Einstein, Freud, a guerra e os chimpanzés podem explicar a agressividade humana

Gaza: Israel corta internet, prepara invasão e ONU | Internacional

Líderes políticos não se importam com as vítimas das guerras

Marcos Augusto Gonçalves
Folha

Em 1932, a Liga das Nações convidou Albert Einstein, já então um gigante da física, a escolher uma personalidade intelectual de vulto para questioná-la sobre o tema da guerra. Einstein aceitou a proposta e decidiu dirigir suas inquietações a Sigmund Freud, como ele um grande desbravador do desconhecido – no caso, a mente humana.

Em recente e boa coluna na Folha, Cida Bento rememorou o episódio. Vou retomá-lo aqui, pois é rico em facetas e merece ser revisitado. Além do mais, eu gostaria de ligá-lo aos chimpanzés.

PÓS-GUERRA – Em 1932, o mundo vivia a ressaca da Primeira Guerra e as apreensões quanto às perspectivas de um novo conflito. Em sua carta, Einstein (como Freud, filho de família judaica) aventou possíveis soluções racionais para preservar a paz, como a organização de um hipotético tribunal de nações ao qual todos se submeteriam. Ele mesmo, contudo, tratou de apontar a impossibilidade de que tais arranjos institucionais pudessem funcionar ao menos àquela altura.

A questão residia justamente no fato de a razão pacifista ser sempre derrotada, ainda que a guerra levasse à própria destruição dos envolvidos.

O grande físico indaga, então, ao doutor Freud por que os homens, afinal, se deixam levar por um entusiasmo extremado, a ponto de entrar em combate e sacrificar suas vidas. Ele mesmo adianta uma resposta, já um tanto freudiana: “É porque o homem encerra dentro de si um desejo de ódio e destruição”. Como contê-lo? Eis a grande interrogação.

DESEJO DESTRUTIVO – Em sua resposta, depois de abordar as diversas facetas dos questionamentos de Einstein, Freud detém-se nesse desejo destrutivo de fundo, abordando o pertencimento da humanidade ao reino da natureza e os embates provocados por seus impulsos ancestrais.

Não cabe aqui discutir as duas famosas pulsões associadas, uma, a Eros e à vida, e outra à destruição e à morte. Estariam sempre se combinando, na visão freudiana, no comportamento humano. Mas é a segunda, por certo, que nos impulsiona aos conflitos fatais.

Quando os homens são incitados à guerra surge uma série de motivos, nobres ou baixos, mas Freud diz que entre eles sempre se encontra “o prazer da agressão e da destruição”. “A morte do inimigo satisfaz a uma tendência instintiva”, afirma.

E OS CHIMPANZÉS? – E aqui vamos aos chimpanzés. Recente reportagem da Reuters nos diz que pesquisadores documentaram o uso tático de terrenos elevados em situações de guerra ao observarem diariamente duas comunidades vizinhas de chimpanzés.

O estudo, de acordo com os pesquisadores, registra pela primeira vez o uso dessa estratégia militar humana pelos parentes vivos mais próximos de nossa espécie.

Ora, fã de vídeos do arqueólogo Walter Neves que sou, recordei-me de uma de suas aulas sobre evolução em que menciona a existência de um ancestral comum ao sapiens e chimpanzés –dois ramos que evoluíram separadamente, diga-se, talvez por 7,5 milhões de anos. Seria esse mesmo ancestral, quem sabe, o “culpado” pelas características que temos em comum, entre elas a agressividade.

CRUELDADE EXTREMA – “Não existe uma sociedade mais cruel que a dos chimpanzés”, diz Neves, que menciona entre outros traços o “alto nível de infanticídio”.

Bem, talvez mais cruel não exista, mas tão cruel parece que conhecemos uma. A vantagem que nos anima é a possibilidade, ainda que reiteradamente frustrada, de usarmos a favor da paz a evolução cultural e a pulsão de Eros.

Não para eliminar totalmente as tendências agressivas humanas, como observa Freud, mas ao menos para tentar “desviá-las, de modo que já não encontrem a sua expressão na guerra”.

Embaixador de Israel deve sair, porque falou demais e criticou o governo

Integrantes do Planalto consideram permanência de embaixador ...

