Loucura das bets ilustra o presente desesperado de um país sem futuro

Imagem ilustrativa de apostas esportivas bets - Metrópoles

O governo atendeu aos lobistas do jogo e está se dando mal

Mario Sabino
Metrópoles

Diante do desvario causado pelas bets, a imprensa está como aquele policial corrupto do filme Casablanca que vai fechar o cassino do personagem de Humphrey Bogart. “Estou chocado — chocado — por descobrir que há jogo acontecendo aqui!”, diz ele, impassível. Em seguida, um crupiê lhe estende um maço de dinheiro, informando: “Os seus ganhos, senhor”. Ao que o policial responde: “Ah, obrigado”.

A verdade é que, não fosse a história policial envolvendo a influencer e o cantor sertanejo famosos, grandes veículos de comunicação continuariam a fazer vista grossa para o descalabro que lhes rende dinheiro em publicidade, recurso cada vez mais escasso. Há até emissoras que querem aderir ao novo negócio de engabelar gente pobre, transformando-se, elas próprias, em casas de apostas eletrônicas.

VIGARICE – A liberação dessa vigarice foi a título de aumentar a arrecadação de impostos. Conversa mole: em 2025, de acordo com economistas ouvidos pelo Estadão, a regulação das bets renderá entre R$ 2 e R$ 10 bilhões, uma bagatela se comparada à receita primária de R$ 2,7 trilhões, prevista no Orçamento da União. Quem tem a comemorar são os lavadores de dinheiro.

A aprovação do projeto das bets abriu “as portas do inferno”, como disse a deputada Gleisi Hoffmann, agora fazendo mea-culpa. O inferno é tão grande, veja só, que estou concordando com Gleisi Hoffmann.

“Subestimamos os efeitos nocivos e devastadores sobre o que isso causa à população brasileira. É como se a gente tivesse aberto as portas do inferno, não tínhamos noção do que isso poderia causar. Principalmente essa ação muito ofensiva das casas de jogos e o uso de publicidade extrema”, disse a deputada petista.

BOLSA APOSTA – O resultado da selvageria é que beneficiários do Bolsa Família gastaram, apenas em agosto, R$ 3 bilhões de reais com apostas eletrônicas. O Bolsa Família virou programa de transferência de renda para cassinos virtuais. É o Bolsa Bet. Para completar a roleta russa, uma pesquisa feita por uma fintech revela que 30% dos brasileiros que têm conta em banco contraem empréstimos para fazer apostas.

Marcos Troyjo, ex-presidente do Banco dos Brics, desenhou para esta coluna o tamanho do desastre para o país: “O PIB nominal do Brasil é de cerca de R$ 11 trilhões. Historicamente, o país investe cerca de 1% do PIB em PD&I (Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação.  PD&I é antessala de aumentos de produtividade, que são antessala de aumentos de renda, que são antessala da prosperidade. Este 1% de R$ 11 trilhões é R$ 110 bilhões. Estes R$ 110 bilhões são todo o investimento que o Brasil (governo, estatais, autarquias, universidades, centros de pesquisa, empresas privadas) faz em PD&I. Um estudo recente do Banco Central mostra que, em agosto de 2024, algo como R$ 20 bilhões foram transferidos a empresas de apostas e jogos de azar, as bets. R$ 20 bilhões por mês são R$ 240 bilhões por ano”.

CONCLUSÃO – Hoje, o Brasil está direcionando mais do dobro de recursos a bets do que à construção do futuro mediante o investimento em PD&I.

A loucura das bets ilustra o presente desesperado de um país sem futuro. Não se está falando de vício, apenas, mas da ilusão infantil de milhões de brasileiros que enxergam nas apostas eletrônicas um meio de completar o mês, de ir um pouco além da sobrevivência.

É trágico, doloroso e deprimente.

Contratação de advogados causa renúncia de medalhões em ação bilionária no STF

As barragens de Mariana e Brumadinho poderiam não ter existido – Portal Ambiente Legal

Desastres ambientais serão julgados em Brasília ou Londres?

Thais Bilenky
Do UOL

Seis advogados dos mais reputados do país renunciaram a uma causa de mais de R$ 100 bilhões no Supremo Tribunal Federal do Ibram, o Instituto Brasileiro de Mineração, que representa as maiores mineradoras do país. O motivo? A entrada dos escritórios Warde Advogados e Xavier Gagliardi Inglez Verona e Schaffer Advogados na ação bilionária.

Os advogados que deixaram o caso são Floriano de Azevedo Marques, Beto Vasconcelos, Augusto de Arruda Botelho, Gustavo Binenbojm, Rodrigo Mudrovitsch e Eduardo Damião Gonçalves. A decisão foi comunicada ao Supremo na quarta-feira (25), um dia depois de o Ibram informar a contratação de Warde.

COMUNICAÇÃO – Em carta aos advogados, o diretor presidente do Ibram, Raul Jungmann, comunicou na terça-feira (24) a contratação dos escritórios Warde Advogados e Xavier Gagliardi Inglez Verona e Schaffer Advogados.

“Não obstante, continuaremos a contar com apoio e colaboração dos escritórios anteriormente contratados, com os quais quero promover uma reunião de coordenação estratégica”, afirmou Jungmann. “Nesse ínterim, tendo em vista a urgência da matéria e a dificuldade de alinharmos nossas agendas, autorizei o início das atividades pelos novos colegas.”

Em nota emitida por sua assessoria, o escritório de Walfrido Warde informou que “ainda não ingressou nos autos da ADPF 1178. Ressalta, todavia, que a renúncia dos colegas priva o escritório da oportunidade de advogar ao lado de brilhantes causídicos, ainda que, apenas circunstancialmente, representem partes oponentes em muitos litígios correntes de grande porte”.

AÇÃO EM LONDRES – O Ibram entrou com a ação em junho pra tentar impedir municípios brasileiros de litigar em Londres contra as empresas responsáveis pelos desastres de Mariana e Brumadinho. O ministro Cristiano Zanin é o relator.

Cerca de 700 mil atingidos e 46 municípios acionaram as cortes britânicas para responsabilizar a BHP Billiton, mineradora anglo-australiana, com sede em Londres, uma das acionistas da Samarco. A Vale, outra sócia, também foi incluída no processo. O valor é baseado no acordo que a Advocacia Geral da União está prestes a fechar com as empresas e os municípios, que supera R$ 100 bilhões. Mas o valor da ação em si não foi calculado.

A ação discute se vale a decisão do Judiciário do Brasil ou de Londres. O escritório que entrou com a ação na corte britânica é especializado em ações coletivas, que vendem a indenização a ser recebida a fundos de litígio. E a indenização já foi comprada por fundos de litígio estrangeiros.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGUma ação interessantíssima. Esse novo advogado, Walfrido Warde, defende a tese de que a corrupção deve ser tolerada em nome do desenvolvimento… Vamos ver se vai valer a decisão da Justiça brasileira ou da britânica. Façam suas apostas diretamente, esqueçam as Bets. (C.N.)

No Brasil, o “governo das leis” está sendo substituído pelo “governo dos homens”?

Pesquisas mostram o que o brasileiro pensa do Judiciário - Polêmica Paraíba

Charge do Cleberson (Arquivo Google)

Wálter Maierovitch
Do UOL

Nesta semana, já temos forte indício de o “governo das leis” estar sendo substituído pelo “governo dos homens” (os ministros do STF), para usar as expressões da época das discussões filosóficas platônico-aristotélicas.

