Nessa polarização, o mais incrível é que ainda há quem acredite que não haveria golpe

Yahoo Noticias - http://yhoo.it/1ztEHu4 - Reeleição de Dilma motiva  internautas a pedirem volta dos militares. Concorda? | Facebook

Charge do Alpino (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

É preciso repetir sempre que o perigo de um golpe de estado, em pleno Século XXI, realmente rondou o país, e a polarização permanece, cada vez mais radicalizada. Nesse clima, o mais incrível é que ainda exista quem não acredite que haveria golpe. Muitos extremistas de direita alegam que se trata de “um golpe que não houve” e, por isso, não deve haver punidos.

Esquecem que o então candidato Jair Bolsonaro foi eleito com apoio ostensivo do então comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, e sempre demonstrou pretensões golpistas.

GOVERNO PARAMILITAR – Ao assumir o poder, Bolsonaro empregou mais de 6 mil militares em cargos civis, algo inimaginável e que jamais aconteceu durante os 21 anos de regime militar. Ainda não satisfeito com a eleição, cooptou um grupo de oficiais-generais para permanecer no poder indefinidamente. Tudo isso é sabido e inquestionável.

O golpe somente deu errado, porque desde o início do governo surgiu entre os próprios militares uma desconfiança sobre o caráter de Bolsonaro, que foi deixando grandes amigos pelo caminho, e sempre os humilhando, como o general Santos Cruz e o advogado Gustavo Bebiano, que ousaram contrariar as decisões do presidente e seu clã.

Nesse percurso, Bolsonaro cometeu muitos erros e jamais admitiu que fosse contrariado. Detonou todos os ministros e assessores que ousaram alertá-lo sobre decisões que poderiam prejudicar o país e o próprio presidente.

LISTA GRANDE – Essa resistência a críticas foi reduzindo a credibilidade de Bolsonaro junto aos militares, especialmente depois que o ministro da Justiça, Sérgio Moro, pediu demissão e Bolsonaro afastou o então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, desagradando os comandantes do Exército, general Edson Pujol, da Marinha, almirante Ilques Barbosa, e da Aeronáutica, Moretti Bermudes, que colocaram os cargos à disposição.

Bolsonaro nomeou comandantes mais ligados a seu grupo. Mesmo assim, continuou a haver desentendimentos com a cúpula dos militares, que foram minando a confiança dos oficiais superiores.

Por isso, na reta de chegada, o presidente tentou, mas não conseguiu apoio para a minuta do golpe, na última reunião com o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e os comandantes militares.

POSTURA COVARDE – Bolsonaro jamais teve a postura de um líder militar. Pelo contrário, teve uma atitude covarde de golpista, ao viajar para os EUA e deixar seus apoiadores depredarem o Planalto, o Congresso e o Supremo, para criar o caos e abrir caminho para uma decisão de convocar as Forças Armadas para GLO (Garantia da Lei e da Ordem), o que ele pensava redundar na intervenção militar com Bolsonaro no Poder.

Mas foi um sonho shakespeariano de uma noite de verão, porque uma intervenção armada pressupõe um general no comando, jamais um capitão, especialmente se ele foi considerado um mau militar por generais respeitados como Ernesto Geisel e Leônidas Pires Gonçalves.

O tenente-coronel Mauro Cid percebeu que também seria abandonado em plena arena, quando Bolsonaro inadvertidamente declarou: ”Cid tinha autonomia plena, às vezes agia sem o meu comando”. Foi a senha para o ex-ajudante de ordens cuidar da própria vida e de sua família. Agora Bolsonaro, na mira da Justiça, está cada vez mais desprestigiado pelos militares da ativa. E são eles que contam.

É preciso acabar com a reeleição e separar a eleição de presidente e de parlamentares

O potencial dissipador da reeleição - Blog do Ari Cunha

Charge do Déo Correia (bocadura.com)

Roberto Nascimento

Concordo com o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no que concerne à necessidade de pôr fim à reeleição para cargos executivos (presidente, governadores e prefeitos). Foi uma péssima ideia de Fernando Henrique Cardoso, o cacique do PSDB, levada adiante pelo seu xerife, Sérgio Mota, o ministro tucano das Comunicações, que funcionava como trem-pagador e soube comprar preciosos votos de parlamentares, para aprovar a emenda constitucional.

Em relação à simultaneidade das eleições, discordo visceralmente. Eleição geral de quatro em quatro anos, além de gerar confusão na cabeça do eleitor, impede o aperfeiçoamento da democracia.

LEMBRANDO HELIO – Neste aspecto, estou ombro a ombro com o saudoso jornalista Helio Fernandes, adepto de eleições anuais. Segundo ele, quanto mais eleição, maior a oportunidade de o cidadão saber distinguir quem o representa e quem é oportunista, só pensa no seu clã familiar e nos amigos do peito. Assim, é preferível ter mandato de cinco anos para presidente e de quatro anos para parlamentares.

Rodrigo Pacheco, no exercício da presidência do Senado e do Congresso, tem hora que vai bem, mas logo depois pode dar uma bela derrapada.

Mesmo assim, o senado mineiro é incomparavelmente melhor do que o “primeiro-ministro” Arthur Lira ((PP-AL), que se comporta como rei da Câmara dos Deputados e xerife do Centrão.

HELENO CANTOU… – Quanto ao Centrão propriamente dito, trata-se daquele grupo político fisiológico que o general Augusto Heleno, em plena campanha ao lado de Bolsonaro, definiu com precisão, ao cantar desafinadamente: “Se gritar pega ladrão, não fica um Centrão…”.

Depois, teve de dar uma recueta, porque Jair Bolsonaro ganhou a eleição em 2018. Heleno foi logo nomeado ministro do Gabinete de Segurança Institucional e passou a andar de braços dados com quem? Ora, com Lira e o Centrão, que depois emplacou Ciro Nogueira como chefe da Casa Civil.

São as voltas que o mundo dá. Mas tem gente que ainda acredita no terraplanismo.

Cúpula golpista sonhou que iria tomar o poder sem disparar um só tiro de fuzil

No Dia do Exército, General Tomás Paiva pede que seus comandados respeitem  as instituições e a constituição – Bernadete Alves

Lula sabe que os comandantes militares estão de olho nele

Roberto Nascimento

Achar que um golpe de estado só pode ser executado através de canhões, aviões e submarinos, como no passado, é desconhecer os novos tempos obscuros diferentes de outrora. Hoje, o processo é mais sofisticado. Os novos tempos são diferenciados.

Pode-se dar um golpe de estado sem disparar um só tiro. Basta ter apoio firme das Forças Armadas, na ponta final da conspiração.

NA SEQUÊNCIA – Primeiro, os populistas extremados inundam as redes sociais com ardilosas fake news, disseminando mentiras que parecem verdade. Dizem que é a pós-verdade, que significa o mau uso do marketing, sob as mais modernas técnicas de doutrinação política

Passam em seguida, a desmoralizar o Poder Judiciário, enfraquecendo os membros das cortes superiores, enquanto fazem a cooptação de magistrados de primeira instância, membros do ministério público, polícias militares e parlamentares, para tomar o poder e estabelecer uma ditadura que faça a erradicação do regime democrático.

Nessa moderna trama conspiratória, conseguem aliados entre militares da reserva, principalmente coronéis e generais reformados, interessados cargos na máquina pública e em organismos internacionais.

NO MUNDO INTEIRO – Interessante notar que esse esquema não é um fenômeno brasileiro. Pelo contrário, está se disseminando pelo mundo com base nos sentimentos antimigratórios que despertam tendências nacionalistas pinceladas de racismo.

O processo já tem raízes sólidas nos Estados Unidos e na Europa, além de se espalhar pelos demais continentes atingindo países como Turquia e Israel.

Nos EUA, Donald Trump tentou captar esse sentimento na camada mais conservadora da América e usou a horda de vândalos para tomar de assalto o Congresso americano. Mas não obteve apoio para anular as eleições e agora tenta voltar ao poder pela força das urnas, embora esteja respondendo a vários processos criminais.

Bolsonaro tentou copiar aqui a manobra de Trump, aproveitando o forte esquema antipetista ainda existente, mas não deu certo. Assim como aconteceu com Trump, faltou apoio militar e das demais instituições democráticas.

BOLSONARO CHEGOU PERTO – A diferença é que Bolsonaro quase chegou lá. Conseguiu a adesão entusiasmada da Marinha e contava como forte apoio também da Aeronáutica, mas o golpe foi abortado pela posição firme do Alto Comando do Exército, que à época tinha à frente o general legalista Marco Antonio Gomes, um nome para ficar na História.