Permanência de Daniel Zonshine é considerada inconveniente

Elio Gaspari
O Globo/Folha

Israel tem um bom serviço diplomático e, graças a ele, consegue prodígios pelo mundo afora. Apesar disso, o Brasil pegou a banda paleolítica desse serviço. Seu atual embaixador, Daniel Zonshine, fala e se mexe demais. Criticou publicamente o governo e enfiou-se de forma impertinente em investigações policiais.

Zonshine foi antecedido no posto por um dos piores embaixadores mandados para Pindorama. Yossi Shelley meteu-se em patacoadas bolsonaristas durante o desastre de Brumadinho. Patrocinou a vinda de uma inútil equipe de militares e incomodou quem estava no serviço de resgate. Anunciou a entrega de 200 toneladas de retardantes de fogo para as queimadas da Amazônia e eles nunca chegaram.

Almoçou com Jair Bolsonaro e comeu um lagostim. Até aí, seria uma pequena transgressão das regras do judaísmo. Orgulhando-se do evento, a Embaixada de Israel postou uma imagem do almoço, borrando o lagostim. Coisa de amador.

REMOVIDO EM 2021 – Shelley incomodou parte da comunidade judaica brasileira e acabou recusando-se a comparecer a um jantar da Confederação Israelita do Brasil.

Como o serviço diplomático de Israel é profissional, Yossi Shelley foi removido em fevereiro de 2021, durante o governo de seu amigo Bolsonaro.

Ele se tornou assessor do primeiro-ministro Netanyahu e em outubro passado fez mais uma. Deu a entender que a rave onde o Hamas matou mais de 200 pessoas não deveria ter sido programada. Desculpou-se.

INTROMISSÕES – Daniel Zonshine não repetiu as bizarrias de Shelley, mas suas intromissões provocaram respostas do ministro da Justiça, Flávio Dino, e do diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

A tarefa de um embaixador é defender os interesses do seu país sem atrapalhar o governo junto ao qual é acreditado, e o embaixador fez isso ao se meter em casos que estão sob investigação.

Dino e Rodrigues não pediram muito a Zonshine, apenas profissionalismo.

Natal antecipado, juíz federal ganha um novo ‘superpenduricalho’ salarial

Injustiça Brasileira: Charges sobre a Justiça Brasileira

Charge do Nani (nanihumor.com)

José Marques, Julia Chaib e Cézar Feitoza
Folha

Uma resolução aprovada pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça) na primeira sessão comandada pelo ministro Luís Roberto Barroso, em 17 de outubro, abriu caminho para a criação de diversos penduricalhos a magistrados de todo o país.

Na última quarta-feira (8), um benefício já foi criado pelo CJF (Conselho da Justiça Federal) com base nessa resolução. Ele pode aumentar a remuneração de parte dos juízes federais em cerca de um terço.

OUTROS PENDURICALHOS – Além disso, para membros de tribunais estaduais e também dos superiores, como o TST (Tribunal Superior do Trabalho) e o STM (Superior Tribunal Militar), pode haver aprovação de novas remunerações com base no documento do CNJ.

A resolução aprovada pelo CNJ garantiu a equiparação de direitos e deveres de juízes e de integrantes do Ministério Público. Segundo a medida, somente em situações controvertidas o Judiciário deverá definir o que é válido e o que não é.

“No arranjo institucional brasileiro, não se admite situação de inferioridade da magistratura em relação ao Ministério Público”, disse Barroso no CNJ, quando o texto foi colocado em votação.

MAIS REIVINDICAÇÕES – A iniciativa do conselho tem levado entidades que representam magistrados a discutirem eventuais pleitos a serem feitos para as suas respectivas classes.

A norma aprovada na última quarta pelo CFJ, um conselho chefiado pela presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Maria Thereza de Assis Moura, deu aos juízes compensação financeira ou até dez folgas mensais.

Segundo essa medida, juízes que acumulem funções administrativas ou outras atividades “processuais extraordinárias” terão direito a uma “licença compensatória na proporção de três dias de trabalho para um de licença, limitando-se a dez dias por mês”.

E SEM IMPOSTO… – Os juízes que não desejarem tirar essas folgas irão receber por elas. O tribunal deve pagar esses valores por meio de indenização, sem incidência do Imposto de Renda.

