STF se livraria de muitos problemas se os ministros tivessem notório saber e reputação ilibada

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Charge do Laerte (Folha)

José Carlos Werneck

A Constituição Federal prevê em seu artigo 101 que “o Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada”.

Assim, ao ler a espantosa decisão de Dias Toffoli, imediatamente constata-se que não se está exigindo notável saber jurídico para os integrantes do Supremo Tribunal Federal.

VÃ EXIGÊNCIA – Notável é aquilo que está acima da média do conhecimento de todos, algo que é admirável, extraordinário,  que inclui saber acadêmico, livros publicados, reconhecimento nacional e até internacional como jurista. Na prática, este requisito nem sempre tem sido seguido pelos presidentes nas indicações.

O eminente jurista Ives Gandra Martins em um artigo lembrou que “a reputação ilibada e notório conhecimento, que a Constituição impunha e impõe para a indicação de ministro do colendo excelso, são critérios de tal forma subjetivos e de difícil avaliação que ao Senado Federal tem restado, apenas, papel homologatório da indicação”.

Na época, o artigo foi comentado pelo notável jurista e ministro aposentado do STF José Carlos Moreira Alves, que defendeu a nomeação nos moldes em que era e é feita, lembrando fato não despiciendo de que, na história do STF, tal tipo de nomeação não reduziu jamais a independência da Corte, nem a qualidade de suas decisões.

OUTRA POSTURA – Ives Gandra diz que hoje sua postura seria diversa daquela mencionada. “Em minha pessoal visão do Poder Judiciário, entendo que a função dos tribunais superiores é menos fazer justiça e mais preservar as instituições. Em outras palavras, justiça se faz nas duas instâncias inferiores, perante o juízo monocrático e perante o órgão de segundo grau, colegiado encarregado da revisão da decisão, mediante o oferecimento do recurso cabível”.

Para ele, a função dos tribunais superiores é preservar as instituições jurídicas e o Estado democrático de Direito, motivo por que, nesta pessoal concepção, apenas as causas que transcendam o interesse das partes ou que impliquem manifesta violação da lei, da Constituição ou da jurisprudência consolidada é que deveriam subir para essas cortes.

“Fosse sua função a de administrar justiça, como ocorre com as instâncias inferiores, em que o duplo grau de jurisdição é garantia constitucional, e teríamos uma multiplicação infinita de instâncias – quatro no mínimo, visto que há ainda outros tipos de recursos regimentais no âmbito dos próprios tribunais – para as seções ou para o plenário”.

E COMPLETA – “Dir-se-á que é o que ocorre hoje, mas tal ocorre por excesso de competências, algumas superpostas, o que transforma, em realidade, os tribunais superiores em terceira e quarta instâncias de administração da Justiça, e não apenas naquelas voltadas à preservação do direito e das instituições”.

Gandra ressalta que desde 1987 propugna por duas instâncias de administração da Justiça: “uma instância de uniformização (STJ), cabendo à Suprema Corte função de autêntica corte constitucional, acrescida de algumas competências de natureza jurídico-política para estabilização do direito”.

Evitar-se-ia, assim, que dez ministros do STF (o presidente só decide em plenário) recebessem mais de 100 mil processos, por ano, o STJ mais de 130 mil e o TST outros 130 mil.

TRIBUNAL DE CONTAS – “Na minha proposta, as cortes de contas seriam transformadas em órgãos do Poder Judiciário, com a função de controlar os gastos das entidades e órgãos públicos”, diz ele.

Gandra conclui o artigo afirmando não ver por que mudar sua atual posição, a não ser que se encontre um sistema que não prejudique essa concepção jurídico-política que deve conformar uma corte constitucional e suprema.

Mas é claro que está se referindo a nomeação de juristas realmente de notável saber e reputação ilibada, e não de amigos do presidente ou advogados de seu partido político, como ocorre hoje no Brasil.

