Trump aproxima os Estados Unidos de uma gravíssima crise institucional

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Charge do Amarildo (Arquivo Google)

Dorrit Harazim
O Globo

Lee Bollinger tem 78 anos, a mesma idade do presidente dos Estados Unidos, e ainda ostenta uma cabeleira natural de fazer inveja a Donald Trump. Está aposentado desde 2023 e pensava em desfrutar a leveza de simplesmente viver, não mais carregar responsabilidades que afetam gerações. Não tem sido fácil. Suas ideias, sua obra e relevância no mundo acadêmico continuam a causar urticária na desintelligentsia da era trumpista.

Eminente estudioso da Primeira Emenda da Constituição americana — que garante a liberdade de expressão e imprensa —, Bollinger exerceu o cargo de reitor da Universidade de Michigan por seis anos na virada do século.

PELA INCLUSÃO – Informado logo ao assumir que predominava na instituição um movimento contrário à ação afirmativa de inclusão racial e social, desconsiderou seguir o caminho da acomodação ou capitulação. Levou o caso à Suprema Corte em Washington. Foi um embate e tanto, mas saiu vencedor.

De Michigan, Bollinger passou os 21 anos seguintes em Nova York, como reitor de Columbia, uma das oito universidades privadas que formam a Ivy League, a torre de marfim da academia americana. Em Columbia encarou crises e insurgências sem desviar do norte — a integração dos conceitos de justiça racial e diversidade.

Apesar de defender a neutralidade institucional em questões essencialmente políticas, foi um dos únicos reitores de universidade a se fazerem ouvir quando o cidadão negro George Floyd morreu asfixiado à luz do dia por ação de um policial branco em Minneapolis. Sua visão é a longo prazo.

CRISES DE MOMENTO – “Universidades duram séculos” — disse em recente entrevista ao Chronicle of Higher Education. “Por isso, devemos poder não nos envergonhar de posições assumidas em crises de momento”.

Essa, certamente, não é a preocupação do American Enterprise Institute, um think tank conservador de Washington que, no embalo da vitória eleitoral de Trump, publicou em dezembro último um ensaio intitulado “Guia completo de revisão da educação superior”.

O documento de 54 parágrafos, assinado por um acadêmico “come abelha, não come mel”, contém várias sugestões já encampadas pela máquina de gerar decretos do governo Trump. Alguns trechos chocam, como “destruir a Universidade Columbia”, ou “cumprir a promessa de desmontar por completo o poder dos marxistas radicais nos campi”. Outros dão calafrios:

Reitores consideram Bollinger como talvez o maior líder de faculdade do século XXI. Ele deveria ser considerado como o pior. Talvez esses reitores aprendam uma valiosa lição se puderem vê-lo vestindo o uniforme laranja de presidiário.

O MAIOR E PIOR – Vale lembrar: o que resta do Departamento de Educação em fase de demolição agora está em mãos de uma ex-executiva da WWE, a maior empresa de promoção de luta profissional do mundo. Tudo a ver, certo?

Bollinger acredita que o país vivencia a captura do governo com o propósito de instaurar uma democracia iliberal, ou uma democracia autoritária, ou, ainda, uma democracia de homem forte. Parte do problema, a seu ver, reside na incapacidade da sociedade americana de imaginar o futuro em suas versões mais sombrias.

A marcha em andamento tem roteiro: primeiro você neutraliza os poderes do Estado, depois neutraliza a mídia, depois as universidades. O caminho fica aberto.

INEVITÁVEL CRISE – Juristas, historiadores e scholars já debatem se os Estados Unidos estão embicados para uma inevitável crise constitucional. Segundo acadêmicos liberais e conservadores ouvidos pelo New York Times, existe uma linha vermelha. Se cruzada, não terá volta: o não cumprimento de alguma ordem emitida pela Suprema Corte dos Estados Unidos.

 Se isso ocorrer, diz o jornal, o sistema de freios e contrapesos que sustenta o sistema constitucional americano pode entrar em colapso. Ou, dirão outros, expelir o transgressor.