A inversão é preocupante, pois a superioridade da lei é expressão da soberania popular. Afinal, na democracia, o poder provém do povo e é ele que tem qualidade para agir pelos seus representantes eleitos: demos (povo) + kratos (poder)

CAÇA ÀS BRUXAS – Em outras palavras e referentemente à caça às bruxas de acesso à plataforma X, o supremo ministro Alexandre de Moraes e o procurador-geral da República, Paulo Gonet. atentam ao estado de Direito ao violarem o princípio da legalidade .

O princípio da legalidade adotado pela nossa Constituição, também chamado de reserva legal, foi expresso em fórmula latina criada pelo jus-filósofo alemão Anselm Von Fuerbach , “nullun crimem sine lege”.

A reserva legal vem expressa no artigo 5º da nossa Constituição e integrou a célebre declaração de direitos das Nações Unidas, ou seja, “não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. Com efeito, não existe lei a autorizar as pesadas sanções impostas por Moraes aos ingressos na plataforma X.

COISAS DIVERSAS – Os usuários que acessaram a plataforma X nada têm a ver com as deliberações de Moraes sobre ter ou não Musk representante legal no Brasil e de não haver retirado da rede perfis de consagrados antidemocráticos, golpistas a serviço do infectante bolsonarismo. Como se diz no mundo do direito, trata-se de “res inter alios”, ou melhor, coisa entre terceiros: Moraes e Musk.

Não existe nenhum vínculo de co-autoria delinquencial ou participação criminosa. Em síntese, não existe nenhum tipo penal de enquadramento aos usuários de rede: “Nullun crimen, nulla poena sine previa lege”.

Moraes quer criminalizar e penalizar os que fizeram “uso extremado” de acesso à rede. Onde está esse tipo penal “uso extremado” e o que significa? Onde encontrar, salvo nas mentes de Moraes e Gonet, os crimes que imaginam? Resposta: nada disso está tipificado no nosso ordenamento legal-constitucional.

AGRADECIMENTO – Gonet quer identificar os descumpridores da ordem de Moraes. A lembrar: Moraes, acompanhado de Gilmar Mendes, “sugeriu” a Lula a indicação de Gonet à elevadíssima função de procurador-geral da República. Daí, a percebida consideração e referência de Gonet ao cabo-eleitoral.

Mas até quando iremos conviver com arbitrariedades? A resposta é simples: enquanto o ministro Roberto Barroso, presidente do STF, mantiver a portaria de superpoderes inquisitoriais a Moraes, tudo continuará como está. O STF permanecerá como uma espécie de poder maior, o que significa afronta à divisão e separação dos poderes. Também ao sistema de freios e contrapesos.

Poder mais que o outro desequilibra, e o STF, para piorar, vem intrometendo-se na competência legislativa. E até do Executivo, como aconteceu na recente decisão do ministro Flávio Dino na questão das queimadas.

PODER MODERADOR – O antidemocrático e golpista Jair Bolsonaro queria inventar a existência de um poder moderador, que seria o dele presidente, para se impor aos demais. Viu-se como Pedro Ii e o filho Pedro II, detentores, por força da Constituição imperial, do poder moderador, idealizado na França pelo jurista Benjamin Constant de Rebecque.

Por seu turno, o ministro e então presidente Dias Toffoli, autor da portaria que está sendo mantida por Barroso, acabou inventando uma fórmula alternativa de poder extra. No novo desenho, o STF colocou-se não como moderador diante de dissenso entre poderes, mas como poder absoluto, maior e predominante.

Para completar o quadro constitucional e juridicamente desolador, saiu Aras, o procurador filo bolsonarista. No lugar, entrou um procurador filo-STF, praticamente escolhido por dois do STF, que está a comprometer a independência institucional e a falhar na noção sobre o fundamental papel do MP num estado de Direito.

LIBERDADE – Num pano rápido, o marquês de Beccaria, precursor da humanização penal e do moderno direito criminal, escreveu, em 1764, no opúsculo “Dos delitos e das penas”, “não existir liberdade toda vez que atos permitirem que, em alguns eventos acontecidos, o homem cesse de ser pessoa e se transforme em coisa”.

Nossa Constituição não permite isso, mas com Moraes e agora Gonet, todo cidadão brasileiro transformou-se em coisa, não mais em sujeito de direitos.

Política externa rebaixa Lula ao papel de “mordomo-chefe” da Venezuela

Tribuna da Internet | Lula e o Brasil, mais uma vez humilhados pelo sanguinário ditador Nicolás Maduro

Charge do Gomez (Correio Braziliense)

J.R. Guzzo
Estadão

Quase tudo na vida tem dois lados, mas o problema é esse “quase”. Há coisas que só tem um lado, e o lado que existe é muito ruim – ou têm dois, mas um é pior que o outro. O melhor exemplo ora disponível desta realidade é aquilo que o governo Lula chama de “política externa”. Há quase dois anos, desde que começou a sua terceira encarnação como presidente da República, Lula já gastou mais de R$ 3 bilhões em 23 viagens ao redor do mundo atrás da fantasia de tornar-se um guia espiritual do mundo subdesenvolvido. Tudo o que conseguiu de lá para cá foi destruir qualquer possibilidade de fazer com que o Brasil seja levado a sério.

É certo que o governo Lula, nas suas realizações internas, é um deserto do Saara que se estende a perder de vista. Então: já que não consegue fazer nada aqui dentro, não daria para fingir que está fazendo alguma coisa lá fora? Se foi essa a intenção, é evidente que não deu certo. O último prego no caixão da nossa “política externa altiva”, como diz o Itamaraty, é o rebaixamento do Brasil ao papel de mordomo-chefe da ditadura da Venezuela.

É CÚMPLICE – É uma coisa triste. Quanto mais Lula tenta se fazer de “interlocutor” entre “as partes”, mais ele se afunda como cúmplice público de um dos mais grosseiros roubos de eleição jamais vistos no seu Terceiro Mundo. Não há “duas partes” legítimas na Venezuela; não há, portanto, nada para negociar.

Há um crime cometido por seu parceiro e ditador Nicolás Maduro, de um lado, e os eleitores assaltados por ele, de outro. Todo o mundo democrático diz isso, mas Lula acha que a esperteza é fazer de conta que está buscando uma “solução negociada”, enquanto fecha com o ditador por baixo do pano.

Acaba sendo apenas mais uma mentira de baixa qualidade. Lula diz que não condena o roubo porque quer “manter aberto” seu canal de “interlocução” com Maduro. Que canal? Que interlocução? O ditador diz que o outro lado é um bando de “terroristas” que se recusa a aceitar “o resultado das eleições”.

NA VIOLÊNCIA – A milícia ditatorial da Venezuela já assassinou pelo menos 25 opositores que faziam protestos de rua. Há quase 2.000 presos políticos no país. Maduro diz que vai construir campos de concentração, e por aí se vai. Como o presidente do Brasil pode querer que a oposição “negocie”?

Rússia, Cuba, Irã e as ditaduras de sempre não perderam tempo, nem encheram a paciência de ninguém, com essas conversas sobre “diálogo”. Já foram logo cumprimentando Maduro por sua linda vitória, e vida que segue.

Lula quis enganar todo mundo, e ficou com a brocha na mão: quem gosta de ditadura acha que ele vacilou feio, quem gosta de democracia convenceu-se mais uma vez que ele é um hipócrita.

Eleição em São Paulo exibe as caóticas divisões de direita e esquerda em crise

Esquerdas sobem na opinião pública; e a direita recua - por Pedro do Coutto  - Tribuna da Imprensa Livre

Charge do Duke (Arquivo Google)

Míriam Leitão
O Globo

A direita dividiu-se nessa eleição com conflitos de fazer sombra à sempre dividida esquerda. Jair Bolsonaro em cima de um palanque berrou duas vezes que Ronaldo Caiado é um governador covarde. O sócio de Pablo Marçal deu um soco no publicitário de Ricardo Nunes. Os 20% dos eleitores paulistanos que se dizem bolsonaristas entregam 48% de intenção de votos a Marçal e 39% a Nunes, segundo o último Datafolha.

