Gleisi é uma aposta de alto risco e pequena possibilidade de sucesso

Quem é Gleisi Hoffmann, que assume a articulação política do governo Lula

Depois do Carnaval, Gleisi assume a Articulação Política

Dora Kramer
Folha

A escolha de Gleisi Hoffmann (PT) para comandar a articulação política mostra que o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) não usou de força de expressão quando disse que precisava de “mais agressividade” no governo.

A menos que a nova ministra tenha uma identidade secreta a ser revelada na função, Lula parece ter desistido de aplacar ânimos e fez opção preferencial pelo enfrentamento.

QUAL É O PLANO – À primeira vista não dá para entender, como, de resto no mundo político, ninguém entendeu qual é o plano do presidente para atender às seguintes urgências: desanuviar o ambiente no Congresso, garantir alianças para 2026, fortalecer o ministro Fernando Haddad (PT) e ampliar o governo ao centro.

A indicação de Gleisi sinaliza o oposto. Por óbvio, a repercussão no Parlamento foi negativa. Uma decisão surpreendente para o desenho de uma equipe palaciana onde Rui Costa (PT) já é objeto de desagrado explícito por parte do Legislativo e de outros ministros.

Ao ministro da Casa Civil junta-se uma deputada que tampouco é vista com grande simpatia. O bom relacionamento na cena não é o forte de Gleisi Hoffmann, escolhida justamente para manejar relações.

CRISE ANUNCIADA – As avaliações iniciais são as de que há crise contratada à frente. Se a intenção do presidente é a de investir na combatividade da nova articuladora, talvez tenha errado no cálculo do equilíbrio de forças.

Os adversários —os assumidos, os enrustidos e os aliados descontentes com a escolha— também são bons de combate. Num primeiro momento, a insatisfação tende a se disfarçar para, em seguida, manifestar-se no aumento do preço do apoio.

Se lá na frente a aprovação de Lula continuar ruim, pulam do barco depois de sugar o que puderem. Caso ele consiga recuperar a popularidade e os planos eleitorais da oposição fizerem água, aí há chance de o universo conspirar a favor do presidente. Pode ser que o jogo de Lula se baseie na certeza de que a sorte lhe garantirá vitória por gravidade, mas é aposta de alto risco e baixa taxa de sucesso.

Escândalo de corrupção na COP30 foi esquematizado dentro do Planalto

Baiano Rodrigo Rossi assume direção geral da OEI Brasil

Ligado a Rui Costa, o advogado Rodrigo Rossi dirige a OIE

Carlos Newton

Estava demorando, mas acabou aparecendo. Depois de dois governos envolvidos em corrupção, o presidente Lula da Silva caminhava para levar  sua terceira gestão até o final sem que, até agora, nenhum grave caso de improbidade administrativa tivesse atingido o Planalto.

Houve denúncias concretas sobre alguns ministros, principalmente Juscelino Filho, das Comunicações, envolvido em desvios de emendas parlamentares e outras irregularidades, mas o presidente Lula fez questão de mantê-lo no cargo, alegando que a corrupção deveria ser comprovada pela Justiça. Mas agora mudou tudo, e o novo escândalo petista atinge diretamente o próprio Palácio do Planalto.

CORRUPÇÃO NA COP30 – Depois do mensalão e do petrolão nas gestões anteriores, a corrupção da vez envolve uma obscura entidade, a Organização Internacional dos Estados Iberos- Americanos (OIE), especialista em fechar generosos contratos com autoridades latino-americanas e que já deveria estar atuando desde 12 de dezembro na preparação da COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a se realizar em Belém de 10 a 25 de novembro.

Assim como nas ocorrências anteriores, desta vez a corrupção também surgiu dentro do Palácio do Planalto. No mensalão, Lula conseguiu escapulir, ao alegar que o esquema teria sido comandado exclusivamente por José Dirceu, chefe da Casa Civil. Mas não se livrou do petrolão, quando foi considerado chefe da maior quadrilha de corrupção já identificada no mundo, acabou condenado em três instância e cumpriu 580 dias de prisão.

Mesmo com esses maus antecedentes, esperava-se que Lula não se envolvesse novamente em corrupção, mas ele não resistiu à tentação.

DENTRO DO PLANALTO – Participaram da assinatura do nebuloso contrato o secretário extraordinário para a COP30 da Casa Civil, Valter Correia, ligado ao ministro Rui Costa; e o diretor da OEI no Brasil, Rodrigo Rossi, um advogado baiano com formação na Universidade de Brasília (UnB) e no Instituto de Direito Privado (IDP), de Gilmar Mendes.

O contrato foi firmado justamente quando já existia preocupação com atraso nas obras da COP30. O governo do Pará estava reivindicando uma injeção de recursos, mas o Planalto fez exatamente o contrário, destinando um total de R$ 487,3 milhões a essa organização internacional ligada ao PT.

Já se passaram 82 dias desde a assinatura do contrato e até agora a tal OIE ainda não fez nada, rigorosamente nada, a não ser embolsar os recursos federais.

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P.S.
Devido â folga de Carnaval nas redações, apenas a CNN Brasil e a Tribuna da Internet estão cobrindo o vergonhoso caso da corrupção no Planalto. Desta vez, vai ser muito difícil Lula dizer que não sabia de nada, como fez ao denunciar José Dirceu no mensalão. Pode até ser que Lula tente se livrar acusando Rui Costa, mas desta vez a desculpa não vai colar, conforme mostraremos em nossas próximas reportagens, que se basearam na denúncia sensacional do jornalista Caio Junqueira, da CNN na sexta-feira, dia 28. (C.N.)