Leonel Brizola previu que Lula e o PT iriam se tornar “a esquerda que a direita gosta”

Pompeo de Mattos on X: "Contrariando o que dizia o Dr Brizola, o PT abomina a traição, mas convive muito bem com os traídos que lhes bajulam e são servil. Não importa

Brizola, um político que realmente deixou saudades

José Carlos Werneck

Diante da carência de líderes políticos no Brasil, é sempre bom recordar Leonel Brizola, um líder que sucedeu Getulio Vargas e João Goulart na defesa do trabalhismo, mas não conseguiu chegar à Presidência, mas deixou seu nome na História.

Como todo grande político, sofreu incompreensões, injustiças e perseguições devido a seu ideário trabalhista, do qual nunca abriu mão. Ele teve uma vida pública pautada pela coerência e pela ética.

NO CAMINHO DO BEM – Para Leonel Brizola, o trabalhismo foi avançando pelos caminhos da solidariedade, do humanismo, da justiça social, do igualitarismo e dos direitos humanos que basearam as raízes de sua concepção.

Para os trabalhistas, o PT de Lula, foi uma força política que surgiu para forçar um divisionismo no pensamento progressista brasileiro.  Sua concepção ignorando as biografias pretéritas, conjeturando a luta de classe a partir de sua criação, demonstrou toda empáfia em seu próprio DNA.

Brizola contava: “Quando cheguei do exílio fui visitar o Lula, que me recebeu como se fosse um imperador, existe uma incompatibilidade entre nós, ali vi que Lula é um homem do sistema.”

Essa percepção de Brizola foi confirmada com a chegada do PT e de Lula ao poder em 2003.

REFÉM DO MERCADO – Conforme ficou constatado, ao chegar ao Planalto Lula se tornou refém do mercado. Na promiscuidade do poder, o antigo líder metalúrgico esqueceu os trabalhadores e Ali abraçou as velhas oligarquias pátrias, como Sarney, Jucá, Renan, Michel Temer, Eduardo Cunha, dentre outros.

Elogiado pelos banqueiros e empreiteiros, seu discurso ético caiu como castelo de areia. Em vários aspectos, demonstrou o PT ser mais do mesmo, confirmando outra reflexão de Leonel Brizola, que ponderou: “O PT é que nem galinha: cacareja na esquerda, mas bota ovo na direita.”

O PT se incorporou à política das velhas oligarquias e do monopólio da mídia. Projetou frequentar a Casa Grande, porém nunca foi aceito.  Lula, apesar de sua cooptação, jamais fez parte dos endinheirados oligárquicos. Era apenas usado.

ESPUMA DA HISTÓRIA – Mais uma vez, Brizola provou sua sensibilidade, ao dizer que o PT é a espuma da História, pois os petistas nunca se aprofundaram na compreensão das diferenças ideológicas entre um pensamento progressista e a tradição conservadora, que não se misturam, são inconciliáveis.

Os petistas denunciam o golpe publicamente, mas no privado fazem acordo com seus supostos algozes, o PP e o próprio PL.  Qual PT é o verdadeiro, o público ou o privado?

Esta obsessão por boquinhas, por cargos, por poder sem lastro, talvez seja uma das principais patologias que o PT devia enfrentar.

UM PARTIDO ARROMBADO – Cadê a coerência do PT? Onde estão a hombridade e o discurso progressista? Não há mais a dignidade que a corrente política de seus fundadores demonstrava.

Talvez Darcy Ribeiro estivesse com a razão, quando dizia: “O PT é uma droga. É a esquerda que a direita gosta.”

E como faz falta a coerência política… Para mim, particularmente, a melhor frase de Brizola é esta: “Talvez Darcy Ribeiro esteja com a razão”: “O PT é um a droga. É a esquerda que a direita gosta.”

Jornalistas foram barrados em evento do PL com Bolsonaro e Michelle em Brasília

Bolsonaro fala no PL após silêncio na PF e exalta mulher - 02/09/2023 - Poder - Folha

Bolsonaro e Michelle agora querem distância da imprensa

José Carlos Werneck

O Encontro Distrital do PL Mulher, realizado neste sábado, no Hípica Hall, em Brasília, foi vetado à imprensa. Logo na entrada, jornalistas que foram convidados e fizeram credenciamento foram barrados. Equipes do Correio Braziliense, Estadão, Poder 360, CNN e SBT, Jovem Pan foram impedidos de entrar.