A Faria Lima, que administra o dinheiro poupado da classe média e dos ricos, se inclina por um candidato que não tem uma única ideia de como administrar a maior cidade do país. Um empresário dono de startup de educação para gestores diz que mulher não pode ser CEO. E o agro tecnológico nada faz para se separar da lavoura arcaica. Vivem juntos.

DEVASTAÇÃO – Os fatos listados aqui parecem sem conexão, mas mostram a devastação que é a elite brasileira, e o resultado do processo político recente que transformou a direita em satélite da extrema direita antidemocrática e contra a ciência. Ronaldo Caiado é médico, foi a favor da vacina e das medidas protetivas. O xingamento de Bolsonaro foi por esse acerto.

O evento revela que mesmo sobre 700 mil mortos, o ex-presidente continua contra a proteção da vida de brasileiros. Nada o demove do seu obscurantismo.

Os Caiados têm poder em Goiás desde o começo da República, mas Ronaldo Caiado surgiu como líder do ruralismo de direita no período pós-ditadura. Propunha-se a defender suas ideias sobre o agronegócio dentro da democracia. Contudo ele esteve no palanque da Paulista, no último 25 de fevereiro, bajulando Bolsonaro numa manifestação de defesa do golpismo e dos golpistas.

TARCÍSIO E NUNES – No mesmo palanque onde se cultuou Bolsonaro como líder maior estava o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que tem sido apresentado como bolsonarista democrático, como se essas categorias fossem conciliáveis. Estava também o prefeito Ricardo Nunes que, nos últimos dias, teve que abjurar a vacinação obrigatória contra Covid, que ele um dia apoiou por causa de Bruno Covas.

O neto do grande democrata Mário Covas fez seu papel de líder contra a Covid. Mesmo sendo imunossuprimido, Bruno circulava por hospitais, lutando pessoalmente contra o vírus mortal. É esse legado que Nunes trai para tentar conquistar votos da extrema direita, que prefere Pablo Marçal.

Um acionista de um grande banco me perguntou: como é possível que a Faria Lima se encante por uma pessoa como Pablo Marçal? As escolhas políticas dos operadores de mercado financeiro não os recomendam como gestores do dinheiro alheio, por falta absoluta de visão estratégica. Pense numa cidade de 11 milhões de habitantes sendo administrada por um misto de arruaceiro, curandeiro, farsante, com propostas como fazer teleféricos em áreas planas e mandar os homens para a reciclagem.

MULHER CEO – Também não se recomenda um curso da G4 Educação. A startup foi fundada por Tallis Gomes e três sócios. A empresa treina gestores para os desafios do mundo atual. Ele ficou famoso por dizer “Deus me livre de mulher CEO” e sustentar que mulher gestora passa por um processo de “masculinização” e deixa o lar em “quarto plano”.

Tallis tem 37 anos e carrega ideias medievais sobre a mulher, mas é professor de gestores. Foi afastado, porém permanece sócio de uma empresa que quer educar o mundo corporativo.

O país foi incendiado por criminosos. Em São Paulo, foram atacadas usinas de cana- de- açúcar. O agronegócio foi atingido diretamente. Na Amazônia, os incêndios são provocados para que depois da queima da floresta sejam feitos pastos para a pecuária.

Aguarda-se ansiosamente que o agronegócio, que se diz bom, moderno e tecnológico, rompa publicamente com toda a cadeia de produção sustentada pelo crime.

COMO COMEÇAR? – É possível fazer a rastreabilidade da produção brasileira e limpá-la do crime ambiental. Passa por mudar a pauta da bancada ruralista. Quem vai começar a ruptura? O primeiro bônus será o acordo com a União Europeia.

Uma democracia precisa de forças políticas de direita, esquerda, centro. Todas comprometidas com os valores institucionais da democracia. O progresso econômico exige gestores e empresários com visão de futuro e capazes de enfrentar desafios climáticos e de inclusão num país desigual.

Com a direita capturada pelo autoritarismo, e a elite econômica subserviente ao atraso, o nosso projeto de potência ambiental, inclusiva e democrática fica mais distante.

Após a audiência pública, Fux deve levar ação contra bets ao plenário do Supremo

Fux suspende lei municipal que institui 8 de janeiro como 'Dia do Patriota'

Audiência vai debater a exploração do homem pelo jogo

Luísa Martins
CNN Brasil

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), sinalizou que não vai decidir individualmente e indicou que vai levar ao plenário a ação que discute a constitucionalidade da lei responsável pela regulamentação das bets esportivas.

Fux convocou audiência pública para o dia 11 de novembro com o objetivo de ouvir especialistas, entidades reguladoras, órgãos governamentais e representantes da sociedade civil a respeito do tema.

RITO ABREVIADO – Depois, vai submeter a ação ao plenário, onde ele e os outros dez ministros poderão votar. Ele adotou o chamado “rito abreviado”, sinalizando que não vai decidir individualmente.

A ação foi ajuizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A alegação é a de que a lei aumentou o mercado de apostas e o endividamento das famílias.

Fruto de uma mobilização do governo federal, a lei das bets foi aprovada pelo Congresso no governo de Mrichel Temer e regulamentada por Medida Provisória do presidente Lula da Silva (PT) em dezembro de 2023.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O governo do presidente Jair Bolsonaro ficou inseguro em relação às apostas bets e deixou o assunto engavetado por quatro anos. De olho na receita propiciada pela jogatina, Lula mandou regulamentar por Medida Provisória e está quebrando a cara. Agora, até as televisões estão querendo ter suas próprias bets, para explorar esse povo pobre e otário do meu Brasil varonil. (C.N.)

STF bombardeia Lava Jato até não sobrar tijolos, prisões, condenações e… multas

Tribuna da Internet | Imprensa chora a destruição da Lava Jato, mas “lavou”  o produto de roubo

Charge do Nani (nanihumor.com)

Eliane Cantanhêde

Na sexta-feira à noite, no escurinho do cinema, o ministro do STF Dias Toffoli lançou mais uma bomba, em meio à decisão de Alexandre de Moraes sobre a volta do X, eleições na reta final, o debate crescente sobre os riscos das bets e o ataque de Israel à capital do Líbano –  a anulação de todos os processos contra Léo Pinheiro, ex-presidente da empreiteira OAS.

Ex-advogado do PT, Toffoli foi nomeado para o Supremo nos primeiros mandatos do presidente Lula, mas votou contra o partido na época da Lava Jato, impediu Lula de sair da prisão para ir ao velório do irmão e agora se açoita anulando condenações e multas da Lava Jato. Uma reviravolta e tanto, ou um pedido de perdão?

AMIGÃO DE LULA – Já Léo Pinheiro, capturado pela Lava Jato, foi o empreiteiro mais próximo de Lula, a quem visitava no Sítio de Atibaia para bater altos papos e tomar uns drinks. Resistiu o quanto pôde a fazer delação premiada, mas cedeu depois de Marcelo Odebrecht abrir a fila e o bico.

Sua delação, só aceita quando ele incriminou Lula, foi decisiva para a condenação e prisão do ex e atual presidente, por corrução passiva e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do Guarujá – onde, aliás, ele não morava, nunca tinha morado e nunca iria morar.

