
É o passo mais avançado na direção de uma trégua após anos de guerra
Pedro do Coutto
A proposta de cessar fogo por trinta dias foi aceita por Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, e claro, pelos Estados Unidos, que foi o autor da medida. Os representantes de Kiev entraram para a reunião que tratou a proposta de paz aceita nesta terça-feira pela Ucrânia, durante negociações realizadas na Arábia Saudita levando a proposta de uma interrupção temporária dos ataques aéreos e marítimos. No entanto, nas linhas de frente por terra, os combates continuariam.
Ao final do encontro, que durou mais de nove horas, a delegação ucraniana aceitou os termos apresentados pelos Estados Unidos: um cessar-fogo completo e imediato por 30 dias, podendo ser prorrogado. “Agora, vamos levar essa proposta aos russos. E esperamos que eles digam ‘sim’. Que eles digam sim à paz. A bola agora está na quadra deles”, afirmou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, logo após o encontro.
INTERMEDIAÇÃO – O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky agradeceu Trump pela intermediação, mas cobrou empenho dos EUA nas negociações com o presidente russo Vladimir Putin. ” A Ucrânia aceita esta proposta. Nós a consideramos positiva, estamos prontos para dar esse passo, e os Estados Unidos da América devem convencer a Rússia a fazê-lo”, disse Zelensky, acrescentando que o cessar-fogo começaria no momento em que Moscou concordasse com a proposta.
O líder ucraniano não participou das conversas com os americanos, mas foi recebido pelo príncipe-herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman antes da reunião. O príncipe é um aliado de longa data de Trump. Com o cessar-fogo, o governo americano promete retomar a ajuda militar e o compartilhamento de informações de inteligência com a Ucrânia, suspensos desde a reunião que terminou em trocas de acusações no Salão Oval da Casa Branca. O acordo de exploração de minerais também foi debatido na reunião no Oriente Médio. Estados Unidos e Ucrânia concordaram em concluir o acordo o quanto antes.
SINUCA DE BICO – As negociações deixaram Putin numa sinuca de bico, pois o que poderá fazer a não ser aceitar? Se recusar, ficará ainda mais isolado no cenário internacional, além do fato de milhares de vidas já terem sido perdidas nessa guerra. O fato é que se a Rússia se negar a aceitar o acordo, terá perdido uma batalha internacional na questão da comunicação e diplomática.
Foi preciso que um outro país, não envolvido na guerra, diretamente, como é o caso dos Estados Unidos, formulasse uma saída para o conflito, e portanto, evitando a perda de mais vidas. A resposta da Rússia é aguardada com ansiedade, pois ela pode confirmar os termos da proposta americana, mas também pode acentuar o clima de confronto. Putin está com uma bomba no colo com efeito retaradado e terá que tomar uma decisão, já que o terreno que pisa agora é movediço, sem condição de manobra.