Gastança! Auxílio moradia de procurador da República pode chegar até R$ 10 mil

A procuradora-geral da República interina, Elizeta Ramos.

Elizeta, chefe interina, assinou mais uma portaria indecente

Weslley Galzo
Estadão

Os membros do Ministério Público da União (MPU), que incluem procuradores da República e também promotores do Distrito Federal, poderão receber até R$ 10 mil de auxílio moradia. Um ato assinado pela procuradora-geral da República interina, Elizeta Ramos, elevou o valor que hoje é de R$ 4.377,73 para 25% da remuneração dos integrantes do Ministério Público que solicitarem recebimento do benefício.

Procurada, a Procuradoria-Geral da República diz que o benefício não é pago para todos os integrantes do MPU e é apenas temporário para quem exerce a função fora de seu domicílio.

PENDURICALHO – Pela nova regra, os procuradores que recebem salários próximos do teto da profissão, o equivalente aos R$ 41,6 mil pagos ao procurador-geral, podem faturar mensalmente mais R$ 10 mil. A média salarial de um procurador da República em início de carreira é de R$ 30 mil, de acordo com sites que monitoram as folhas de pagamento do Poder Público. Esse profissional iniciante poderá, portanto, receber R$ 7,5 mil por mês para custear sua moradia, sem tocar no seu salário.

A procuradora-geral interina modificou o artigo de uma portaria publicada em 2018 pela ex-procuradora-geral Raquel Dodge. Foi a antecessora de Elizeta que fixou o auxílio moradia em R$ 4,3 mil. O documento autorizava revisões anuais do valor. A portaria editada pela atual PGR, porém, não justificou os motivos que tornou necessária a correção ainda neste ano.

Elizeta ocupa o cargo de procuradora-geral da República interinamente desde setembro deste ano, quando Augusto Aras deixou o cargo. Ele continuará no cargo até a próxima segunda-feira, 18, quando tomará posse Paulo Gonet. A assinatura da portaria que aumentou o auxílio moradia foi feita um dia antes da sabatina e aprovação de Gonet pelo Senado.

CRÉDITO SUPLEMENTAR – A procuradora-geral interina também assinou uma portaria de abertura de crédito suplementar de R$ 33 milhões. A verba extraordinária foi obtida por meio da anulação parcial de outras dotações orçamentárias, como os recursos previstos para publicidade institucional e comunicação. Entre os itens mencionados na portaria que serão saldados com o crédito extraordinário está a ajuda de custo para moradia.

O auxílio moradia é pago aos membros do MPU quando não há disponibilidade de imóvel funcional na cidade em que eles trabalham. Esse benefício só é disponibilizado aos promotores e procuradores que não possuem casa própria no local em que residem.

O preço médio do aluguel residencial no País no primeiro trimestre deste ano foi avaliado em R$ 38,35 por metro quadrado, de acordo o índice FipeZap+, que monitora as 25 principais cidades brasileiras. Isso significa que um procurador desembolsaria R$ 2,5 mil por mês para morar em um “imóvel padrão” de 65 metros quadrados, conforme os critérios definidos pelo índice.

MAIS PENDURICALHOS – O diretor do Sindicato dos Servidores do MPU (SindMPU), Adriel Gael, classificou a portaria como “uma manobra orçamentária” que “acontece todo fim de ano para criar penduricalhos para membros”. “Enquanto isso, os servidores continuam sem ter suas recomposições inflacionárias implementadas. Não há isonomia. No orçamento do MPU sempre vai a maior fatia para criar benesses para os membros”, afirmou.

A Procuradoria enviou nota ao Estadão informando que o crédito suplementar de R$ 33 milhões para o final deste ano não tem relação com o auxílio-moradia. E informou que a mudança no auxílio moradia só entra em vigor em 2024, apesar de o texto da portaria registrar que as novas regras entram em vigor na data de publicação do ato.

A PGR informou ainda que atualizou a regra de pagamento para seguir o patamar definido pelo Poder Executivo. No governo federal apenas ministros de Estado têm direito a auxílio moradia de 25% do salário.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É uma portaria indecente, assinada por uma chefe interina, para demonstrar a esculhambação e a desfaçatez com que as autoridades esbanjam os recursos públicos. Se os procuradores soubessem quem foi Capistrano de Abreu, teriam mais vergonha na cara, podemos dizer, repetindo as palavras do genial historiador brasileiro, conterrâneo de Chico Anysio. (C.N.)  

Carlos Lyra, formidável compositor, foi um dos criadores da Bossa Nova

Carlos Lyra, formidável melodista, fica na história como um dos maiores compositores do Brasil

Carlos Lira era um dos parceiros prediletos de Vinicius

Mauro Ferreira
g1 Brasil

Qualificar Carlos Eduardo Lyra Barbosa (11 de maio de 1933 – 16 de dezembro de 2023) como um dos grandes nomes da música brasileira – um compositor extraordinário, criador de belas melodias que beiram o sublime – é clichê inevitável. A morte do artista carioca na madrugada deste sábado, 16, aos 90 anos, tira de cena um nome fundamental da Bossa Nova, mas que procurou transcender essa fase, como explicitou no título do excelente álbum de músicas inéditas que lançou em 2019, “Além da bossa”.

Basta ouvir as seis mais famosas parcerias do compositor com o poeta Vinicius de Moraes (1913 – 1980) – “Coisa mais linda” (1961), “Você e eu” (1961), “Marcha da quarta-feira de cinzas” (1963), “Minha namorada” (1964), “Primavera” (1964) e “Sabe você” (1964) – para ficar evidente que Carlos Lyra fazia mesmo jus aos elogios superlativos de ninguém menos do que Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994). O maestro soberano sempre fez questão de enaltecer as melodias de Lyra.

CONSAGRADO – Compositor da primeira geração da Bossa Nova, Lyra fez a primeira música em 1954, “Quando chegares”, e dois anos depois foi revelado publicamente como compositor na voz de Sylvia Telles (1935 – 1966), cantora que gravou “Menino” em disco editado em 1956.

Três anos depois, em 1959, Lyra seria precocemente consagrado por João Gilberto (1931 – 2019), o papa da bossa. João incluiu duas músicas de Lyra no repertório do primeiro álbum do criador da bossa, “Chega de saudade” (1959).

João Gilberto gravou “Maria ninguém” e “Lobo bobo”, título mais popular da parceria de Lyra com Ronaldo Bôscoli (1928 – 1994), geradora de standards como “Saudade fez um samba” (1989), “Canção que morre no ar” (1960) e “Se é tarde me perdoa” (1960).

TEMAS SOCIAIS – Carlos Lyra ganhou respeito como compositor no universo da Bossa Nova, mas soube ir além dos cânones do movimento. No samba “Influência do jazz” (1962), o compositor dissertou com fina ironia sobre o quanto de jazz podia haver na bossa brasileira.

Já em 1960, Lyra procurou engajar a Bossa, tocando em questões sociais. Tornou-se quase um dissidente do movimento ao compor a trilha sonora da peça “A mais valia vai acabar, seu Edgar” (1960), texto do politizado dramaturgo e diretor paulistano Oduvaldo Vianna Filho (1936 – 1974), o Vianinha.

Como cantor, Lyra lançou o primeiro álbum em 1959, intitulado “Bossa Nova”. Fez outros discos importantes no Brasil e, quando a bossa perdeu impulso na era dos festivais e no reino da Jovem Guarda, o artista partiu para o México, onde morou de 1968 a 1971.

Na volta ao Brasil, Carlos Lyra abriu parcerias com Chico Buarque e Ruy Guerra, renovando o repertório autoral em álbuns como … “E no entanto é preciso cantar” (1971), “Eu & elas… “(1972) e “Herói do medo” (1975). Mas nunca reeditou o sucesso das décadas de 1950 e 1960.

OUTRAS PARCERIAS – A partir dos anos 1980, para sobreviver no mercado, o artista aderiu aos periódicos revivals do cancioneiro da bossa nova em discos e shows, mas também abriu mais parcerias – com nomes como Joyce Moreno e Paulo César Pinheiro – e lançou eventuais álbuns de músicas inéditas como “Carioca de algema” (1994) e o já mencionado “Além da bossa” (2019).

Contudo, o cantor, compositor e músico jamais ficou dissociado da bossa nova pela força do imbatível repertório inicial, criado com a marca de um compositor realmente formidável, como enfatizava Tom Jobim.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Carlos Lyra era do tempo em que se fazia música sofisticada no Brasil, não havia esse lixo atual. Quem o conheceu sabe como ele era atraente, discreto e educado. Falava sempre baixo e cultivava essa personalidade ligth. Por isso, é difícil imaginar que tenha sido inventor do “Gritarium”, um grande armário à prova de som que ele instalou em sua casa. Quando estava aborrecido com alguma coisa, se trancava no armário, dava uns gritos que nem a Kate ouvia, e depois saía absolutamente calmo, elegante e renovado. Os psicanalistas deveriam adotar esse sistema de Lyra para tratar seus clientes. (C.N.)