É assim que a Lava Jato, comemorada como a maior operação contra a corrupção do Brasil, quiçá do mundo, continua sendo bombardeada até o último tijolo. O então juiz Sérgio Moro e os procuradores viraram vilões, inclusive com a perda de mandato de Deltan Dallagnol na Câmara. E todos os políticos e empreiteiros foram soltos e a fase de anular delações e acordos de leniência avança rapidamente. Com a correspondente anulação de multas.

SÓ 45 MILHÕES – Léo Pinheiro, por exemplo, foi condenado a 30 anos, ficou três anos e quatro meses preso e pede, além da invalidação das penas, também da multa de R$ 45 milhões da OAS, mais uma vez seguindo a trilha da antiga Odebrecht. É como se a corrupção não tivesse existido, as delações fossem mentirosas, os acordos de leniência e as provas fakes, as multas indevidas. Uma volta no tempo, apagando tudo.

Se as grandes empreiteiras e seus donos foram ao fundo do poço e voltam à tona, a J&F e os irmãos Wesley e Joesley Batista jamais saíram do topo, de seus aviões e iates, e continuam multiplicando seu patrimônio, estimado em R$ 20 bilhões – cada um. Pode ser coincidência, mas enquanto os empreiteiros denunciaram PT e Lula na Lava Jato, os irmãos do frigorífico desviaram o foco para o então presidente Temer e o ex-candidato do PSDB à Presidência Aécio Neves.

Como estarão os negócios de Wesley e Joesley no Lula 3?

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGBelo artigo de Eliane Cantanhêde, exibindo a inacreditável decadência da Justiça brasileira, com ministros do tipo Dias Toffoli, que certamente terão seus nomes na História. Quanto aos irmãos Batista, estão cada vez melhores, mudaram a sede da empresa para o exterior, a pretexto de pagar menos impostos, e agora estão investindo em energia, com entusiástico apoio de Lula. Como dizia Vinicius de Moraes, que maravilha viver! (C.N.)

“Já tive mulheres de todas as cores, de várias idades, de muitos amores…”

Toninho Geraes, um cidadão do samba

Toninho Geraes é um cidadão do samba

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor mineiro Antônio Eustáquio Trindade Ribeiro, conhecido como Toninho Geraes, revela na letra de “Mulheres” que, após ter vários tipos de mulheres, sem encontrar a felicidade em nenhuma delas, finalmente, encontrou a pessoa certa que um dia sonhou ter para si. Este samba foi gravado por Martinho da Vila no CD “3.0 Turbinado ao vivo”, em 1999, pela Sony Music.

MULHERES
Toninho Geraes

Já tive mulheres de todas as cores
De várias idades, de muitos amores.
Com umas até certo ponto fiquei,
Com outras apenas um pouco me dei.

Já tive mulheres do tipo atrevida
Do tipo acanhada, do tipo vivida,
Casada, carente, solteira e feliz
Já tive donzela e até meretriz.

Mulheres cabeças e desequilibradas,
Mulheres confusas, de guerra e de paz,
Mas nenhuma delas me fez tão feliz
Como você me faz.

Procurei, em todas as mulheres, a felicidade
Mas eu não encontrei, fiquei na saudade
Foi começando bem, mas tudo teve um fim.

Você é o sol da minha vida, a minha vontade
Você não é mentira, você é verdade
É tudo que um dia eu sonhei pra mim!

EUA ameaçam Irá e mandam reforçar tropas do Exército no Oriente Médio

Entenda o que as tropas dos EUA estão fazendo no Oriente Médio e onde estão  | CNN Brasil

EUA têm cerca de 30 mil homens no Oriente Médio

Deu em O Globo

O Exército dos Estados Unidos anunciou neste domingo que está ampliando suas capacidades de suporte aéreo no Oriente Médio e colocando tropas em estado de prontidão elevado para possível envio à região, enquanto adverte o Irã contra a expansão do conflito em andamento, publicou a agência Reuters. O anúncio foi feito dois dias depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, solicitar que o Pentágono ajuste a postura das forças americanas na região — e em meio à preocupação crescente de que o assassinato do líder do Hezbollah, apoiado pelo Irã, por parte de Israel, possa levar Teerã a retaliar.

“Os Estados Unidos estão determinados a impedir que o Irã e seus parceiros e proxies expandam o conflito”, disse o porta-voz do Pentágono, Major General Patrick Ryder, em comunicado. Ele acrescentou que, se o governo iraniano ou grupos apoiados por Teerã “usarem esse momento para atacar o pessoal ou os interesses americanos na região, os Estados Unidos tomarão todas as medidas necessárias para defender o nosso povo”. Ainda conforme a Reuters, a nota do Pentágono ofereceu poucas pistas sobre o tamanho ou o alcance do novo envio aéreo, afirmando apenas que ele seria reforçado.

ESCALADA – Na segunda-feira, os EUA já haviam afirmado que enviariam um “pequeno número” de tropas adicionais ao Oriente Médio em resposta às crescentes tensões na região. Na ocasião, Ryder tampouco ofereceu detalhes, declarando que, “por questões de segurança operacional”, comentários ou dados específicos não seriam compartilhados. Ele declarou, contudo, que o envio estava sendo feito “com muita cautela”.

Os EUA têm milhares de tropas na região, além de navios de guerra, aviões de combate e sistemas de defesa aérea implantados para proteger tanto as suas forças quanto Israel. Em abril, por exemplo, Washington ajudou a interceptar as centenas de mísseis e drones balísticos lançados pelo Irã contra o Estado judeu em resposta ao ataque ao consulado iraniano em Damasco, na Síria, atribuído a Israel.

Um dia após o grupo xiita Hezbollah confirmar que o líder da organização, Hassan Nasrallah, morreu em um ataque israelense, o Estado judeu atacou mais alvos no Líbano. O porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, disse também neste domingo que os Estados Unidos estão observando o que o movimento libanês fará para tentar preencher o vazio da liderança e “continuam em diálogo com os israelenses sobre quais devem ser os próximos passos”.

EVACUAÇÃO – O Departamento de Estado dos EUA ainda não ordenou uma evacuação do Líbano. Mas, na semana passada, autoridades americanas disseram à Reuters que o Pentágono estava enviando algumas dezenas de tropas adicionais para Chipre para ajudar os militares a se prepararem para cenários, incluindo uma possível evacuação de americanos do Líbano.

— É claro que existe a possibilidade de que essas operações de acerto de contas entre Israel e [o Hezbollah] aumentem e saiam do controle e se transformem em uma guerra regional mais ampla, e é por isso que é tão importante que resolvamos […] a situação pelos canais diplomáticos — declarou Ryder, o porta-voz do Pentágono.

Na semana passada, Biden afirmou que Washington fará “todo o possível para evitar que estoure uma guerra mais ampla”. A declaração ocorreu horas após Kirby dizer à rede ABC News que o país informou ao governo israelense não crer que uma “escalada desse conflito militar seja o melhor para Israel”. Os governos de Reino Unido, Alemanha, Egito e Brasil também se juntaram ao coro no fim de semana passado e exortaram Israel e o Hezbollah a pararem a escalada do conflito.

Governo prepara uma campanha na TV e cartilha para quem se viciou nas bets

Presidente Lula participa da cerimônia de sanção da lei que moderniza a Lei Geral do Turismo Metropoles

Lula fez uma grande asneira e agora precisa corrigir

Milena Teixeira
Metrópoles

Em meio a denúncias de irregularidades envolvendo jogos de apostas online no país, o governo Lula da Silva prepara um pacote de medidas mirando usuários que enfrentam problemas com bets. A coluna apurou que o governo federal pretende realizar, até o final do ano, campanhas educativas na TV e nas redes sociais para alertar os brasileiros sobre o vício nesses tipos de apostas.