Outros até conseguiram entrar, por não estarem identificados, entretanto, foram retirados logo depois.

QUEM BARROU? – O evento, transmitido no canal do YouTube do PL, contou com a presença do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle, que foram recebidos pela deputada federal Bia Kicis e a governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão.

Seguranças do evento disseram que o impedimento do trabalho da Imprensa ocorreu porque não havia um espaço reservado aos jornalistas, porém participantes garantiram que a ordem não partiu do Partido Liberal.

Como o evento ocorreu dois dias depois de Michelle e o ex-presidente Jair Bolsonaro terem se recusado a prestar depoimentos na Polícia Federal, que investiga o esquema de venda ilegal de joias recebidas pela Presidência da República, ficou claro que o veto a jornalistas partiu do casal.

Dores aumentam e Lula confirma que fará cirurgia para prótese no quadril no dia 26

Cirurgia de Quadril - Ceo Ortopedia - Centro de Especialidades Ortopédicas  | Porto Alegre

A cirurgia é considerada simples com recuperação rápida

José Carlos Werneck

“Eu tomei uma decisão: vou operar o quadril nos próximos meses. É um procedimento bem simples. A dor me deixa de mau humor e eu quero ficar de bom humor, porque eu assumi um compromisso para que o Brasil dê certo. E vai dar certo. A engrenagem do motor já está funcionando e as pessoas sentindo o país melhorando”, disse o presidente Lula, no Twitter.

Durante vistoria a uma obra do projeto de integração do Rio São Francisco, no Rio Grande do Norte, ele enfatizou: “Não tem remédio. O remédio é operar”.

ARTROSE NO FÊMUR – Lula tem artrose na cabeça do fêmur, que é o desgaste na cartilagem que reveste as articulações. Segundo ele, a cirurgia no quadril será no fim de setembro e é para instalar uma prótese na cabeça do fêmur. O procedimento está marcado para o próximo dia 29, em Brasília, e deve ser feito pelos médicos do Hospital Sírio Libanês, que acompanham o presidente da República nos últimos meses.

Lula disse que a cirurgia foi recomendada no ano passado, mas ele não quis fazê-la por estar no meio da campanha eleitoral.

“Eu, desde o ano passado, tenho um problema na cabeça do fêmur. Desde o ano passado, estou sendo instigado a fazer uma cirurgia no quadril. E eu não quis fazer. Primeiro, porque vieram as eleições, estava em campanha, não ia fazer. Depois eu ganhei e falei que não posso parar agora e ir para o hospital, eu preciso governar esse País, eu preciso recuperar tudo o que eles destruíram. E agora eu não posso parar enquanto eu não viajar”.

Lula afirmou que “dói de manhã, de dia, dói sentado, dói em pé, dói deitado, e não tem remédio”.

DOR CONSTANTE – “Quando eu voltar, vou receber o presidente do Vietnã dia 26 e aí vou me preparar para fazer a tal da cirurgia. Eu vou parar porque eu quero confessar que essa dor dói de manhã, de dia, dói sentado, dói em pé, dói deitado, e não tem remédio. O remédio é operar. Muitas vezes eu fico em pé e sabe Deus a dor que eu estou sentindo desse lado direito, depois na frente, e eu estou me aguentando”.

“Mas quando eu voltar no mês de setembro da minha última viagem, aí eu vou cuidar da minha saúde, porque eu ainda quero correr muito esse Brasil, quero visitar muito esse Brasil. Tem muita coisa para fazer”, disse na vistoria da obra do projeto de integração do Rio São Francisco.

TRÊS AGENDAS – Antes da cirurgia, a previsão é de que o presidente participe de ao menos mais três agendas internacionais: a reunião do G20 na Índia, que ocorre de 7 a 10 de setembro; a Cúpula do G77 em Cuba, de 15 a 16 de setembro e da Assembleia Geral da ONU nos EUA, de 16 a 22 de setembro.

Em 26 de julho, Lula passou por uma denervação percutânea e dias antes por uma infiltração no quadril. As injeções servem para aliviar dores que ele vem sentindo.