Nos últimos meses, Lula entrou numa decadência notável, e muito rapidamente.

charge-estrela-decadente

Charge reproduzida do Arquivo Google

Merval Pereira
O Globo

O mito analógico está fragilizado diante dos problemas que a era digital trouxe para o palco político? As pesquisas de opinião divulgadas nos últimos dias, especialmente a Quaest/Genial, mostram uma percepção de que os dois primeiros anos do terceiro governo de Lula repetem programas e histrionismos que estão com data vencida.

O público, que voltou ao teatro para ver uma peça nova de seu ídolo, não se contenta mais com o que é mostrado em cena, quer coisas e caras novas no proscênio.

FRANCA DECADÊNCIA – Os oito estados escolhidos pela equipe de Felipe Nunes para a pesquisa resumem os centros que devem decidir a eleição de 2026, e a situação do governo é francamente decadente.

Nos três maiores colégios eleitorais — Rio, São Paulo e Minas —, a desaprovação está na casa dos 60%, e em estados do Nordeste, que Lula dominava eleitoralmente, a ponto de se eleger em 2022 por causa da região, a aprovação já está abaixo da reprovação.

Nos últimos meses, o governo Lula está em decadência notável, e muito rapidamente. A pesquisa Quaest tem um detalhe de longo prazo: Lula não está apenas mal avaliado nos maiores colégios eleitorais, mas tem em São Paulo um adversário crucial, o governador Tarcísio de Freitas, muito bem avaliado.

REELEIÇÃO DIFÍCIL – Em Minas, também o governador Zema é um player importante na sucessão, com boa aprovação. A baixa popularidade de Lula em Minas mostra que a disputa em 2026 será muito difícil.

Não se elege presidente quem não ganhar em Minas, dizem as pesquisas dos últimos muitos anos. O estado espelha o país de maneira exemplar: tem região industrializada, tem parte na Sudene, tem agropecuária, tem eleitorado urbano forte, é próximo do Rio.

São Paulo é outro ponto crucial. Quem não tiver votação forte em São Paulo não vence a eleição. O PSDB já foi dono desse eleitorado, que agora foi para a direita com Tarcísio, mantendo o antipetismo.

ELEIÇÕES PASSADAS – Fernando Henrique venceu Lula duas vezes no primeiro turno porque obteve votação espetacular em São Paulo. Aécio Neves ganhou em São Paulo com votação do mesmo tamanho, mas perdeu em Minas para Dilma, que também era mineira e conseguiu se impor.

O candidato que perder nos dois estados está praticamente fora da disputa. Lula começa a decair no Nordeste, onde era muito forte. Terá de fazer um esforço muito grande este ano, com ações muito melhores do que tem feito. Ir para televisão a cada 15 dias, sem ter nada para falar, como aconteceu agora, é muito arriscado, aborrece as pessoas.

No afã de recuperar a popularidade, ele se arrisca muito. Outro dia desafiou seus adversários a ir para a rua se quiserem vencê-lo, mas, nas últimas vezes em que isso aconteceu, foi um fracasso.

SEM ATUALIZAÇÃO – Bolsonaro reuniu muito mais gente nas ruas do que Lula. Também não é mais esse o campo do PT, que já mobilizou multidões, por causa dos sindicatos, hoje decadentes.

Empregados não querem saber de sindicato, e eles não mobilizam mais ninguém. O PT precisa atualizar sua comunicação digital, porque não está atingindo o público que pretende.

A percepção dos entrevistados pela Quaest é que o governo parece fragilizado, correndo atrás da popularidade, mas sem força para impor suas decisões, diante da opinião pública mobilizada pela direita e do Congresso majoritariamente oposicionista.

GRANDE DESGASTE – A visibilidade quase única de Lula expõe o presidente a um desgaste, pois ele se baseia no passado para garantir um futuro que não chega.

A figura icônica de Lula foi rebaixada pela agressividade de Bolsonaro e seus seguidores. A oposição tucana sempre foi feita em alto nível e, até mesmo na crise do mensalão, não soube se aproveitar da situação. Lula já havia sofrido rachadura em sua imagem quando foi preso, mesmo que a narrativa de perseguição política tenha sido vitoriosa formalmente.

Nas campanhas eleitorais, Bolsonaro tem enfrentado Lula sem meias palavras, tratando-o como político ladrão “descondenado”, e não como um mito político. Brevemente, pode estar na cadeia onde Lula já esteve. Talvez assim apareça algum novo caminho.

Mesmo com aprovação de 62%, Zema terá muita dificuldade para eleger o sucessor

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema

R|omeu Zema tem excelente avaliação em Minas, porém…

Deu em O Globo

Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira mostrou que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), terá dificuldade para popularizar o nome de seu vive, Matheus Simões (Novo), seu preferido para concorrer a sua sucesso em 2026.

De acordo com o cenário proposto pelo levantamento, o político tem apenas 4% das intenções de votos e ficaria atrás dos senadores Cleitinho (Republicanos), Rodrigo Pacheco (PSD) e do ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (Republicanos).

POPULARIDADE – O mesmo levantamento testou a popularidade do governo de Zema, que é aprovado por 62% dos entrevistados, desaprovado por outros 30% e 8% não souberam responder.

Já a avaliação do governo para os participantes é considerada positiva por 41%, regular por 37%, negativa por 14% e 8% não souberam responder.

A análise positiva para Zema não indica ser, no momento, um fator de peso na tentativa do atual governador de cacifar Matheus Simões para a disputa ao governo do estado em 2026, quando acaba o seu mandato. Segundo o levantamento, o atual vice-governador teria 4% dos votos. Em primeiro lugar, com 33%, aparece Cleitinho, seguido de Kalil com 16% e Pacheco com 8%. Outros 18% se disseram indecisos e outros 21% afirmaram que votariam branco ou nulo.