Em ação coordenada entre os ministérios da Fazenda e da Saúde, o governo também prepara uma cartilha com conteúdos informativos sobre problemas causados pelo jogo.

APENAS LAZER – A ideia do governo federal, segundo apurou a coluna, é passar a mensagem de que “aposta é lazer, e não meio de ganhar dinheiro e/ou enriquecer”.

A discussão sobre as bets no Brasil começou no começo de 2019, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em 2023, o Ministério da Fazenda retomou o debate, criando a Secretária de Prêmio e Apostas. Até agora, no entanto, não há definição sobre algumas regras para as empresas de apostas.

O governo Lula estuda acelerar algumas exigências para as empresas, especialmente após o Banco Central divulgar um levantamento mostrando que beneficiários do Bolsa Família gastaram mais de R$ 3 bilhões em apostas esportivas via Pix.

LULA COBRA – O próprio presidente Lula falou sobre o assunto durante agenda em Nova York na terça-feira (24/9). O petista cobrou uma regulação dos jogos de apostas para conter o endividamento das famílias.

Segundo o chefe do Palácio do Planalto, o Brasil sempre teve leis contra cassinos e jogos de azar, mas agora a prática virou um hábito nas casas brasileiras, com a popularização das bets nos últimos anos.

Nesta semana, o vice-presidente Geraldo Alckmin realizou reuniões separadas com representantes das casas de apostas e com os ministérios da Saúde, do Desenvolvimento Social e da Fazenda, para discutir o tema.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Interessante notar que Lula está cobrando soluções para um problema criado por ele mesmo. Foi o governo que fez a regulamentação das bets, através de Medida Provisória que permitiu uso de cartão do Bolsa Família para apostas. Foi Lula quem assinou a Medida Provisória, mas teve preguiça de ler o texto. O resultado aí está. (C.N.)

A imprensa não é nem pode ser usada apenas como tuteladora da democracia

Charge: Ultimo debate - Blog do AFTM

Charge do Cazo (Blog do AFTM)

Joel Pinheiro da Fonseca
Folha

A discordância é o que move o debate público. Quando é de alto nível, melhor ainda. Sendo assim, aproveito esta oportunidade para discutir o artigo de Leão Serva publicado na Folha (“Imprensa repete erro que levou Hitler ao poder ao chamar Marçal para debates”), do qual discordo profundamente.

Nele, Serva argumenta que não se deve dar espaço para candidatos como Pablo Marçal, Bolsonaro e Trump em debates políticos. Dar palco a candidatos que atacam a democracia e a imprensa é pavimentar o caminho da ditadura.

VALER PARA TODOS – Usar uma retórica agressiva com relação à imprensa ou que prometa “atos disruptivos” da democracia deveria ser motivo para excluir um político do debate público? Ia sobrar bem pouca gente. Se vale para Marçal e Bolsonaro, deve valer para todos. Inclusive para Lula quando ameaçou, em 2015, colocar o “Exército do Stédile” (o MST) nas ruas para brigar pelo PT? Sem dúvida seria disruptivo.

Mas há um motivo mais profundo para se discordar do artigo. Serva atribui à imprensa um poder que ela não tem, não deveria ter e nem conseguiria ter: o de tuteladora da democracia brasileira.

Trinta anos atrás, bastava as emissoras e jornais não mencionarem uma pessoa para ela ser condenada à irrelevância. Hoje, não é mais assim. Nas redes, é possível crescer e construir um público sem nunca ter sido mencionado por um jornal sério.

MUITOS EXEMPLOS – Toda a direita populista que hoje provoca horror no jornalismo profissional foi gestada longe dele e só recebeu sua atenção porque tornou-se incontornável. No Brasil, temos o exemplo de Olavo de Carvalho: longe da imprensa em suas últimas duas décadas de vida, formou uma legião de seguidores. Bolsonaro, idem: conquistou sua popularidade nacional graças às redes sociais e chegou num tamanho tal que qualquer emissora que se negasse a lhe ouvir estaria traindo sua missão de informar.

Serva observa, com razão, que o debate nas redes se utiliza do conteúdo produzido pelo jornalismo e, portanto, depende dele. Só que disso não se segue que, sem o jornalismo, esse debate cessaria; ele só perderia ainda mais a tênue ligação que tem com a informação objetiva. Em vez de notícias devidamente apuradas, teriam mais espaço vídeos caseiros, blogueiros e peças de relações públicas.

O papel da imprensa profissional hoje não é mais o de megafone de algumas poucas vozes. Hoje todos têm o megafone na mão. É o de ajudar a elevar o nível de um debate que ela não mais controla.

SEM CREDIBILIDADE – Se a imprensa exclui do debate um candidato com mais de 20% das intenções de voto, ele não perderá sua legitimidade perante o público. Muito pelo contrário: é a imprensa que minará sua própria credibilidade pela arrogância de se considerar dona do debate público e capaz de escolher pelos eleitores.

O jornalismo profissional segue imprescindível, mas enfrenta um desafio enorme: o de reconquistar a confiança do público. Em vez de se arrogar a tuteladora da democracia nacional na oferta de candidatos, pode olhar para o outro lado, o da demanda: por que uma parte expressiva da população quer esse tipo de candidato e ecoa seus discursos?

Aí sim poderá quem sabe persuadir os cidadãos de que o que ela tem a oferecer — informações devidamente apuradas e um filtro de qualidade do debate — é mais do que um desejo de controle sobre o homem comum.

Governo deixa de reembolsar Exército e o calote já passa de R$ 200 milhões

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o comandante do Exército, general Tomás Paiva, participam da cerimônia do Dia do Exército, no ano passado

Lula e os militares empurram o problema com a barriga…

Marcela Mattos
Veja

Em dezembro do ano passado, o Exército mobilizou suas tropas, calibrou o efetivo e deslocou veículos blindados, além de munições, para reforçar a cidade de Pacaraima, que faz fronteira com a Venezuela. À época, o país governado por Nicolás Maduro estava no auge de uma disputa travada com a Guiana sobre o domínio do território de Essequibo, abundante em petróleo, e havia o receio de que os venezuelanos iniciassem a investida por terras brasileiras.

O reforço durou por mais de seis meses e, felizmente, os homens não tiveram de entrar em campo. Apesar disso, o Exército apresentou a fatura com a missão: um total de 208 milhões de reais, dos quais mais de 100 milhões de reais são referentes a munições. Também foram computados gastos com manutenção das viaturas e armamentos, combustível, alimentação, passagens e diárias.

SEM RESERVAS – Interlocutores do Exército afirmam que o orçamento anual é exclusivo para custear gastos administrativos e de treinamento de pessoal, e que não há reservas para o emprego das tropas.

Dessa maneira, quando há a necessidade de operações, o governo “reembolsa” a força com os valores dispendidos. No caso da tragédia do Rio Grande do Sul provocada pelas chuvas, por exemplo, mais de 600 milhões de reais foram pagos para compensar a ação militar.

Ainda segundo os militares, apesar de a munição destinada à Operação Roraima não ter sido utilizada, ela foi retirada do paiol e reparada, o que significa que não pode retornar à “prateleira”.

UM “BALÃO” – O pedido de reembolso foi formalizado no sistema de planejamento e orçamento e também houve conversas com representantes da equipe econômica. Mas, nas palavras de militares, eles tomaram “um balão” do governo. Isso significa, na prática, que estoques de combustível e munição foram queimados, e não houve reposição.

Além disso, o governo anunciou em agosto um corte de gastos que também atingiu a força, com um bloqueio de 122 milhões de reais. Interlocutores do Exército afirmaram que, como consequência, teriam de reduzir a aquisição prevista para equipamentos e blindados.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não tem problema. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já contratou os melhores profissionais para fazer a maquiagem das contas do governo. Depois que o retoque ficar pronto, o dinheiro será devolvido e o Exército poderá voltar à gastança. (C.N.)