Nesta quarta-feira, Milei já começa a enfrentar protestos contra o governo

Milei assume presidência da Argentina apostando em | Internacional

Javier Milei é um falso libertário e não está agradando

Roberto Nascimento

Promessas ilusórias de campanha – eis uma desonestidade que praticamente todo candidato faz. Anuncia uma coisa, porém, quando se depara com a realidade, tem que se curvar a ela. No entanto, é muito pior quando não promete, não fala nada e começa a agir contra o povo logo após tomar posse. O exemplo mais clássico e recente é de Javier Milei, que preside a Argentina desde domingo, dia 10, e está decepcionando a todos.

Comporta-se como se o país lhe pertencesse. Primeiro, uma medida amoral e imoral, ao assinar um decreto permitindo o nepotismo, para nomear sua inexperiente irmã como ministra do governo. Depois, deu um golpe no povo, congelando os salários e aposentadorias, ao mesmo tempo em que aumentava as tarifas públicas e valorizava o dólar.

AMEAÇA PRENDER – Milei não tinha uma semana no cargo e já ameaçava prender quem saísse às ruas para protestar. E a liberdade tão propalada na campanha? Era tudo mentira, o autoproclamado libertário não passa de mais um projeto de ditador.

As Centrais Sindicais já marcaram uma manifestação para quarta-feira, dia 20 de dezembro, na Praça de Maio. A ministra da Segurança Pública, Patrícia Bullrich, a terceira colocada na disputa presidencial, aquela que Milei chamava de “guerrilheira dos Montoneros”, disse que as Forças Armadas vão reprimir com violência, se os manifestantes bloquearem as vias de acesso a Buenos Aires. Ou seja, vão empurrar a massa, o povo argentino, para o Rio da Prata em Porto Madeiro, de costas para a Casa Rosada.

SEM PROJETO – O pacote de medidas econômicas anunciado por Milei mostra que o governo não se preparou e não tem projeto. Sua equipe deveria ter estudado a história recente do Brasil, para traçar um programa nos moldes do Plano Real, que incluiu a criação de uma moeda intermediária, a URV (Unidade de Valor Paralelo), que fazia a conversão dos preços e valores para o novo padrão monetário, na tentativa de controlar a inflação, até a adoção do real.

Foi assim que a equipe econômica do governo Itamar Franco, comandada pelo embaixador Rubens Ricúpero, estabilizou a economia brasileira e colocou a inflação sob controle. A nova moeda nacional então foi equiparada ao dólar, mantendo o poder de compra do trabalhador de baixa renda.

O programa foi vitorioso, mas aumentou o desemprego, porque não se faz omelete sem quebrar ovos – as medidas drásticas na economia sempre têm contraindicações.

HAVERÁ PROTESTOS – O problema é que os argentinos não são como os brasileiros, que aceitam todas as imposições dos trogloditas de plantão. Eles partem para a briga, sem medo de ser feliz.

É uma perversidade o congelamento de salários e proventos de aposentadoria, enquanto vai de vento em popa a desvalorização da moeda, projetando-se uma inflação mensal de 20%, e os especialistas atestam que o acumulado da inflação alcançará o patamar de 200% neste final do ano.

A situação é dramática. O discurso libertário de Milei era pura mentira de campanha, ele realmente não se preparou para exercer o poder. Nesta quarta-feira teremos uma ideia. Se a polícia e os militares agirem com violência contra os manifestantes, o retrocesso político-institucional pode ser inevitável.

Moro quer evitar cassação em troca de serviços forçados em favor do governo?

Moro critica Lula por não indicar uma mulher ao STF, mas afaga Dino e Botafogo vira anedota

Sérgio Moro alega que é amigo de Dino há mais de 20 anos

J.R. Guzzo
Gazeta do Povo

Os “pigmeus do Senado”, como são chamados pelo ministro Gilmar Mendes, aprovaram a nomeação de Flávio Dino para reforçar a célula política em que se transformou o Supremo Tribunal Federal. Há 129 anos o governo não perde numa votação dessas; confirmou o apronto e ganhou mais uma vez. Muda alguma coisa? Muda para pior, claro, levando-se em conta que o novo ministro é uma agressão ambulante à liberdade.

Como ministro da Justiça de Lula, foi o marechal-de-campo da repressão política do governo. É um inimigo declarado da livre expressão, que considera uma atividade análoga à delinquência social. Sua cabeça gira em torno das ideias de proibir, punir, prender, cassar, indiciar, tocar a Polícia Federal em cima. Mas nada isso realmente altera o produto da operação. A grande maioria dos outros ministros é igual a ele; uns até fingem que não são, mas na hora de decidir dá na mesma.

MAIS EXTREMISTA – Dino vai tornar o STF mais extremista do que é na perseguição à “direita”, na anulação das leis que o Congresso aprova e na sua guerra contra os direitos e as liberdades.

O Brasil não tem mais, há pelo menos cinco anos, um Tribunal Superior de Justiça, como se exige em todas as democracias. O que há, no lugar disso, é um partido político totalitário que se juntou com o presidente da República e o seu sistema de forças para governar o Brasil em sistema de consórcio fechado. Dino vai tornar o STF mais extremista do que é na perseguição à “direita”, na anulação das leis que o Congresso aprova e a esquerda não admite, e na sua guerra permanente contra os direitos individuais e as liberdades públicas.

Mas o Supremo, no seu todo, continua tão morto como estava na sua condição de provedor de justiça para o país e de protetor para a Constituição. É difícil que fique mais morto com o novo ministro. Lula e seus sócios tinham 8 na 2 no plenário. Agora têm 9 a 2. Vão continuar mandando num regime que não tem povo, não tem ordem jurídica e não tem nada para lhe dar suporte fora do Exército – e de uma manada de pigmeus políticos que estão à venda em tempo integral.

EXEMPLO DE MORO – A estatura real dessa aglomeração de apoio à Lula pode ser medida pelo senador Sergio Moro. Não só votou a favor de Flávio Dino, quando teria a obrigação de votar contra, mas quis esconder seu voto – e, pior que tudo, não conseguiu. Uma imagem captada na tela do seu celular provou qual foi realmente a sua conduta: com medo da indignação em massa das redes sociais (essas, justamente, que o novo ministro quer censurar), Moro fugiu para o esconderijo do voto secreto.

O senador do Paraná está querendo ver se salva o próprio couro – está na lista dos dez mais procurados pela Gestapo eleitoral operada hoje no STF e seus inimigos ali estão com “sangue nos olhos”, como diria o ministro Alexandre de Moraes.

Quem sabe concordem em comutar sua pena – de cassação do mandato para serviços forçados em favor do governo? É essa a democracia que foi salva por Lula e pelo STF.

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Petrobras  não terá de se preocupar com o Cade para manter as suas refinarias

Fachada do prédio da Petrobras, na região central do Rio de Janeiro; estatal, sob o governo Lula, mudou de ideia e não quer mais vender refinarias

Vender refinarias foi um péssimo negócio para a Petrobras

Lorenna Rodrigues
Estadão

Assim como não precisou “suar a camisa” para que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aceitasse todos os termos colocados por ela quando decidiu que queria vender refinarias, ainda no governo Jair Bolsonaro, a Petrobras também não deverá ter muitas preocupações com a autoridade antitruste agora que, no governo Lula, mudou de ideia e quer manter os ativos.

A avaliação de fontes ouvidas pela Coluna é que dificilmente o conselho imporá algum tipo de restrição efetiva obrigando a quase monopolista a repassar refinarias à concorrência. Multa, talvez. Venda compulsória, não.

GUEDES FRACASSOU – Para lembrar: em 2019, o Brasil tinha um governo que se dizia “conservador nos costumes e liberal na economia”. Era o primeiro ano do então ministro da Economia, Paulo Guedes, que queria vender tudo o que fosse possível. (Vimos depois que Guedes subestimou as dificuldades da máquina pública e acabou entregando bem menos do que prometia em privatizações.)

Naquele contexto, a administração da Petrobras escolheu se desfazer de oito unidades de refino. A própria estatal decidiu quais, como e quando. Para passar um verniz de legitimidade, a empresa enviou seu plano de desinvestimento ao Cade, que aceitou de bom grado — afinal, mais concorrência é mesmo o que o órgão almeja.

O plano virou um Termo de Compromisso de Cessação (TCC) e serviu para suspender um inquérito administrativo que investigava a empresa por abuso de poder econômico no mercado de refino. O TCC previa que o meganegócio ocorreria até o fim de 2021, prorrogável por mais um ano.