O golpe sem armas, que se daria com a simples decretação de uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), que significaria o cumprimento do Ato Inconstitucional descrito na minuta do golpe, com o cancelamento das eleições sob o argumento de fraude nas urnas eletrônicas, prisão de Alexandre de Morais e de todos os ministros do TSE, implantação do voto impresso e uma suposta nova data para eleição presidencial, de governadores, deputados e senadores.

Nisso tudo, não seria disparado um só tiro de fuzil. Tudo dentro da lei, das quatro linhas da Constituição.

SEM RESISTÊNCIA – Quem se mostrasse contrário a isso tudo, aí é outra história. A prisão ou até a morte poderiam ser os castigos pela ousadia. Lembremos que na ditadura iniciada em 1964, o Centro de Informações da Marinha (Cenimar) era o repressor mais temido pelos militantes da resistência.

O atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, declarou que o Alto Comanda apenas cumpriu sua obrigação, ao agir no estrito cumprimento da lei e evitar que o então presidente Jair Bolsonaro desse o tão ansiado golpe. Que diferença entre os militares legalistas e os conspiradores como Braga Neto, Augusto Heleno, Eduardo Ramos, Almir Garnier e tantos outros que embarcaram na aventura golpista.

Um país é destruído, não pelos inimigos externos, mas pelos traidores internos, que, sem conhecimento da história das nações, tramam contra o povo. Mas acabam perdendo tudo, porque a democracia tem de prevalecer.

Penas aplicadas aos primeiros réus foram exageradas e merecem que haja revisão

100 mil pessoas assinaram petição contra indicação de Alexandre Moraes para  o STF - Polêmica Paraíba - Polêmica Paraíba

Charge do Cícero (Correio Braziliense)

Roberto Nascimento

Realmente, a dosimetria das penas aplicadas pelo relator Alexandre de Moraes aos três primeiros réus, foi demasiada, em relação à conduta delitiva na tentativa de provocar uma ruptura institucional e abrir caminho para um golpe de estado militar, através da chamada GLO (Garantia de Lei e Ordem), em que haveria um pedido às Forças Armadas para intervenção temporária, mas quando isso acontece pode se tornar permanente, todos sabem.

Os votos de Roberto Barroso e André Mendonça, no tocante a pena aplicada, foram mais razoáveis e acredito mais justos, porque punir com 17 anos de reclusão, sem provas concretas de vandalismo ou atos de terrorismo, é ultrapassar os limites.

SEM DEFESA – Os três primeiros réus não tiveram a indispensável defesa plena. Seus advogados, que foram a tribuna sustentar oralmente os argumentos para inocentar seus clientes, não o fizeram plenamente.

O primeiro tratou de se defender da investigação que corre contra ele no Conselho Nacional de Justiça. Como desembargador aposentado, estava na linha de frente em apoio ao golpe bolsonarista. Mas sua defesa do cliente inexistiu, nota zero.

O segundo, mais político do que advogado, faz parte de uma OAB clandestina da direita e foi para o Supremo ter o seu minutinho de fama e depois postar nas redes sociais, e ainda confundiu “O Príncipe” de Maquiavel com “O Pequeno Príncipe” de Saint-Exupéry. Patético. Outra nota zero.

PERDEU PRAZO – A terceira advogada chorou. Ela perdeu o prazo regimental para sustentar a defesa oral, e a Defensoria Pública precisou entrar no vácuo da advogada. Nos últimos minutos, entrou com um recurso e foi lá fazer um papelão. Também defesa zero do réu.

Sem defesa plena, cabe arguir nulidade nos três julgamentos, o que seria interessante, para reduzir as penas excessivas.

Concordo que os julgamentos deveriam começar pelos planejadores, que se organizaram em quadrilha, assim como os financiadores e os que incentivaram diretamente os manifestantes, além dos militares da ativa e da reserva que utilizaram a massa de vândalos como bois de piranha para seus objetivos macabros, que começam com golpe de estado e depois podem incluir vinganças, torturas, desaparecimentos, mortes, exílios e desvios de dinheiro da nação, conforme já assistimos.

HISTÓRICO DE GOLPES – Como bem pontuou o ministro Luís Roberto Barroso, o Brasil tem o histórico de golpes de estado. E as consequências não são muito boas.

O primeiro, o Golpe da República, quase resultou no massacre do Imperador Pedro II e da família real. Queriam uma cópia da Revolução Francesa, com a decapitação do imperador. Deodoro da Fonseca, era amigo dele, foi contra. O imperador foi despachado para a Europa com a família, deixou tudo para trás;

Depois Floriano Peixoto não passou em branco, novo golpe de estado. O filme “O Preço da Paz” retrata muito bem a violência de seu governo. O Barão de Cerro Azul, cidade do Paraná, foi executado friamente dentro do trem com destino ao Porto de Paranaguá, por ordens emanadas do governo de Floriano.

OUTROS GOLPES – A seguir, a Revolução de 30 e a Revolução de 64, duas tragédias, com prisões ilegais, encarceramentos, torturas e mortes. Uma lástima.

Se o golpe de estado preparado durante os quatro anos de Bolsonaro tivesse tido êxito, não estaríamos aqui para comentar essa história de horrores. Este blog nem existiria.

E nem digo que o oito de janeiro tenha essa relevância toda, depois do vandalismo impune do dia 12 de dezembro, com ônibus incendiados na capital e invasão da sede da PF.  Depois, na véspera de Natal, a tentativa de explosão de bomba no aeroporto de Brasília, que resultaria em centenas de mortos, também foi uma história macabra de tudo pelo Poder.

ANOS E ANOS… – Agora, esse processo contra os golpistas levará anos e aos, até chegar ao final. Vamos ser torturados com o resultado dessa tentativa brancaleone e circense do golpe de estado. Espera-se que não continuem com penas excessivas e revisem as iniciais.

Quanto ao golpe em si, parece que muitos idiotas estavam à frente desse processo mal preparado, porém jamais serão perseguidos e condenados. As investigações ainda nem chegaram perto deles.

Mas não nos livramos completamente de uma nova tentativa de golpe de estado. Talvez continue em curso uma intentona mais refinada e trabalhada para obter êxito. É preciso estar atento, esse tipo de gente não desiste nunca.

Lula precisa parar de dizer bobagens, como a defesa do voto secreto no Supremo

Marco Aurélio reage à fala de Lula sobre voto secreto no STF: “Tônica da  administração pública é a publicidade“

Lula perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado

Roberto Nascimento

O desejo expressado pelo presidente Lula da Silva, de que os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal sejam secretos, portanto, impedidos de chegar ao conhecimento público, é dos maiores absurdos cometidos pelo presidente desde que ocupou a faixa presidencial, pela terceira vez, em primeiro de janeiro do corrente ano.

Por que não te calas, presidente Lula?, diria o rei espanhol Juan Carlos I. A Ciência do Direito não é sua praia. Logo, quando um auxiliar babão vier com essas ideias malucas, pare, pense, e consulte outros juristas que tenham notável saber jurídico. Isso seria o normal. Um presidente não pode ser preguiçoso e sair adotando ideias do primeiro que aparece falando bobagens.

RESULTADO TENEBROSO – O desgaste para o presidente foi assombroso no meio jurídico e político. Todos estão criticando a defesa do voto secreto, uma medida típica de ser adotada por ditaduras militares, que necessitam de censura ampla no país.

Lembram daquela medida do governo anterior, de sigilo de 100 anos para atos secretos do governo? Pois bem, Lula está querendo imitar Jair Bolsonaro? Só faltava essa, mais um retrocesso contra a transparência pública.

No fundo e na forma, Lula está tentando blindar seu antigo advogado, o ministro Cristiano Zanin, indicado por ele para o Supremo. Zanin tem adotado decisões ultraconservadoras, na linha mais à direita do que os ministros André Mendonça e Nunes Marques indicados por Bolsonaro.

MINISTRO CONSERVADOR -Lula tem sido muito criticado por escolher Cristiano Zanin, que é inadmissível para o campo progressista. O povo vai ter que engolir esse ministro indicado por Lula. Até os bolsonaristas estão aplaudindo Zanin, para desespero de Lula, que nem pode alegar que não sabia dessas ideias do século passado desse ministro conservador. E foi escolha pessoal de Lula.

Esse preço, o presidente vai pagar a fatura. Não tem mais jeito, quando o indicado é referendado pelo Senado e empossado no Supremo, passa a ter vida própria e deve obediência apenas a sua consciência.