BRAÇO DIREITO – Zema tem falado abertamente do seu desejo em ter o vice como sucessor e chegou a chamá-lo de “braço direito” na última semana. Questionado sobre a declaração, Simões respondeu apenas que Zema está “convicto” de que é necessário garantir seu nome na sucessão:

— Não acredito em milagre e, para que isso continue, precisamos de uma sucessão bem definida. O meu braço direito tem sido o professor Mateus, que espero que possa me suceder — disse Zema.

Ele tem feito ainda sucessivos movimentos privilegiando Matheus. Na última semana, dois indicados do vice-governador ganharam uma cadeira no governo: Mila Corrêa da Costa e Luiz Otávio Gonçalves, foram anunciados como novos secretários da gestão e assumirão o Desenvolvimento Econômico e a Casa Civil, respectivamente.

Esta é a primeira vez que a AGU defende ministro do Supremo no exterior

8 de janeiro: documento coloca sob suspeita juiz auxiliar de Moraes no STF  | Blog do Gustavo Negreiros

AGU contratará escritório nos EUA para defender Moraes

Rafael Moraes Moura
O Globo

A atuação da Advocacia-Geral da União (AGU) a favor do ministro Alexandre de Moraes no caso Trump/Rumble na Justiça dos Estados Unidos, não é inédita. Integrantes da AGU dizem que o órgão já atuou no exterior em outras causas, mas é a primeira vez que defende um integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) em causas fora do país.

Uma das funções legais da AGU é justamente defender autoridades públicas em ações decorrentes da atuação deles nos cargos. Por isso, ela já defendeu ministros do Supremo, como Luiz Fux e Kassio Nunes Marques, mas em ações movidas no território nacional, não no exterior.

ESCRITÓRIO AMERICANO – Na guerra entre o Rumble, Donald Trump e Moraes no Judiciário norte-americano, a defesa do ministro deverá ser realizada, segundo a AGU, “em parceria com escritório internacional com competência para atuar na justiça norte-americana, como previsto na legislação brasileira”, o que tem levantado críticas de parlamentares da oposição, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

“O Alexandre de Moraes, na sua insanidade, está colocando a AGU para defendê-lo, está tentando colocar a Advocacia-Geral da União, que é paga com o meu e o seu imposto, para fazer a defesa dele, num caso particular dele, em um conflito que ele está buscando, ao tentar censurar redes sociais”, criticou Eduardo em vídeo publicado em suas redes sociais.

A lei 9.028, de abril de 1995, que trata das atribuições institucionais da AGU prevê que o órgão fica autorizado a representar judicialmente “os titulares e os membros dos Poderes da República” quanto a “atos praticados no exercício de suas atribuições constitucionais, legais ou regulamentares, no interesse público”.

SEM LIMITES – A lei não especifica os limites da atuação da AGU, mas técnicos e especialistas ouvidos pelo blog avaliam que a redação também abarca situações como a de Moraes no caso Rumble.

“Não dá para fulanizar a discussão. Não é a AGU atuando em nome do ministro Alexandre de Moraes, e sim a favor das decisões de um ministro do Supremo”, diz o advogado Álvaro Palma de Jorge, professor de direito constitucional da FGV Direito Rio.

“Está dentro das atribuições legais da AGU defender os agentes públicos, o que inclui os ministros do STF e as suas decisões. Esse processo não diz respeito a uma ação privada do ministro Alexandre de Moraes”, acrescenta, em referência ao episódio em que o magistrado e sua família foram hostilizados no aeroporto de Roma por uma família de São Paulo.

Análise: Delação de Cid implode esperança de livrar Bolsonaro em caso de cartão de vacina e joias

DIZ A AGU – Procurada pela equipe da coluna, a AGU informou ao blog que tem contratos vigentes com escritórios de advocacia para defesa de interesses do Estado brasileiro e de seus agentes no exterior, inclusive nos Estados Unidos, “mas ainda não houve decisão sobre qual será o parceiro na defesa do ministro do STF”.

“A AGU vai avaliar como se dará a representação do ministro de acordo com as características jurídicas do caso específico, seguindo os passos exigidos nesse tipo de representação”, frisou.

A AGU também esclareceu que já atuou no exterior em 2017, no auge da Lava-Jato, defendendo “agentes públicos em ações movidas contra atos praticados no exercício de suas funções”.

TEVE SUCESSO – “Na época, tratou-se de ação ajuizada pelos Estados Unidos por ato praticado no território brasileiro e tivemos sucesso na representação”, comunicou o órgão, sem detalhar os agentes envolvidos. O blog apurou que não eram ministros do STF.

Na última terça-feira (25), a Justiça dos Estados Unidos negou um pedido de liminar apresentado pela plataforma Rumble e pela Trump Media & Technology para que decisões do ministro não fossem cumpridas nos Estados Unidos.

A juíza Mary S. Scriven não chegou a analisar o mérito do pedido feito pelas empresas, mas ressaltou que as decisões de Moraes não se aplicam à jurisdição dos Estados Unidos. Além disso, a parte ré precisa ser intimada de acordo com os protocolos estabelecidos na Convenção de Haia e um tratado de assistência jurídica mútua assinado por Estados Unidos e Brasil.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O problema de Moraes é justamente este, pois nas redes sociais ele julga e pune de imediato, sem intimar e ouvir a parte ré. Mas quem se interessa? (C.N.)