FALTOU CUMPRIR – Ainda dentro do governo Bolsonaro, a estatal não cumpriu os termos. Só quatro refinarias foram vendidas. Uma delas teve a transação cancelada agora no atual governo petista, a Lubnor, no Ceará. Mesmo antes de a Petrobras pedir, integrantes do próprio Cade já vinham sinalizando que o acordo teria de ser revisto. No fim de novembro, a empresa solicitou oficialmente o reexame, somente depois de rescindir o contrato da Lubnor.

Pelo acordo, em tese, a Petrobras teria de pagar multas que podem chegar a R$ 100 mil por dia por refinaria em caso de descumprimento. Na prática, porém, isso depende de nova avaliação do conselho.

 Membros “antigos” do órgão já discutem a revisão do acordo, mas nada será feito muito rapidamente, já que quatro novos conselheiros acabaram de ser aprovados pelo Senado e devem assumir em breve. A questão da Petrobras, inclusive, dominou a sabatina deles na Comissão de Assuntos Econômicos na terça-feira, 12.

CONSELHEIRO AMEAÇA – Em entrevista recente ao Broadcast/Estadão, o conselheiro do Cade Gustavo Augusto repreendeu a Petrobras por ter rescindido o contrato da Lubnor sem falar com o órgão antes e disse que Executivos da empresa podem ser punidos. “Não é legítimo Petrobras descumprir termo de sua própria cabeça”, disse o conselheiro do Cade.

A ver. Até agora, independentemente do governo de ocasião, o Cade tem servido aos interesses da estatal. Pouco fez para interferir nesse mercado, além de instaurar processos, especialmente em momentos de interesse público.

É praxe no órgão, abrir uma investigação em meio a alguma comoção popular — greve dos caminhoneiros, aumento de preços do combustível ou algo do tipo — que depois não dá em nada.

DOIS CAMINHOS – Legalmente, há dois caminhos pela frente. O acordo é revisto, a Petrobras se compromete a alienar alguma coisa e o Cade mantém a investigação contra ela arquivada. Só que a estatal não está nem um pouco a fim de vender mais nada, então qual compromissos poderia oferecer? Bastaria as três refinarias repassadas até agora, sendo somente uma de grande porte, na Bahia, cujo negócio vem sendo questionado inclusive?

O outro caminho é o Cade declarar o descumprimento do acordo, determinar alguma multa (que, no negócio bilionário do Petróleo, não deverá ser nenhum impeditivo para a empresa continuar seu plano de manter os ativos) e reabrir o inquérito contra a Petrobras.

Nesse caso, apesar das ameaças do conselho, pode ser que a empresa tenha vida mais fácil ainda. O inquérito, que ainda virará processo, deverá tramitar por anos, bem mais do que os três que o governo Lula ainda tem pela frente. E ainda assim, a avaliação de quem acompanha é que é difícil provar o abuso da posição dominante da empresa. Se, lá na frente, o Cade determinar que ela se desfaça de ativos, ainda teria o Judiciário para acionar, tornando ainda mais arrastado todo o processo.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
No caso, a Petrobras está agindo certo e o Cade faz lambança. Os ilustres conselheiros deveriam estudar o que aconteceu à Argentina, antes de sair privatizando adoidadamente. Uma coisa é ser liberal; outra coisa, muito diferente, é ser otário. Também é bom perguntar em Manaus quanto está custando o gás de cozinha, sem falar nos combustíveis… (C.N)

Voto de ministro a favor do marco temporal é considerado ‘alta traição’

Voto de Carlos Fávaro a favor da derrubada do marco temporal incomoda base  de Lula - Folha PE

Fávaro avisou que votaria pela derrubada do veto

Luísa Marzullo
O Globo

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, se tornou alvo de críticas de parlamentares da base de apoio de Lula (PT) por seu voto a favor da derrubada dos vetos do presidente ao marco temporal para demarcação das terras indígenas. De volta ao Senado nesta semana, no intuito inicial de dar o aval à indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF), o integrante do primeiro escalão acabou contribuindo para a mais recente derrota do Palácio do Planalto no Congresso Nacional.

Diante deste cenário, deputados da ala mais ideológica do governo, ouvidos pelo Globo, relataram incômodo com a postura do ministro e chegaram a cobrar punições por parte do governo federal.

CONTRADIÇÃO – Uma das três deputadas indígenas eleitas no ano passado, Célia Xakriabá (PSOL-MG) afirmou que há uma contradição entre o posicionamento de Fávaro e as bandeiras defendidas pela gestão.

— Enquanto existe um projeto da demarcação de terras indígenas, do outro lado tem um ministro votando a favor da bancada ruralista. Existe um descompasso, não podemos ter duas falas no mesmo lugar. Fávaro votou de maneira escancarada contra os indígenas e vários senadores e deputados da base também. Esses parlamentares devem ser encarados não só como inimigos políticos, mas inimigos humanitários — defendeu a psolista.

Em sua fala, Xakriabá se referiu a outras traições que ocorreram na base do governo. Apenas na Câmara dos Deputados, 43% dos parlamentares de partidos que compõem os primeiros escalões se posicionaram a favor da derrubada — PV, União Brasil, PP, Republicanos, PDT, PSB, Avante, Solidariedade, MDB e PSD.

MARCO TEMPORAL – Em outubro, o presidente havia vetado, principalmente, a criação do chamado marco temporal, que determina que os povos originários tenham direito somente as terras que já haviam sido reconhecidas na data de promulgação da Constituição Federal, ou seja, em 5 de outubro de 1988. O Congresso, todavia, manteve a medida amplamente criticada por políticos e lideranças da sociedade civil, ligadas à comunidade indígena e/ou ao meio ambiente.

Dos vetos de Lula, apenas três pontos foram mantidos: a proibição ao plantio de transgênicos em terras indígenas, a manutenção das diretrizes para o contato com povos isolados e a determinação de que a União não poderá reapropriar terras em caso de descaracterização cultural.

Também do PSOL, Fernanda Melchionna (RS) afirmou que a bancada havia avisado Lula sobre o posicionamento pró-agronegócio do ministro: “Acho gravíssimo por ser alguém que faz parte do primeiro escalão, mas quando anunciaram Fávaro, dizemos que esse ministro ia defender os interesses do agronegócio e foi exatamente o que aconteceu ontem. Não surpreende, mas é grave”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O choro é livre, como se dizia antigamente, mas Carlos Fávaro não traiu ninguém e se comportou com a dignidade de que se deve esperar de um representante do povo. Uma semana antes da votação, ele anunciou que, caso se licenciasse para votar a favor de Dino, iria votar também pelo marco temporal. Portanto, o ministro não enganou ninguém e foi coerente. O marco temporal garante os direitos dos indígenas, mas reconhece também  o direito de quem está produzindo em áreas devolutas e ainda não reivindicadas pelos indígenas em 1988. (C.N.)

Não há dúvidas: Governo Lula comete erros desnecessários e preocupantes

Lula disse estar feliz por ter colocado um “ministro comunista” no STF

Pedro do Coutto

O veto integral do presidente Lula ao projeto de lei que estende a desoneração da folha salarial por mais quatro anos a 17 grandes setores da economia foi rejeitado pelo Congresso Nacional na última quinta-feira. O governo havia se oposto totalmente a esse incentivo fiscal, aprovado pelo Senado em outubro, e agora o texto segue novamente para sanção.

A desoneração, implementada em 2012, tem sido prorrogada para atender à demanda dos setores mais significativos em termos de empregabilidade no país. A atual desoneração permanecerá em vigor até 31 de dezembro de 2023.

REFLEXOS – A derrubada do veto era esperada. Caso fosse reformulada a desoneração haveria grandes reflexos no mercado. O presidente Lula não avaliou bem a questão. Antes da votação do veto, em uma coletiva de imprensa, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, expressou seu apoio à desoneração da folha para esses 17 segmentos. No entanto, destacou que a decisão do Congresso não exclui a possibilidade de negociações futuras com a equipe econômica do governo para explorar alternativas viáveis.

Pacheco afirmou: “A desoneração já é uma política existente, com alta empregabilidade, algo que não podemos perder em um momento de desemprego no país. Estamos propondo a prorrogação, o que considero apropriado. As sugestões do governo para a desoneração devem ocorrer com a prorrogação em vigor”.

RECURSO – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, também na quinta-feira, que o governo deverá recorrer à Justiça após a decisão do Congresso Nacional.  Segundo Haddad, o governo pedirá ao Judiciário que considere inconstitucional a proposta que prorroga até 2027 a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia.

“Não existe da nossa parte nenhum ânimo de antagonizar. Nós queremos uma solução. Então nós vamos buscar o auxílio do Judiciário neste caso, mas também vamos apresentar ao Congresso […] uma alternativa ao que foi aprovado”, afirmou. A sensibilidade política indica que um possível recurso ao Supremo será inócuo, gerando a sua rejeição reflexos contrários ainda mais amplos sobre o governo.

