Homens enfim reagem à intolerância do feminismo radical e da geração trans

Título: Os legendários  
A ilustração de Ricardo Cammarota foi executada em técnica digital, vetorial, em linguagem estilizada, com cores chapadas.  Na horizontal, proporção 13,9cm x 9,1cm, a imagem mostra a silhueta de uma pessoa no topo de uma formação montanhosa preta, de formato ondulado, contrastando com um fundo laranja uniforme. A figura está de braços abertos, com uma capa esvoaçando. Atrás dela, há um círculo amarelo com o símbolo de radiação no centro, lembrando um sol.

Ilustração de Ricardo Cammarota (Folha)

Luiz Felipe Pondé
Folha

Certa feita ouvi de um colega, um homem trans, que eu, como “homem natural”, carregava sobre mim o peso da opressão que “nós” causamos ao longo da história, enquanto ele nunca havia exercido opressão alguma, como mulher que nascera. Por isso, não tinha culpa nenhuma, mas sofrera a opressão causada pelos “meus semelhantes”. A ideia era de superioridade moral.

Sorri diante do comentário e mudei de assunto, mas antes esclareci que nunca senti culpa nenhuma por opressão nenhuma a mim imputada e aos “meus semelhantes”. A ideia de que os homens são uma raça nefasta tem estatuto de conceito nas ciências humanas.

ADOLESCÊNCIA – Imagino o que um comentário semelhante a esse pode causar num moleque adolescente numa sala de aula. Bem não vai fazer. Mas a maioria dos responsáveis pelos jovens perderam totalmente a noção do que andam fazendo. “Como educar meninos para deixarem de ser doentes? Por que eles são tão ruins? Agressivos? Por que tanto ódio?”

Com a série “Adolescência”, da Netflix, virou moda descer ainda mais o cacete nos meninos sob o disfarce de que querem “ajudar os meninos a evoluírem”. A síndrome do “horror aos meninos” inundou o discurso dos inteligentinhos. Mas o “hype” dessa minissérie logo passa, tenho certeza.

A ordem do dia é, de todas as formas possíveis, transformar os meninos numa patologia a ser sanada. Sempre é chocante como ficamos incapazes de olhar o mundo sem os olhos míopes das ideologias.

VERGONHA DE SI MESMO – O que as missionárias feministas esperam é que as novas gerações de meninos sejam “educadas” a ter vergonha de sua própria condição. A vergonha de si mesmo e de seus semelhantes é o primeiro passo para a redenção masculina. A histeria virou discurso político e psicológico.

Se Vladimir Lênin, em 1917, instaurou a luta de classes no seio do campesinato russo, alimentando o ódio da imensa maioria dos camponeses miseráveis contra os poucos bem-sucedidos, instaurando um massacre destes por aqueles, hoje a luta de classes está instalada entre meninos e meninas nas salas de aulas, nas escolas e nas famílias. E, como acontece em toda luta de classe, seu alimento é o ódio justificado.

Está em curso um processo em que os homens são forçados a pensar na sua masculinidade, seja lá o que isso for, e as missionárias feministas lideram essa “revolução”. Se não existe nenhuma clareza sobre o que é “ser mulher”, por que haveria, então, sobre a masculinidade?

HORROR AOS MENINOS – Mas o rolo compressor do “horror aos meninos” não vai parar. Pais amedrontados, que temem ter filhos homens, professores, jornalistas, psicólogos, cientistas sociais, intelectuais, artistas, agentes culturais, todos se juntam na construção desse fenômeno cultural que é o “horror aos meninos”, que só podem ser redimidos se aceitarem que são doentes, maus e, por isso mesmo, se submeterem à autoridade das missionárias.

A reação de muitos homens aos desdobramentos da transformação do papel social e sexual das mulheres está só começando. Se nesse momento as reações são basicamente infantis e ressentidas —lembremos que o ressentimento é a paixão política básica das reações sociais—, a tendência é que esse processo se torne mais complexo, associando elementos culturais, sociais, psicológicos e políticos mais densos e que nem por isso deixe de ser elementar como movimento vital.

LEGENDÁRIOS – O movimento “Legendários” é um fenômeno dessa ordem de maior densidade cultural. Operando no seio do evangelicalismo, nascido até onde sei na Guatemala, esse movimento mescla uma base forte de cristianismo vivencial com laivos importantes de “coaching” masculino. O legendário número um é Cristo, claro.

O mote é “devolver os heróis para as famílias”, isto é, homens que “desfrutam” da subida à montanha — típica metáfora espiritual — com outros homens têm uma vivência um tanto mística, ouvem a voz de Deus, se ajoelham e choram diante dele. A partir daí, viram homens que caminham com Deus. E mais, e isso é essencial: descobrem que os homens devem andar juntos, um apoiando o outro, pois assim “o inimigo” —as diversas formas do Diabo— não os atingirá.

PEREGRINAÇÕES – Trata-se de uma iniciativa ancorada na tradição de peregrinação comum a várias religiões, transformação espiritual e superação das fraquezas.

Como toda peregrinação, experimenta-se o desafio de seus próprios limites e demônios — jornada do herói — e, assim, esse homem fica mais forte junto aos seus semelhantes.

A ideia do monge guerreiro — não são monges, claro, são protestantes — é um clássico medieval das cruzadas. Nenhum traço de machismo ou misoginia evidentes. Mas, sim, de homens que cuidam das suas mulheres e filhos. A ver.

12 thoughts on “Homens enfim reagem à intolerância do feminismo radical e da geração trans

  1. Esqueceram a grande diferença e ela está nos hormônios. Só falta proporem uma medicação em massa para zerar os hormônios masculinos. Ou, talvez, proponham o castramento.

  2. O Identitarismo tornou-se uma forma de extração da mais valia absolutissima. É uma mercadoria capitalista selvagem que tem tornado milionários um bando de influencers picaretas.

  3. Motta rejeita decidir sozinho e diz que levará projeto da anistia (de Bolsonaro) a líderes na Câmara

    Presidente da Casa, age para dividir responsabilidade.

    Fonte: Folha de S. Paulo, Política, 15.abr.2025 às 12h10 Por Marianna Holanda

    Fraco e sem condições de ‘matar no peito’, começou a ‘dança do Motinha’.

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