Bruna Lima
Metrópoles
O Ministério Público Federal enviou um parecer ao Ministério dos Direitos Humanos, pedindo que o Estado brasileiro faça reparações e compensações à família de João Cândido, herói da Revolta da Chibata (1910), um motim organizado pelos marujos da Marinha brasileira de 22 a 27 de novembro de 1910.
A revolta organizada pelos marinheiros ocorreu em embarcações da Marinha que estavam atracadas na Baía de Guanabara e foi motivada, principalmente, pela insatisfação dos marinheiros com os castigos físicos.
PARECER A FAVOR – O parecer foi produzido no âmbito de um inquérito civil público instaurado pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro, com o objetivo de acompanhar a valorização da memória e do legado de João Cândido.
O procurador Júlio José Araújo argumentou no documento que, apesar de João Cândido ter sido anistiado pelo governo Lula em 2008, sua família não recebeu qualquer indenização do Estado. Araújo defendeu que a anistia só estará completa quando os descendentes do Almirante Negro forem devidamente compensados com uma pensão.
O parecer também foi encaminhado para a Câmara dos Deputados, onde tramita um projeto de lei para incluir o nome de João Cândido no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria.
###
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É uma lembrança mais do que merecida, e a indenização, também, porém jamais compensarão os sofrimentos da família de João Cândido. Durante o regime militar, quase fui demitido de O Globo, porque escrevi uma matéria de página inteira sobre Cândido. A Marinha pediu minha cabeça, que Roberto Marinho na época preservou, porque o editor de Política de O Globo, Antonio Vianna, lhe convenceu de que minha demissão seria uma indignidade. Saudades do amigo Vianna, meu grande mestre nesta profissão. (C.N.)
Depois vamos indenizar os países da África que tiveram seus cidadãos capturados e vendidos como escravos aqui no Brasil.
Segundo outros patriotas Portugal deve devolver o ouro que carregou do Brasil no quinto dos Infernos.
Europa idem, devolver a África tudo que carregou de lá.
Se fossemos passar a limpo a História da Civilização a Grécia Clássica de Platão e sua República teve seu apogeu com mão e obra escrava.
Há espíritos cuja grandiosidade independe do reconhecimento oficial.
Merecida e acertada a lembrança de João Cândido.
E dos jornalistas que defenderam com dignidade a realidade dos fatos, acima dos interesses de ocasião.
Meus parabéns, Carlos Newton pela justa homenagem ao Almirante negro, João Candido, que enfrentou a crueldade dos oficiais da Marinha, na época dos fatos. A Marinha do regime militar, pediu sua demissão, pelo acerto da matéria assinada por você, Newton. Quando um assunto incomoda certos militares, eles usam a truculência, ao invés, se contrapor com argumentos lógicos. Na tortura contra O Almirante negro, sabem, que erraram, mas, não são capazes de admitir. Crêem que a verdade está com eles, sempre.
Sobre o almirante envolvido no episódio das jóias, que tentou recuperar no aeroporto de Guarulhos, nem um pio. O que o Almirante envolvido em contrabando é melhor do que o Almirante Negro?
E o Almirante, comandante da Armada no governo Bolsonaro, golpista como o chefe? João Candido, o Almirante negro dá de dez a zero neles.
Gratíssimo por suas palavras, amigo Roberto Nascimento. Vamos em frente, sempre juntos.
Abs,
CN
O saudoso Aldir Blanc, médico e compositor, compôs um samba antológico, em homenagem ao Almirante Negro. É um dos sambas mais bonitos, da história do carnaval. Impressionante a genialidade do Aldir.
Mestre Sala dos Mares
Aldir Blanc e João Bosco
Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo feiticeiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como o navegante negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar, na alegria das regatas
Foi saudado no porto pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas
Jorravam das costas dos santos entre cantos e chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do feiticeiro, gritava então
Glória aos piratas
Às mulatas, às sereias
Glória à farofa
À cachaça, às baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história não esquecemos jamais
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas salve
Salve o navegante negro
Que tem por monumento as pedras pisadas do cais
Mas faz muito tempo
Homenagem a João Candido, líder da Revolta da Chibata em 1910.
Mestre Sala dos Mares é um grito de alerta contra o racismo, os castigos físicos e o trabalho escravo, executado pelos oficiais da Marinha, que atingiam os marujos, principalmente negros.