Trump ignora críticas e diz que Israel entregará Gaza aos EUA

Declarações causam espanto entre palestinos e líderes mundiais

Pedro do Coutto

As ondas de choque provocadas pela ideia de relocalizar 1,8 milhões habitantes da Faixa de Gaza continuam a rolar e o próprio Donald Trump veio para as redes sociais tentar esclarecer o que pretende, depois de, aparentemente, a sua própria Administração ter tentado fazer contenção de danos. O presidente americano escreveu que, “a Faixa de Gaza seria entregue aos Estados Unidos por Israel no final dos combates”, depois de na terça-feira, ao lado do primeiro-ministro de Israel, na Casa Branca, Trump ter afirmado que o enclave seria “propriedade” dos EUA.

Os países da região têm estado a interpretar estas palavras como uma ocupação territorial, que colocaria na gaveta a ideia de dois Estados, Israel e Palestina, recorrendo eventualmente à presença militar norte-americana. Esta última ideia, Donald Trump rejeitou-a liminarmente esta quinta-feira. Na sua publicação, o presidente norte-americano insistiu que o plano refere apenas a reconstrução do enclave, num esforço internacional, intuindo contudo que ela poderá demorar vários anos.

REAOLOJAMENTO – “Os EUA, trabalhando com grandes equipes de desenvolvimento de todo o mundo, começariam lenta e cuidadosamente a construção daquilo que se tornaria um dos maiores e mais espectaculares desenvolvimentos do seu género na Terra”, escreveu. “Os palestinos já teriam sido realojados em comunidades muito mais seguras e bonitas, com casas novas e modernas, na região. Eles realmente poderiam ser felizes, seguros e livres”, acrescentou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros de Israel, Gideon Saar, garantiu que o seu governo não está a par dos detalhes do plano do presidente dos Estados Unidos para a Faixa de Gaza, depois de, quarta-feira, figuras da Administração norte-americana terem tentado pôr água na fervura de relações internacionais. Tanto Marco Rubio, o novo secretário de Estado dos EUA, como a porta-voz da Casa Branca, garantiram que Trump apenas pretende a reconstrução do enclave e que ninguém seria expulso em definitivo.

A afirmação de Trump de que os Estados Unidos assumirão o controle da Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que defende deslocar os palestinos (não se sabe para qual local ), surpreende mais uma vez o mundo, pois o controle da região significa ocupar um território que não pertence ao país americano. Como ele poderia gerir os palestinos, deslocando-os de acordo com a sua decisão pessoal?

LIMPEZA – A interpretação entre os palestinos é que Donald Trump pretende implementar a verdadeira intenção de Israel para Gaza, numa verdadeira “limpeza étnica”, a qual seria o principal objetivo dos últimos 15 meses de guerra. Tanto o Hamas como a Autoridade Palestina voltaram nesta quinta-feira a repudiar a ideia.

“Não precisamos que nenhum outro país governe a Faixa de Gaza e não aceitamos a substituição de uma ocupação por outra”, afirmou o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, apelando a uma “cimeira urgente” da Liga Árabe. “A Palestina, com suas terras, história e locais sagrados, não está à venda e não é um projeto de investimento”, disse Nabil Abu Rudeineh, porta-voz do gabinete do presidente da Autoridade Palestiniana.

Mais uma vez, Trump demonstra descontrole total. Impressionante como é capaz de defender a ocupação da Faixa de Gaza pelos Estados Unidos. Até onde Trump pretende ir? O mundo assiste atônito os seus rompantes e o seu sentimento de estar acima de qualquer relação diplomática ou respeito à soberania.

9 thoughts on “Trump ignora críticas e diz que Israel entregará Gaza aos EUA

  1. Trump implanta sua ‘política’ na América Central e do Sul, tentando varrer influência da China na região

    1 – O Panamá saiu do acordo econômico Rota da Seda com a China por pressão dos EUA. O cancelamento foi feito após a visita do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ao país, dia 02/02/2025, a mando de Donald Trump.

    A agenda de Rubio no Panamá incluiu a pressão para reduzir a influência da China no país. O presidente Trump anunciou que tomará o controle do Canal do Panamá, alegando que a China comanda o local.

    2 – O secretário de Estado americano, Marcos Rubio, foi enviado por Trump a El Salvador para tratar também de interesses dos EUA, e se reuniu com o presidente Nayab Bukele, na residência deste, no Lago Coatepeque, segunda-feira, dia 03/02/2025.

    Missão específica de Rubio foi ‘alugar’ o Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT) salvadorenho, uma penitenciária construída por Bukele e que comportaria 40 mil presos, maior capacidade do mundo.

    3 – Trump despachou ainda o agente político Richard Grenell, do gabinete presidencial, para tratar de ‘negócios’ de interesse dos EUA na Venezuela. Cumprindo a missão, Grenell se reuniu com o ditador Maduro, no Palácio Miraflores, dia 31/01/2025.

    A conversa de Grenell com o ditador Maduro, em Caracas, foi de um companheirismo surpreendente, dizem.

    Bingo! A Venezuela tem as maiores reservas provadas de petróleo do mundo, com 303 bilhões de barris. Está à frente da Arábia Saudita, com 267,2 bilhões; e do Irã, com 208,6 bilhões?

    Acorda, Brasil! A sua batata já está assando, Lula!

  2. Bobagem, trump vai incorporar gaza ao território americano, construir um lar para os milhares de deportados dóceis para reconstruir a vida e mandar os terroristas palestinos para o congo/virunga.

  3. O objetivo é claro:
    Ocupar o território e ganhar dinheiro, com a construção de uma nova Flórida em Gasa.
    A reconstrução dos escombros de Gasa, será realizada pelas empresas de Trump,. Criarão Resorts a beira mar, para os ricos se deliciarem, nas margens do Mediterrâneo.
    Palestinos e judeus, não terão acesso as novas políticas empresariais de Trump, que só pensa em dinheiro e Poder. Elin Musk está nessa jogada de limpeza étnica.
    E o que fazer, com 2,5 milhões de palestinos?
    O Egito será obrigado a receber 1 milhão e Jordânia, Líbano e Siria, serão obrigados a abrigar em seus territórios, 500 mil palestinos. É a ordem de Trump. Ou obedece ou ele fará retaliação devastadora.
    O Egito recebe mesada bilionária dos EUA e Israel também. Se não obedecerem ao Trump, a mamata acaba.
    Acabou a política de dar sem receber nada em troca. É o toma lá dá cá, sem qualquer cerimônia.
    Binjamin Netanihayu, o primeiro ministro de Israel, ao lado ao Trump na Casa Branca, ouvindo o discurso de, com essas ideias expostas, levou um susto.
    Saiu dali, tonto e com saudades infinitas de Joe Biden, que fazia o que Bibi queria.
    Trump quer de qualquer maneira, ocupar a Faixa de Gasa.

    • Sr. Roberto, o destino desses palestinos com certeza preocupa mais a nós, cidadãos conscientes deste pa;is tropical do que ao mundo árabe que não tem fama de caridoso nem pacificador pelo que sua dúvida sobre o destino que seria dado ao povo palestino é grave e oportuna, mas eu entendo que mesmo às custas de um povo até inocente, é a chance de ver respondida minha questão recorrente, o que a direito supremacista bilionária pretende fazer com os pobres e desvalidos do mundo? O ataque e campanha destrutiva da USAID, foi um avant premie, a solução para a Faixa de Gaza será a confirmação do plano A.

  4. É interessante como os anti-imperialista (única causa da esquerda capitalista selvagem) clamam para que os EUA os mantenha.

    Roubam o pão dos pobres, que dizem defender.

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