Para entender os militares é preciso reler “Os idos de março e a queda em abril”

Os Idos De Março E A Queda Em Abril - Antonio Callado E Outros - Traça  Livraria e Sebo

Foi o primeiro livro sobre o golpe militar de 1964

José Carlos Werneck

Quando tanto se discute a participação dos militares na política, é sempre reler “Os Idos de Março e a Queda em Abril”. Foi o primeiro livro publicado sobre a história do Movimento de 1964. Impresso no mês seguinte à queda do presidente João Goulart, relata de modo detalhado a realidade daqueles dias.

Relato fiel do que de fato aconteceu, é um livro instigante, de agradável leitura, que prende o leitor da primeira à última página. Até hoje é muito utilizado por aqueles que buscam informações sobre acontecimentos que marcaram a história política brasileira e seus protagonistas.

GRANDES JORNALISTAS – Seus autores são oito jornalistas do “Jornal do Brasil”, matutino que se destacou na campanha para derrubar o governo do presidente João Goulart: Alberto Dines, Antonio Callado, Araujo Netto, Carlos Castelo Branco, Claudio Mello e Souza, Eurilo Duarte, Pedro Gomes e Wilson Figueiredo. 

 O conjunto das narrativas, coerente com o que foi publicado no veículo para o qual trabalhavam seus autores, é favorável ao movimento civil/militar vitorioso. O mais importante da obra está relacionado à possibilidade de melhor compreender a atuação dos profissionais da Imprensa brasileira daquele período.

Continua, até hoje, como uma das melhores fontes para os interessados em conhecer em detalhes a trajetória do movimento civil/militar e o início do regime de governo que permaneceu no País por longos 21 anos.

Indicação de Daniela Teixeira para o STJ foi uma vitória do Grupo Prerrogativas

Saiba quem é Daniela Teixeira, advogada do DF indicada por Lula ao STJ

Daniela é do grupo Prerrogativas e conhecia Lula e Janja

José Carlos Werneck

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou, nesta terça-feira, a advogada Daniela Teixeira para ocupar uma das três vagas abertas para o Superior Tribunal de Justiça. A vaga da nova indicada era destinada à advocacia e o nome dela foi indicado a Lula com apoio dos integrantes do Grupo Prerrogativas, formado por advogados ligados a Lula e que são críticos da Lava Jato.

Daniela Teixeira, a única mulher na lista de três nomes da advocacia escolhidos por ministros da corte, atualmente era conselheira da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

FORTE CURRÍCULO – Bacharel em Direito pela Universidade de Brasília, Daniela Teixeira possui mestrado nas áreas de Direito, Direito Penal e Segurança Pública pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa e pós-graduação em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas .

Atua há 26 anos como advogada nos Tribunais Superiores. Na OAB-DF, ocupou em quase nove anos os cargos de conselheira federal, diretora e vice-presidente.

Participou, no Congresso Nacional, como membro do grupo de estudos da Câmara dos Deputados sobre a nova lei de lavagem de dinheiro, entre 2020 e 2021, e foi consultora representando o OAB na comissão de estudo do projeto da nova Lei de Segurança Nacional, em 2020. Ocupou o cargo de conselheira federal da OAB entre 2019 e 2022.

COMEMORAÇÃO – A advogada recebeu convidados em sua casa, em Brasília, para celebrar a sua indicação à corte. Estavam presentes membros do grupo Prerrogativas, composto por advogados, juristas e defensores públicos, do qual ela faz parte. O coletivo apoiou e fez campanha em defesa de sua candidatura.

Daniela Teixeira era a única mulher a compor a lista com outras seis indicações da OAB de nomes ao STJ. Quando candidata ao cargo, disse acreditar que sua candidatura abriria espaço para outras mulheres entrarem no espaço majoritariamente ocupado por homens.

Na ocasião afirmou: “Não sou eu quem está concorrendo. É todo um gênero”. Além de ser a única mulher na lista, também era a única representante do Distrito Federal entre os indicados. Os outros nomes eram os advogados André Godinho, Luiz Cláudio Allemand, Luís Cláudio Chaves, Márcio Fernandes e Otávio Rodrigues.