Na prática, , parte dos juízes federais poderá receber um valor de cerca de 30% do seu salário bruto mensal com esse penduricalho.

Têm direito a esse benefício magistrados que, por exemplo, coordenem conciliação, dirijam escola de magistratura ou fórum federal, sejam da cúpula dos Tribunais Regionais Federais ou que auxiliem a cúpula, sejam conselheiros do CNJ ou dirigentes de associação, entre outros.

EM DISCUSSÃO – A presidente da Anamatra (Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho), Luciana Conforti, diz que a regulamentação da resolução está em discussão no Conselho Superior da Justiça do Trabalho.

“A regulamentação da resolução 528/2023 do CNJ ainda está sendo debatida no âmbito da Justiça do Trabalho, tendo em vista as peculiaridades de cada segmento do Poder Judiciário. A Anamatra se colocou à disposição do Conselho Superior da Justiça do Trabalho para contribuir com a norma e apresentar sugestões, estando no aguardo do início das tratativas”, afirmou.

Segundo a Folha apurou, o efeito cascata da resolução tem levado preocupação à cúpula dos tribunais superiores, como STJ, TST e STM, porque impacta o orçamento desses órgãos nos próximos anos.

MILITARES, TAMBÉM – A cúpula do STM já foi informada de que haverá pedido de equiparação de parte dos juízes da Justiça Militar. A discussão se dará no âmbito do conselho de administração do tribunal.

O Tribunal de Justiça de São Paulo também já formulou consulta ao CNJ sobre a possibilidade de a indenização por acúmulo de funções ser estendida aos magistrados do estado.

O novo benefício criou um desgaste entre os magistrados e os servidores da Justiça. A Fenajufe, entidade que representa trabalhadores do Judiciário e do Ministério Público, disse que, com a medida, “mais uma vez fica claro que a prioridade no orçamento do Poder Judiciário da União é a magistratura”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Como diz Silvio Santos, é tudo por dinheiro. Desta vez, a desculpa é que o Ministério Público já recebe. Sinceramente, com a Justiça caindo a esse nível, pouco se pode esperar do país, com a desigualdade social aumentando pavorosamente. (C.N.)

Fronteira abre e fecha, mas os brasileiros já estão no Egito, para voltar para casa

Fronteira de Gaza foi aberta e os brasileiros conseguiram chegar ao Egito

Pedro do Coutto

Era praticamente impossível saber o que estava acontecendo na fronteira entre Gaza e o Egito, na medida em que brasileiros ainda esperavam o sinal definitivo para cruzarem o espaço.  A passagem dependia de autorização formal de Israel, do Hamas através do Catar, e dos Estados Unidos. Ou seja, há uma múltipla responsabilidade sobre a autorização final.

Neste sábado passaram ambulâncias liberadas pelo Egito. Somente neste domingo os brasileiros tiveram autorização e chegaram ao Egito. Dos 34 que estavam no grupo, dois desistiram e resolveram permanecer em Gaza, arriscando suas vidas.

CONFLITO – Enquanto isso, as bombas continuam caindo no território de Gaza e, no norte, o combate se desloca para um hospital de grande porte que, por falta de energia, será obrigado a suspender os socorros que prestam aos feridos.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pronunciou-se dizendo que chega de mortes de palestinos. Um aviso destinado a Israel, a exemplo do realizado pelo presidente da França, Macron, sobre a morte de civis, inclusive crianças. Na Folha de S. Paulo, matéria de Igor Gielow. No O Globo, reportagem de Alice Cravo, com base nas agências internacionais.

LUCRO – No terceiro trimestre deste ano, os quatro maiores bancos do país alcançaram um lucro de R$ 25 bilhões. O Itaú / Unibanco lidera os lucros com  R$ 9 bilhões. Em segundo lugar está o Banco do Brasil com R$ 8,8 bilhões. Bradesco em terceiro com R$ 4,6 bilhões e Santander em quarto com R$ 2,7 bilhões.

Verifica-se que os lucros dos bancos são em grande parte em função da demanda de créditos, sobretudo de pessoas físicas. Se os salários no país não perdessem para a inflação, não haveria a necessidade de brasileiros e brasileiras buscarem créditos junto aos bancos para as suas despesas, pagando juros altíssimos. O déficit social é maior do que a dívida interna brasileira de R$ 6 trilhões.