Já começo a ter medo, da próxima indicação de Lula, quando a ministra Rosa Weber se aposentar em outubro. A tão alardeada intuição mágica de Lula não tem funcionado ultimamente. As escolhas de Lula, as falas de Lula, as ideias de Lula têm trazido aflição ao campo democrático. E nós, que pensávamos ter saído do pesadelo de quatro anos do governo anterior, quando olhamos em volta vemos que velhos pesadelos continuam a perturbar as mentes humanas e utópicas.

EXEMPLO ERRADO – Quando à posição do ministro da Justiça, Flávio Dino, que tentou passar um paninho na sugestão errada de Lula, é preciso que se saiba que não é verdadeira a versão de que nos EUA a Suprema Corte adote o voto secreto.

Esse procedimento é raríssimo e chamado de “per curiam” (pelo tribunal), em decisões adotadas pela Suprema Corte sem que se saiba como votou cada juiz, para protegê-los. Uma das últimas decisões assim foi no processo “Bush contra Gore”, que definiu a eleição presidencial de 2000, depois do imbróglio eleitoral na Flórida.

As decisões normais na Suprema Corte americana não são secretas. Se não houver unanimidade, são divulgados os votos de cada ministro.

É preciso apoiar o comandante do Exército em sua iniciativa de investigar os militares golpistas

Comandante do Exército faz um discurso dúbio, débil e doloroso

Tomás Paiva fez um discurso defendendo o legalismo

Roberto Nascimento

Se os presentes eram de natureza personalíssima e de fato pertenciam ao presidente da República, conforme o argumento do advogado Paulo Cunha Bueno, defensor de Jair Bolsonaro, o mistério assim aumenta. Afinal, qual a razão de o ajudante de ordens Mauro Cid vender as joias nos EUA, receber em espécie e entregar o dinheiro ao chefe do governo, mas depois recomprá-las para entregar ao Tribunal de Contas da União?

E por que tamanha confusão feita pelo enigmático advogado Frederico Wassef, que confessou tudo depois de ter afirmado que não sabia nada das joias? E por que teve a desfaçatez de declarar que pagou a recompra do próprio bolso, em valor superior a R$ 300 mil, quando se sabe que está em péssima situação financeira, eivado de dívidas?

MENOR IMPORTÂNCIA – Embora o assunto seja sensacional, como tudo o que se refere a valiosas joias, na verdade esse episódio é de menor potencial destrutivo para Bolsonaro e Mauro Cid, se comparado com a trama golpista, que vinha sendo preparada desde 2021, quando a turma do golpe percebeu, através de pesquisas qualitativas, que Bolsonaro poderia perder a reeleição.

E por que perderia? Certamente, por causa dele mesmo, que assustou grande parte dos brasileiros com sua atuação na Pandemia, quando tentou desacreditar as vacinas, apostando todas as suas fichas num remédio ineficaz, a cloroquina, cuja eficiência jamais foi comprovada cientificamente.

E depois Bolsonaro ainda tentou emplacar uma bobagem, chamada de “imunidade de rebanho”, em que os mais jovens e saudáveis tinham possibilidade maior de sobreviver. Um desastre.

ÍMPETOS GOLPISTAS – O mais grave, juridicamente falando, é que depois Bolsonaro começou o ataque sistemático contra as urnas eletrônicas e tentou desacreditar os ministros da Suprema Corte, inclusive falava em aumentar a composição do colegiado, de 11 para 16 ministros, para controlar o Judiciário, na mesma receita autoritária de Nicolas Maduro, ditador da Venezuela.

Tentou-se até explodir um caminhão-tanque no Aeroporto de Brasília na véspera de Natal, quando o movimento é mais intenso. A torcida era para tudo dar certo, ou seja, que houvesse mortos e feridos e assim as Forças Armadas constitucionalmente entrariam em cena, repetindo o golpe de 1964.

A trama golpista teve apoio de oficiais militares das Forças Armas e do comando da PM de Brasília, claramente envolvidos nas ações para facilitar a invasão dos vândalos no quebra-quebra do dia 8 de janeiro.

COMANDO LEGALISTA – É importante relembrar esses fatos, para que não caiam no esquecimento. O golpe só não aconteceu porque os legalistas eram maioria no Alto-Comando do Exército. Agora, todos os militares envolvidos no planejamento e na execução da tentativa de golpe precisam responder a Inquérito Policial Militar, para investigar suas condutas delituosas.

A cúpula da PM do Distrito Federal, que possibilitou a invasão dos palácios e o vandalismo, já foi presa, em função do conjunto da obra. Mas falta investigar em profundidade o envolvimento dos militares que acobertaram o acampamento no Quartel-General de Brasília e que se omitiram na repressão aos golpistas.

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, está certíssimo ao usar seu pronunciamento do Dia do Soldado para alertar a tropa sobre a necessidade de as Forças Armadas investigarem os militares da ativa que se empenharam abertamente pelo golpe. Então, que assim seja.

Em termos jurídicos, a venda das joias não é nada, em comparação ao golpe

Charge: Fraude x Golpe. Por Laerte

Charge do Laerte (Folha)

Roberto Nascimento

A venda das joias, sejam consideradas “personalíssimas” ou se deveriam constar do Patrimônio da União, é de menor potencial ofensivo para a nação, quando comparada à extrema gravidade da tentativa do golpe de Estado, que chegou perto de acontecer — muito perto mesmo, convenhamos

Os principais personagens no caso das joias, Mauro Cid e Bolsonaro, se comprovados os crimes de peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, a pena máxima não excederá oito anos de prisão.

TRANCAR A AÇÃO – Portanto, com a habilidade dos advogados criativos na construção da defesa, Paulo Bueno (Bolsonaro) e Cezar Bitencourt (Mauro Cid), nesse caso específico acredito que o juiz possa até conceder o trancamento da Ação Penal, pois Bolsonaro não tem mais foro privilegiado, deve ser julgado pela primeira instância da Justiça Federal de Brasília, onde morava na ocorrência dos crimes.

A situação de Bolsonaro se agrava mesmo é em relação a esses crimes de ameaça à democracia, tentativa de fraudar o processo eleitoral, utilização de milícias digitais para se perpetuarem no Poder e incentivo e planejamento do vandalismo de 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023.

Desses processos a turma golpista não escapa, porque seus autores deixaram pontas soltas. E o quebra cabeça está quase fechado, com nome e sobrenomes dos partícipes.

ROMPIMENTO – Tudo indica que há possibilidade de rompimento entre Mauro Cid e Jair Bolsonaro, que insiste em atribuir ao ajudante de ordens uma suposta “autonomia plena” no caso das joias, afirmação que é apenas uma forma de transferir a Cid toda a culpa pela venda das peças.

Portanto, é preciso acompanhar a movimentação do atual advogado de Mauro Cid, que um dia faz um pronunciamento, no outro se desmente e cria outra narrativa.

Entrevistado na GloboNews” na sexta-feira, o advogado Cezar Bitencourt, que defende Mauro Cid, se contradisse o tempo todo. Pressionado pelas jornalistas Andreia Sadi e Natuza Nery, ele primeiro negou e depois foi obrigado a admitir ter conversado na noite anterior com o advogado de Bolsonaro, Paulo Bueno.

CAI A MÁSCARA – As jornalistas colocaram Bitencourt no canto do ringue, com a seguinte pergunta: “O senhor mantém a afirmação de que não se encontrou com o advogado de Bolsonaro?”

A máscara então caiu e ele foi constrangido a admitir que realmente falou com o criminalista Paulo Bueno. Mas, disse que foi por telefone e no tempo de apenas um minuto.

À tarde, também na GloboNews, em programa comandado por Julia Dualibi, o advogado de Bolsonaro também admitiu que conversou com Cezar Bitencourt, e o tempo então subiu para três minutos…

ESTRATÉGIA DIVERSIONISTA – Está claro que os advogados estão insistindo em discutir a questão da venda das joias, para tirar do foco os crimes muito mais graves que envolvem a tentativa frustrada do golpe de Estado. Essa estratégia diversionista da defesa não deixa dúvida de que os advogados terão muito trabalho para desconstituir a participação de Bolsonaro e Cid na trama golpista.

E a entrevista de Bolsonaro ao Estadão, sexta-feira, dentro de uma padaria muito simples, tomando café com leite, foi um marketing para demonstrar ser um homem do povo, um simples cidadão que luta diariamente pela sobrevivência.