IRONIA –  Outro passo mal dado pelo governo concentrou-se na declaração dada por Lula durante a Conferência Nacional da Juventude ao dizer que estava feliz por colocar um “ministro comunista” no STF, referindo-se à aprovação, no Senado, de Flávio Dino para a Suprema Corte, ocorrida na quarta-feira.

Foi uma provocação desnecessária. Dino foi filiado ao PCdoB por 15 anos, mas no fundo é um reformista. Foi uma fala do presidente Lula desnecessária, ainda que de forma irônica pelo fato de, durante a sabatina na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Flávio Dino ter sido chamado repetidamente de comunista por bolsonaristas. Lula precisa se controlar, sobretudo nos cenários em que se sente estimulado a falar de forma improvisada.

STF decide, Congresso revoga, Lula veta, Congresso derruba e… tudo volta ao STF

Nani, a charge

Charge do Nani (nanihumor.com)

Eliane Cantanhêde
Estadão

Após as festas pela aprovação de Flávio Dino para o Supremo e de Paulo Gonet para a PGR, no Senado, as guerras (no plural) continuam. Já no dia seguinte o Congresso derrubou dois vetos centrais do presidente Lula, um contra o marco temporal das terras indígenas e o outro contra a desoneração da folha de pagamento de 17 setores com grande capacidade de gerar (ou queimar) empregos. Isso joga os três poderes numa arena em que um corre atrás do outro, em círculos, sem chegar a lugar nenhum.

Vejamos o marco temporal, estabelecendo que as comunidades indígenas só têm direito às (suas) terras se comprovarem que já estavam nelas antes da Constituição de 1988: o Supremo julgou contra, o Congresso desautorizou o Supremo, Lula vetou a decisão do Congresso, o Congresso acaba de derrubar o veto de Lula e… recomeça tudo no Supremo.

FICOU COMPLICADO – Esse julgamento parece mais fácil na corte — afinal, os parlamentares usaram um projeto de lei, instrumento inapropriado para o caso —, mas um poder desautorizar o outro é sempre complicado. E o pior é a desoneração da folha, que envolve Legislativo, Executivo e, correndo por fora, o setor privado. O STF vai se meter?

O maior derrotado é Fernando Haddad, que insiste em taxar mais os mais ricos, começar a taxar os que não contribuem e dar fim a mamatas históricas. Mas, nesta empreitada, ele errou e perdeu o timing.

Poderia ter negociado antes de o governo decidir pelo fim da desoneração, ter apresentado uma proposta intermediária antes da votação no Congresso, do veto de Lula e, no fim, da derrubada do veto. Ou lavou as mãos ou dobrou a aposta, perde e espera que a o STF salve a lavoura.

EM DUAS FRENTES  – A intenção é Haddad agir em duas frentes, tentando uma liminar do STF para ganhar tempo, enquanto negocia com o Congresso a reoneracão gradual de até cinco anos, estudando setor a setor. A pergunta que não quer calar é: os que forem reonerados mais rapidamente vão engolir essa?

O primeiro ano do governo Lula vai terminando, com aprovação de Dino e de Cristiano Zanin para o STF e de avanços na arrecadação federal e um saldo na economia melhor do que o esperado.Tudo isso custa caro e o governo abre os cofres para o Centrão.

Já o preço que o STF paga por abrir trincheiras contra armas, golpes e golpistas é a popularidade. Ministro de toga não joga para a torcida e voto do Supremo não deve buscar aplauso popular, mas nunca convém trocar aplauso por vaia. Flavio Dino, que engrossa as fileiras de Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, tende a puxar mais vaias ou aplausos?

No caminho do trabalho, Bastos Tigre consulta a razão e tem uma surpresa

Veredas da Língua: Bastos Tigre – Poemas | Poemas, Citações, PensamentosPaulo Peres
Poemas & Canções

O engenheiro, publicitário, bibliotecário, humorista, jornalista, compositor e poeta pernambucano Manoel Bastos Tigre (1882-1957), no poema “Voz Interior”, depois de tanto filosofar, encontra a resposta para o seu questionamento. Detalhe: Bastos Tigre era autor dos mais criativos anúncios afixados no interior dos bondes, principal meio de transporte de sua época, inclusive os versos que transformaram o xarope Rhum Creosotado num campeão de vendas: ”Veja, ilustre passageiro/ O belo tipo faceiro/ Que o senhor tem ao seu lado./ E, no entanto, acredite,/ Quase morreu de bronquite./ Salvou-o o Rhum Creosotado!“.

VOZ INTERIOR
Bastos Tigre

Quem sou eu? De onde venho e onde acaso me leva
O Destino fatal que os meus passos conduz?
Ora sigo, a tatear, mergulhado na treva,
Ou tateio, indeciso, ofuscado de luz. 
Grão, no campo da Vida, onde a morte se ceva?
Semente que apodrece e não se reproduz?
De onde vim? Da monera? Ou vim do beijo de Eva?
E aonde vou, gemendo, a sangrar os pés nus?
Nessa esfinge da Vida a verdade se esconde;
O espírito concentro e consulto a razão,
E uma voz interior, sincera, me responde:
– Quem és tu? Operário honesto da nação.
De onde é que vens? De casa. Onde é que estais? No bonde.
Para onde vais? Não vês? Para a repartição.

Lula desapontado, porque a Bolsa e o dólar indicam que o mercado confia em Haddad

Haddad anuncia novos indicados para diretorias do Banco Central; veja quem são | CNN Brasil

Haddad comemora essa reação positiva do mercado

Carlos Newton

Como dizia o Barão de Itararé, era só o que faltava… Justamente quando Lula da Silva intensifica sua campanha para enfraquecer o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que ele considera seu principal adversário na eleição de 2026, o mercado dá uma resposta inteiramente contrária. Um dia depois da decisão do Copom (Conselho de Política Monetária), que cortou a Selic, taxa básica de juros, de 12,25% para 11,75% ao ano, a Bolsa de Valores bateu recorde, fechando na quinta-feira em exatos 130.842 pontos, uma alta de 1,06%. e a moeda norte-americana recuou, sendo cotada a R$ 4,91. Na sexta-feira, a Bolsa teve pequena queda, mas ficou acima dos 130 mil pontos.

São notícias auspiciosas para a política econômica, fortalecendo Haddad, pois os três integrantes do Copom nomeados por ele votaram junto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que mais uma vez conseguiu uma decisão unânime.

ALEGRIA E TRISTEZA – Para o empresariado e o mercado financeiro, foi um presente de Natal antecipado, com inflação em baixa, de fazer inveja a muito país desenvolvido. Para o presidente Lula da Silva, porém, essas boas notícias têm um lado muito negativo.

O presidente repete o erro de Jair Bolsonaro e só pensa na reeleição, que depende de afastar os concorrentes que possam derrotá-lo. Já conseguiu se livrar de Flávio Dino, que ficará fora da política, aprisionado a uma cadeira no Supremo. Mas falta se livrar de Haddad, um político em nítida fase de ascensão.

Nesse sentido, a resposta do mercado é desanimadora,porque ninguém esquece a campanha que Lula vem fazendo contra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que não dá a menor confiança aos queixumes do petista.  

HADDAD EM ALTA – Ao mesmo tempo, o balão de Haddad está subindo, insuflado pelo sopro dos investidores e dos empresários, justamente quando Lula mandou o PT aumentar o fogo amigo contra o ministro, que não aceitar elevar a dívida pública para o governo fazer política eleitoral e distribuir recursos aos parlamentares aliados.

Sem saber o que significam teorema e equação, Lula tem de solucionar uma questão desafiadora e inquietante. Como prosseguir a campanha contra Haddad, se a economia estiver indo bem, como a Bolsa em alta, o dólar caindo e a inflação sob controle?

Se continua atiçando os cachorros petistas de Gleisi Hoffmann contra Haddad, LuLa pode acabar caindo no ridículo, porque Haddad decidiu enfrentá-lo, e dá sucessivas declarações a favor da austeridade fiscal, que o PT chamada de “austerícidio”, vejam o grau de irresponsabilidade e desfaçatez a que chegamos.

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P.S.
Quanto a Haddad, o tempo é seu aliado. O dólar em baixa reduz um pouco o lucro dos exportadores agrícolas, mas o mundo continua produzindo menos do que necessita para se alimentar, o que torna inevitável a alta dos preços lá fora, beneficiando o Brasil. E Lula, se continuar atacando Haddad, pode acabar sendo internado num hospital psiquiátrico que aceite cartão corporativo. (C.N.)

Derrota de Lula nas desonerações tributárias foi mesmo acachapante 

Diretor da CVM vota pela condenação de Dilma Rousseff, Guido Mantega e mais  15 da Petrobras - ZÉ DUDU

Criada por Dilma e Mantega, a desoneração quebrou o INSS

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

Estava escrito nas estrelas que o Congresso derrubaria o veto  do presidente Lula à desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, que empregam nove milhões de pessoas. O que não estava escrito era o completo isolamento do governo, que obteve apenas 13 votos no Senado, contra 60 a favor da derrubada, e 78 na Câmara, contra 378 deputados a favor da desoneração.