Kamala se adianta a Trump e anuncia apoio ao ataque contra o Hezbollah

Kamala Harris reafirma posição firme de temas-chave em entrevista –  COMPRACO - Atualizações, Notícias, Indústria e Tecnologia

Kamala firma posição e trata o Hezbollah como terroristas

Wálter Maierovitch
Folha

No Líbano e em Israel, o domingo começou sob o impacto das declarações de Kamala Harris, vice-presidente e candidata democrata à sucessão de Joe Biden, nas eleições de 5 de novembro próximo. Kamala foi logo chamando de terroristas de mãos sujas de sague o morto líder do Hezbollah, Hassan Nashallah.

Ela citou, inclusive, mortes de norte-americanos, numa referência às vítimas fatais dos ataques, em 1983, à embaixada dos EUA e aos quartéis das forças multinacionais estacionadas no Líbano.

RESPOSTA JUSTA – A vice-presidente resumiu a história de vida de Nasrallah como a de pessoa responsável pela desestabilização do Oriente Médio. E, também, responsável direta por mortes de civis inocentes do Líbano, Israel, Síria e outros lugares do mundo.

Como a repetir manifestação de Joe Biden, quando do início do ataque do Israel ao sul do Líbano e parte de Beirute, Kamala mostrou um lado vingativo : “Hoje as vítimas do Hezbollah tiveram uma primeira resposta justa, de justiça”.

Com as suas declarações, Kamala deixou Trump para trás em compromissos e postura. Foi enérgica e sem enrolação. Vale lembrar que seu concorrente, o ex-presidente, se apresenta como o certo para resolver todas as guerras, sem dizer como. Nesta semana, com o presidente ucraniano Zelensky, Trump invocou a amizade com Putin. Com relação ao Irã, que move os cordéis do terrorismo internacional, soltou bravatas.

SUSTENTAÇÃO – Kamala em momento algum mencionou o premiê israelense Benjamin Netanyahu, que não conta com a confiança dela e nem do presidente Biden. Porém, deu recado seguro à comunidade americana de origem judaica.

Frisou estar empenhada em manter a segurança de Israel. E que sustentará sempre o direito do país de se defender do Irã. Mais ainda, afirmou ser o Irã o mantenedor e incentivador das organizações terroristas Hezbollah, Hamas e Houti.

Para os que se debruçam na geopolítica, Kamala deu recado claro ao Irã sobre como é visto por ela e pelo governo dos EUA. Depois das palavras duras, Kamala ressaltou empenhar-se pela paz e lutar ao lado de Biden para a evitar que os dois conflitos (Gaza e Líbano) degenerem-se e resultem em guerra ampla.

NETANYAHU – Não durou muito a empolgação de Netanyahu com o anúncio da eliminação do líder máximo do Hezbollah. Imediatamente após o referido anúncio, mais de mil pessoas concentraram-se para protestar no centro de Jerusalém. Os manifestantes exigiram do primeiro-ministro concentração na libertação dos reféns.

O termo refém é perturbador para Netanyahu. Para os israelenses, a tragédia de 7 de outubro deveu-se à imprudência do primeiro-ministro. Outra crítica contundente diz respeito à sua incapacidade de negociar, por interpostos estados nacionais, com o Hamas. Isso porque foram poucos reféns libertados na comparação com grande quantidade de liberação de presos do Hamas.

Os israelenses de oposição a Netanyahu sempre colocam outro incômodo ao premiê: no momento, voltou a nova convocação de reservistas, em face do alargamento do conflito a englobar o Líbano. A oposição e a maioria dos israelenses querem mudança legislativa relativa aos religiosos dispensados do serviço militar.

APOIO POLÍTICO – Bibi —como Netanyahu é conhecido— reluta em convocar os religiosos para as Forças Armadas, até pela razão de o partido que congrega os judeus ortodoxos, que são sustentados pelo Estado, dar-lhe apoio e sustentação para se manter como premiê.

Nas Nações Unidas, o governo do Irã acionou o Conselho de Segurança para, nesta segunda feira (30), apurar as ações bélicas e para condenar Israel.

Para os operadores do direito internacional, seria um momento propício para se tentar obter uma resolução pacificadora.

Lula foi à ONU, e no Brasil ficaram duas guerras: queimadas e jogatina

LULA NA ONU - Jônatas Charges - Política Dinâmica

Charge do Jônatas (Política Dinâmica)

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Dias antes de embarcar para Nova York, Lula dizia que pretendia falar com o russo Vladimir Putin e com o ucraniano Volodimir Zelenski para que acabassem com a guerra que já dura mais de dois anos. Conseguiu um contravapor explícito de Zelenski. Lula embarcou com uma comitiva de sete ministros (acompanhados por 22 assessores). O séquito juntou cem pessoas para o adorável outono da cidade. No Brasil, ficaram duas guerras: a dos incêndios e a da jogatina.

Eremildo é um idiota, encantado com o modelo de gestão revigoradora do capitalismo brasileiro praticada num universo onde estava a gestão da rede varejista Americanas. Ela quebrou em janeiro de 2023, com um rombo de R$ 40 bilhões, o maior da história de Pindorama.

DELAÇÃO PREMIADÍSSIMA – O cretino aplaude o prêmio conseguido por dois diretores que resolveram colaborar com as investigações. O mimo previu dez anos de salários, planos de saúde e custeio da educação dos filhos. Afinal, a colaboração desses diretores permitirá que se saiba quem e como quebraram a Americanas. Até agora, nada.

Não custa repetir, a investigação da quebra da Americanas é uma joia da literatura de Ahtaga Eitsirhc. A grande dama do romance policial Agatha Christie escreveu “Assassinato no Expresso do Oriente”. Nele, Hercule Poirot descobre que todos os passageiros do luxuoso vagão esfaquearam (um de cada vez) o empresário Samuel Ratchett.

Na ficção da Americanas (escrita por Agatha Christie ao contrário), deu-se um rombo de R$ 40 bilhões e, passados quase dois anos, não foi ninguém. Coisas do andar de cima. O rombo da Americanas paga um ano de apostas do pessoal do Bolsa Família pela estimativa do senador Omar Aziz e sobram R$ 3,5 bilhões para custear os planos de saúde dos trabalhadores que perderam seus empregos.

Publisher do NYT critica bloqueio do X e Operação Fake News da PF brasileira

A. G. Sulzberger on Bias and Objectivity at The New York Times | On the Media | WNYC Studios

Sulzberger é uma referência no jornalismo mundial

Deu na Folha

A. G. Sulzberger, publisher do New York Times, afirma estar preocupado com a “guerra silenciosa” contra a liberdade de imprensa nos EUA caso Donald Trump volte à Presidência, devido aos recentes ataques do ex-presidente direcionados à mídia. “Como guardião de uma das principais organizações de notícias do país, me sinto na obrigação de falar sobre as ameaças à imprensa livre. Estou fazendo isso aqui, nas páginas de um concorrente estimado, porque acredito que o risco é compartilhado por toda a nossa profissão”, escreve em artigo publicado no The Washington Post em 5 de setembro.

O jornalista explica que as táticas do “manual anti-imprensa” incluem semear a desconfiança pública, normalizar o assédio a jornalistas, manipular jurisdições legais e regulatórias, como a cobrança de impostos e fiscalização de imigração, para punir jornalistas ofensores.