Queremos devassar contrato da COP30 no TCU, diz líder da oposição

Zucco

Líder da oposição, Zucco ficou estarrecido com a denúncia

Deu na CNN

Em entrevista à CNN, o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Luciano Zucco (PL-RS), disse que é preciso um “maior aprofundamento” sobre o contrato firmado pelo governo federal com uma organização internacional para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30), em Belém.

Zucco vai recorrer ao Tribunal de Contas da União (TCU) para investigar o acordo de quase R$ 500 milhões.

APROFUNDAMENTO – “Estamos acionando nossa equipe técnica para tratar junto ao TCU pedido de informações, para podermos ter um maior aprofundamento sobre essa questão relacionada à contratação sem licitação”, afirmou Zucco nesta sexta-feira (28) ao CNN 360º.

A instituição contratada é a Organização dos Estados Ibero-Americanas (OEI), com sede na Espanha. A vigência do contrato vai até junho de 2026. A apuração é do analista de política da CNN, Caio Junqueira.

Pelo acordo entre governo e a OEI, a organização vai atuar na “preparação, organização e realização da COP30, incluindo a realização de ações administrativas, organizacionais, culturais, educacionais, científicas e técnico-operacionais”.

EMPRESAS NACIONAIS – “Podemos ter empresas aqui, de capital nacional, que, com licitação, pudessem ser contratadas”, sugeriu Zucco. “Será que só temos essa organização capacitada para a COP30?”, indagou, em outro momento.

O líder disse que os trabalhos da oposição serão feitos com “responsabilidade”, mas que, quando as comissões da Câmara forem instaladas, representantes do governo podem ser chamados a prestar esclarecimentos sobre o contrato.

Zucco afirmou também ver “possíveis irregularidades” pelo fato de haver pessoas que estiveram na organização contratada e, hoje, fazem parte do governo Lula.

RELAÇÕES PERIGOSAS – O atual diretor da OEI no Brasil, Rodrigo Rossi, assumiu o posto em julho de 2024. Ele substituiu Leonardo Barchini, que deixou o cargo para comandar a Secretaria Executiva do Ministério da Educação.

A relação entre OEI e o governo federal se intensificou após a entrada de Barchini no MEC. No segundo semestre de 2024, cinco contratos foram fechados entre as partes, totalizando mais de R$ 80 milhões.

A CNN entrou em contato com o Planalto e aguarda posicionamento.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Vai bem a CNN, a primeira empresa jornalística a denunciar o escândalo da COP30, que foi criado e se realizou dentro do Palácio do Planalto. Nesta domingo, dia 2, vamos voltar ao assunto, que antecipou a quarta-feira de cinzas no Planalto. (C.N.)

Trump, Putin e Xi Jinping formam a nova ordem antiliberal e autocrática

Donald Trump is trusted less than China's Xi Jinping and Russia's Vladimir  Putin in Pew global opinion survey | South China Morning Post

Nova ordem mundial parece estar meio fora de ondem

Marcos Augusto Gonçalves
Folha

Quando entrou em cena para anunciar sua genuflexão ao governo de Donald Trump, Mark Zuckerberg sabia bem em que alvos deveria mirar. Como comentou-se aqui ainda antes da posse do republicano, o dono da Meta, ao decidir levantar as checagens factuais de suas redes, dirigiu as baterias ao mundo ocidental.

Mais precisamente, Zuckerberg atacou a Europa reguladora, que tolheria a liberdade de expressão de seus negócios, e a América Latina, periferia do Ocidente onde funcionariam tribunais secretos, igualmente inimigos do free speech. O bilionário do Facebook sintomaticamente poupou a China de suas queixas, bem como a Índia.

UM MÊS DEPOIS… – Agora, mais de um mês desde que Trump assumiu a lojinha, as inclinações antieuropeias e antiliberais do presidente americano tornaram-se patentes. O candidato a autocrata dos EUA parece respeitar muito mais as lideranças fortes da Rússia e da China do que os aliados europeus, vistos como fracos e dependentes.

Além das ameaças diretas a Canadá, México, Dinamarca, ONU e Otan, Trump comprou a versão de Putin para a invasão da Ucrânia e acabou com a terceirização da guerra que vinha sendo alimentada por Joe Biden e os governos da UE.

Zelenski foi reduzido a um comediante que usurpou o poder, desviou recursos e tornou impossível negociar algum tipo de paz. Agora vai ter que ceder.

SEM ALTERNATIVA – Não é preciso apoiar a visão de Trump para dizer que a situação anterior se mostrava insustentável, em que pese a retórica de defesa das “leis internacionais” e a brutalidade do ato invasor. Estava claro que não haveria alternativa a uma guerra prolongada sem alguma concessão territorial por parte da Ucrânia. Há quem aposte que a paz articulada pelo republicano será um convite a novas aventuras de Putin rumo à Europa. A ver.

O fato é que Trump, Putin e Xi Jinping são a nova base decisória da geopolítica global. Neste mundo iliberal autocrático, são esses os senhores que apitam e preenchem o papel de instituições multilaterais. Esqueça Nações Unidas, Otan e quejandos. A nova partilha está em curso.

Cada um deles quer dirigir seu respectivo país e áreas de influência o mais possível sem empecilhos institucionais. O russo vai no velho estilo imperial, e o chinês tem tudo controlado e planejado. Nenhuma das duas nações acumula experiência democrática.

SALVAGUARDAS – São diferentes dos EUA, onde um sistema de regras e balanços subsiste, mas não se sabe como se comportará e até quando. Para Trump e seus rapazes, o que vale é o ultracapitalismo triunfante que transforma a administração do país em administração de uma empresa. Quem manda é o CEO, e o povo é acionista.