Com a promulgação, as empresas poderão substituir a contribuição previdenciária, de 20% sobre os salários dos empregados, por uma alíquota sobre a receita bruta do empreendimento, que varia de 1% a 4,5%, de acordo com o setor e o serviço prestado.

HERANÇA DE DILMA – A desoneração da folha de pagamento é uma herança do governo Dilma Rousseff, que adotou essa medida na sua “nova matriz econômica”. Em vigor desde 2011, será prorrogada por mais quatro anos. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou, porém, que a questão será judicializada pelo governo, que considera a proposta inconstitucional.

Na prorrogação, mais um jabuti com objetivos eleitorais: o texto também reduz — de 20% para 8% — a contribuição previdenciária patronal paga por cerca de três mil pequenos municípios sobre o salário de funcionários. A regra valerá para as cidades com menos de 142.633 habitantes, que não recebem a cota reserva do Fundo de Participação dos Municípios.

O projeto fora aprovado por Câmara e Senado. Por sugestão de Haddad, o presidente vetou integralmente a desoneração, quando havia uma expectativa de que somente a inclusão dos municípios fosse vetada. A reação no Congresso foi imediata, bem como nos meios empresariais, que atuaram fortemente para derrubar o veto.

DERROTA COMPLETA – Serão beneficiados os setores industriais de couro, calçados, confecções, têxteis, proteína animal, máquinas e equipamentos; serviços, tecnologia de informação, comunicação e call center; transportes, rodoviário de cargas e passageiros e metroviários; e também construção civil e pesada.

A derrota do governo atinge em cheio o deficit zero como meta fiscal do próximo ano. Haddad tentava negociar uma alternativa à desoneração no bojo da Reforma Tributária, mas não contou com nenhum apoio nos meios empresariais nem receptividade no Congresso.

A lei fragiliza ainda mais a arrecadação prevista para o próximo ano e, em especial, a Reforma Tributária, que também já tem vários jabutis. De certa forma, porém, a decisão do Congresso servirá de justificativa para o governo responsabilizar o Legislativo, caso a meta de deficit zero não seja alcançada.

OUTRA PANCADA – O Congresso também decidiu derrubar o veto de Lula a um dispositivo do arcabouço fiscal que impede o governo de retirar despesas do cálculo para atingir a meta fiscal, o que fragilizaria as novas regras.

A derrota foi ainda mais acachapante: na Câmara, 410 votos pela derrubada e 38 pela manutenção; no Senado, 63 votos para derrubar o veto e um para mantê-lo.

O governo jogou a toalha e fez um acordo em torno da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Com o veto do dispositivo, o governo excluiria as despesas primárias da apuração do resultado primário dos orçamentos fiscal e da seguridade social. Agora, todos os gastos do governo devem entrar nessa conta. Ou seja, nenhuma despesa pode ser desconsiderada a fim de zerar o deficit. No mercado financeiro, a decisão foi comemorada, porque o veto era considerado uma “contabilidade criativa”.

ACORDO FINAL – Nos bastidores, entretanto, o governo fez acordo para que a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) de 2024 excluísse da meta fiscal R$ 5 bilhões das estatais quando investirem em obras do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Executivo também aceitou abrir mão de outros eventuais descontos.

Em contrapartida, os parlamentares mantiveram o veto a um trecho que limitava as possibilidades de o governo contingenciar investimentos.

Na Câmara, foram 360 votos para manter o veto e 72 para derrubá-lo. Com isso, o veto nem precisou ser apreciado pelo Senado.

Ao premiar Dilma, Conselho de Economia faz um ultraje às “mulheres sapiens”

Milionária de Esquerda? - Dilma Viaja O Mundo de Primeira Classe - YouTube

Dilma na primeira classe; “Sou presidente de banco, querida…;”

Elena Landau
Gazeta do Povo

Existe uma lei no Brasil que regulamenta a profissão de economista. A data de sua promulgação já era um prenúncio dos perrengues futuros: naquele ano, 1951, o presidente era Getúlio Vargas, e o dia, 13 de agosto. Não poderia sair boa coisa. No artigo 6º vem o erro fatal. Ele cria o Conselho Federal de Economia (Cofecon) e os Conselhos Regionais de Economia (Corecon).

Na prática, esses conselhos funcionam como verdadeiros caça-níqueis, só para fazer política com nosso dinheiro. Exigem uma contribuição anual tanto para a pessoa física quanto para atuação como pessoa jurídica. Pagamos duas vezes por um único diploma.

BRAÇOS DO PT – A atuação dos conselhos é puramente panfletária. Por anos, vêm atuando como braço político dos governos PT e fazendo oposição a todo governo e a qualquer reforma que leve a uma maior racionalização da economia. Foi assim com a reforma da Previdência e a trabalhista. Seus jornaizinhos também são meio de divulgação da “Auditoria da Dívida Pública”, cujos autores não sabem sequer distinguir o principal do pagamento de juros.

Entre as suas atribuições estão: “contribuir para a formação de sadia mentalidade econômica e promover estudos e campanhas em prol da racionalização econômica do País”.

Mas quem vai decidir o que é sadio e racional? Não vem dando muito certo isso.

DILMA PREMIADA – Esse ano, o Cofecon abusou. Escolheu como Economista do Ano ninguém menos que Dilma Rousseff. Um ato ofensivo às inúmeras “mulheres sapiens” (termo cunhado pela própria), às economistas de excelente formação deste País, e um tapa na cara dos brasileiros que sofreram as consequências de sua administração desastrosa.

Sua intervenção no setor elétrico gerou um tarifaço de 50% em dois anos; a política fiscal irresponsável legou inflação, juros elevados, dívida e recessão; em seu governo, a contratação de funcionários públicos bateu recorde; a desigualdade se agravou e o desmatamento cresceu.

São muitos os seus feitos. Uma década perdida em apenas dois anos não foi consequência da Lava Jato. O combate à corrupção em estatais é fundamental. Ajuda a atrair investimentos e não o contrário.

IMPEACHMENT – Fui contra seu impeachment. Para mim era importante que Dilma encerrasse seu ciclo desastroso, na esperança de que ideias tão ruins fossem para sempre abandonadas – mas principalmente, para que não aparecesse depois quem a eximisse de responsabilidade e atribuísse a herança maldita a fatores externos.

Tivemos a sorte de Michel Temer ter escolhido uma equipe excelente para ajustar a economia. Tinha uma mulher no comando da Secretaria do Tesouro, Ana Paula Vescovi. A ela falta um prêmio de reconhecimento pelo que fez pela economia brasileira.

A lista de mulheres economistas que pesquisam, publicam e contribuem com boas políticas públicas é longa, seja liberal ou desenvolvimentista. Dilma certamente não é uma delas. A indicação da ex-presidente segue somente a tradição do Cofecon de escolher mulheres economistas ligadas ao PT. Não há sequer uma votação online. Nossa contribuição não serve nem para isso.

ALTERNATIVAS – Faço parte de um grupo que já pensou em algumas alternativas para acabar com esses conselhos: o pagamento em juízo da contribuição; apoiar um Projeto de Lei que revogue o artigo 6º ou até mesmo montar uma chapa de oposição para assumir o conselho, mas isto seria reconhecer a legitimidade de algo inútil.

Não faz sentido um conselho quando a atividade não coloca em risco a vida humana. O pior que pode acontecer é um péssimo profissional gerar uma recessão histórica. Uma queda de 7,7% do PIB per capita em dois anos ou 3 milhões de desempregados a mais em uma gestão, tipo Dilma, são alguns exemplos.

Ano passado encerrei minhas décadas de contribuição a esses conselhos que, se fossem só inúteis, já seriam um avanço. Aposentei-me, mas continuo olhando com muito carinho e orgulho aquele diploma na parede.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGArtigo muito interessante, enviado por Mário Assis Causanilhas. A famosa economista  Elena Landau agora se apresenta como advogada, porque, se disser que continua a ser economista, o Corecon-RJ vem atrás cobrar a anuidade… (C.N.)

Caça ao senador Moro é implacável e ele está facilitando para os caçadores

Moro critica Lula por não indicar uma mulher ao STF, mas afaga Dino e  Botafogo vira anedota

Ser amigo de Flávio Dino é mais um problema para Moro

Mario Sabino
Metrópoles

A caça ao senador Sergio Moro segue implacável. Ter desbaratado, como juiz da Lava Jato, uma organização criminosa no topo da cadeia alimentar da política brasileira é pecado mortal. Ele vem sendo castigado também para dar exemplo: que ninguém ouse mais enfrentar a grande corrupção e o patrimonialismo.