FILME LENTO – “Esses líderes perceberam que as repressões à imprensa são mais eficazes quando são menos drásticas — não são coisas de thrillers, mas um filme tão lento e complicado que ninguém quer assistir”, diz Sulzberger.

Ele cita como exemplo outras democracias que passaram por situações semelhantes com líderes autoritários, como Índia, Hungria e Brasil, com os abusos de poder por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.

“Embora grande parte dos danos que ele causou às tradições democráticas tenha sido revertida, as normas em torno da imprensa livre e da liberdade de expressão permanecem enfraquecidas”, diz o jornalista sobre Bolsonaro.

BLOQUEIO DO X – Sulzberger também critica o bloqueio do X, antigo Twitter, e a Operação Fake News da Polícia Federal, que autorizou a apreensão de aparelhos eletrônicos de dois jornalistas em Mato Grosso, em fevereiro deste ano. De acordo com a polícia, eles eram investigados por supostamente publicarem informações falsas em sites e aplicativos de mensagens para atingir a imagem de autoridades.

Para o publisher, Trump e seus aliados se inspiram em Bolsonaro e seus semelhantes para colocar em prática tentativas de minar o jornalismo. “A missão jornalística de seguir os fatos e entregar a verdade deve persistir, independentemente da pressão ou dos obstáculos. […] Não importa o que aconteça, devemos estar prontos para continuar a trazer a verdade ao público sem medo ou favor”, conclui.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
Oportuno artigo de Sulzberger, ao mostrar que Bolsonaro se inspira em Trump, que se inspira em Moraes, que acaba inspirando Moraes e os ministros do Supremo no cerceamento à liberdade de expressão. (C.N.)

A passos largos, o Brasil caminha para ser um país socialmente inviabilizado

Tribuna da Internet | Parceria espúria com Lula derruba para 14% o índice  de aprovação do Supremo

Charge do Zappa (Arquivo Google)

José Perez

Jamais deveria ter sido liberado o cartão do Bolsa Família para as apostas bets. É o óbvio. E alguém pensa que isso não foi intencional? Ora, é claro que foi proposital, uma decisão deliberada dos lobistas dos jogos no Congresso, que se somam aos lobistas que estão dentro do governo e colocaram a Medida Provisória nas mãos do presidente Lula, para que ele assinasse, sabendo que ele não é capaz de entender o que assina.

Fica óbvio que a salvação para nossos principais problemas é a educação universal de qualidade. Se o presidente e os políticos tivessem recebido um ensino de nível e valorizassem a leitura, tudo seria diferente. Aliás, povo educado pode conviver com jogo liberado, pois tem consciência das coisas, consegue entender causa e efeito, como no Reino Unido, país onde mais se joga.

SUMIR DAQUI – Justamente por esse despreparo da classe política, o sonho do brasileiro médio é sumir daqui e ser vizinho da Anita e do Neymar em Miami. Ninguém fala em melhorar o país, até mesmo por descrença em qualquer tipo de mudança por aqui.

Por causa desses governos que privilegiam o setor financeiro, que tem os melhores lobistas e controlam a imprensa, pobres nem podem ter cartão de crédito, pois se deixarem de pagar um mês por alguma necessidade, os juros são os maiores do mundo, em cerca de 400% ao ano.

Os governos gastam mal e a elite da burocracia é manejada pelos juízes e operadores do Direito, que exploram os recursos públicos à exaustão. Com essa gastança desenfreada, que obriga o aumento dos juros da dívida pública, nossa moeda já perdeu 90% do poder de compra em 30 anos.

MAU EXEMPLO – O descontrole nas contas públicas eleva a inflação, consequentemente os juros e o prêmio de risco (juros futuros). Nenhum país jamais se desenvolveu com dinheiro alheio. Então tínhamos todos que parar de gastar compulsivamente e começar a fazer poupança interna para alavancar os investimentos necessários.

Mas não há bons exemplos. Pelo contrário, os magistrados são os criadores dos penduricalhos que aumentam progressivamente a diferença entre os maiores e os menores salários. Eles deveriam ter um comportamento exemplar no controle dos gastos públicos, mas julgam sempre em causa própria, comportam-se de uma forma absolutamente egoísta e egocêntrica. E agora estão devolvendo aos corruptos os recursos públicos que eles próprios confessaram ter desviado.

Em meio a esse caos jurídico, a criminalidade aumenta, não há segurança e cresce a promiscuidade entre governantes e criminosos. E o que mais podemos esperar?

Apostas nas bets endivida e destrói orçamento das famílias brasileiras

Ministro da Justiça determina que PF investigue fraudes em jogos de futebol  | ASMETRO-SI

Charge do Duke (Arquivo Google)

Josias de Souza
Do UOL

O vício constrói na velocidade da luz castelos no ar. Conduzida instantaneamente à torre, a alma humana não consegue jogar suas ilusões pela janela. Caindo em si, o viciado só volta à realidade pela escada, degrau por degrau. O Banco Central informa que o brasileiro destina entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões por mês aos jogos eletrônicos legalizados, as bets. Entre janeiro e agosto, escoaram para a jogatina R$ 166 bilhões. Até o final ao ano, serão R$ 249 bilhões.

A cifra é subestimada, pois inclui apenas apostas feitas via Pix. Falta incluir na soma os cartões de crédito e as transferências bancárias. O descalabro evolui para o escárnio no instante em que o BC inclui o Bolsa Família na encrenca. Algo como 5 milhões de beneficiários do programa que deveria financiar a compra de alimentos e itens básicos borrifaram R$ 3 bilhões em jogos na internet apenas no mês de agosto.

“JOGO RESPONSÁVEL” – Não se chega a semelhante absurdo por acaso. Azeitado pelo lobby, o Congresso deu ao vício, no ano passado, o apelido de “jogo responsável”. Junto com esse tipo de responsabilidade vem, como se sabe, a criminalidade — milícia, tráfico de drogas, lavagem de dinheiro… Lula sancionou a novidade antes de regulamentá-la.

Agora, o governo dedica-se a um hábito que se tornou dependência crônica no Brasil: a lamentação depois do fato. “Estamos percebendo o endividamento das pessoas mais pobres, tentando ganhar dinheiro a todo custo”, disse Lula em Nova York. Esse é um problema que nós vamos ter que regular.” Ah, bom! Então, tá!

No Brasil, os ricos podem não saber se irão para o céu. Mas a jogatina chegou para assegurar que o pobre cumprirá imediatamente sua pena no inferno. O desemprego cai e a renda média do brasileiro sobe. Simutaneamente, decrescem as vendas e eleva-se a inadimplência. O jogo mastiga a renda e a sanidade das famílias.

Brasil arde em banditismo, jogatina e baixaria política de “influenciadores”

Usuário exibe o Tigrinho, um dos cassinos à disposição

Marcos Augusto Gonçalves
Folha

O cenário é desolador. O fogaréu que se alastrou pelo país já seria suficiente para causar desespero e apreensões, com o despreparo do governo para enfrentar a catástrofe à intenção dolosa que se verificou na origem dos incêndios, passando pelos imensos danos ambientais e prejuízos à saúde pública em tempos de crise climática.

Temos mais, porém. Para onde se olhe nas mídias e redes sociais, a cena brasileira das últimas semanas tem sido sufocante.

GENTE ESQUISITA – Um cortejo de gente esquisita desfila pelo noticiário com sua ostentação boçal, carrões, iates e aviões. Famosos tipo “somos ricos” em férias gregas, influenciadores vigaristas e subcelebridades variadas, com roupas caríssimas e harmonizações faciais de dar susto em criancinha, são alguns espécimes dessa fauna. Cercada por uma atmosfera de banditismo, uma parte dessa turma se envolve com falcatruas, não raro no terreno da jogatina que corre solta no Brasil.