RESPOSTA –  O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, rebateu indiretamente as declarações do presidente do Congresso, o senador Rodrigo Pacheco e frisou que existem muitas coisas no Brasil a serem mudadas antes da preocupação  em mudar o STF. Tem razão, na minha opinião.

A concentração de renda, por exemplo, é um ponto que a legislação brasileira deveria focar. Mas não o faz. Assim, verifica-se o endividamento da população. Investimentos sociais são esperados, mas é preciso que as palavras tornem-se ações efetivas pelo governo.

Novas inconstitucionalidades baixadas por Moraes causam protestos da OAB

CHARGE DESTA SEGUNDA-FEIRA, DIA 27 DE FEVEREIRO DE 2023. - Cariri é Isso

Charge reproduzida do site Cariri é isso

Weslley Galzo
Estadão

A relação entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) se esgarçou. Três iniciativas, duas delas do ministro Alexandre de Moraes, foram classificadas como tentativa de silenciar advogados e prejudicar a atuação da defesa em processos que tramitam na Corte.

O episódio mais recente foi registrado na última terça-feira, 7, quando Moraes negou o pedido do defensor público Esdras Carvalho para fazer sustentação oral durante o julgamento de um habeas corpus na 1º Turma do STF. O defensor argumentou que o plenário virtual, onde o processo começou a ser julgado, garante à defesa dos réus a possibilidade de fazer sustentações orais. Ele desejava, portanto, se valer do mesmo direito no plenário físico.

MORAES PROÍBE – Moraes, por sua vez, citou um trecho do regimento interno do STF que veda a realização de sustentação oral na 1º Turma do Tribunal. Durante a sessão, o defensor acatou o argumento do ministro. Mas dois dias depois do julgamento, a OAB emitiu nota dizendo que a decisão fere a Constituição.

“A sustentação oral está inserida no direito de defesa, que é uma garantia constitucional e, portanto, não se submete a regimentos internos, mesmo o do STF. Tais regimentos regulamentam o funcionamento dos tribunais e não podem corrigir ou suprimir direitos constitucionais regulamentados por leis federais”, diz o texto assinado pelo presidente da OAB, Beto Simonetti. “Coibir tais prerrogativas significa apequenar os direitos individuais”, destaca a nota.

Antes da crise se instalar, o presidente da Ordem cerrou fileiras ao lado da Corte para conter os ataques antidemocráticos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e respaldar as decisões dos ministros. Agora, Simonetti tem dito que “a defesa intransigente do Judiciário e do sistema eleitoral, feita para preservar os avanços democráticos, não significa o empoderamento dos tribunais para ignorarem as leis “.

MORDAÇA DO STF – Antes do episódio, a OAB já havia apontado outra tentativa de “mordaça” por parte do Supremo. Na ocasião, apresentou um pedido para que a então presidente do STF, Rosa Weber, revertesse a decisão de julgar no plenário virtual os réus acusados pelos atos golpistas do dia 8 de janeiro.

Para a OAB, as sessões virtuais violam o direito à ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal – mesmos argumentos utilizados pela organização para se queixar dos limites impostos às sustentações orais presenciais. A Ordem cobra que o plenário virtual só seja utilizado quando houver concordância dos advogados envolvidos nos processos. A presidência do STF, no entanto, nada fez a respeito.

O defensor público da União Gustavo de Almeida Ribeiro argumenta que a escolha do formato de julgamento, se presencial ou virtual, deve considerar o tema e o tipo de processo a ser julgado.

DIZ O DEFENSOR – “Devendo ser a sistemática virtual evitada em casos de ações penais originárias ou em temas polêmicos e em que haja divergência marcante entre os julgadores”, exemplifica.

As queixas dos advogados ainda se somam a mais uma mudança regimental realizada pelo STF neste ano. No início de outubro, a presidência da Corte, já sob o ministro Luís Roberto Barroso, criou um novo formato de julgamento que inclui um intervalo de tempo entre a apresentação dos argumentos dos advogados e os votos dos ministros.

A regra anterior previa que os magistrados apresentassem os seus votos logo após a fase das sustentações. Caso não houvesse mais tempo na sessão, os magistrados deveriam ler os seus pareceres no início da reunião seguinte.