Supremo volta a julgar sobras eleitorais, que podem mudar bancadas na Câmara

Gafe! Rollemberg ignora candidato do partido e festeja Reguffe | Metrópoles

Ex-governador Rodrigo Rollemberg pode voltar à Càmara

José Carlos Werneck

A jornalista Ana Maria Campos, editora da coluna Eixo Capital, no Correio Braziliense, informa que o Supremo Tribunal Federal retomou nesta sexta-feira, em plenário virtual, o julgamento das ações que podem mudar a composição das bancadas dos partidos na Câmara dos Deputados.

Entre as substituições em discussão, há uma no Distrito Federal: sairia o deputado Gilvan Máximo, do Republicanos, para a entrada do ex-governador Rodrigo Rollemberg, do PSB.

PEDIDO DE VISTA – O processo começou a ser julgado em abril, com o voto do relator, ministro Ricardo Lewandowski, mas foi suspenso por um pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral .

No plenário virtual, o julgamento teve recomeço agora e deverá ser concluído na próxima sexta-feira, com os ministros votando eletronicamente.

INCONSTITUCIONALIDADE – Os partidos PSB, Podemos e Rede questionam as regras utilizadas pela Justiça Eleitoral em 2022 para cálculo das sobras eleitorais. Está em discussão, a terceira fase da análise.

Os partidos questionam dispositivos do artigo 109 do Código Eleitoral (Lei 4.737/1965), alterado pela Lei 14.211/2021, e a Resolução 23.677/2021 do Tribunal Superior Eleitoral.

Lewandowski julgou procedente a demanda dos partidos, apontando como inconstitucionais a mudança no Código Eleitoral e a resolução do TSE que basearam a distribuição das vagas na última eleição.

DISSE LEWANDOWSKI – O ministro, hoje aposentado, considerou que, na forma adotada nas últimas eleições, candidatos com votação inexpressiva podem perder a cadeira para adversários com mais eleitores.

Lewandowski entendeu que todas as legendas e candidatos podem participar da distribuição das vagas remanescentes, independentemente de terem alcançado a exigência dos 80% e 20% do quociente eleitoral. Leva a vaga, nesta terceira rodada, quem teve mais votos, mas o entendimento só valeria para as eleições municipais de 2024.

O julgamento foi retomado com o voto do ministro Alexandre de Moraes, que acompanhou em parte Lewandowski. “Tem-se, assim, várias situações concretas nas quais a aplicação das regras de distribuição de sobras eleitorais, naquilo em que excluem partidos em razão de seu desempenho, produzem resultados que, do ponto de vista do princípio democrático, da soberania popular, entre outros princípios, se revelam inaceitáveis, por (a) desprezar um montante considerável de votos, e (b) preterir candidatos com maior votação apenas em razão do desempenho de seus partidos”, afirmou o ministro.

Ao rever na TV o filme sobre Vinicius de Moraes, deu uma saudade enorme da Bossa Nova

Um filme importante sobre a Bossa Nova

José Carlos Werneck

O Canal Brasil exibiu no sábado um filme realmente imperdível, “Vinicius”, sobre o genial poetinha Estreado em 2005 no festival Cinema do Rio, e depois relançado no Festival Internacional de San Sebastián, na Espanha, o documentário dirigido por Miguel Faria Jr., conta a trajetória do compositor, poeta e diplomata brasileiro Marcus Vinicius da Cruz Mello Moraes, com depoimentos de artistas, intelectuais e familiares.

O roteiro é do próprio Miguel Faria Jr, que trabalho junto com o escritor e poeta Rubem Braga e com Eucanãa Ferraz, que é também um intelectual muito importante, professor de literatura, poeta e cineasta.

POCKET SHOW – A montagem de um pocket show em homenagem a Vinicius de Moraes, com os atores Camila Morgado e Ricardo Blat recitando poemas de Vinícius e apresentando algumas histórias de sua vida, é o ponto de partida para a reconstituição de sua trajetória.

