao presidente, bem como traz agendas próprias. Aqui não existe a possibilidade de o presidente governar sozinho. Precisa formar uma coalizão. E tanto os partidos da base podem votar contra o governo quanto os da oposição podem votar a favor em uma série de projetos.

SEM PARALISIA – Também vivemos a polarização —inclusive afetiva— da discussão política. No entanto, isso não se transforma em paralisia legislativa. A representação proporcional garante uma pluralidade de vozes e interesses. O Congresso pende para a direita, mas isso não impede que o governo de esquerda negocie suas pautas e avance com uma agenda de reformas.

Bolsonaro bem que tentou governar sem o Legislativo —ou melhor, contra ele— ao longo de 2019. O Congresso não só não se deixou coagir como ainda aprovou a impositividade das emendas de bancada, aumentando seu poder.

O voto impresso foi outra derrota que o Congresso lhe impôs.

FREIO EM BOLSONARO – Enquanto Bolsonaro tratava a educação como palco para arroubos ideológicos, o Congresso renovou o Fundeb em 2020. Lula, por sua vez, gostaria de ter revertido privatizações e a reforma trabalhista, acabado com a independência do Banco Central; graças ao Congresso, não o fez.

A questão é toda sobre os termos em que a negociação se dá. O PL de Bolsonaro aceitou apoiar Davi Alcolumbre para a presidência do Senado. Isso desagradou parte de sua base de eleitores.

Mas o resultado foi que o partido conseguiu espaços importantes —presidindo a Comissão de Segurança Pública, por exemplo—, que poderá usar para avançar suas pautas.

PODER DO CONGRESSO – Isso é muito mais produtivo do que ficar bradando aos quatro ventos contra tudo e contra todos sem conseguir efetuar mudança nenhuma.

Se você é partidário de Lula ou de Bolsonaro e gostaria de ver seus planos para o Brasil impostos sem limites, o poder do Congresso é sempre ruim. Ele faz com que a mudança profunda seja possível, mas impõe a negociação com o lado oposto.

Quando ela se dá dentro da lei e com transparência, em cima de projetos e propostas, essa negociação deve ser estimulada, não condenada. É mais parte da solução do que do problema.

Uma coisa é apoiar o governo; outra coisa será apoiar o candidato Lula

Presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira e o Presidente Lula no Palácio do Planalto

Lira mostrou que o país entrou no semipresidencialismo

Merval Pereira
O Globo

Um sinal de que o presidencialismo de coalizão está no fim, e que o governo Lula está abalado, é a definição dada pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira do que seja o apoio dos partidos a um governo: apoio para governar é diferente de apoio eleitoral, disse ele.

O que significa avisar que os partidos que fazem parte da estrutura governamental não se consideram necessariamente obrigados a apoiar uma candidatura presidencial em 2026 que “esteja afundando”.

APOIO AO GOVERNO – Além de deixar no ar que o governo está mal, mostra uma mudança no equilíbrio dos Poderes. No presidencialismo brasileiro, o presidente da República é eleito diretamente com o apoio de diversos partidos, que idealmente formarão o governo.

Mas como dificilmente, para não dizer nunca, o eleito terá a maioria do Congresso, tem que formar coalizões, muitas vezes, para não dizer quase sempre, incoerentes com o papel que os partidos assumiram na campanha presidencial.

No tempo em que os parlamentares dependiam do Executivo para ter poder, o “presidencialismo de coalizão” funcionava à base de persuasões mais ou menos republicanas.

BOA VONTADE – As emendas dependiam, para serem liberadas, da boa vontade do Executivo com o parlamentar ou partido que as patrocinava. Essa troca de favores pressupunha que a coalizão funcionasse não apenas nas votações no plenário, mas também nas campanhas eleitorais.

Havia também as nomeações para cargos públicos, em estatais principalmente, que foi se degenerando ao longo do tempo, gerando um ambiente corrosivo controlado pelo Executivo, como nos casos do mensalão e do petrolão.

O regime político brasileiro, que durante muito tempo foi um hiperpresidencialismo, colocava o Congresso a reboque do Executivo, o que provocou uma reação dos parlamentares, que passaram ano após ano a forçar um equilíbrio de poder, baseado na liberação das emendas.

AVANÇO DO CONGRESSO – Pouco a pouco, as emendas passaram a ser impositivas, o volume delas foi aumentando, especialmente quando o financiamento privado das campanhas foi proibido, até que chegamos aos dias de hoje, em que os parlamentares dividem entre si R$ 50 bilhões de emendas e mais os fundos eleitoral e partidário.

O Congresso ficou independentes em relação ao Executivo na parte financeira, restando ainda a disputa de poder, que é definida pela influência na máquina do governo.

Passamos a ter um semiparlamentarismo. Ministério sem porteira fechada, nem pensar. O que era uma prática para manter o controle partidário dos governistas nos órgãos estatais, hoje é inaceitável para os parlamentares, que querem o controle completo. É aí que entra a distinção feita por Arthur Lira.

SEM COMPROMISSO – Os ministérios fazem parte do patrimônio dos partidos que os assumem, ocupá-los não significa que este ou aquele partido está comprometido com os projetos do governo. Não há mais pudor em afirmar que apoiar o governo no Congresso é uma coisa, outra muito diferente é apoiá-lo eleitoralmente.

As coalizões brasileiras já não se referem a um governo, mas a uma situação pontual que não exige compromissos além da governabilidade. Esta também não engloba questões ideológicas que envolvam valores morais.