Até agora, e apesar de contar com expressiva maioria conservadora (6 a 3), a Suprema Corte já reverteu três decretos de Trump que atropelavam a independência do Poder Legislativo. Outras 41 decisões judiciais tomadas por instâncias inferiores também suspenderam temporariamente a execução de decretos presidenciais.

EMBATE GLACIAL – Na semana passada, foi glacial o embate entre o próprio presidente da Corte, o conservador John Roberts, e o ocupante da Casa Branca, que pedia o impeachment do juiz distrital que contestou a legalidade da deportação de venezuelanos aprisionados.

Trump esperneou: “Venci com um mandato avassalador. e o motivo número 1 dessa vitória histórica é a luta contra a imigração ilegal. Estou fazendo o que os eleitores querem que eu faça. Esse juiz, como tantos juízes corruptos perante os quais sou forçado a comparecer, deveria sofrer impeachment.

A resposta do magistrado Roberts foi seca: “Por mais de dois séculos ficou estabelecido que o impeachment não é resposta adequada em caso de desacordo com uma decisão judicial.

TRUMP ADVERTE – A tréplica de Trump foi atrevida, com ameaça irracional de chefete contrariado:

“Se o ministro Roberts e a Suprema Corte dos Estados Unidos não consertarem Imediatamente essa situação tóxica sem precedentes, nosso país estará em encrenca grande’’

O país de Trump já é uma encrenca, com raízes fincadas no Salão Oval da Casa Branca.

23 thoughts on “Trump aproxima os Estados Unidos de uma gravíssima crise institucional

  1. Sr. Newton,

    O Sr. viu como é linda e maravilhosa a demogracinha.?

    Ainda bem que o Narco-Latrocida e a Chandelle de Botucatu salvaram o Páis da ‘ditadura dos generalecos…..

    Enfim, como diz o Narco-Ladrão, “O Brasil voltou”.

    Mulher de Moraes foi contratada por Banco Master

    Com 7,6 bilhões de reais em papéis com vencimento entre janeiro e junho de 2025, a instituição financeira negocia a venda para BRB, um banco público

    https://oantagonista.com.br/brasil/mulher-de-moraes-foi-contratada-por-banco-master/#google_vignette

    • Queimando a largada: Recuo nas tarifas é derrota de Trump

      Suspensão, por três meses, de taxas superiores a 10% aplicadas por Trump à maioria dos países foi recuo abrupto do governo americano e indica enfraquecimento interno; penalização maior da China, por sua vez, deve manter previsão de inflação alta nos EUA.

      Fonte: O Globo, São Paulo, 09/04/2025 18h57 Por Eduardo Graça

  2. Trump sabe jogar e vive de blefes então nos momentos adequados, vai recuar. Um negociador nato que almeja reviver um momento que não voltará jamais! O mundo é pra frente e ao invés de “trazer os empregos de volta” aos USA, trata de volta os robôs que assumirão a maioria dos postos de trabalho nessa nova era mundial. Trump é bom jogador mas está preso ao passado. Já já o “establishment” norte americano o colocará em seu lugar ou enviará um atirador que acerte o alvo da próxima vez. Fanfarrão! Os grandes interesses (BIG BIG money) estão muito acima dele.

    • Queimando a largada: Recuo nas tarifas é derrota de Trump

      Suspensão, por três meses, de taxas superiores a 10% aplicadas por Trump à maioria dos países foi recuo abrupto do governo americano e indica enfraquecimento interno; penalização maior da China, por sua vez, deve manter previsão de inflação alta nos EUA.

      Fonte: O Globo, São Paulo, 09/04/2025 18h57 Por Eduardo Graça

    • Nosso Páis é uma magavilha…

      Aqui temos picanha á rodo, toda com distribuição exclusiva do Papai Estado, aquele que cuida dos pobres, fracos e oprimidos….

      E mais, com aquela gordurinha passada na farinha e tomando uma cerveja gelada , p****.