Bolsonaro na verdade recebe quase 100 mil reais por mês entre aposentadoria de capitão, aposentadoria de deputado federal e os 42 mil reais que o dono do PL (Partido Liberal), Valdemar da Costa Neto, lhe paga religiosamente com recursos do Fundo Partidário. Michelle ganha outros R$ 42 mil do PL, e Bolsanaro fatura mais R$ 150 mil mensais com o rendimento do R$ 17,2 milhões do Pix de apoiadores.

ESPÍRITO PÚBLICO – Lembrem que só podemos escrever estas simplórias linhas, sem risco de sermos presos, torturados e até mortos, porque os militares legalistas do Alto Comando do Exército, em maioria dos seus membros, foram contra o golpe de Estado.

Sempre reafirmo o relevante espírito público dos generais. Não entraram nessa loucura, que poderia desencadear numa guerra civil e a até na consequente divisão da nação em cinco regiões autônomas, para as potências externas explorarem os brasileiros com mais facilidade.

A força do país brasileiro está na unidade nacional, nos objetivos permanentes de uma sociedade mais justa e solidária, irmanada na mesma língua portuguesa e no equilíbrio entre os Estados da Federação.

Lembrem JK e nem pensem em perdoar os autores da invasão dos três Poderes

Frente Ampla - Brasil Escola

Juscelino e Lacerda se uniram a Jango contra a ditadura

Roberto Nascimento

O presidente Juscelino Kubitschek foi vítima de três tentativas de golpe de Estado. A primeira foi em 1955, contra sua posse. Seus adversários da UDN diziam que ele tinha sido eleito por um complô comunista e tentaram evitar a posse, alegando que JK não tinha conquistado maioria absoluta. Os principais envolvidos foram o deputado Carlos Lacerda, o vice Café Filho, o presidente da Câmara, Carlos Luz, e o coronel Jurandir Mamede.

Depois, no exercício do mandato, um grupo de oficiais da Aeronáutica sequestrou aviões da FAB e anunciou o golpe em Aragarças (Goiás), mas a tentativa fracassou. Em seguida, outro grupo de aviadores repetiu a dose em Jacareacanga (Pará) e também foram presos.

FORAM PERDOADOS – As três tentativas foram dominadas pela rápida atuação do marechal Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra, que garantiu a posse de Juscelino e depois o manteve no poder. O mais impressionante é que todos os envolvidos foram presos e depois perdoados por Juscelino e Lott. E a página foi virada.

Essa belíssima história da preservação da democracia brasileira é contada no livro “Lott, a espada democrática & outros escritos pacifistas”, do jornalista e escritor Pedro Rogério Moreira (ex-O Globo, ex-TV Globo e ex-SBT), lançado pela editora Thesaurus.

Depois de ver as cenas de vandalismo do 8 de janeiro deste 2023, Pedro Rogério achou que valia a pena recuperar uma entrevista de seis horas que fez com Lott em 1978, ainda no tempo do regime militar. E assim surgiu a ideia desse oportuno livro.

PERDÃO AOS GOLPISTAS – Juscelino e Lott eram pessoas de bem, legalistas. Nem foi surpresa quando eles perdoaram aos revoltosos, que foram reintegrados à Aeronáutica. No entanto, por ironia do destino, os golpistas de 1964 jamais perdoaram nem Juscelino nem Lott, que foram implacavelmente perseguidos pela ditadura militar.

O golpista de carteirinha era o governador Carlos Lacerda, que foi o mentor civil do golpe de 64, mas acabou também sendo preso e cassado pelos militares.

Numa admirável costura política empreendida pelo deputado Renato Archer, do MDB, em 1966 Carlos Lacerda e Juscelino Kubitschek se encontraram em Lisboa para criar a “Frente Ampla” pela democracia, que teve apoio de João Goulart, visitado por Lacerda e Archer em 1967 no Uruguai.

MORTES EM SÉRIE – Os três morreram misteriosamente, num intervalo de apenas nove meses: Juscelino em agosto de 1976, Jango em dezembro de 1976 e Lacerda em maio de 1977.

Este exemplo histórico demonstra que pode ser uma ingenuidade acreditar na eficácia do perdão para golpistas. Pelo visto, se não forem punidos com rigor, os os articuladores voltam a se reagrupar e ressurgem com ainda mais força para tentar a tomada do poder.

Por essas e outras razões, entendo que para os mentores do golpe não pode haver perdão. Porque, se eles forem perdoados e voltarem à prática do golpe, podemos ser retirados de casa e levados a caminho do desconhecido. Por tudo isso, é importante apoiar o ministro Alexandre de Moraes, que está cumprindo seu dever ao julgar com rigor essa turma golpista, e merece o aplauso dos democratas.

Vitória de Trump na eleição em 2024 pode significar a queda do império americano

Trump acompanha os protestos no Irã e alerta governo | O Popular

Trump é uma ameaça concreta ao regime democrático

Roberto Nascimento

A hipótese absurda da eleição de Donald Trump no ano que vem significará a queda do império americano. Denunciado três vezes, por tentativa de golpe de Estado, tentativa de cancelar as eleições e por estimular a invasão do Congresso, Trump ainda escondeu documentos secretos do Estado, num cômodo da mansão do ogro na Flórida.

Caso Trump derrote Biden em 2024, o juiz que prolatar a sentença da prisão dele correrá risco de vida, será boicotado de todas as formas. Acredito até que Trump invista contra mantenha a independência do Poder Judiciário.

ATAQUE AO JUDICIÁRIO – O entorno fascista de Trump, no Partido Republicano, já ensaia uma reforma do Judiciário ainda mais ampla do que Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro eterno de Israel, conseguiu votar em primeiro turno.

Se tiver maioria no Parlamento, a reforma de Trump será avassaladora, permitindo a hegemonia do Executivo, sob as ordens do presidente. Na prática seria uma ditadura nos EUA, com o fim do mito da maior democracia mundial.

Essa política de tirar a independência do Judiciário vem sendo aplicada pela Nova Direita Mundial e também pela Esquerda Latina, além de Beijamim Netanyahu estar conseguindo em Israel, Erdogan na Turquia, Nicolas Maduro na Venezuela e Daniel Ortega na mesma toada, todos controlando o Judiciário.

CHAMAR DE SEU – Bolsonaro tentou controlar também, mas não obteve apoio do Congresso na tentativa de aumentar o número de ministros do STF, dos atuais 11 ministros para 16 ministros. Bolsonaro nomearia cinco ministros e controlaria o Supremo. Bolsonaro teria um Supremo para chamar de seu.

Pior seria para o Brasil se o golpe de estado, tentado em 12 dezembro de 2022 e em 8 de janeiro de 2023, tivesse obtido êxito. Além do Judiciário, o Congresso seria fechado e as prisões e torturas seriam uma prática corriqueira, sem direito ao habeas corpus. Os advogados, que insistissem, correriam sérios riscos de amargarem as prisões junto com seus clientes.

LEMBRANDO MUSSOLINI – Esses fatos escabrosos, de tentativa de massacrar o regime democrático de direito, trouxeram–me à lembrança uma frase de Benito Mussolini, o ditador italiano: ” Eu não inventei o Fascismo, apenas dei voz aos fascistas que estavam dormitando nas almas dos italianos”.

Aqui no Brasil, desde o Movimento Integralista, capitaneado por Plínio Salgado, há um expressivo contingente de brasileiros fascistas, que um certo senhor conseguiu trazer das cavernas e emergiu com toda a força, nas eleições de 2018 e permanece ativo, pela continuidade nas eleições de 2022.

Que ninguém pense que ficamos livres de nova tentativa de golpe de estado. A vigilância nunca foi tão necessária. É imperioso estar atento e forte.

Piada do Ano! Lula alega que se entenderá com partidos “sem negociar com Centrão”

Lula em transmissão do 'Conversa com o Presidente' — Foto: Youtube/Reprodução

Lula inventa uma nova explicação para o que é inexplicável

Pedro Henrique Gomes e Pedro Alves Neto
g1 Brasília

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (25) que quer negociar com siglas do Centrão para aproximá-las e “dar tranquilidade ao governo”. Lula voltou a afirmar que não quer conversar com o Centrão enquanto organização, mas com os partidos de forma individual, e citou nominalmente PP, PSD, União Brasil e Republicanos. As declarações foram no “Conversa com o Presidente”, programa transmitido semanalmente na internet.

“Eu não quero conversar com o Centrão enquanto organização. Eu quero conversar com o PP. Eu quero conversar com o Republicanos, eu quero conversar com o PSD, eu quero conversar com o União Brasil. É assim que a gente conversa”, disse.