PREFERÊNCIA VIRTUAL – A mudança agora prevê que os advogados falem num dia e os ministros em outro, a ser marcado posteriormente. O argumento utilizado para mudar o procedimento é que o novo modelo daria mais tempo para os magistrados analisarem os processos e discutirem os votos entre si.

Barroso defendeu a mudança fazendo uma equiparação com o funcionamento do plenário virtual. Segundo o presidente do STF, as discussões na plataforma digital ‘dão ao ministro mais tempo de estudo e reflexão do que no plenário físico’, o que mais uma vez gerou atritos com a OAB.

O ministro fez declaração com o intuito de rebater a alegação dos advogados de que as sustentações em julgamentos virtuais interfeririam com o direito de defesa.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Até que enfim a OAB resolveu se levantar contra a chamada ditadura do Judiciário, protestando diante de novas inconstitucionalidades do todo-poderoso ministro Moraes. A omissão da OAB era sinal de conivência, uma posição que jamais poderia ser adotada pela instituição que representa os advogados. Agora, se quer realmente se posicionar, a OAB deveria se unir ao Congresso para colocar o Supremo no seu devido lugar, que é importante, porém não é hegemônico, muito pelo contrário, aliás. (C.N.)

Uma desesperada canção de amor, na parceira de Silvio Caldas e Orestes Barbosa

Orestes, em caricatura de Nássara

Paulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, escritor, compositor e poeta carioca Orestes Dias Barbosa (1893-1966), em parceria com Silvio Caldas, fez uma “Serenata” para o seu amor.  Silvio Caldas gravou esta canção, em 1957, pela Columbia.

SERENATA
Silvio Caldas e Orestes Barbosa

Dorme, fecha esse olhar entardecente
Não me escute, nostálgico, a cantar
Pois não sei se feliz ou infelizmente
Não me é dado, beijando, te acordar

Dorme, deixa os meus cantos delirantes
Dorme, que eu olho o céu a contemplar
A lua que procura diamantes
Para o seu lindo sonho ornamentar

Na serpente de seda dos teus braços
Alguém dorme ditoso sem saber
Que eu vivo a padecer
E o meu coração feito em pedaços
Vai sorrindo ao teu amor
Mascarado desta dor

No teu quarto de sonho e de perfume
Onde vive, a sorrir, teu coração
Que é teatro da ilusão
Dorme, junto aos teus pés, o meu ciúme
Enjeitado e faminto como um cão    

Milícias e traficantes substituem o poder público que abandonou as comunidades

Bolsa de Valores de Favelas supera expectativas de investidores

Desigualdade social é a grande tragédia do povo brasileiro

Roberto Nascimento

Recentemente, a manchete da Folha de São Paulo registrava que as milícias no Rio de Janeiro expulsam moradores das comunidades, roubam casas e lavam dinheiro na construção e venda de imóveis, inclusive edifícios de oito andares. A gravidade da situação ficou evidenciada logo a seguir, quando alguns policiais foram flagrados em escolta a milicianos e outros acompanhando entrega de caminhão com 16 toneladas de drogas para traficantes.

Os moradores sentem a falta do poder público, tanto do Estado como da Prefeitura, ausentes e inertes. Tráfico e milícia disputam territórios e exercem o poder político e militar nas comunidades.

PROBLEMA INSOLÚVEL? – Quem se insurge, não vive para contar a história. Chegou a um ponto,que não tem mais jeito. Inclusive as áreas sobre controle desses grupos só aumentam. Daqui a alguns anos, vamos perder quase toda a cobertura vegetal da cidade do Rio de Janeiro. Algumas ilhas de verde permanecerão, como um oásis no deserto.

O mais revoltante, verdadeiramente Inconcebível, é a repetição da fake news de que Leonel Brizola apoiava o banditismo. É uma das mais abjetas e falsas narrativas do conservadorismo.

Brizola tem essa fama porque condicionou a entrada de policiais nas favelas, exigindo autorização do comandante da PM, na época o coronel Nazareth Cerqueira, para evitar o que está vindo à tona hoje.

FAVELIZAÇÃO – Outra coisa: antes de Brizola exercer o cargo de governador em 1982, já havia favelas em todos os bairros cariocas, o que é natural, porque os cidadãos carentes têm o direito de morar próximo ao local de trabalho.