As famigeradas bets estão dominando o jogo. Rapidamente se tornaram responsáveis por gastos de bilhões de reais das famílias brasileiras, muitas remediadas ou pobres.

No período de janeiro a agosto, como já mostrou esta Folha, o Banco Central identificou que se gastou mensalmente em apostas via Pix uma volumosa quantia entre R$ 18 bilhões e R$ 21 bilhões. Mantido esse padrão até o fim do ano, as empresas de apostas terão recebido dos brasileiros o valor bruto de R$ 216 bilhões – lembrando que o Bolsa Família custa ao país cerca de R$ 168 bilhões anuais.

TODOS JOGAM – Filiados ao programa, aliás, gastaram R$ 3 bilhões em apostas no mês de agosto, cerca de 20% do valor que o governo destinou no mesmo mês para os benefícios. Onde estamos? Onde isso vai parar? Como regulamentar essa sandice – ou será que cassino também é liberdade de expressão e não deve ser regulamentado.

Não bastasse tanta bizarrice, eis que em ano eleitoral volta-se a falar de tema antigo, mas algumas vezes empurrado para baixo o tapete, que é a presença crescente do crime organizado nas instituições, nos Poderes e na política.

Investigações sobre o envolvimento do PCC com empresas de transporte em São Paulo ou com o PRTB, partido do desvairado candidato a prefeito Pablo Marçal, estão aí nas reportagens, campanhas e debates. Nada de novo para quem vive no país do assassinato de Marielle Franco e tem acompanhado nas últimas décadas a escalada das facções, que se estende de Sul a Norte, ocupa a Amazônia e atravessa fronteiras.

MÁFIA TROPICAL – Estamos assistindo à consolidação de nossa máfia tropical como player político incrustado nos negócios e no Estado. Entrelaçadas com essas realidades sombrias, assistimos às novas manifestações da extrema direita. É o caso espalhafatoso e notório do já citado Marçal, com seu individualismo ultraliberal, seu evangelismo pela prosperidade, suas ambições desmedidas e sua vocação para instaurar o caos.

As baixarias políticas na campanha paulistana podem ter seus antecedentes históricos, mas não há dúvida de que alguma coisa diferente, se é que essa é a melhor palavra, está emergindo do pântano da direita extremista e pretende disputar espaço com o bolsonarismo.

Sim, o quadro não é dos mais animadores. Esperemos que possa em breve desanuviar. Este mês de setembro, convenhamos, não vai deixar saudade.

Caso de Silvio Almeida e Anielle indica que, sob Lula, “hábito desfaz o monge”

Macaé Evaristo toma posse como ministra dos Direitos Humanos

Macaé Evaristo tomou posse numa solenidade bem feminina

Josias de Souza
Do UOL

Escolhida a toque de caixa para substituir Silvio Almeida na pasta dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo chegou à Esplanada em 9 de setembro. Com atraso de 18 dias, Lula providenciou nesta sexta-feira (27) uma cerimônia de posse para ela.

Caprichou na cenografia, rodeando-se de mulheres. Além de Macaé e de Janja, foram ao palco com Lula as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial), Cida Gonçalves (Mulheres), Esther Dweck (Gestão) e Marina Silva (Meio Ambiente).

Foi como se Lula quisesse enfatizar o seu repúdio ao comportamento atribuído a Silvio Almeida, demitido sob múltiplas acusações de assédio sexual e moral.

FICOU EM SILÊNCIO – O diabo é que Lula conviveu em silêncio, por longo período, com a revelação de que a ministra Anielle Franco foi uma das vítimas de importunação sexual do então colega de ministério. Só agiu depois que o caso explodiu no noticiário como escândalo.

Na defesa da causa das mulheres, Lula se exibe em público como lhe convém. Em privado, mostra-se como realmente é. Já havia revelado seu estilo em outras passagens.

Numa delas, por exemplo, tramou com o centrão o expurgo da medalhista olímpica Ana Moser do Ministério dos Esportes, para alojar na pasta o campeão de fisiologismo André Fufuca. Noutra oportunidade, driblou os apelos para que colocasse outra mulher na poltrona de Rosa Weber no Supremo.

FORA DO DITADO – No passado, quando se desejava sinalizar que uma pessoa não deve ser julgada apenas pela aparência, mas também pelos seus atos, dizia-se que “o hábito faz o monge.”

Com seu comportamento dicotômico, o presidente da República subverte até o provérbio. No caso de Lula, a simulação do hábito não chega a fazer o monge. Mas a falta de ações capazes de demonstrar tempestivamente seu apreço pela agenda feminina desfaz o monge.

Barroso acha que liberdade de expressão não é “argumento sincero” de Elon Musk

Decisões de Moraes refletem sentimento coletivo do STF, diz Barroso à CNN |  CNN Brasil

Moraes é apoiado por todo os ministros, afirma Barroso

Luísa Martins e Basília Rodrigues
CNN Brasil

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, disse que o imbróglio envolvendo o funcionamento do X no Brasil “é muito simples” e que não há motivos para politizar a questão. “Uma empresa para funcionar no Brasil tem que ter um representante legal no país. Eles tiraram o representante legal, então não tinham condições de funcionar aqui. É simples assim”, afirmou Barroso, em entrevista exclusiva ao CNN Entrevistas, que vai ao ar neste sábado.

Segundo Barroso, o argumento da liberdade de expressão, citado frequentemente pelo bilionário Elon Musk, controlador do X, “não é sincero, nem verdadeiro”.

OUTROS PAÍSES – Barroso observou que o X não usa essa justificativa em outros países como a China, a Arábia Saudita e a Índia, onde cumpre normalmente as legislações locais. O ministro disse que o “post que foi a gota d’água” era de um foragido da Justiça brasileira convocando a população para ir à porta da casa de um delegado para hostilizá-lo. Segundo ele, isso não é liberdade de expressão: “É covardia, ilegalidade e incitação à violência.”

“Por trás do biombo da liberdade de expressão, você esconde um discurso de ódio altamente destrutivo das instituições”, aponta. “Do modo como se fala, parece que foram milhares de posts retirados, mas foram apenas alguns.”

Barroso disse que, como presidente da Corte e professor de Direito Constitucional, viaja muito para fora do país e se depara com percepções de que “haveria algum grau de autoritarismo no Brasil, o que é absolutamente impróprio”.

DEFESA DA DEMOCRACIA – “É preciso levar em conta tudo o que a gente enfrentou no Brasil – momentos como uma tentativa de atentado terrorista no aeroporto de Brasília, como o incêndio na sede da Polícia Federal”, relembra.

Sem citar nominalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro, Barroso disse que, a partir de 2018, “as pessoas começaram a se sentir livres para ataques verbais e até ataques físicos” a ministros da Corte.

“A gente está lidando com marginais, e não pessoas que se manifestam livremente como têm todo o direito. Criou-se uma cultura de violência e de agressividade que não existia no Brasil e que mudou muito o patamar das relações. Precisamos voltar a um tempo de civilidade”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
As declarações de Barroso necessitam de tradução simultânea. Comparar o Brasil com China, Índia e Arábia Saudita significa forçar a barra. O empresário Musk protestava justamente porque as leis brasileiras estavam sendo descumpridas por Moraes. No caso da Austrália, por exemplo, Musk protesta por que pretendem mudar a lei para culpar também a plataforma pelo que for publicado nos posts. Mal comparando, é como se um motorista bêbado atropelasse uma pessoa e o juiz condenasse também o fabricante do carro. A plataforma, por óbvio, só pode ser culpada se apoiar o texto criminosamente postado. Mas quem se interessa? (C.N.)