O documentário mostra a vida, a obra, a família, os amigos, os amores de Vinicius de Moraes, com belas e raras imagens de arquivos da cidade do Rio de Janeiro e de shows e conversas íntimas de Vinícius.

Narrado por Caco Ciocler, o documentário reúne uma quantidade enorme de amigos do famoso “Poetinha”, como Maria Bethânia, Chico Buarque, Gilberto Gil, Suzana de Moraes, Maria de Moraes, Tonia Carrero, Antonio Candido, Léa Garcia, Georgiana de Moraes, João Gilberto, Ferreira Gullar, Antônio Carlos Jobim, Nara Leão, Edu Lobo, Carlos Lyra, Ana Maria Magalhães, Miúcha, Pixinguinha, Pedro de Moraes, Baden Powell, Mônica Salmaso,Toquinho, Caetano Veloso, Carlinhos Vergueiro e mais e mais.

MUITAS SAUDADES – Ao rever esse importantíssimo documentário, que foi produzido por Miguel Faria Jr. e por Luciana de Moraes, filha de Vinicius e também cineasta, dá uma saudade enorme daquela época da Bossa Nova e do Cinema Novo, quando o Brasil era um importante polo cultural que surpreendia o mundo com a qualidade de sua arte.

Hoje, quando tomamos conhecimento da atual parada de sucessos musicais e da vulgaridade das canções hoje preferidas pelos brasileiros, dá uma grande decepção e um sentimento de tempo perdido que não volta mais.

Morre Dad Squarisi, editora de Opinião do Correio Braziliense, aos 77 anos

Velório de Dad Squarisi será na sexta-feira, no Campo da Esperança

Dad Squarisi era referência no jornalismo de Brasília

José Carlos Werneck

Morreu nesta quinta-feira, em Brasília, a escritora, professora de português e jornalista Dad Squarisi, aos 77 anos. Ela não resistiu às complicações de um câncer. A notícia, publicada pelo “Correio Braziliense relata que Dad Abi Chahine Squarisi nasceu em Beirute, no Líbano, em 1946.

Sua família mudou-se para o Brasil depois de seu pai sair derrotado da luta pela independência libanesa. Antes disso, ela morou na França, Espanha e Argentina, o que lhepossibilitou aprender diversas línguas. Além do português e do árabe, ela dominava o francês, o inglês e o espanhol.

GRANDE MESTRA – Importante referência na língua portuguesa e no jornalismo, Dad adotou o Brasil e Brasília como lar, e ensinou gerações a escrever e a se comunicar melhor, com a generosidade e a destreza características dos maiores mestres.

O primeiro estado em que viveu no país foi o Rio Grande do Sul. Como tinha problema grave de asma, o médico recomendou a mudança para um local seco, e os pais da jornalista escolheram Brasília.

Na capital, ela cursou letras na Universidade de Brasília e atuou como professora no Instituto Rio Branco por mais de uma década, antes de passar no concurso para consultora legislativa do Senado Federal.

NO JORNALISMO – Há 30 anos, foi convidada pelo então diretor de Redação do Correio Braziliense, Ricardo Noblat, para revisar a primeira página do jornal. “Noblat, diretor de Redação da época, falava que se o leitor visse um erro na capa do jornal, desistiria de comprá-lo”, lembrou Dad em entrevista ao Podcast do Correio

especial de 63 anos de Brasília. Poucos anos depois, tornou-se editora de Opinião do jornal.

Sua qualificação era tamanha que a então revisora tinha carta branca para mudar as chamadas de forma a garantir o entendimento.

“Se o leitor não entende o que noticiamos, não é porque lhe falta conhecimento. O erro é nosso. Precisamos saber como escrever para que todos entendam”, dizia ela, reforçando um ensinamento que semeou por toda a vida.

NA TELEVISÃO – Dad era comentarista da TV Brasília e concluiu especialização em linguística e mestrado em teoria da literatura. Machado de Assis, Graciliano Ramos e Guimarães Rosa estavam entre seus autores favoritos.

