Derrapada de Lula sobre inflação não é apenas problema de marketing

Alta dos preços: Lula diz que inflação de alimentos deve ser solucionada em  breve

Como não sabe o que fazer, Lula então começa a embromar

Fabiano Lana
Estadão

A gestão de Sidônio Palmeira como ministro da propaganda do governo Lula 3 parece ter o vício da frivolidade cibernética que marca o espírito de nossos tempos. Aparentemente haverá mais atenção a vídeos tiktokers com o presidente, bonés com slogans edificantes, descontração e até mesmo trilhas sonoras de fundo.

Mas está longe de tocar nas feridas que têm como consequência os problemas de popularidade da gestão.

ENORMES DESAFIOS – Sidônio tem alguns desafios que talvez nem as mais modernas técnicas de comunicação do mundo conseguirão enfrentar a contento. O primeiro é que o País está cindido.

Há uma torcida apaixonada e muitas vezes irracional a favor ou contra líderes políticos com traços populistas. O amor a um é exatamente proporcional à repulsa ao outro. Traduzindo: quem gosta de Lula não gosta de Bolsonaro e vice-versa.

É algo que tem a ver com afetos, com necessidade de ter um líder a seguir (quase) cegamente, e outras coisas das profundezas da alma humana que é de difícil tratamento superficial. Enfim, como falar para todo mundo e não apenas com a turma que pensa igual?

DURA REALIDADE – O outro desafio é algo chamado realidade. Termos como real, verdade, ou correlatos são de difícil definição. Mas podemos provisoriamente chamar de real como a barreira que impede de realizar nossas fantasias – pessoais, profissionais, amorosas, e, no caso, políticas.

Que comunicação pode dar conta de um problema que incomoda tanto como a inflação de alimentos? Talvez nenhuma. A não ser que os preços voltem a se tornar estáveis.

Mas aí temos outra questão que Sidônio está lidando agora. O conceito de economia do PT mistura certo negacionismo quanto às limitações da economia com propostas que são intrinsecamente inflacionistas – como por exemplo o crescimento econômico a partir da expansão do Estado, mesmo que por meio de déficits públicos.

SEM PRIORIDADE – Quando há mais de 30 anos o PT votou contra o Plano Real foi mais do que picuinha de oposição. Combater inflação, o que exige contas equilibradas, de certa maneira nunca foi uma prioridade do petismo.

Não é à toa que o maior inimigo do Brasil para tantos é o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que aumentava os juros com o intuito oficial de derrubar os preços.

Talvez por conhecer bem sua turma que Lula – sempre às voltas com contradições e ambiguidades – colocou como presidente do Banco Central em seus dois primeiros governos um banqueiro internacional tucano.

LEMBREM DILMA – No governo Dilma Rousseff, quando, pela primeira e única vez, houve consonância entre ministro da Fazenda e presidente do Banco Central com o pensamento tradicional do petismo sobre economia, a consequência foi uma das maiores crises de todos os tempos.

A fala de Lula em que traz uma visão cândida sobre inflação – em que pede para nós escolhermos os produtos mais baratos, o que aliás sempre fazemos, foi apenas uma recaída da visão tradicional do petismo sobre economia.

O problema – muito mais do que ter-se tornado uma estratégia de comunicação – é que, quando a tese do PT sobressai, a história nunca acaba bem.

13 thoughts on “Derrapada de Lula sobre inflação não é apenas problema de marketing

  1. É falta de massa cinzenta e tem outro problema, dizem que o álcool é prejudicial para os neurônios. Pode ter a melhor equipe de marketing, que não resolverá esse problema

  2. Estranho ‘cachorro enjeitar osso’

    Lula insiste em dar ministérios para Lira e Pacheco, mas os ex-presidentes da Câmara e do Senado resistem em aceitar.

    Os ministérios que Lula oferece ‘de porteira fechada’, e ambos têm rejeitado, são o da Agricultura (de Carlos Fávero), a Lira, e o do Desenvolvimento (de Alckmin), a Pacheco.

    Talvez estejam, os dois ‘azougues’, prevendo a debacle do governo Lula e a não reeleição do petista em 2026, e evitando, desde já, entrarem numa ‘barca furada’. Quem sabe?

  3. Desconfio que toda essa campanha dos ceguidores do mercado, sem análises mais profundas, tem como pano de fundo, o desconhecimento de como funciona a economia real, aquela que afeta a maioria.

    Gosto de um capitalismo com viés social, assim não votaria em alguém que prega o capitalismo liberal como única forma de atingir o equilíbrio social.

    Nos costumes sou conservador, mas na economia não sou liberal e acredito que a maioria pensa assim, embora muitos caiam no engodo de que os costumes são mais importantes para sua vida.

    Vou pegar dois exemplos de presidentes: Trump e Milei. Ambos são conservadores nos costumes, mas muito diferentes quando se trata de economia. Posto isso, quem eu escolheria hipoteticamente como presidente? Sem dúvidas Trump.

  4. Nos governos de esquerda quem deveria governar são os marqueteiros, só eles tem a narrativa correta. Só eles tem o poder de levar o mundo ao Nirvana, à bem aventurança,

  5. Alguém ainda acredita que o Lula governa o Brasil? Um fantoche nas mãos da Sinhazinha que está com a faca e o queijo nas mãos. O cadáver insepulto cada vez fede mais.

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