Dito isso, Sergio Moro é um desastre como político, não pelas bandeiras que defende, mas por sua atuação em um meio que lhe é quase totalmente hostil. A sua maior culpa é a ingenuidade, e por vezes ingenuidade que se acha esperteza, o que o faz duplamente ingênuo. Isso facilita muito o trabalho dos caçadores.

CONTRADIÇÕES – Ele saiu do Ministério da Justiça atirando contra Jair Bolsonaro, mas entrou de cabeça na campanha do seu algoz, depois de protagonizar uma confusão ao mudar de partido, de estado e da candidatura presidencial para a senatorial.

A confusão poderia ter sido evitada se ele tivesse examinado melhor o quadro partidário e não houvesse confiado em gente inconfiável. Resultado: as sequelas do episódio estão na base do pedido de cassação do mandato de Sergio Moro.

O desastre como político também está nas companhias que escolheu, como a desse amigo advogado que recebeu dinheiro de campanha, embora não seja especializado em direito eleitoral.

PEDIDO DE CASSAÇÃO – Não dá para ter amigo advogado recebendo dinheiro de campanha, mesmo que ele reunisse todos os atributos que o tornassem o melhor profissional do país para assessorar qualquer candidato. Obviamente, o Ministério Público Eleitoral explora o personagem no seu pedido de cassação.

Outra companhia que cria um ambiente de suspeição: esse inefável Mestrão, que surgiu para a posteridade trocando mensagens com Sergio Moro durante a sabatina de Flávio Dino, É um sujeito complicado. Mestrão foi contratado para cuidar das redes sociais do senador, apesar de ter sido acusado de fazer rachadinha quando trabalhava no gabinete de um deputado estadual do Paraná.

É o mesmo estado de Sergio Moro, de onde se pode concluir que o histórico do rapaz já devia ser do conhecimento do senador e dos seus assessores. Mesmo assim, ele foi integrado à equipe. Como é que alguém que, além de ser honesto, precisa desesperadamente parecer honesto não antecipou que o sujeito era um problema?

ABRAÇO AFETUOSO – Sabatina. O abraço afetuoso em Flávio Dino, acompanhado de conversinha ao pé do ouvido e sorrisos quase amorosos: precisava? Concordo com Sergio Moro que a cordialidade é aspecto a ser preservado, mas aquilo foi demonstração que ultrapassou os limites toleráveis pelo eleitorado dele.

O senador e o agora ministro do STF jogavam juntos na arena corporativa, quando ambos eram juízes, de acordo com fonte confiável. Pode ser, então, que certa nostalgia amigável tenha tomado Sergio Moro ao ir cumprimentar Flávio Dino. Mas, por cálculo político, o passado de glórias não deveria sobrepor-se ao presente de antípodas.

Esse abraço afetuoso somado à brandura das perguntas afáveis na sabatina, ao voto que Sergio Moro mantém secreto, “para evitar retaliações”, e à mensagem de Mestrão captada pela lente de um fotojornalista (como é que o senador não imaginou que poderiam fotografar a conversa, diante de tantos precedentes?) — o conjunto leva a pensar que Sergio Moro foi a favor da nomeação de Flávio Dino para o STF, perdendo, assim, boa parte do seu eleitorado.

QUAL O MOTIVO? – Se tal é o caso, qual teria sido o motivo? Se o senador acha que, em retribuição, o agora ministro do Supremo moverá meia palha para salvá-lo da degola, ele está sendo ingênuo novamente. A retaliação está em andamento. O senador é o inimigo figadal, renal, cerebral e cardíaco de Lula. Tudo o que o atual presidente quer é ver quem o colocou na cadeia sendo cassado, sem direitos políticos por 8 anos, além de preso, se for possível.

Uma explicação possível para a atitude de Sergio Moro na sabatina é ele ter ouvido a sugestão de um ministro do STF para pegar leve com Flávio Dino e, em troca, quem sabe, receber uma facilidade na Justiça Eleitoral que impedisse a cassação do seu mandato.

É uma aposta arriscadíssima no resultado — e, se der certo, ela comporta um custo que certamente não se restringirá ao da sabatina. As faturas em Brasília são cobradas eternamente dos ingênuos.

Queiroz acusa a família Bolsonaro de ingratidão: “O castigo  vem a cavalo”

Fabrício Queiroz, ex-amigo de infância dos 'Bolsonaros',  processa a Light e ganha indenização

Queiroz com os olhos marejados, ao falar de Bolsonaro

Deu em O Globo

Ex-assessor parlamentar queixou-se do fato de não ter recebido o voto do ex-presidente da República na eleição do ano passado, quando concorreu ao cargo de deputado estadual no RJ

O ex-policial militar Fabrício Queiroz reclamou de ingratidão da família do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista para a revista Veja, publicada nesta sexta-feira, ele afirmou que não deveria ser abandonado, mesmo se “fosse bandido”. Queiroz ganhou notoriedade após ser acusado de controlar um esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual e agora senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

FOI ABANDONADO – Questionado se guarda mágoa em relação ao ex-presidente, Queiroz respondeu: “Bolsonaro foi presidente da República. Poderia arrumar algum lugar para eu trabalhar. Já hospedei em casa o Jair Renan, a filha da Michelle… Mesmo assim, nunca tive aceno deles. Até mesmo se eu fosse bandido, não deveriam me abandonar. Mas não tem mágoa com a família nesse sentido. Mas a gente vê o que acontece quando tem ingratidão. O castigo vem a cavalo”.

Queiroz afirmou que não tem falado com membros da família do ex-presidente. Seu último contato foi com o senador Flávio Bolsonaro, no ano passado, quando ainda pretendia ser candidato a deputado estadual.

Na eleição de 2022, quando o ex- assessor disputou uma vaga de deputado estadual, a coluna de Ancelmo Gois mostrou que o boletim de urna onde Bolsonaro votou, na Vila Militar, não constava nenhum voto para o antigo amigo da família. Ao todo, Queiroz recebeu 6.701 votos. Ele era filiado ao PTB, antigo partido de Roberto Jefferson, que foi banido da legenda em novembro, após fusão com o Patriota.

CORTE DE RELAÇÕES – “Se o Jair acenasse para mim com alguma coisa, com certeza eu seria deputado estadual hoje. Agora, eles seguem a vida deles lá, estão numa fogueira danada. Pelo que conheço, acho que o Jair se arrepende de ter sido presidente. Só está tomando porrada, todos da família estão expostos. E o sistema voltou”, disse Queiroz à Veja.

Queiroz também lembrou que Jair Bolsonaro havia avisado que “iria cortar relações” devido ao escândalo das rachadinhas. Mas “muita gente me diz que eles foram ingratos comigo”, acrescentou.

Em seguida, comentou sobre possíveis segredos que guarda e poderiam comprometer a família do ex-presidente.”Não tenho nada para falar deles. Não tem segredo nenhum comigo. E, se tivesse…”

TODOS GANHAM BEM – A família dele não é melhor que a minha para ele sacrificar a minha família e a dele ficar bem. Porque a dele está bem. Na dele, todos são políticos, todos ganham bem. Vou segurar a viola deles para a minha se ferrar? Jamais”.

Queiroz descreveu a família Bolsonaro como pessoas “do tipo que valorizam aqueles que os traem”. No entanto, não especificou quem seriam os traidores.

Na sequência, usa afirmações que teria ouvido do próprio Jair Bolsonaro para alfinetar o ex-presidente: “Ele mesmo (Bolsonaro) sempre me falava isso: ‘No dia em que eu deixar de ser eleito é porque apareceu outro melhor’. Então Lula é melhor do que ele, porque foi eleito”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, Queiroz está avisando que pode contar tudo o que sabe sobre rachadinhas, apoio de milicianos e outras cositas más que a família Bolsonaro fez no verão passado. Na verdade, porém, não pode contar nada, para não se autoincriminar, a não ser que faça delação premiada. (C.N.)

Lula faz o possível e o impossível para atrapalhar o trabalho sério de Haddad

Lula completa 78 anos nesta sexta; como está a saúde do presidente?

Lula quer convencer Haddad a liberar verbas inexistentes

Ricardo Rangel
Veja

Vida dura é a do ministro Fernando Haddad. Como se não bastasse ser alvo de fogo cerrado do PT, ainda tem que aturar as bolas nas costas que toma do chefe. E não há jeito de o chefe entender. “Se for necessário fazer endividamento para este país crescer, qual o problema?”, perguntou Lula.

O problema, claro, não é o endividamento em si. É qual é o tamanho da dívida, quanto ela custa e se o país tem capacidade de pagar. A dívida é enorme, o país não consegue pagar sequer os gastos correntes, cria dívida nova constantemente.