  3. Sr. Newton,

    Notícia saindo do forno..

    Veja como nossa demogracinha é uma maravilha.

    “…Após seis horas de sessão, Conselho de Ética cassa mandato de Glauber Braga

    Deputado é acusado de agredir e expulsar um militante do MBL da Câmara dos Deputados; cassação será analisada pelo plenário…””

    PS.

    Espero que no Plenário da Câmara os Congressistas, Canalhas, Calhordas, Crápulas, cassem o mandato desse ser abjeto, vil, traste, deplorável, desqualificado, repugnante, lixo tóxico, e de brinde que cassem todos os títulos eleitorais dos seus eleitores , para nunca mais chegar perto de uma seção eleitoral para votar….

    aquele abraço..

  4. 😱😱😱 Acho que o trump está passando dos limites da lógica comercial.
    Se sair desta esfera, os americanos podem se preparar para o pior.
    A guerra armada será inevitável.

    QUANTA LOUCURA!

    José Luis

    Trump aumenta tarifa da China para 125% e reduz taxa do resto do mundo
    Medida acontece após o país asiático reagir com a taxação de 85% de produtos importados dos Estados Unidos

    Giovanna PécoraLuana Viana
    Metrópoles

    https://www.metropoles.com/mundo/trump-reage-e-aumenta-tarifa-contra-china-para-125

  5. Artigos de jornalistas amestrados estão perdendo a graça.
    Meter a ripa na cacunda de Trump, Netanyahu, Milei, já está fedendo.
    Trump não foi eleito pra agradar jornalistas comunistas.
    O povo americano escolheu quem achava melhor e não pediu opinião a brasileiros.
    Respeitem a livre determinação dos povos.

  6. A situaçãos dos EUA como está, aprofundada com a pasmaceira do que por lá chama-se de esquerda, numa crise fiscal enorme, trilionária, com a dívida perfazendo 124% do PIB, não tem sustentabilidade, já no médio prazo.

    Este estorvo reacionário, extemporâneo, neoludista, que despreza a importância do desenvolvmento das forças produtivas e acha que riqueza cai do céu, auto-intitulado esquerda e progressista (drama maior aqui no quinto mundo que lá), tem sido o establishment, o “sistema”, a inércia do mundo, a “Verdade” única, paralisante de mentes e corações e de gestos e ações.

    Por onde passa deixa rastros de atraso, ineficiência, gastos desnecessários, patrimonialismo, clientelismo, paternalismo e, no nosso caso quinto-mundista, de corrupção e degradação moral e civilizacional. São os “progressistas” que querem manter a ordem, impedir o pleno desenvolvimento dos indivíduos e dos países.

    Alguém precisava “balançar o coreto”, assumir que há uma crise latente, não só por lá, mas pelo mundo afora. Mesmo que venhamos a reconhecê-lo com um elefante numa casa de louças, não há como negar que Trump rompeu a inércia e descortinou os graves problemas políticos e econômicos de nossos tempos. Seja qual lado se veja, se fiscal, cambial, monetário ou do cmércio internacional.

    Seu maior objetivo geopolítico é obstar o desenvolvimento chinês no que dependa dos EUA. Paradoxalmente uma ditadura de esquerda, que resolveu detonar com o mito de seus pares de que riqueza cai do céu e que seja possível acabar com a miséria sem o pleno desenvolvimento das forças produtivas. Fórmula esta que a impagável Janja gastando fortunas, insiste em defender pelo mundo, numa cruzada quixotesca.

    O artigo acima reflete o estorvo, a mesmice, a falta de projeto, o conformismo, a vaidade intelectual de portador da verdade única e imutável.

    Trata-se de oligarquias que vegetam sugando o sangue do Estado, logo das populações e, paradoxalmente, dos miseráveis, pobres e excluídos que dizem defender.

    Não se tem qualquer certeza de onde iremos parar com Trump, mas, com certeza saimos do paradeiro pasmacento.

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