ARRUMAR UM LUGAR… – “E é normal que, se esses partidos quiserem apoiar a gente, eles queiram participar do governo, e você tentar arrumar um lugar para colocar para dar tranquilidade ao governo nas votações que nós precisamos para melhorar, aprimorar o funcionamento do Brasil. É exatamente isso que vai acontecer”, continuou.

Lula disse que ainda não iniciou as conversas para abrigar esses partidos no governo e voltou a afirmar que não são as siglas que pedem cargos, mas o governo que oferece um espaço a quem quiser contribuir.

“É direito das pessoas quererem fazer acontecer e falar o seguinte: ‘Ó, eu quero participar do governo’. Se quer participar do governo, você pode ter um ministério. Agora, não é o partido que quer vir para o governo que escolhe o ministério”, disse o presidente.

TUDO EU – “Quem escolhe o ministério é o presidente da República. Quem indica o ministério é o presidente da República. Quem oferece o ministério é o presidente da República. Eu acho plenamente possível. Nós vamos discutir isso nesses próximos dias, não estou preocupado, ainda não fiz nenhuma conversa com ninguém”, continuou.

O presidente também negou essa negociação seja aderir ao “toma lá, dá cá”. Segundo o presidente, acordos partidários para conceder maioria ao governo são comuns na maioria dos países democráticos, mas que no Brasil esse arranjo não é bem-visto.

“Em qualquer lugar no mundo se faz acordo. Mas aqui no Brasil tudo é ‘dando que se recebe’. Eu trato isso com mais clareza, com mais simpatia”, declarou Lula.

AS NEGOCIAÇÕES – Lula deve intensificar na próxima semana as negociações com partidos do Centrão para ampliar a base no Congresso, segundo a colunista do g1 Ana Flor.

Entre outras reuniões, Lula deve se encontrar com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), parlamentar com grande influência entre partidos do bloco.

Neste início de semana, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, que é o responsável pela articulação política do Executivo com o Congresso, já recebeu lideranças do PP e do Republicanos.

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CONFIRA OS CARGOS QUE LULA OFERECE

Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços – atualmente, a pasta é comandada por Geraldo Alckmin (PSB) que acumula a função de ministro com a de vice-presidente.

Ministério de Portos e Aeroportos – o titular da pasta é Márcio França (PSB).

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – chefiado por Luciana Santos (PCdoB).

Ministério da Mulher – atualmente comandado por Cida Gonçalves (PT).

Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome – o atual ministro é Wellington Dias (PT). A pasta é reivindicada pelo PP.

Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania – chefiado por Silvio Almeida (sem partido).

Ministério dos Esportes – comandado pela ex-atleta Ana Moser (sem partido). A pasta é alvo de pedido do Republicanos.

Caixa Econômica Federal – presidida por Rita Serrano. O banco público é reivindicado pelo PP.

Correios – presidido por Fabiano Silva dos Santos

Embratur – atualmente chefiada por Marcelo Freixo (PT)

Fundação Nacional de Saúde (Funasa) – tem como presidente interino o servidor Alexandre Motta. Órgão é cobiçado pelo Centrão.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como Lula hoje em dia adota uma linguagem socialista refinada, é preciso haver tradução simultânea. Quando ele diz que não é o Centrão que está exigindo cargos, porque, ao contrário, é o presidente que os oferece, a gente deve ler “toma lá dá cá”, como se dizia antigamente, até porque a soma dos fatores não altera o produto do roubo. (C.N.)   

Entenda por que é preciso punir com rigor quem planejou, financiou ou atuou no golpe

Intérprete a charge política (foto) - brainly.com.br

Charge do Luscar (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

Recebi um TikTok, com a fala de um idoso comparando o ladrão de rua ao político ladrão. Os dois são deploráveis, uns furtando nossos bens e os políticos roubando a esperança no futuro. Só que tem um problema: os candidatos que se apresentam para o povo votar, indicados pelos partidos, são quase todos corruptos, sejam da esquerda ou da direita.

Além disso, os candidatos representam algum segmento profissional ou social, tipo sindicatos, indústria, bancos, comércio, instituições religiosas, agronegócio e até o setor de armamentos…

MUDAR É PRECISO – Apesar desses defeitos congênitos, a verdade é que na democracia, a cada eleição, o cidadão tem a oportunidade de mudar tudo. Porém, numa ditadura civil ou militar o povo fica ainda mais perdido, pois quem coloca o governador, o senador biônico e o prefeito nas administrações, é o ditador de plantão. E ninguém pode reclamar, criticar ou espernear, se quiser continuar vivendo.

Resumindo: uma intervenção militar/civil é sempre ruim para a sociedade, pois não existe ditadura boa, seja de esquerda ou de direita.

GOLPE A BRASILEIRA – No caso do recente surto golpista, que sucedeu a Covid-19 aqui no Brasil, a ilegalidade estava no planejamento e na execução fracassada da tentativa de derrubar um governo eleito. Será que os golpistas estavam preparando rosas ou cravos para o povo nas ruas, ou viriam mesmo com tanques, porradas e bomba?

É por isso que, na investigação e no julgamento dos organizadores e participantes, não se pode passar pano para uns e para outros, não.

Se não houver rigor na punição de quem financiou, quem planejou, quem colocou bomba no aeroporto de Brasília e quem participou da derradeira tentativa, quebrando tudo no dia oito de janeiro, esse grupo “revolucionário” pode se julgar representativo a ponto de fazer nova tentativa. Aí, meus caros, quem nos livrará da prisão e da censura ampla, geral e irrestrita? Pense nisso.

Chegou a hora de Lula pedir que Roberto Campos Neto se demita do Banco Central

Tentativa de politizar processo do Copom preocupa diretores do BC, diz Campos  Neto - InfoMoney

Campos Neto mostra que não tem condições de continuar

Roberto Nascimento 

Concordo plenamente com os lúcidos comentários de Nélio Jacob, um dos mais intelectualizados debatedores da “Tribuna da Internet”, e com os sucessivos artigos do mestre Pedro do Coutto, que poucos sabem ser professor universitário de Economia Política. São injustificáveis, à luz da relação de causa e efeito, as atuais estratosféricas taxas de juros reais, as mais altas do planeta, embora nossa inflação esteja em modestos 6% ao ano.

Nesse quesito, por obra e graça de Roberto Campos Neto, somos campeões mundiais. E o presidente do Banco Central vive justificando as decisões do Comitês de Política Monetária (Copom), dizendo que  são exclusivamente técnicas, sem influências políticas.

FALSOS ARGUMENTOS – Campos Neto chegou a ponto de afirmar que os juros não baixam porque existe divisão no governo. Um absurdo essa atitude, que vislumbro como político-partidária. Agora, justifica a declaração dizendo que tem “dificuldades de comunicação” e alega que está procurando melhorar.

Ora, Campos Neto jamais escondeu que é bolsonarista raiz, fez questão de demonstrar essa condição publicamente. Se deixar o Banco Central,  não terá o menor problema para se colocar na diretoria de alguma instituição financeira, como demonstra seu currículo profissional. Então, por que não toma uma decisão nobre, pede para sair e põe fim a esse constrangimento?

Agora, Campos Neto atinge o clímax da incoerência, ao defender a ensandecida “tese acadêmica” de que, para atingir a meta de 3% de inflação, seria necessário elevar a taxa de juros de 13,75% para 26,5%, quer dizer, praticamente o dobro. É uma declaração sem base técnica que o desclassifica para seguir conduzindo a política monetária do país.

HORA DE SAIR – Esta declaração de Campos Neto, a meu ver, justifica que o presidente Lula solicite sua demissão do cargo. Caso ele não aceite se afastar, o que seria patético e constrangedor, o presidente Lula deveria então pedir que o Senado vote o afastamento do presidente do BC, na forma da lei.

Acredito que os senadores saberão reconhecer a procedência da decisão de Lula, caso contrário o Senado se tornaria cúmplice dessa política que trava a economia e evita a retomada do desenvolvimento, conforme Lula tem alegado. E assim o governo estaria livre para voar.

Da mesma forma, caso Campos Neto saia e a situação econômica não melhore, a culpa passaria a ser do próprio Lula, e não mais dos senadores.

ENIGMA DECISIVO – Ainda sobre as decisões técnicas elencadas por Roberto Campos Neto para manter as altas taxas de juros, este economista ligado aos bancos comete um erro primário.

Nascido 428 anos antes de Cristo, o filósofo grego Platão, criador da Academia de Atenas, enunciou que todas as nossas decisões são políticas na essência. Segundo o filósofo dos filósofos, a política corre nas nossas veias.