LULA INSISTE – O resultado é que os credores exigem juros altíssimos, fazendo com que a dívida se torne cada vez mais impagável. Criar dívida nova de maneira deliberada é impensável.

“Quando é que a gente vai tomar decisão de salto de qualidade e aí que entra decisão política, não é decisão de mercado, não é decisão fiscal. A gente tem que discutir que país a gente quer para a próxima década”, disse.

Pelo jeito, o que Lula quer para a próxima década é o mesmo que tivemos na década passada. A política econômica expansionista criada por Lula no final de seu primeiro mandato e mantida em toda a era PT provocou oito trimestres seguidos de recessão, fez disparar a dívida, a inflação, os juros e o desemprego. Foi uma segunda década perdida.

O PT APLAUDE – “Não faz nenhum sentido, neste cenário, a pressão por arrocho fiscal exercida pelo comando do Banco Central, rentistas e seus porta-vozes na mídia e no mercado. O Brasil precisa se libertar, urgentemente, da ditadura do BC ‘independente’ e do austericídio fiscal, ou não teremos como responder às necessidades do país”, afirma o documento aprovado pelo PT.

Lula não entende o que são rentistas e o que são investidores e poupadores, e insiste que gastos irresponsáveis farão o país crescer. FHC foi responsável, e o país cresceu. Lula foi irresponsável, mas só a partir de 2006, de modo que a situação fiscal só saiu do controle mesmo com Dilma: com Lula, o país cresceu; com Dilma, o PIB caiu.

HADDAD ESTÁ CERTO – Como lembra o ministro Haddad, gasto não é garantia de crescimento: na última década, o país gastou 1,7 trilhão… e não cresceu. “A massa salarial de hoje é menor que de 2010. É um retrocesso.”, afirmou. Um retrocesso que tem PT, Lula e Dilma carimbado por todos os lados.

“Nós temos o caminho das pedras, temos de decidir agora se vamos retirar essas pedras ou não. Ou se a gente vai chegar à conclusão que olha, por um problema da Lei de Responsabilidade Fiscal, de superávit primário, de inflação, a gente não poder fazer.”

Não é que Lula não entenda a importância da responsabilidade fiscal, apenas. Pelo jeito, Lula não entende sequer o significado dos provérbios que cita. Presidente, se o senhor retirar as pedras do caminho das pedras, o senhor escorrega e cai.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O jornalista Elio Gaspari criou um personagem imbatível na ficção – Eremildo, o idiota. Ele só tem paralelo na vida real com Lula, o imbecil, que luta incansavelmente para transformar o Brasil numa gigantesca Argentina, sob aplausos entusiásticos do PT. (C.N.)

Qualquer maçaneta de porta em Brasília sabe que equilíbrio de Poderes não tem funcionado

Nani Humor: HARMONIA ENTRE OS PODERES

Charge do Nani (nanihumor.com)

William Waack
Estadão

É a politização do STF que estava em jogo no circo armado no Senado para apreciar a indicação de Flávio Dino como novo ministro da corte, além de Paulo Gonet para a PGR. O mérito do espetáculo residiu sobretudo em escancarar a realidade.

A politização do Supremo é tratada hoje nas esferas do Executivo, do Legislativo e no imenso universo da mídia profissional e redes sociais como um dado inconteste da política brasileira. Dino fez uma defesa pro forma da “autocontenção” do Poder Judiciário e também foi ouvido pro forma.

GONET ACOMPANHA – Esforço semelhante foi feito por Paulo Gonet. “Não acho que o Ministério Público faça política”, respondeu aos senadores. Não é o que pensa a totalidade da classe política, aqui apoiada em fatos históricos incontestes.

Senadores e indicados foram obrigados a abordar de maneira direta a questão do equilíbrio entre os poderes. A degradação na suposta “relação harmoniosa” entre eles vem de longe e desaguou na situação atual, na qual o Executivo queixa-se do Legislativo, que se queixa do Judiciário, que se queixa do Legislativo, e todos parecem ter razão.

Os indicados fizeram as observações que deles se esperava, com as devidas citações de textos clássicos e dispositivos da Constituição para admitir que uma coisa ou outra talvez tenha escapado da norma, mas que, no total, o equilíbrio entre os Poderes funciona. Qualquer maçaneta de porta de gabinete em Brasília sabe que não é bem assim.

DEVIDA REVERÊNCIA – Ambos, Gonet e Dino, prestaram a devida reverência aos parlamentares que os sabatinavam no Senado.

Em especial, Dino atribuiu sempre ao Legislativo, aos que têm voto, a responsabilidade principal na decisão das principais matérias — deixando para o STF apenas a “interpretação” da norma, sem ser legislador.

Na Brasília de hoje ninguém leva isso a sério, começando pelo Palácio do Planalto, que vê no STF um importante aliado em economia e política. E como eventual freio ao Legislativo.

Temas que suscitam ferozes batalhas na internet, como aborto ou drogas, foram abordados pelos indicados exatamente como se esperava, isto é, empenhados em não gerar manchetes.

ATIVISMO JUDICIAL – Dino enfileirou Montesquieu, Locke, Aristóteles e os textos federalistas que criaram a Constituição americana para dizer que ativismo judicial não pode ser um dogma filosófico — ou seja, depende do ativismo para que.

Gonet fez o afago final, comparando o Senado a uma grande Ágora ateniense na qual se exercita a democracia em nome de 220 milhões de brasileiros.

Não se sabe quantos dos senadores conhecem a antiguidade clássica de 2.500 anos atrás para apreciar a qualidade do afago. Mas todos sabem que, depois da sabatina, é ‘business as usual’.

Mercado em festa! Dólar cai e Bolsa tem alta e fecha na maior pontuação já alcançada

A Bolsa (B3) está com um novo horário hoje; entenda o motivo | 1 Bilhão | iG

Mercado reagiu bem à decisão do Copom e exibiu otimismo

José Carlos Werneck

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, fechou em alta nesta quinta-feira,acima dos 130 mil pontos e atingindo o maior patamar de fechamento da história. Foi um dia de recorde, Ibovespa de exatos 130.842 pontos, uma alta de 1,06%. e a moeda norte-americana recuando 0,07%, sendo cotada em  R$ 4,9144.

O resultado superou o recorde registrado em 7 de junho de 2021, quando encerrou o dia cotado a 130.776 pontos.

O clima de otimismo repercute as decisões de quarta-feira na política monetária daqui e lá de fora. No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) cortou a Selic, taxa básica de juros, em 0,5 ponto percentual, de 12,25% ao ano para 11,75% ao ano.

NA MATRIZ – Já nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) manteve seus juros entre 5,25% e 5,50% ao ano, mas com o presidente da instituição, Jerome Powell, sinalizando que os aumentos no país podem ter chegado ao fim.

Como se vê, o pessoal do mercado confia na política Econômica, capitaneada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o resto é pura bobagem!

Ministério Público pede cassação de Moro por abuso de poder econômico em 2022

Moro depõe no TRE do Paraná e se nega a responder perguntas do PT e do PL |  O TEMPO

Moro diz que está tranquilo e não será cassadi

Catarina Scortecci
Folha

O Ministério Público Federal defendeu nesta quinta-feira (14) que seja acolhida parcialmente a ação eleitoral contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) com a cassação do mandato do ex-juiz da Operação Lava Jato por abuso de poder econômico durante a pré-campanha em 2022.

O parecer é assinado pelos procuradores da República Marcelo Godoy e Eloisa Helena Machado, da Procuradoria Regional Eleitoral do Paraná. Embora entendam que houve abuso de poder econômico, eles não observam utilização indevida dos meios de comunicação social.

JULGAMENTO – O relator do processo, juiz eleitoral Luciano Carrasco Falavinha Souza, deve divulgar seu voto no próximo mês. O caso pode ser levado para julgamento no plenário do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) já no final de janeiro.

Já a defesa de Moro alega não haver impacto dos gastos da pré-campanha no resultado eleitoral, e diz ver natureza política no processo.

A ação eleitoral foi proposta no final do ano passado pelo PL, de Jair Bolsonaro, e pela federação formada por PT, PV e PC do B, de Lula. As legendas acusam Moro de abuso de poder econômico e utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social durante o período de pré-campanha e querem a declaração de sua inelegibilidade e a realização de nova eleição para a vaga no Senado.

MAIS ACUSAÇÕES – Também foram apontados indícios de corrupção a partir da contratação do escritório do advogado Luís Felipe Cunha (União Brasil-PR), hoje primeiro suplente de Moro e também alvo de inelegibilidade na manifestação do Ministério Público.

“A lisura e a legitimidade do pleito foram inegavelmente comprometidas pelo emprego excessivo de recursos financeiros no período que antecedeu o de campanha eleitoral, porquanto aplicou-se monta que, por todos os parâmetros objetivos que se possam adotar, excedem em muito os limites do razoável”, diz trecho da manifestação da Procuradoria.