É chover no molhado dizer que a denúncia oferecida pela Procuradoria Geral da República ao Supremo Tribunal Federal é histórica. As evidências de uma trama golpista articulada em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro são de extrema gravidade.

A democracia brasileira vai se deparando com uma nova etapa de sua consolidação, rompendo tabus e hesitações que poderiam antes enfraquecê-la. Em que pesem as vozes sinistras da extrema direita, o caso jurídico é sólido.

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P.S. –
Um reparo: embora o assunto já pareça superado, estou entre os que consideraram um erro do ministro Alexandre de Moraes evitar o julgamento pelo plenário do STF. (M.A.R.)

Lula está à espera de um milagre que não virá para aumentar popularidade

Lula chega à metade do mandato com 28% das promessas concluídas #charge  #cartum #cartoon #humor #política #humorpolitico #desenho #art #caricatura  #caricature #jornal #opovo #jornalismo #illustration #ilustração  #editorialcartoon #politicalart ...

Charge do Clayton (O Povo/CE)

Fabiano Lana
Estadão

Para quem costuma fazer associações entre a popularidade e economia, a rápida erosão da aprovação do presidente Lula é ainda um mistério. Se por um lado há sinais de paralisia na atividade econômica no ar, por outro um crescimento de cerca de 3,5% do PIB em 2024 e menores taxas de desemprego da história sugeririam números mais generosos para a atual gestão.

A rejeição ao Lula tem facetas conhecidas, mas também possui elementos enigmáticos. Mas a questão não para por aí.

COMO REVERTER? – O ponto seguinte é: como reverter essa popularidade hoje no vermelho? Inclusive, uma espécie de Rio Rubicão já foi atravessado…

Além do ex-presidente Bolsonaro –provavelmente um futuro presidiário pela tentativa de golpe de Estado – figurar na frente das intenções de voto, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já se encontra em empate técnico segundo sondagem da CNT/MDA. A maré está antipetista.

Em 2005, há 20 anos, Lula também enfrentou um inferno astral. Seu partido ficou seriamente abalado e companheiros de vida tiveram carreiras políticas exterminadas por causa do escândalo do mensalão.

NO ENTANTO, VENCEU – Mas no ano seguinte, 2006, Lula sagrou-se vencedor nas eleições derrotando o então fascista, então privatista, então fanático religioso Opus Dei, o ex-governador tucano Geraldo Alckmin – que atende neste momento como socialista vice-presidente da República.

Há duas décadas Lula foi dado como morto politicamente. Decidiram “deixá-lo sangrar” até as eleições do ano seguinte, conforme expressão tão usada na época, para conquistarem novamente o Palácio do Planalto.

Ficou fora do radar uma retomada surpreendente da economia a partir do chamado boom das commodities, processo que fez a arrecadação do Estado crescer e o otimismo e a sensação de bem-estar dos eleitores ser bem maior do que eventuais reservas populares contra o PT.

FEZ O CONTRÁRIO – Um detalhe crucial, em seu primeiro mandato Lula se concentrou em ajustar as contas públicas e depois em distribuir benesses.

Mas o que o presidente tem hoje a apresentar? O que tem a esperar? Será que os programas “Pé-de-Meia” e “Farmácia Popular”, incensados agora em rede nacional de TV, podem ter um papel semelhante ao poder eleitoral de um programa Bolsa Família? Sem chances.

A sociedade é outra, os mais jovens não assistem mais televisão, e a oposição também lembra muito o PT dos anos 90: é implacável com o governo, só quer o seu pior.

SEM OUTRO BOOM – Há algum outro boom de commodities à vista? Não é o que dizem os especialistas. Pelo jeito, só um milagre – que não parece provável quando se examinam as circunstâncias.

Aliás, a pensar no programa oficial de televisão de Lula, os anúncios veiculados são páreo para correntes de WhatsApp que, verdadeiramente, mostram a primeira-dama Janja da Silva em viagem de classe-executiva para Roma, num valor acima de R$ 30 mil, mesmo sem ter direito legal a esse privilégio?

São páreo para o ex-ministro Antonio Palocci, mesmo após tantas confissões públicas, estar livre das garras da lei?

GOVERNO ÓTIMO? – Que tipo de informação corre mais rápido, a oficial ou a das correntes anárquicas das redes? Será que alguém acredita de verdade que o governo é ótimo, mas prejudicado pelas fake news que embaçam a capacidade da sociedade de avaliá-lo? A ilusão é uma droga poderosa.

Há aquele dito de Maquiavel de que o mal se faz de uma vez e o bem aos poucos. Lula, que se acha o sabe tudo geral da humanidade, fez ao contrário. Optou pelo populismo e começou com o “bem”, ao estender o aumento do Bolsa Família no seu mandato.

Agora, com inflação, déficit persistente, juros altos e certa paralisia econômica pela frente, parece só ter maus resultados aos poucos a mostrar. Talvez devesse ter ficado mais atento ao que dizia o pensador florentino da política real. Agora é tarde e a outra opção é o milagre ou uma divisão bizarra dentro da direita.

Brincando o Carnaval, com Chiquinha Gonzaga e o Bloco do Sujo

As Mina na História - Francisca Edwiges Neves Gonzaga, mais conhecida como Chiquinha Gonzaga nasceu no Rio de Janeiro no dia 17 de outubro de 1847. Mulher negra, foi compositora, pianista ePaulo Peres
Poemas & Canções

A regente, pianista e compositora carioca Francisca Hedwiges de Lima Neves Gonzaga (1847-1935) compôs a marcha-rancho “Ó Abre-Alas” para o Cordão Rosa de Ouro, do bairro do Andaraí, em 1899, primeiro grande destaque carnavalesco que se tem registro na MPB, segundo a História da Música Popular Brasileira – Grandes Compositores, da Abril-Cultural.

