Paulo Peres
Poemas & Canções
O jornalista, tradutor e poeta gaúcho Mário de Miranda Quintana (1906-1994) inspirou-se na “Dança” solitária de uma menina, cujo par era o vento.
DANÇA
Mário Quintana
A menina dança sozinha
por um momento.
A menina dança sozinha
com o vento, com o ar, com
o sonho de olhos imensos…
A forma grácil de suas pernas
ele é que as plasma,
o seu par de ar, de vento,
o seu par fantasma…
Menina de olhos imensos,
tu, agora, paras,
mas a mão ainda erguida
segura ainda no ar
o hastil invisível
deste poema!
O carnaval acabou
O surdo emudeceu
O pobre mais pobre ficou
E nem um dia choveu
A virgem bailarina
Ao fim virou senhora
E seu Dom Juan na surdina
Na quarta-feira foi-se embora
(Rue des Sablons)