Moro se filiou ao Podemos em 2021 de olho na disputa presidencial. Mas, perto do prazo final para trocas partidárias, em 2022, abandonou o Podemos, anunciando filiação à União Brasil e sua candidatura ao Senado.

GASTOS DEMASIADOS – Por isso, os partidos opositores apontam que os gastos de pré-campanha, voltados inicialmente para a disputa ao Palácio do Planalto, tornaram-se “desproporcionais” e “suprimiram as chances dos demais concorrentes” ao Senado no Paraná.

“Ser conhecido não é carta branca para realizar gastos excessivos em pré-campanha ou para abusar da exposição pessoal em rede nacional”, afirma o PL, no processo representado pelos advogados Bruno Cristaldi e Guilherme Ruiz Neto.

A defesa de Moro argumenta que a eleição de Moro se deu diante de todo o capital político obtido pelo ex-juiz desde a Lava Jato, concluindo não haver impacto relevante dos gastos na pré-campanha no resultado eleitoral. Diz ainda que a ação de investigação tem natureza política.

DIZ A DEFESA – “A eleição não se deu pelos gastos em celular, coffee break ou seguranças, mas sim diante de todo o capital amealhado em decorrência do combate à corrupção alcançado pela Operação Lava Jato, sediada no Paraná e de conhecimento amplo dos paranaenses”, afirma o advogado Gustavo Guedes, responsável pela defesa do senador no TRE.

Outro fator de complexidade para o desenrolar do processo é a série de divergências sobre o valor gasto na pré-campanha de Moro —acusação e defesa possuem cálculos diferentes, já que as despesas do então pré-candidato foram bancadas tanto pelo Podemos quanto pela União Brasil.

Enquanto a defesa de Moro fala em gastos módicos e calcula R$ 141.034,70 na pré-campanha, PT e PL apontam que as somas das despesas são superiores até mesmo ao teto de gasto permitido no período eleitoral para a campanha ao Senado pelo Paraná no ano passado, R$ 4.447.201,54.

TOTAIS ALEATÓRIOS – Para o PL, Podemos e União Brasil gastaram ao menos R$ 7,6 milhões com a pré-campanha de Moro. O PT aponta ao menos R$ 4,8 milhões.

A diferença nos valores acontece porque cada um seguiu um critério diferente sobre o que pode ou não ser considerado gasto com pré-campanha e o que era efetivamente despesa ligada ao ex-juiz ou ao conjunto de pré-candidatos.

Para o advogado de Moro, Gustavo Guedes, os autores da ação de investigação acabaram por “maximizar, inflar e até mesmo criar gastos estranhos ao processo, porque inexistentes, ou mesmo sem nenhuma conotação de pré-campanha/campanha”. Segundo Guedes, somente podem ser considerados os gastos realizados na circunscrição da disputa (no Paraná) e que tenham atraído algum benefício eleitoral (para a candidatura ao Senado).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
  – Cassar o senador Moro não significa fazer justiça. Trata-se apenas de satisfazer o sentimento de vingança que o presidente Lula da Silva alimenta contra ele. Moro é um político bem melhor do que a maioria dos parlamentares, sem a menor dúvida. Mas virou a bola da vez dos fanáticos adoradores do Deus Lula. (C.N.)

Grande novidade! O PT de Lula não gosta do governo de Lula do PT

Veja vídeo de Gleisi dizendo que o PT deseja "o Estado que gasta"

No encontro do PT, Gleisi esculhambou a gestão de Haddad

José Casado
Veja

Depois da Conferência Eleitoral do PT, no fim de semana em Brasília, um dirigente do partido telefonou a um amigo. Antes que conseguisse dizer qualquer coisa, escutou a provocação: “E aí, novidades?…”

“Claro que sim” — ele retrucou, salivando o habitual cinismo. — “No PT nunca falta novidade”.

“Tá, e qual é?”

“São duas. E das grandes…”

“Conte tudo”.

“A primeira é a questão interna. O PT de Lula não gosta do governo do PT de Lula”.

“Ah, mas isso é coisa antiga” — disse o outro, rindo. “Você sabe, é assim desde 2003, ou melhor, desde a campanha de 2002. Que mais?”

“Jair Bolsonaro”.

“Como?”

“É isso mesmo: Bol-so-na-ro” — repetiu com ênfase nas quatro sílabas. Até ensaiou a pronúncia do nome ao contrário (“Oranoslob”). Atropelou-se, desistiu e explicou: “Na maior parte do tempo só se falou dele. Quase nem sobra tempo pro PT de Lula falar mal do governo do PT de Lula. Quem salvou foi o Fernando Haddad”.

HADDAD LINCHADO – O ministro da Fazenda foi duramente criticado pela condução da política econômica, pelos acordos com o Centrão, por todos os pecados que, originalmente, seriam atribuíveis a Lula, que é reconhecido no PT como o verdadeiro ministro da Fazenda e o negociador das alianças com partidos do Centrão. Porém, Lula no PT tem fama de infalível, então… sobrou Haddad.

Desligado o telefone, o amigo do dirigente petista deu-se por satisfeito com as explicações sobre a primeira “novidade”, a do PT de Lula não gostar do governo do PT de Lula. Mas continuou intrigado sobre a segunda, “Oranoslob” na tentativa trôpega de pronúncia reversa.

Resolveu analisar duas peças relevantes da Conferência Eleitoral do PT: a proposta de resolução do grupo “Construindo um Novo Brasil”, hegemônico no partido, e o discurso da presidente Gleisi Hoffmann.

PRIMEIRA CONCLUSÃO – A fração que comanda o partido produziu um documento político concedendo a “Oranoslob” quase tanta atenção quanto atribuiu a Lula.

Num texto com pouco mais de 1.800 palavras destacou o adversário — que está inelegível — com nada menos que sete citações nominais, e outras dez  indiretas (“ultraliberal”, “extrema-direita”, “governo anterior”).

Lula comanda o grupo “Construindo um Novo Brasil” há décadas. Dele, mereceu dez referências nominais, acompanhadas dos habituais elogios em profusão por liderar tudo, todos e todas sempre “com muito êxito”;

SEGUNDA CONCLUSÃO – Gleisi Hoffmann, presidente do partido e integrante dessa fração petista, usou 1.400 palavras. Nomeou Bolsonaro oito vezes, sem contar as citações indiretas.

Reservou seis menções a Lula, sempre laudatórias à “sua capacidade de dirigir”.

Em resumo, depois de 17 meses de campanha eleitoral (contados desde a segunda-feira 8 de março de 2021, quando o STF tornou Lula elegível), e de 346 dias do terceiro governo, o PT fez uma opção preferencial: fixou “Oranoslob”, nascido Jair Messias Bolsonaro, no topo da lista das suas relações existenciais.

Para “queimar” Dino no Supremo, Lula elogia o ministro por ser “comunista”

Centrão vê “jogo casado“ de Lula com STF e pode endurecer negociação no  Congresso | CNN Brasil

Lula ficou feliz por ter se livrado da concorrência de Dino

Gabriela Boechat
Poder 360

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou que “pela 1ª vez na história” o governo conseguiu colocar um “ministro comunista” no STF (Supremo Tribunal Federal). A declaração foi dada em referência ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, filiado ao PC do B (Partido Comunista do Brasil) por 15 anos.

O indicado por Lula foi aprovado no Senado na quarta-feira, dia 13). “Vocês não sabem como eu estou feliz hoje. Pela primeira vez na história desse país, conseguimos colocar na Suprema Corte um ministro comunista, um companheiro da qualidade de Dino”, disse em cerimônia de abertura da 4ª Conferência Nacional de Juventude, realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.

CRÍTICAS À FILIAÇÃO – O rótulo de “comunista” foi usado pela oposição como forma de crítica à Dino desde sua indicação. No início de dezembro, por exemplo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que o novo ministro é apaixonado por Lenin e Stalin. Indicado por Lula para vaga no STF, Dino foi sabatinado nesta quarta-feira no Senado Federal. Obteve no plenário da Casa Alta 47 votos favoráveis e 31 contrários à sua indicação.

Durante a sabatina – que durou 10 horas e 2 minutos –, Dino evitou falar de processos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e discorreu sobre temas como descriminalização do aborto, fake news, tensão entre Poderes e urnas eletrônicas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Esta matéria, enviada pelo Armando Gama, explica tudo. Conforme já mostramos aqui na Tribuna, Lula indicou Flávio Dino ao Supremo para evitar a candidatura dele em 2026, quando o petista pretende se reeleger para um quarto mandato. Lula não parou por aí, é claro. Assim que o nome de Dino foi aprovado, fez esse “elogio” a ele, tachando de “comunista”. E que não se diga que foi um engano ou ato falho de Lula… Ele está cansado de saber que chamar alguém de “comunista” no Brasil é pior do que xingar a mãe. (C.N.)