Diante disso, com quem o leitor dessas linhas bate o martelo nessa polêmica — com Platão ou Campos Neto? Este é o mais importante enigma da República e precisa ser decifrado o mais rápido possível.

Lula precisa agir rapidamente, para reduzir os danos ao governo nos primeiros 100 dias

DeFato.com - Politica

Paulo Coelho apenas fez críticas construtivas

Roberto Nascimento  

De início, o presidente Lula tem de fazer um “mea culpa” e reconhecer os próprios erros, pois se transformou num mago da política, que precisa medir suas palavras e declarações, em função da enorme repercussão que sempre ocorre com seus pronunciamentos, que têm o poder de levantar do túmulo até quem parecia defunto duro igual a pedra.

O ex-juiz Sérgio Moro estava apagado no Senado, todos fugindo dele, um pária na casa dos sêniores. De repente, o experiente Lula se distrai e traz Moro de volta ao palco. Aí, o novel senador fez barba, cabelo e bigode. Foi para a Tribuna do Senado e detonou o presidente Lula.

PÉSSIMO TRIBUNO – A sorte de Lula, é que Sérgio Moro é um péssimo tribuno. Não tem carisma, lhe falta emoção, discursa mal, inseguro e gagueja com frequência. Sua voz de taquara rachada também não ajuda. Mas, Lula deu a Moro aqueles providenciais quinze minutos de fama.

Na onda provocada por Lula, e diria até que foi um tsunami pró-Moro, o ex-procurador do power point Deltan Dallagnol também quis tirar uma casquinha. Também estava apagado na Câmara e conseguiu subir no palco com seu antigo parceiro da Lava-jato. Um batia nos réus, enquanto o outro massacrava.

Não se fala outra coisa, nos jornais, na CNN, na GloboNews, na mídia como um todo. O ressurgimento de Moro, por culpa de Lula, conseguiu tirar do noticiário a muamba das joias, um regalo dos Sauditas, que Bolsonaro tentou trazer sem pagar imposto na Alfândega de Guarulhos. E o almirante Bento Albuquerque, que está ganhando mais R$ 32 mil em Itaipu, sem trabalhar, para engordar a aposentadoria/reforma, também agradeceu o favor de Lula.

FALA PAULO COELHO – Agora, o que está dando o que falar, entre gregos e troianos, foi a crítica de um grande eleitor de Lula, o acadêmico da ABL e escritor Paulo Coelho, que afirmou: “O terceiro mandato de Lula está patético, citou o desqualificado Sérgio Moro e não consegue resolver o problema do Banco Central”.

E o PT logo criticou Paulo Coelho nas redes sociais, uma insanidade. O partido precisa reconhecer os erros e agradecer a crítica de um aliado. Paulo Coelho sempre votou em Lula, que está dando tiros no pé, enquanto deixa os adversários avançarem e fazer gol na meta do governo. Sérgio Moro está rindo à toa nos bastidores, é claro.

E quem não gostou nada dessa exposição midiática de Sérgio Moro? Acertou quem apostou em Jair Bolsonaro, que teme uma candidatura de Moro em 2026, dividindo os votos da direita.

CASA CIVIL – Outro grave problema que Lula precisa resolver é a Casa Civil, para não repetir o erro de Bolsonaro, que demorou para exonerar Onyx Lorenzini e nomear Ciro Nogueira, mas quando o fez já era tarde.

O fato é que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, assumiu uma tarefa para a qual não está preparado. Os superpoderes ofertados por Lula, para agir como primeiro-ministro, estão sendo exercidos com uma incompetência raramente vista na política.

Rui Costa é unanimidade e vem sendo criticado entre os colegas do ministério, na Câmara e no Senado. O burburinho contra ele vai acabar se transformando num estrondo, por ser tirano, grosseiro e deselegante com os próprios correligionários. Dá saudades de Darcy Ribeiro, chefe da Casa Civil de João Goulart, um homem culto, um intelectual na assessoria presidencial, e de Ronaldo Costa Couto, um monstro na retaguarda do então presidente José Sarney, quando acumulou ministérios e até o governo do Distrito Federal.

Já passou da hora de o presidente do Banco Central voltar ao mercado financeiro

BC planeja lançar real digital em 2024, diz Campos Neto

Campos Neto diz que juros podem até aumentar em abril

Roberto Nascimento

Se o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, seguisse os princípios éticos de Epicuro e os princípios morais de Kant, já teria pedido para sair do Banco Central. Como se sabe, Campos Neto entrou nomeado pelo então presidente Jair  Bolsonaro e deveria ter saído junto com ele.

É visível o constrangimento do presidente do Banco Central com as pesadas críticas do presidente Lula, de membros do atual governo e até do mercado, principalmente dos líderes empresariais do comércio e da indústria.

NEGÓCIOS TRAVADOS – No entanto, com apoio da maioria dos oito diretores do Banco Central que integram o Comitê de Política Monetária (Copom), o economista Campos Neto insiste em praticar os mais elevados juros reais (descontada a inflação) do planeta.

Sabe-se que juros altos travam os negócios e o crescimento virtuoso do capitalismo. Se ficam estacionados em patamares proibitivos, poucos compram e poucos vendem. Resultado: A arrecadação despenca, aumentando o endividamento público. O melhor exemplo são as recém-iniciadas férias coletivas da indústria automobilística, devido à queda na vendas.

Respaldado no mandato outorgado pelo Congresso, Campos Neto se aferra ao cargo e cumpre as regras que interessam ao mercado financeiro, ao manter a taxa de juros em nível elevado sem que a demanda esteja alta.

RISCO DE ESTAGFLAÇÃO – Como se sabe, demanda reprimida e inflação alta formam a receita infalível para um processo recessivo da economia. Continuando nesse processo, se a inflação não ceder e a demanda seguir contida, atingiremos em pouco tempo a perigosa estagflação, que é a combinação de recessão com inflação.

É isso que deseja o economista Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central? Ninguém sabe, mas sua justificativa da manutenção da taxa básica de 13,75% para a Selic indica que ela está em viés de alta, e não se baixa, e isso parece uma enorme maluquice.

Como quem manda é o Copom e ponto final, temos de esperar o resumo da ata da reunião, que demora alguns dias até ter divulgação. De toda forma, me parece que a política monetária está equivocada, e o presidente do Banco Central deveria pedir demissão e voltar ao mercado, pois os bancos estão de braços abertos para Campos Neto, em função dos serviços a eles prestados, e não ao país.

Depoimento do coronel Naime mostra que militares são blindados e PMs injustiçados

Naime diz que havia “máfia do Pix” e tráfico no acampamento em frente ao QG  | Metrópoles

Coronel Naime liderou a prisão de mais de 400 vândalos

Roberto Nascimento

Impactante o depoimento do coronel Jorge Eduardo Naime, principalmente quando abordou o triste papel desempenhado pelo general Dutra de Menezes, que era comandante militar do Planalto. As Forças Armadas ficaram muito mal no episódio, pois o depoimento do então comandante de Operações da PM do Distrito Federal aponta para as condutas equivocadas do Exército.

O fato concreto é que o Exército se posicionou em defesa dos vândalos que já haviam se revoltado em 12 de dezembro, quando Lula foi diplomado presidente eleito da República.

EXÉRCITO PROTEGEU – Já está mais do que comprovado que os vândalos estavam circulando livremente no acampamento em frente ao Quartel General, conhecido como Forte Apache, onde receberam proteção do efetivo militar do Exército, exposta na foto emblemática dos tanques de guerra direcionados para os soldados da PM, fato que foi abordado no importantíssimo depoimento do coronel Naime, que liderou a prisão de mais de 400 vândalos no dia 8 de janeiro.

Diante dessa realidade inquestionável, advogo a tese de soltura imediata dos policiais militares presos, por questão de justiça e isonomia, porque nenhum integrante das Forças Armadas foi preso, embora se saiba abertamente suas condutas em pró dos vândalos Bolsonaristas.

Por essa razão, a despolitização dos militares, que está sendo conduzida pelo ministro da Defesa, José Múcio, é medida urgente, para a defesa do regime democrático de Direito.

E OS HOTÉIS – Importante destacar, ainda, que a informação do coronel Naime, de que os líderes do movimento golpista fugiram para hotéis, enquanto os manifestantes que os acompanharam no vandalismo do dia 12 de dezembro se refugiavam novamente no acampamento em frente ao QG do Exército.

