Potencial volta de Trump à Casa Branca causa apreensão ao Brasil

A imagem mostra dois homens se cumprimentando de forma amigável, com um deles colocando a mão no ombro do outro. Ao fundo, há várias outras pessoas, algumas com expressões de interesse. O ambiente parece ser um evento formal, com um fundo azul.

Lula se dá bem com Biden, porque já estão com a validade vencida…

Fernanda Perrin e Patrícia Campos Mello
Folha

Integrantes do governo brasileiro estão apreensivos com um retorno de Donald Trump à Casa Branca e se preparam para o que um interlocutor descreveu como um “maior potencial de conflito”. A lista de preocupações inclui agenda climática, Venezuela, Elon Musk e as articulações internacionais de extrema direita.

Na sexta-feira (1º), o presidente Lula (PT) disse que está torcendo por Kamala Harris e incluiu o republicano no que vê como uma volta do “nazismo e fascismo com outra cara” no mundo. “Como sou amante da democracia, acho a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para bem governar o nosso país, obviamente estou torcendo para Kamala ganhar as eleições”, disse.

A boa relação pessoal entre Lula e Joe Biden, que deve ir a Manaus e Brasília em novembro para a reunião do G20, não deve se manter entre Lula e Trump.

LADO PRAGMÁTICO – Ao mesmo tempo, membros do governo brasileiro dizem que há boa vontade para trabalhar com quem for e afirmam ver um lado pragmático no republicano.

Mas algumas derrotas já são vistas como prováveis. A primeira é o retrocesso na cooperação ambiental. Quando presidente, Trump retirou os EUA do Acordo de Paris e revogou uma série de regulações ambientais e incentivos à transição energética.

Neste ano, prometeu continuar apoiando os combustíveis fósseis —quarta maior doadora da campanha, a indústria de petróleo e gás deu US$ 14 milhões ao ex-presidente.

KAMALA X TRUMP – O que importa sobre a eleição dos EUA é que o Brasil se prepara para sediar a COP, a conferência do clima da ONU, em Belém, no ano que vem, e contava com a ajuda financeira e política dos EUA para transformar o evento em uma plataforma para novos mecanismos de financiamento para transição energética.

 O Brasil também apostava na cooperação dos EUA para desenvolvimento sustentável —Biden havia prometido repassar US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia em cinco anos. No entanto, o grosso do montante ficou travado no Congresso.

Com Trump na Presidência e previsão de domínio republicano ao menos do Senado, diplomatas estimam que será o fim definitivo de qualquer esperança de o dinheiro chegar.

INCERTEZA – No restante dos temas, domina a incerteza. A principal delas é sobre a proximidade entre o republicano e Elon Musk. O bilionário, que recentemente entrou em choque com o ministro Alexandre de Moraes (STF), é um dos principais apoiadores de Trump, e sua influência em um governo dele é dada como certa, seja com um cargo formal ou não.

Já o analista Ian Bremmer, presidente da consultoria de risco Eurasia e colunista da Folha, diz que acredita que o confronto entre o dono do X e autoridades brasileiras deve escalar em um governo do republicano.

Bruna Santos, presidente do Brazil Institute, principal think tank sobre o país em Washington, relembra que já houve articulações no Congresso americano para tentar emplacar a pauta de supostas violações da liberdade de expressão no Brasil. Para ela, isso deve ganhar mais espaço sob Trump.

NOVAS INVESTIDAS – O movimento não teve um impacto maior, como queriam aliados de Jair Bolsonaro —que chegaram a falar em sanções—, diante da falta de apoio do Senado e da Casa Branca, ambos dominados por democratas. Mas, se houver uma inversão de forças, o temor é que essas investidas consigam avançar.

Para Santos, a relação entre os países seria marcada por uma guerra de narrativas “extremamente exaustiva e pouco produtiva”. A declaração recente de Lula sobre a corrida americana não surpreende, em sua visão.

Mas ela ressalta que, da parte do Itamaraty, já houve conversas com pessoas ligadas ao Partido Republicano para indicar que há uma intenção de manter o diálogo sob um governo Trump.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
No final, tudo se acerta, porque os interesses comerciais sempre falam mais alto do que os meramente políticos. (C.N.)

9 thoughts on “Potencial volta de Trump à Casa Branca causa apreensão ao Brasil

  1. “Lula está realizando um trabalho admirável, da melhor qualidade.

    Estou muito otimista com relação ao seu governo”.

    Assim Donald Trump se referiu à política econômica do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à Folha de São Paulo em 2004.

    • Apreensão deveria causar, estarem permissivamente sendo alçados agentes duplos como LOCUPLETOS mercenários desorganizando o país desde a proclamação da “ré-pública”!

  2. A eleição de Trump não surpreende, aliás era esperada para quem acompanha a política. O discurso fascista é cativante, ainda mais para a população que vê seus rendimentos caírem continuamente.

    Assim, o protecionismo vai aumentar, com taxas de importações e subsídios às empresas dos EUA (para decepção dos liberalóides). As imigrações serão muito restritas. As medidas de proteção ao meio ambiente se tornarão bem menos relevantes.

    E os efeitos no Brasil e mundo? O dólar deverá ficar mais valorizado, as exportações aos EUA mais dificultadas.

    A China também terá suas exportações aos EUA prejudicadas. Então, o Brasil terá que aproveitar e aumentar a cooperação econômica e tecnológica com a China e outros países, com transferência de tecnologia para aumentar a nossa diversificação de produção. E, outra coisa, ficar muito no meio ambiente será inútil e prejudicial ao nosso país.

  3. Essa derrota da esquerda vai render laudas e laudas de elucubrações, deve sair até um compendio de como perderam, narrativas povoarão a mídia amestrada.
    O que vai surgir de oráculos e profetas não está no gibi.
    No dizer que Trump é fascista e passar pano para que o ditador da Venezuela fala sobre o Brasil e o descondenado de Barba.
    Trump sabe que mandar dinheiro para o Brasil é como passar manteiga no focinho de gato.

  4. “Behind closed doors!”
    Não poderão abandonar “às traças”, seus tidos injustiçados desassemelhados!
    Crime e castigo!
    Perguntarão: De que vale agora esse passaporte?

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