O ABRE–ALAS
Chiquinha Gonzaga

Ó abre alas!
Que eu quero passar (bis)
Eu sou da lira
Não posso negar (bis)
Ó abre alas!
Que eu quero passar (bis)
Rosa de Ouro
É que vai ganhar (bis)

20 Anos do Bloco dos Sujos de Olinda

Bloco dos sujos virou tradição também em Olinda

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BLOCO DO SUJO, UMA MARCA DO CARNAVAL 

O coronel do Exército, compositor e letrista carioca Antônio de Pádua Vieira da Costa (1921-1996),  que adotou o nome artístico de Luiz Antônio, e o pianista e compositor maranhense Luís Abdenago dos Reis (1926-1980), conhecido como Luís Reis, são os autores do samba “Bloco do Sujo”, cuja letra expressa as manifestações populares típicas do carnaval de rua, onde o improviso e a desorganização são a tônica.

As Gatas gravaram esse samba, em 1969, após terem vencido o Concurso de Músicas de Carnaval, no ano anterior, na extinta TV Tupi, promovido pelo Conselho Superior de MPB do Museu da Imagem e do Som.

BLOCO DO SUJO
Luiz Antonio e Luis Reis

Olha o bloco do sujo,
Que não tem fantasia,
Mas que traz alegria,
Para o povo sambar,

Olha o bloco do sujo,
Vai batendo na lata,
Alegria barata,
Carnaval é pular.

Olha o bloco do sujo,
Que não tem fantasia,
Mas que traz alegria,
Para o povo sambar,

Olha o bloco do sujo,
Vai batendo na lata,
Alegria barata,
Carnaval é pular.

Plac, plac, plac,
Bate a lata,
Plac, plac, plac,
Bate a lata,
Plac, plac, plac,
Se não tem tamborim,
Plac, plac, plac,
Bate a lata,
Plac, plac, plac,
Bate a lata,
Plac, plac, plac,
Carnaval é assim !…

O dia em que a Otan acabou e a Europa ficou entregue à própria sorte

Trump e Zelensky batem boca em reunião na Casa Branca | Band JornalismoDemétrio Magnoli
Folha

O reality show da humilhação de Zelenski promovido por Trump no Salão Oval, concluiu a ruptura entre EUA e Ucrânia e o alinhamento da Casa Branca à Rússia de Putin. O evento, salpicado por ameaças, insultos e acusações, segue-se às negociações bilaterais EUA/Rússia sobre o futuro da Ucrânia, às declarações de Trump atribuindo aos europeus a responsabilidade por garantias de segurança ao país invadido e ao voto pró-russo dos EUA na ONU. O conjunto da obra assinala o virtual desmoronamento da Otan.

A Aliança Atlântica ainda existe no papel, mas perdeu sua alma, expressa no artigo 5º do tratado fundador que classifica um ataque militar contra qualquer de seus integrantes como agressão a todos.

MARAVILHOSO OCEANO – O artigo anulara, no plano geopolítico, a separação geográfica entre EUA e Europa pela vastidão do Atlântico. De agora em diante, volta a existir, nas palavras de Trump, “um maravilhoso oceano” dissociando a superpotência norte-americana das nações europeias.

Trump realiza um antigo sonho da esquerda “anti-imperialista” que descreve a Otan como ferramenta da hegemonia dos EUA. A história, contudo, ensina que a Otan foi responsável pela estabilização geopolítica da Europa Ocidental no pós-guerra – ou seja, pelo renascimento democrático das nações que escaparam à esfera de influência soviética.

Naqueles países, floresceram a pluralidade política, os sindicatos, as liberdades civis, os direitos individuais. Neles, a esquerda social-democrata teve a oportunidade de governar e expandir as redes de proteção social. Sob o manto da segurança garantida pela Otan, nasceu a União Europeia.

MOLDURA DA SOBERANIA – Mais tarde, paradoxalmente, a Aliança Atlântica tornou-se a única moldura viável para o exercício da soberania nacional no leste europeu, A prova positiva disso encontra-se na insistência das nações libertadas do jugo soviético em 1989 em ingressar na Otan.

A prova negativa encontra-se nas duas invasões imperiais russas da Ucrânia, violando o Memorando de Budapeste (1994) pelo qual os ucranianos cederam seu arsenal nuclear à Rússia em troca do reconhecimento de suas fronteiras.

Putin (e Lula também, por sinal) acusa a Otan de ser a causa de sua guerra – ainda que, em textos e discursos, clame pela incorporação do vizinho à “Grande Rússia”. De fato, a Aliança Atlântica funcionou, desde a implosão da URSS, como garantia da paz no arco que se estende da Estônia à Romênia.

SONHO DA PAZ – Depois de 1990, os europeus deixaram-se embalar pelo idílio de uma paz eterna assegurada pelo artigo 5º e reduziram drasticamente seus investimentos em defesa. Hoje, sob o impacto da abjuração de Trump, a Europa navega em águas desconhecidas – e precisa erguer um edifício de segurança independente.

Jean Monnet, o “pai fundador” da União Europeia, desenhou o esboço de uma Comunidade Europeia de Defesa (EDC), que seria um pilar autônomo no interior da OTAN. A EDC ganhou forma no Tratado de Paris (1952), assinado pela França, RFA (Alemanha Ocidental), Itália e Benelux mas rechaçado pela Assembleia Nacional francesa.