Assim, os investigadores da Polícia Federal agora têm uma ferramenta para identificar as lideranças pagas para executar a desordem visando um golpe de estado. Precisam requerer aos donos dos hotéis a ficha completa dos hóspedes e as imagens de suas câmeras de vigilância.

Se ainda não tomaram essa providência, estão esperando o quê? Não podemos acreditar que na própria Polícia Federal haja boicote às investigações na

MINISTRO DA MINUTA – O delegado federal Anderson Torres, na condição de ministro da Justiça recebeu a minuta do golpe, conforme foi flagrado pela Polícia Federal, teve assim indicada uma suposta participação nos atos golpistas.

Como se sabe, tudo começou em 12 de dezembro, primeiro com badernas, ataque a posto de gasolina, queima de ônibus e carros em Brasília. Depois, na tentativa de explosão de uma bomba no aeroporto de Brasília visando provocar o caos e uma intervenção militar. E por último, a depredação dos prédios do Congresso, do Supremo e do Planalto.

A participação do ex-ministro da Justiça está sendo investigada pela Polícia Federal. Até agora, o homem da minuta golpista vem matando no peito e não deixou a bola cair no colo daqueles que elaboraram a minuta, dos que a receberam e também de quem mandou produzir o documento golpista.

ARRISCAR A CARREIRA – Será que o delegado Anderson Torres  vai arriscar sua carreira na Polícia Federal e insistir em proteger os golpistas da República?

O depoimento prestado pelo ex-ministro sobre os fatos não exibiu nenhuma relação de causa e efeito. São declarações tão absurdas e sem nexo causal que contribuem para o julgador seguir o caminho da culpabilidade.

Vamos ver se Anderson Torres permanecerá nessa toada ou falará a verdade. Afinal, não está descartada uma delação premiada, que lhe preserve o emprego público e garanta sua aposentadoria, pois ainda não completou tempo de serviço.

Presidentes e autoridades que não cumprem as leis envergonham a todos os brasileiros

Jota Camelo Charges - Uma charge apropriada para o momento. A Constituição  (que exprime a vontade popular) é muito clara sobre o HC, mas a cegueira do  STF é grande. Apoie o

Charge do Jota Camelo (Arquivo Google)

Roberto Nascimento

Acredito que a grande maioria dos brasileiros esteja sentindo uma enorme vergonha, porque a lei tem que ser respeitada, seja quem for o governante. E a regra é clara. Presentes com valor acima de R$ 100,00 devem ser incorporados ao Patrimônio da União.

O mandato outorgado pelo povo, seja para o Executivo ou para o Legislativo, não é um passaporte para a impunidade. Afinal, todos são iguais perante a lei. Ou deveriam ser, claro.

DESFAÇATEZ – Nada se compara à desfaçatez do então presidente Jair Bolsonaro, que proclamava sua honestidade e dizia estar acabando com a corrupção no país. Teve a ousadia de usar um almirante-ministro, um tenente coronel, dois sargentos e um secretário da Receita Federal para tentar se apossar de joias que não lhe pertenciam.

Eram mimos acima de 17 milhões de reais. O valor deve ser até mais, quando forem avaliadas a estatueta equestre de ouro e a outra caixa de joias, que um dos “mulas” de Bolsonaro e do almirante Bento Albuquerque conseguiu passar, burlando a fiscalização da Alfândega.

O ilícito está sendo investigado pela Polícia Federal e as provas são abundantes. Quebraram até as patas da estatueta equestre de ouro, para conseguir colocá-la na mochila, sem ser percebida pelos fiscais.

MINISTRO TRAPALHÃO – Provavelmente, esse sargento-mula-mochileiro, ficou nervoso na hora de passar no canal de inspeção, o fiscal da Aduana percebeu e acionou a luz vermelha, indicando a bancada de inspeção.

Até na escolha do “mula” o então ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, errou feio e acabou de destruir o que restava da imagem do chefe. Ele sabia que estava infringindo a lei, por isso terceirizou o serviço que ia prestar para Bolsonaro. Depois, mentiu e apresentou três versões diferentes.

Bolsonaro seguiu o mesmo caminho e também mentiu. Como fica agora a sua declaração de que não pediu nem recebeu nenhum presente? Foi pego na mentira pelo recibo da entrega do pacote de joias a ele, no Palácio da Alvorada, a 29 de novembro. Sua narrativa de ser superhonesto então desceu a ladeira velozmente, embora a mentira tenha perna curta.

PAPEL DE MILITAR – Com toda certeza, o almirante Bento Albuquerque não fez papel de militar no governo. Além desse escabroso caso das joias, ele permitiu a venda da refinaria baiana para os árabes e apoiou a privatização da Eletrobras, entre outras decisões antinacionais que tomou no Ministério.

Felizmente, a maioria das Forças Armadas é legalista e impediu a loucura que seria uma intervenção militar, com Bolsonaro no comando e oficiais como Bento Albuquerque ao seu redor.

Bolsonaro não respeita os oficiais superiores. Só vale para ele quem obedece às suas ordens, sem nada questionar. Quem seguiu a cartilha da Ética e da Moral foi demitido sumariamente. Cito o ex-ministro Santos Cruz e o general Rego Barros, do núcleo do Planalto, o ex-ministro da Defesa, Azevedo e Silva, e os três comandantes das Forças Armadas que foram afastados. São militares da mais alta estirpe. Meus parabéns a esses seis valorosos oficiais, que souberam cumprir seu dever.

Grande erro de Bolsonaro foi julgar que uma ditadura poderia ser considerada “liberal”

João Doria on Twitter: "Jornal The New York Times publica charge chamando Bolsonaro de “ditador” e ridicularizando sua micareta de tanques de guerra. Bolsonaro já era uma vergonha nacional. Agora se torna

Charge do Duke (O Tempo)

Roberto Nascimento

Ao contrário do que se apregoa, os valores liberais não são defendidos pela direita extremada que Jair Bolsonaro representa. O liberalismo moderno, ao se opor ao socialismo, nunca se posicionou contra a ciência ou contra a preservação do meio ambiente,  muito menos a favor do culto à personalidade.

O liberalismo sempre é e sempre foi a favor da independência dos Três Poderes. Seus ideais jamais incluíram a tomada do poder pela força das armas, mas sim pelo voto, porque liberalismo não pode ser sinônimo de ditadura oriunda de intervenção militar, como Jair Bolsonaro e os generais do Planalto pensaram implantar no país.

REGIME DE FORÇA – Não existe ditadura de direita ou de esquerda, conservadora ou progressista. Não importa a tendência político-ideológica de seus líderes, no final acaba sendo apenas um regime militar, ou seja, uma ditadura.

Com seu desatinado delírio ideológico, Jair Bolsonaro conseguiu a proeza de reconduzir o PT ao poder. Os eleitores se assustaram com sua incompetência como governante e com seu radicalismo ao desdenhar a gravidade da pandemia, um gravíssimo erro que agora ele até reconhece ter cometido. E assim jogou para perder e conseguiu se tornar ser o primeiro presidente a não ser reeleito, depois a era FHC.

ALTERNÂNCIA NO PODER – As divergências políticas são saudáveis e garantem que ocorra a alternância no poder, uma característica da democracia. Olhem as flores do campo, nenhuma é igual a outra.

O objetivo comum da maioria dos eleitores não foi simplesmente um apoio a Lula e à volta do PT. O que se pretendia era evitar um segundo mandato de Bolsonaro, porque seria um desastre. E a guerra civil estaria no radar dessa turma extremada.

O fato positivo foi saber que a cúpula das Forças Armadas é hoje formada por oficiais legalistas, que não aceitaram descumprir a Constituição e repeliram a “intervenção militar federal”, como foi apelidado o golpe que fracassou. Porém, se dependesse dos generais que cercavam Bolsonaro, estaríamos hoje em novo regime de força. E quem concordaria com isso?

Roberto Campos Neto deveria ter se afastado lá atrás, no escândalo do Pandora Papers

Dados de 15 mil offshores do Pandora Papers são publicados | Metrópoles

Guedes e Campos não gostam de pagar impostos no Brasil

Roberto Nascimento

Em relação à polêmica sobre os juros, entendo que o presidente do Banco Central está equivocado. Não se justifica elevar a taxa de juros ou mesmo mantê-la nesse patamar alto, quando a inflação está pouco acima da meta. Há evidências de que o economista Roberto Campos Neto (sim, ele mesmo, que prefere investir nos paraísos fiscais do que em sua pátria) perdeu as condições de credibilidade para permanecer como comandante da política monetária.

