
Trump considera destituir o presidente do Federal Reserve
Pedro do Coutto
O assessor econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, disse nesta sexta-feira, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estuda a possibilidade de demitir o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. A fala do alto funcionário do governo vem um dia após o republicano atacar o chefe do banco central americano, a quem pressiona por um corte na taxa de juros, devido a um relatório que prevê alta da inflação no país.
“O presidente e sua equipe continuarão estudando o assunto”, disse o diretor do Conselho Econômico Nacional a repórteres quando questionado sobre a possibilidade de demitir Powell. Na quinta-feira, Trump fez duras críticas a Powell, afirmando que o presidente do Fed estava sempre “atrasado e errado” e que deveria cortar a taxa de juros já que os “Estados Unidos estão enriquecendo com as tarifas”. Ele acusou a autoridade de tentar “fazer política” e afirmou que tinha o poder de demiti-lo “muito rápido”.
ALTA DA INFLAÇÃO – Na véspera, Powell havia divulgado números que projetavam alta da inflação e indicou que o Fed poderia manter os juros altos para controlá-la, mesmo diante dos riscos de uma recessão. A ofensiva do presidente americano para remover Jerome Powell do comando do Federal Reserve expõe um embate inédito entre o Executivo e o banco central do país. Em declaração Trump afirmou a repórteres: “Se eu quiser tirá-lo, ele sai rapidinho, pode acreditar”.
O Fed exerce um grande poder sobre a economia dos EUA. Ao cortar a taxa de juros de curto prazo — o que normalmente faz quando a economia se enfraquece –, o Fed pode tornar o crédito mais barato e incentivar mais gastos, acelerando o crescimento e a contratação. Quando aumenta a taxa — para esfriar o nível de atividade e combater a inflação –, pode enfraquecer a economia e causar perda de empregos.
Os economistas há muito tempo preferem bancos centrais independentes, porque eles podem tomar medidas impopulares com mais facilidade para combater a inflação, como aumentar as taxas de juros, o que torna mais caro o financiamento de casas, carros ou eletrodomésticos.
RESPONSABILIZAÇÃO – A importância de um Fed independente ficou evidente após o prolongado surto inflacionário das décadas de 1970 e início de 1980. O ex-presidente do Fed Arthur Burns é amplamente responsabilizado por permitir que a inflação daquela época se acelerasse, ao ceder à pressão do então presidente Richard Nixon para manter as taxas baixas antes da eleição de 1972. Nixon temia que juros altos lhe custassem a eleição, que venceu por ampla margem.
Paul Volcker foi nomeado presidente do Fed em 1979 pelo presidente Jimmy Carter, e elevou a taxa de juros de curto prazo do Fed ao patamar de quase 20% (atualmente, está em 4,3%). As taxas altíssimas desencadearam uma recessão aguda, elevaram o desemprego a quase 11% e provocaram protestos generalizados.
Ainda assim, Volcker não recuou. Em meados dos anos 1980, a inflação havia voltado a níveis baixos. A disposição de Volcker de impor sofrimento à economia para conter a inflação é vista hoje pela maioria dos economistas como um exemplo-chave do valor de um Fed independente.
TAXA DE JUROS – Uma tentativa de demitir Powell quase certamente faria os preços das ações caírem e os rendimentos dos títulos dispararem, elevando as taxas de juros sobre a dívida do governo e os custos de empréstimos para hipotecas, financiamentos de automóveis e cartões de crédito.
Os investidores preferem um Fed independente, em parte porque ele controla melhor a inflação sem influência política, mas também porque suas decisões são mais previsíveis — seus dirigentes costumam discutir publicamente as políticas a seguir sobre juros. Se o Fed fosse mais influenciado pela política, os mercados teriam mais dificuldade em antecipar — ou entender — suas decisões.
Presidentes do Fed como Powell são indicados pelo presidente para mandatos de quatro anos e precisam ser confirmados pelo Senado. O presidente dos EUA também nomeia os outros seis membros do conselho do Fed, que podem cumprir mandatos escalonados de até 14 anos.
NOMEAÇÕES – Essas nomeações permitem que um presidente do país, ao longo do tempo, altere significativamente as políticas do Fed. O ex-presidente Joe Biden nomeou cinco dos atuais sete membros: Powell, Lisa Cook, Philip Jefferson, Adriana Kugler e Michael Barr. Assim, Trump terá menos oportunidades para nomeações. Ele poderá substituir Kugler, que ocupa um mandato não vencido que termina em 31 de janeiro de 2026.
O Congresso, por sua vez, pode definir os objetivos do Fed por meio de legislação. Em 1977, por exemplo, o Congresso deu ao Fed um “duplo mandato”: manter os preços estáveis e buscar o máximo emprego. A lei também exige que o presidente do Fed preste depoimento ao Congresso duas vezes por ano, tanto na Câmara quanto no Senado, sobre a economia e a política de juros.
A cada momento, Donald Trump escolhe mais um alvo para atacar. Agora, é presidente do Federal Reserve. É impressionante a capacidade do presidente americano de se movimentar sem pensar coletivamente, sem pensar nos efeitos que poderão se fazer sentir sobre o país em que acredita ser rei.
E o que será do FED Tupiniquim, aquele tb serviçal khazariano?
“Trump fez duras críticas a Powell, afirmando que o presidente do Fed estava sempre “atrasado e errado” e que deveria cortar a taxa de juros já que os “Estados Unidos estão enriquecendo com as tarifas”. ”
Não há como mostrar mais claramente do que isso que Trump não entende bulhufas de economia e nem sabe o que são tarifas… Vamos ver em quem ele vai botar a culpa quando der tudo errado.
Acho estranho essa turma aqui. o molusco também quer acabar com a independência do Banco Central e não falam nada. Essa turma só pensa naquilo, como dizia uma personagem do Chico Anysio. A bola da vez agora é o Trump.
Dalí o que interessa é o ouro em + ou ¬ 219 toneladas + aquela pepita de 60 kilos! Aguarda-se, o proposital “evento”!
Como vejo as guerras: Oportunidade de quem irá lucrar, bancando multilaterais lados de quem é promissor e invejado por suas riquezas territoriais!