José Marques
Folha
Em manifestações na manhã posterior ao atentado com explosões na praça dos Três Poderes, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, anteciparam conclusões que atrelam o episódio aos inquéritos que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.
Ambos disseram na quinta-feira (14) que o atentado não foi um fato isolado e indicaram relações com os outros casos relatados por Moraes relacionados a ataques às instituições. Também criticaram a possibilidade de anistia a envolvidos no 8 de janeiro de 2023.
EXISTE CONEXÃO – O inquérito sobre os ataques a bomba tramita sob sigilo no Supremo, e a relatoria foi designada a Moraes pelo presidente da corte, Luís Roberto Barroso, por ele entender que há conexão com outras apurações tocadas pelo ministro. Segundo especialistas, porém, eventual conexão do atentado com as ações golpistas ainda carece de provas.
Moraes discursou na manhã seguinte ao atentado a bomba. Em um evento do Ministério Público, em Brasília, afirmou que o contexto que levou ao ataque se iniciou “quando o famoso gabinete do ódio começou a destilar discurso de ódio contra as instituições e contra o Supremo Tribunal Federal” e que isso também resultou no 8 de janeiro.
“É uma demonstração de que só é possível e é necessário a pacificação do país com a responsabilização de todos os criminosos”, disse o ministro do Supremo.
VAI JUNTAR TUDO – As investigações sobre o chamado gabinete do ódio — que era composto por auxiliares de Bolsonaro que produziam conteúdos contra ministros do Supremo e outras autoridades nas redes sociais — fazem parte do chamado inquérito das milícias digitais, relatado por Moraes, e também conhecido como Inquérito do Fim do Mundo.
O ministro aproveitou o discurso também para voltar a fazer críticas sobre o que chama de “falso manto de uma criminosa utilização da liberdade de expressão”. “Ofender, ameaçar, coagir. Em nenhum lugar do mundo isso é liberdade de expressão. Isso é crime”, disse.
A justificativa é a mesma usada pelo ministro ao defender a regulamentação das redes sociais, uma das suas bandeiras, e nas decisões nas quais determina a derrubada de perfis das plataformas.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – E assim se eterniza o Inquérito do Fim do Mundo, aquela investigação teratológica e ilegal, iniciada em 2019, a única que não tem data para terminar, no mundo inteiro. (C.N.)