Campos Neto deveria pedir para sair, quando Bolsonaro perdeu as eleições. Mas se aferra ao cargo, está se lixando para os preceitos éticos e morais, já que fez campanha para Bolsonaro, saindo fora da curva da isenção para continuar no novo governo.

AUTONOMIA ACERTADA – Não está em questão a Independência do Banco Central, votada pelos representantes do povo, no Senado e na Câmara, e que, a meu juízo, foi uma decisão acertada.

Deixo aqui, uma sugestão para que seja estipulado um mandato de quatro anos, a partir da eleição do novo presidente a quatro anos. Se o presidente errar na escolha, o problema é dele.

Na verdade, no esquema atual o sistema financeiro manda nos presidentes do Banco Central. Esse Campos Neto só faz obedecer a ciranda financeira, provocada pelos juros altos, que interferem em toda a cadeia produtiva.

SEM DEMANDA – Nada justifica os juros elevados sem que haja o processo de alta demanda no comércio e na indústria. Se poucos brasileiros estão comprando, evidente que a inflação não é o problema.

O então ministro da Economia, Paulo Guedes, e o próprio Campos Neto fizeram campanha para Bolsonaro. Portanto, se fosse um cidadão ético, o presidente do Banco Central deveria pedir demissão do cargo, por incompatibilidade ideológica com o novo governo.

Mas, ele não irá pedir demissão. Deveria ter saído lá atrás, pois fez algo ainda pior e continuou no governo Bolsonaro, e me refiro ao escândalo Pandora Papers, com a descoberta de investimentos de Campos Neto e de Paulo Guedes nas Ilhas Virgens Britânicas, para não pagar impostos no Brasil. A desculpa deles era de que investir lá fora não é crime. Pode até ser legal, mas, seria ético para um servidor público de tamanho destaque e influência na política econômica? Só no Brasil, mesmo…

Não se deve esquecer que o Brasil acaba de se livrar de uma guerra civil, motivada por fake news

Diretor de 'Sinfonia de um homem comum' diz que história de José Maurício Bustani é 'inacreditável' | Cinema | G1

Bustani tentou evitar a invasão do Iraque pelos marines

Roberto Nascimento

Para não dizerem que escrevo somente sobre as flores raras brasileiras, os Estados Unidos viveram também um momento pré-apocalíptico com a invasão do Capitólio, movimento incentivado pelo ogro presidente Donald Trump e seu marqueteiro Steve Bannon, destinado a provocar uma carnificina com morte de senadores e assim, impedir a cerimônia de posse do presidente eleito, Joe Biden. A segurança do Capitólio impediu o massacre, mas cinco pessoas morreram.

Então, a insanidade não é privilégio do Brasil. Relembro esse fato, repontando-me ao belo artigo do jornalista Bernardo Mello Franco, no jornal O Globo deste domingo, dia 12, sob o título: “Tributo à integridade”.

UM HOMEM COMUM – Mello Franco cita cenas do filme: “Sintonia de um homem comum”, baseado na trajetória do embaixador brasileiro José Maurício Bustani, que comandava na ONU a Organização para Proibição de Armas Químicas, no final do governo Fernando Henrique.

O documentário do cineasta José Joffily mostra que Bustani foi afastado do cargo, por se negar a embarcar na mentira americana de que o Iraque possuía armas químicas.

Entrou em rota de colisão com o então presidente George W. Bush, que estava decidido a invadir o Iraque, mas precisava de um pretexto para receber autorização do Congresso e declarar guerra.

ESCUTA TELEFÔNICA – Os arapongas norte-americanos instalaram escuta telefônica no gabinete do embaixador brasileiro em Haia, e Bustani virou alvo de difamação. Ao mesmo tempo, sua mulher foi avisada do perigo da água que ele bebia. E o embaixador americano na ONU, John Bolton, ameaçou o embaixador brasileiro, ao lhe afirmar que sabia onde seus filhos moravam.

Até o então Secretário da Defesa dos EUA, general Colin Powell, entrou nessa onda sobre o inexistente arsenal de armas químicas do Iraque. Quando a farsa foi desmontada, Powell disse que foi induzido a erro. Era um homem digno, foi o único a fazer “mea culpa”.

Resultado das informações mentirosas dos espiões norte-americanos: o país foi arrasado, 300 mil iraquianos mortos e 5 mil americanos também perderam a vida, devido a uma fake news oficial e internacional.

LAVANDO AS MÃOS – O Itamaraty (chanceler Celso Lafer) e o Planalto (presidente FHC) lavaram as mãos, fazendo um acordo com os americanos para a retirada do embaixador brasileiro que comandava a Agência da ONU baseada em Haia. E o sucessor de Bustani fez o jogo sujo dos americanos.

Comparo a informação mentirosa da Casa Branca, forjando a existência de armas químicas do Iraque, com as falsas denúncias de fraudes nas urnas eletrônicas no Brasil.

Cada um dos dois tinha um objetivo. George W. Bush, nos Estados Unidos, conseguiu concretizar seu sinistro propósito, mas Jair Bolsonaro fracassou. No entanto, se aquela bomba no Aeroporto de Brasília tivesse explodido a bordo de um caminhão de combustível, levando pelos ares o Terminal de Passageiros, quantos mortos estaríamos lamentando agora?

REPETIR É PRECISO – Em certos momentos, o leitor da Tribuna pode tender a achar que os comentários sobre os quatro anos de trevas do governo anterior carregam na tinta ou sejam repetitivos.

Muitas vezes, repetir é necessário, para não cair no esquecimento. Se toda a cronologia do golpe tivesse obtido êxito, estaríamos agora vivendo uma guerra civil, com irmãos lutando contra irmãos, Norte contra Sul. E nessa carnificina a infraestrutura nacional retrocederia à época da  República Velha.

Se aquela bomba no Aeroporto explodisse, repita-se, não teríamos a posse do novo presidente eleito, então, o caminho se abriria para uma destruição muito maior. Escapamos por pouco de um estrago de grandes proporções, com milhares de vítimas, na maioria inocentes.

Senador Marcos do Val perde a confiabilidade, porque já começou a dar o dito pelo não dito…

Marcos do Val alterou versão sobre plano para impedir posse de Lula.

Marcos do Val alterou sua narrativa sobre o plano golpista

Roberto Nascimento

O surpreendente senador Marcos do Val (Podemos-ES), depois de aprontar uma crise política gravíssima, deu novas declarações nesta quinta-feira, dia 2, mudando o que tinha anunciado e agora diz aos jornalistas que não vai mais renunciar. Revelou que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o Zero Um, foi ao seu gabinete pedir para ficar.

É muito estranho, porque nas páginas amarelas da Veja ele acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-deputado Daniel Silveira (PL-RJ) de o terem envolvido numa trama golpista que envolvia a gravação clandestina de palavras do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

CIA, KGB E ABIN– É muito estranho isso, porque de repente Marcos do Val passou a atacar também ataca o presidente Lula e o atual ministro da Justiça, Flávio Dino.

A confusa narrativa do senador dá a entender que o senador trabalha ora pela CIA, ora pela KGB. E, nas horas vagas, faz bico na ABIN.

Concluo que Marcos do Val não deve ser levado a sério, porque é um personagem pastelão. Ao que parece, essa nova direita extremista quer levar o Brasil para o fundo do poço e quando chegar lá, se lograrem êxito, não volta para a superfície. Mas ainda acredito que os homens de bem não vão deixar o país sair do rumo.

AGENTES DO MAL – Da mesma forma, o presidente do PL, ex-presidiário Valdemar Costa Neto, com suas declarações sobre a existência de várias minutas do golpe contra a democracia, para manter Bolsonaro no poder, tem objetivo de confundir as investigações e desviar o holofote que estava virado para o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, que foi nomeado pelo governador do DF, Ibaneis Rocha, para Secretaria de Segurança do DF.

Torres deixou as forças policiais sem eira nem beira, liberou nove comandantes de Batalhões, numa espécie de férias coletivas e viajou para Orlando, às vésperas do caos na Praça dos Três Poderes, com aquele bando de vândalos, quebrando tudo que viam pela frente.

Valdemar Costa Neto, o chefe do PL, também contestou as urnas eletrônicas, sem nenhum fato que corroborasse as suspeitas de fraude. Quando levou uma traulitada do presidente do TSE, que multou o partido e bloqueou as conyas, ele se arrependeu, afirmando que não deveria ter atendido o pedido de Bolsonaro para entrar com a contestação. É sempre assim, com certas figuras, que no sufoco entregam a própria mãe às autoridades.