Votar a favor de um projeto na área econômica, por exemplo, que obtenha o consenso parlamentar, está no jogo. Mas debates sobre aborto, armamentos, casamento homoafetivo, tudo isso está na mesa para discussões e pode ser revertido, dependendo das circunstâncias.

VAI ENDURECER – Por isso é previsto que a vida do presidente Lula não melhorará com a troca da presidência do Senado, de Pacheco por Alcolumbre.

Ao contrário, o novo presidente é mais voluntarioso do que o anterior, o que pode criar áreas de atrito entre o Legislativo e o Executivo.

Sem falar no Judiciário, que pode ter problemas a partir da discussão das emendas parlamentares, que estão sendo constrangidas a cumprir a legislação no tocante à transparência, o que, no momento distópico que estamos vivendo, é considerado uma afronta à independência do Legislativo.

Trump abre guerra contra a Justiça e volta a desafiar a Constituição

Análise: Trump sobe tom contra judiciário após restrição a Elon Musk | WW |  FacebookJamil Chade
do UOL

Quando a sede da Corte Suprema dos EUA foi erguida, em 1935, um debate acalorado tomou conta da obra em Washington. Para muitos, o prédio erguido em um estilo antigo não fazia sentido. Mas a escolha por uma arquitetura clássica não era um erro de julgamento dos responsáveis. O objetivo era o de dar a impressão de que o Judiciário sempre esteve ali. Desde os primórdios do experimento da democracia americana.

Um século depois, é justamente o Judiciário que se apresenta como a grande trincheira contra o avanço da extrema direita. Imobilizado, o Congresso americano se transformou em um mero espectador de um governo que caminha para uma autocracia eleitoral.

40 PROCESSOS – Já com mais de 40 processos e tendo barrado alguns dos projetos mais insensatos e desumanos de Donald Trump, as cortes fincaram uma barreira contra o desmonte do estado de direito.

Proporcional à resistência tem sido os ataques de membros do Executivo contra os juízes. Trump, o primeiro presidente condenado criminalmente a entrar na Casa Branca, questionou a validade das decisões dos últimos dias que frearam seu sequestro das instituições. Para ele, os juízes são “politizados” e estão tentando impedir o trabalho de seu governo.

JD Vance, o vice-presidente, rasgou seu diplomata de direito da prestigiosa Universidade de Yale quando sugeriu que um juiz “não está autorizado” a barrar os trabalhos de “um poder legítimo”.

MUSK CONTRA-ATACA – Elon Musk deixou escapar não apenas um gesto totalitário. Mas ao pedir o impeachment de juízes, revelou uma atitude de ataque ao Judiciário que definiu o próprio fascismo.

Trump, JD Vance e seus conspiradores estão apenas repetindo o que a cartilha da extrema direita estipula: mentir, capturar o estado e, se o projeto for barrado pelo Judiciário, desmontar o próprio poder dos juízes. Como escreveu Timothy Snyder, “a pós-verdade é o pré-fascismo”.

Com a mesma cartilha, o partido ultranacionalista Fidesz na Hungria adotou em 2013 reformas para enfraquecer a separação de poderes entre o Legislativo e o Judiciário. Viktor Orbán, assim, passou a controlar os tribunais.

TAMBÉM NA POLÔNIA – Em 2015, o Partido da Lei e da Justiça da Polônia usou sua maioria no parlamento para mudar as leis que regem o Tribunal Constitucional e nomeou cinco novos juízes para a corte. Em 2019, o governo também criou uma nova câmara da Suprema Corte e alterou a lei para permitir que nomeasse e demitisse o chefe da Suprema Corte.

No Brasil, os conspiradores do bolsonarismo também escolheram o Judiciário como o grande inimigo. Assim como fazem os aliados de Trump, o ex-presidente brasileiro indiciado e inelegível anunciou sobre um carro de som que não cumpriria as ordens dos tribunais

Não por acaso, em diferentes partes do mundo, a defesa do Judiciário passou a ser estratégica para barrar a extrema direita.

SALVAGUARDA – Na Alemanha, uma reforma foi adotada em 2024 para reforçar a autonomia da Corte Constitucional e blindá-la contra a influência política. A ideia era de que inimigos da democracia não tivessem uma trilha para desmontar o Judiciário. Todos os partidos apoiaram a ideia. Salvo a extrema direita.

Quando autocratas chegam ao poder, desmontar a independência das demais instituições é central para que seu projeto de sequestro do estado possa existir. Seja para impor sua visão de mundo. Seja para concentrar o poder na mão de uma plutocracia.

Pensar que as instituições vão, por si mesmas, sobreviver e frear o colapso da democracia tem sido o grande erro em diversos países que apostaram na acomodação como estratégia de sobrevivência.

LEMBRANDO HITLER – Em fevereiro de 1933, um editorial de um jornal alemão liderado por judeus tranquilizava os leitores explicando que as propostas dos nazistas de retirar seus direitos ou de colocá-los em guetos não tinham como ser implementadas.

Afinal, pensavam eles, viviam num país com instituições sólidas e uma Constituição a ser respeitada.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nos EUA, a Justiça está funcionando e o presidente Donald Trump subiu o tom contra os tribunais. A escalada acontece depois de a Justiça restringir o acesso de Elon Musk aos gastos do Tesouro. Comprem pipocas. (C.N.)