Além de Brizola, que possibilitou a titularidade dos terrenos ocupados nos morros e encostas da cidade, o ex-prefeito Luiz Paulo Conde, pensou e executou sua maior obra: Favela Bairro. Infelizmente, outros prefeitos, que vieram depois, abandonaram esse projeto de inclusão, assim como nenhum governador depois de Brizola construiu um CIEP a mais. Ficaram nos 500 edificados no governo Brizola.

Não se trata de esquerda nem direita, e sim de governantes ruins, incompetentes e mal preparados. Não se trata de narrativa da esquerda. É realidade na veia. No entanto, a polarização política teima em jogar no colo da esquerda a culpa de todas as mazelas do país.

Piada do Ano! “Terrorista” brasileiro não fala árabe nem sabe o que é Hezbollah… 

Suspeito de terrorismo não sabia o que era Hezbollah, diz advogado

Suspeito de terrorismo diz que é um homem de negócios

Luiz Vassallo e Jessica Bernardo
Metrópoles

“O Jean não sabia nem o que era Hezbollah. Ele perguntou pra mim: Dr, eu já ouvi falar, mas o que é o Hezbollah?”, relata o advogado José Roberto Timóteo, sobre a conversa que teve com seu cliente, Jean Carlos de Souza, que foi preso perto de um hotel em São Paulo, nesta terça-feira (7/11). Ele é alvo da Operação Trapiche, deflagrada pela Polícia Federal (PF) para investigar supostos planos de atentados terroristas ligados ao grupo libanês no Brasil.

Jean Carlos estava ao lado de uma lanchonete e havia deixado suas malas em um hotel no Centro de São Paulo quando apareceram agentes da PF e disseram que estava preso. A ele, foi dada a chance voltar ao hotel, pegar suas malas, antes de ser encaminhado para a custódia da PF em São Paulo. Por lá, ligou para um tributarista de sua confiança, que indicou José Roberto Timóteo, que é criminalista e agente da PF aposentado.

“ESTÁ FALANDO SÉRIO?” – A primeira orientação que recebeu de José Roberto, ainda por telefone, foi de ficar quieto até que ele chegasse à PF. O criminalista diz ter chegado à Superintendência de São Paulo uma hora depois de o delegado ter ido embora e, por isso, seu cliente acabou não falando aos investigadores.

Em sua primeira conversa com Jean Carlos, diz José Roberto que deu até um puxão de orelha quando ouviu dele que nem sabia o que era o Hezbollah.

“Eu perguntei: Você está falando sério? Porque eu sou um advogado, e você tem de falar pra mim, lá na Justiça você pode mentir, eu vou te orientar, é outro papo, a gente vai fazer a defesa. Agora, para o seu advogado você não pode inventar. Não sabe o que é Hezbolah, não? Ele disse: Dr., ouvi falar, eu claro que fui à Turquia, ao Líbano, várias vezes, mas eu não sei o que é…”, diz o advogado ao Metrópoles.

“O QUE É ISSO?” – O advogado conta que disse ao seu cliente se assustou ao descobrir que o caso já estava repercutindo em emissoras de TV ao redor do mundo. “Ele começou a chorar e disse: Dr., mas o que é isso?”, relata.

O Metrópoles apurou que o principal investigado da PF tem o nome de Mohhamad Akhir. De acordo com os investigadores, há fartos indícios de que ele seja “integrante, de fato”, do grupo Hezbollah. Outros alvos da Trapiche, segundo as investigações, teriam tido graus diferentes de contato ou até mesmo viajado com ele. A PF desconfia de que haja cooptação de brasileiros pelo grupo.

Questionado pelo Metrópoles sobre a relação com Akhir, o advogado de Jean Carlos afirma que seu cliente viaja ao exterior como “intermediário de negócios”, e que conheceu Akhir neste contexto.

“VENDER CAFÉ E OURO“ – “O sujeito tem café aqui para vender. Ele vai para o Líbano tentar vender café, açúcar, ouro. Como você faz isso? Se relacionando com libaneses aqui no Brasil. O Jean não fala a língua árabe e reside em Santa Catarina, em Joinville. Porque o Mohhamad Akhir mora em São Paulo, se não me engano”, afirmou.