Nesses dias de fúria, os líderes europeus correm a Washington em busca de um aceno benevolente de Trump. Quanto demorarão para correr aos arquivos de Bruxelas em busca de inspiração no tratado rejeitado sete décadas atrás?

Moraes responde à ofensiva do governo dos EUA lembrando nossa soberania

Ministros defenderam Moraes de críticas dos EUA

Pedro do Coutto

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, respondeu à ofensiva do governo norte-americano e ao Congresso dos EUA contra ações do Judiciário brasileiro. Moraes defendeu a soberania do Brasil e a independência do Poder Judiciário, afirmando que o país não é mais uma colônia e está construindo uma República independente e democrática.

Uma comissão da Câmara dos Estados Unidos aprovou um projeto para barrar Alexandre de Moraes no país, acusando-o de censura. O projeto, chamado de “Sem Censores em Nosso Território”, prevê a proibição de entrada ou deportação de qualquer pessoa considerada um “agente estrangeiro que infrinja o direito de liberdade de expressão ao censurar cidadãos dos Estados Unidos em solo americano”. Além disso, a plataforma de vídeos Rumble e a Trump Media, grupo de comunicação do presidente dos EUA, Donald Trump, apresentaram uma ação contra Moraes, acusando-o de censura. A Justiça dos EUA rejeitou a ação.

Moraes afirmou que a alegação de Trump e aliados é infundada, pois ele apenas exige que as redes sociais sigam as regras da legislação brasileira. “Pela soberania do Brasil, pela independência do Poder Judiciário e pela cidadania de todos os brasileiros e brasileiras. Pois deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822 e, com coragem, estamos construindo uma República independente e cada vez melhor, independente e democrática”, disse Moraes.

O presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, saiu em defesa de Moraes, afirmando que a tentativa de fazer prevalecer a narrativa dos que apoiaram o golpe fracassado não haverá de prevalecer entre as pessoas verdadeiramente de bem e democratas. “Nós bem sabemos o que tivemos que passar para evitar colapso das instituições e golpe de Estado”, completou Barroso.

O ministro Flávio Dino também reagiu às autoridades dos EUA, afirmando que o Brasil não aceita coerção ou hierarquia entre Estados. Moraes agradeceu a Dino por sua mensagem e convidou-o a visitar a Carolina do Maranhão, onde Dino governou por dois mandatos. A resposta de Moraes e o apoio de outros ministros demonstram a determinação do Judiciário brasileiro em defender a soberania e a independência do país, enfrentando a pressão do governo dos EUA e de outras forças externas. As respostas dos ministros configuram-se como fatos importantes diante das pressões americanas por uma atitude de subserviência que não está no programa do Itamaraty ou do governo Lula.

Gilmar minimiza embate e diz que está tudo bem entre EUA e Brasil

Otimismo de Gilmar Mendes parece ser de aço inoxidável

Cézar Feitoza
Folha

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse nesta quinta-feira (27) que o embate de políticos dos Estados Unidos com o ministro Alexandre de Moraes tem sido superestimado.

Para ele, a ofensiva de republicanos e de Elon Musk contra Moraes não deve afetar o Supremo nem a boa relação entre os Estados Unidos e o Brasil.

SEM PROBLEMA… – “Isso está sendo muito maximizado, sabe? […] Não há por que ter preocupação. Os parâmetros que estamos adotando são os parâmetros que a União Europeia está adotando em relação à retirada de conteúdo”, disse o ministro a jornalistas.

Gilmar comparou o imbróglio com outros enfrentados diplomaticamente, como a crise de dentistas brasileiros em Portugal em 1995 e a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) de cobrar indenizações da empresa ítalo-argentina Ternium à CSN na batalha judicial pelo controle da Usiminas.

NAÇÕES AMIGAS – O ministro disse que a volta de Donald Trump à Casa Branca —desta vez com Musk no governo— não altera as relações diplomáticas e institucionais. “De alguma forma, não houve mudança nenhuma, nós somos nações amigas.”

Ele ainda minimizou a aprovação em um comitê da Câmara dos EUA do projeto que pode barrar a entrada de Alexandre de Moraes no país. O texto, apelidado de “Sem Censores em Nosso Território”, proíbe a entrada de agente estrangeiro que infrinja o direito de liberdade de expressão dos cidadãos dos Estados Unidos.

“Não teve decisão [final do Congresso]. Tem que haver toda… isso tem tantos passos, acho que não devemos… Nós temos que cuidar das nossas decisões, nos nossos âmbitos”, afirmou.

ESTRATÉGIA – O esforço de Gilmar para minimizar o embate dos políticos dos EUA com Moraes faz parte da estratégia do Supremo. Ministros querem defender o colega da ofensiva, mas sem dar muito destaque para as pressões de aliados de Trump.

Durante a sessão plenária do Supremo nesta quinta, Moraes defendeu a soberania do Brasil. “Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822 e com coragem estamos construindo uma República independente e cada vez melhor”, disse.

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, endossou a fala de Moraes e disse que o Supremo vai manter a postura de guardião da democracia independente das ofensivas estrangeiras.

GOLPE DE ESTADO – “Sabemos o que tivemos de passar para evitar o colapso das instituições e um golpe de Estado aqui no Brasil. A tentativa de fazer prevalecer a narrativa dos que apoiaram o golpe não haverá de prevalecer entre as pessoas verdadeiramente de bem e democratas. O Supremo Tribunal Federal continuará a cumprir o seu papel de guardião da Constituição e da democracia. Nós não tememos a verdade”, disse.