Dad escreveu para adultos e para crianças; para técnicos e para leigos; brasileiros e estrangeiros; jornalistas, professores, concurseiros… A relação de públicos e de livros publicados é imensa, ultrapassa as dezenas. Em sua sala, por e-mail, mensagem, carta ou ligação, deixava as portas abertas para esclarecer dúvidas sobre o idioma que aprendeu a amar.

Ela é autora dos dois manuais de Redação do Correio. O primeiro Manual de Redação e Estilo, de 2005, virou item de colecionador. Ainda é possível ver exemplares circulando pelas mãos de jornalistas e de revisores, como referência para o exercício diário da profissão.

SEMPRE ATUALIZADA – Conectada às mudanças impostas pela tecnologia, Dad lançou, seis anos mais tarde, em 2011, o Manual de Redação e Estilo para Mídias Convergentes, incluindo orientações de escrita para plataformas digitais. A navegação entre plataformas, inclusive, era uma de suas especialidades.

Na internet, o Blog da Dad é um dos mais completos repositórios de dicas de língua portuguesa. Experimente digitar a sua dúvida nos mecanismos de busca ao lado do nome Dad Squarisi. A resposta clara e didática certamente aparecerá.

Ao lado do médico hematologista e hemo-oncologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Nelson Hamerschlak, Dad lançou, no ano passado, o segundo volume do livro Desafios, que reúne depoimentos de 35 pacientes que fizeram transplante de medula óssea em decorrência de leucemia. A escritora, que se submeteu duas vezes ao transplante de medula e seguia o tratamento contra o câncer, coordenou e editou as publicações.

Não se pode confundir o integralismo brasileiro com o fascismo de outros países

Tarcísio Padilha, o 'filósofo da esperança', reúne sua obra - Jornal O Globo

Tarcísio Padilha era conhecido como o “filósofo da esperança”

José Carlos Werneck

Numa época difusa e confusa, em que se fala muito em ressurgimento do fascismo e lembra-se também a atuação do integralismo brasileiro, criado pelo deputado Plínio Salgado sob o lema “Deus, Pátria e Família”, que recentemente veio a ser recriado pelo então candidato à Presidência Jair Bolsonaro, é preciso esclarecer muita coisa aos mais jovens.

Aqui no Brasil, o integralismo era uma corrente nacionalista sem a radicalização do fascismo italiano e que contava com a simpatia de grandes personagens, como o próprio presidente Getúlio Vargas e o então bispo Helder Câmara, famoso por suas atividades de assistência social.

NACIONALISMO -Um dos destaques do integralismo foi o economista Raymundo Padilha, braço direito de Plinio Salgado e que depois se tornaria deputado federal pelo Partido de Representação Popular (PRP) e governador do Estado do Rio de Janeiro.

O casal Raymundo e Mayard Padilha era protestante e teve vários filhos que se notabilizaram em suas atividades profissionais, entre eles o notável jornalista Moacir Padilha, que foi editorialista e diretor de O Globo nas décadas de 60 e 70.

Outro dos filhos que teve enorme sucesso profissional foi o filósofo, sociólogo, escritor, professor universitário e magistrado brasileiro Tarcísio Meirelles Padilha, um notável pensador, que chegou a presidente da Academia Brasileira de Letras.

ERA INTEGRALISTA – Na juventude, nas décadas de 1940 e 1950, Tarcísio Padilha militou no PRP e no chamado Movimento Águia Branca, contando-se, assim, entre os representantes da denominada Segunda Geração Integralista.

Se mais tarde se afastou da militância, jamais deixou ele, no entanto, de sustentar os princípios fundamentais da sua Doutrina, bem sintetizados na tríade “Deus, Pátria e Família”, defendendo sempre as virtudes do patriotismo e do nacionalismo. Uma de suas principais obras. “Brasil em Questão”, publicada em 1975 pela Livraria José Olympio Editora e reeditada no ano seguinte pela Biblioteca do Exército, analisa a crise do mundo moderno.

Assim, cito esse exemplo de Tarcísio Padilha para esclarecer que há semelhanças e diferenças entre o lema Deus, Pátria e Família do antigo Integralismo e o mesmo signo agora usado por Bolsonaro.