Flávio Dino também defendeu o colega. Em publicação nas redes sociais, ele disse que os ministros do Supremo, ao tomarem posse, juram defender a Constituição e os princípios de autodeterminação dos povos, não intervenção e igualdade entre os Estados —incisos do artigo 4º da Constituição Federal.

“São compromissos indeclináveis, pelos quais cabe a todos os brasileiros zelar, por isso manifesto a minha solidariedade pessoal ao colega Alexandre de Moraes”, disse o ministro.

TIRAR FÉRIAS – Flávio Dino escreveu ainda que Moraes permanecerá proferindo palestras no Brasil e no exterior. “E se quiser passar lindas férias, pode ir para Carolina, no Maranhão. Não vai sentir falta de outros lugares com o mesmo nome”, afirmou Dino, em referência aos estados homônimos dos Estados Unidos.

Moraes voltou a ser alvo de políticos dos EUA pela decisão de suspender a rede social Rumble em todo o território nacional.

A decisão foi dada na mesma semana em que o ministro se tornou alvo da ação conjunta pela própria empresa e a empresa de mídia de Trump, como informou a Folha.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Está tudo dominado. Nenhum ministro critica os exageros de Moraes e até concordam com as penas superdimensionadas. Enquanto isso, os verdadeiros terroristas, que tentaram explodir o caminhão-tanque no aeroporto de Brasília, na véspera de Natal, já estão em liberdade, porque foram julgados pela Justiça Federal, em primeira instância. Ah, Brasil! (C.N.)

COP30 torna-se o maior escândalo de corrupção do atual governo Lula

Helder festeja COP30 em Belém: 'Será a COP da nossa gente' – Folha do Progresso – Portal de Noticias , Entretenimento, Videos, Brasil!

Enquanto o governador se vira, os petistas faturam por fora

Carlos Newton

Em boa hora, o jornalista Caio Junqueira, da CNN Brasil, discretamente levantou o véu do maior escândalo de corrupção do governo Lula da Silva, que contratou, por R$ 478,3 milhões, uma organização internacional com sede na Espanha para ser a responsável pela preparação da COP30 em Belém. Trata-se da Organização Internacional dos Estados Ibero-Americanas (OEI).

E não houve processo licitatório, sob alegação de que se trata de uma instituição internacional, nos termos da Lei 14.133/2021. Mas não é bem isso que a lei determina.

O QUE DIZ A LEI – Segundo o artigo 75 desta lei, que trata da hipótese de dispensa para contratações de bens, serviços, obras ou alienações, nos termos de acordo internacional. “é dispensável a licitação: […] IV – para contratação que tenha por objeto: […] b) bens, serviços, alienações ou obras, nos termos de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem manifestamente vantajosas para a Administração.

E mais: “o acordo deve ser aprovado pelo Congresso Nacional, adquirindo assim, no mínimo, o status de lei ordinária. Ademais, as condições ofertadas devem ser manifestamente vantajosas para a Administração”, diz o Tribunal de Contas da União.

Ou seja, “visando à preparação, organização e realização” da COP30, o governo escolheu discricionariamente a OEI, a altíssimo custo e em cima da hora, para “trabalhar” até 30 de junho de 2026, embora a COP30 esteja marcada para terminar em 25 de novembro de 2025. Então, o que a tal OEI ficará fazendo nos seis últimos meses de contrato?

Além disso, “organizar” não é bem o termo, porque há meses a COP30 está mais do que organizada e com suas obras em execução. Se estão atrasadas, não é a tal OEI que vai resolver…

APENAS COOPERAR – O estranhíssimo contrato foi assinado em 18 dezembro de 2024 e tem por objeto apenas “cooperação entre as partes visando a preparação, organização e realização da COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), incluindo a realização de ações administrativas, organizacionais, culturais, educacionais, científicas e técnico-operacionais, em conformidade com o plano de trabalho, consubstanciado no instrumento”.

O documento fede a quilômetros de distância. A tal OIE vai ganhar quase R$ 500 milhões apenas para “cooperar”, sem nenhuma atribuição real? Certamente, trata-se da mais cara “cooperação” da história da ONU, acostumada a fazer macroeventos de todos os tipos nos mais diferentes países.

NA CASA CIVIL – O contrato foi negociado e firmado pela Casa Civil de Lula, comandada pelo petista Rui Costa, ex-governador da Bahia. E foi assinado com o diretor da OEI no Brasil, Rodrigo Rossi, um advogado também baiano com formação na Universidade de Brasília (UnB) e no Instituto de Direito Privado (IDP), de Gilmar Mendes.

Pelo governo, quem assinou foi o petista Valter Correia, secretário extraordinário da Casa Civil responsável pela COP30.

No Planalto e em Belém, todos sabem que a Conferência da ONU está mais do que organizada, não existe nada de importância que possa ser “terceirizado” à tal OEI, para justificar “pagamentos” de quase R$ 100 milhões por mês, configurando o maior escândalo do governo Lula nesta gestão.

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P.S. 1
Por motivos óbvios, pois a CNN depende de verbas publicitárias federais, o excelente jornalista Caio Junqueira não teve condições de se aprofundar no escândalo, mas nós o faremos, aqui na Tribuna da Internet, que não tem patrocinadores e opera totalmente sob o signo da liberdade.

P.S. 2Estamos levantando outras informações e voltaremos ao instigante assunto neste domingo, dia 2, quando citaremos outras autoridades petistas envolvidas, embora a responsabilidade maior seja mesmo do chefe da Casa Civil, Rui Costa, um dos líderes do grupo que usa a Organização Internacional dos Estados Iberos-Americanos para desviar vultosos recursos públicos, digamos assim. (C.N.)