O advogado afirma que Jean Carlos viajou com Akhir para o Líbano para “prospectar negócios”. “Ele disse: eu fui lá para vender café, vender ouro. O sujeito me leva para o Líbano. Na linguagem dele: Dr., eu fui ganhar uma moeda, um dinheiro. É isso que eu faço”, afirmou.

Até o momento, as defesas de investigados, segundo apurou o Metrópoles, ainda não obtiveram acesso à investigação para entender quais são as provas que a PF usou para pedir suas prisões e buscas em seus endereços. O pedido de prisão foi feito pela PF e pelo MPF à Justiça Federal em Belo Horizonte, em Minas Gerais.

PRISÃO PROVISÓRIA – A Justiça determinou que Jean Carlos e outros investigados fiquem presos por 30 dias. E, que, expirado este prazo, devem ser postos em liberdade. ”Prender alguém por 30 dias com uma acusação pesada como esta por suposição é algo vergonhoso do ponto de vista jurídico. Isso é vergonhoso”, diz o advogado.

Em audiência de custódia nesta sexta-feira (10/11), Jean Carlos afirmou ter 38 anos, uma filha de 15 anos e um filho de dez. Afirmou trabalhar com “captação de negócios” e ser formado em gestão de produção industrial.

“Já fui parado algumas vezes pela polícia federal e até então eu estava entendendo o motivo das paradas. Mas sempre que a polícia federal me para ela tem o intuito de procurar drogas na minha bagagem. Tanto é que se eu fizer uma viagem bem antes, ela vai me parar. Só que sair de uma acusação de tráfico onde você vai esclarecer na hora e me jogar num terrorismo eu acho que é algo muito sério”, disse.

SENHA DO CELULAR – Ele nega ter qualquer relação com terrorismo. Jean Carlos também disse a senha de acesso de seu celular à juíza federal de São Paulo que conduziu sua audiência de custódia.

“Não precisa passar trabalho. Se existe a dúvida, eu vou cooperar. É só me perguntar. Meu celular foi recolhido, ninguém veio: qual é sua senha? Eu estou sendo tratado igual a um bandido”, disse o suspeito, segundo seu defensor.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGOu o “terrorista” Jean Carlos é um elemento de altíssima periculosidade ou é um palhaço de primeira categoria. Ele afirma que não tem ficha criminal, e que viaja muito a negócios. Isso é fácil de constatar. Só viaja a negócios quem realmente faz negócios. Basta conferir a conta bancária dele e verificar se ele já conseguiu fazer algum negócio de ouro ou café. Com diz o Nélio Lima, essa bagaça não vai dar certo. (C.N.)

Enem prova que aluno é submetido a catecismo político em vez de aprender

Charge da selfie da redação do Enem | Selfie Blog

Charge do Nef (Jornal de Brasília)

J.R. Guzzo
Estadão

O último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o mais importante teste para avaliação de conhecimento dos alunos brasileiros antes da universidade, não foi apenas mais uma vergonha. Também não foi só uma prova da desonestidade fundamental que os comissários do Ministério da Educação aplicam na formulação das perguntas. Nem foi uma nova prova da malversação de dinheiro público, em favor de interesses ideológicos particulares.

Mais do que tudo, o Enem deste ano deixa claro porque o Brasil continua tendo um dos piores sistemas de ensino público do mundo.

CATECISMO POLÍTICO – Os donos do aparelho educacional não permitem que os estudantes aprendam a fazer conta, a escrever em português e a adquirir uma compreensão mínima de um texto escrito. Em vez disso, usam o Estado brasileiro e os seus recursos para obrigar os alunos a obedecerem a um catecismo político. Ou respondem às perguntas como os donos do Enem querem que elas sejam respondidas, ou não passam no exame.

Das 90 questões apresentadas este ano, pelo menos 40% se referiam aos temas da misoginia, diversidade, luta de classes, homofobia, pobreza e racismo – ou o orgulho de ser negro.

E o restante do conhecimento humano? Foi apertado no espaço que sobrou. No balanço geral, metade das perguntas não mediam o que o aluno aprendeu em seus anos de educação básica. Faziam propaganda política e ideológica em estado bruto, sem disfarces, como no “horário gratuito” do período eleitoral.

DENÚNCIA VAZIA – O agronegócio foi denunciado pelos autores da prova como uma atividade nociva ao Brasil e à natureza – ou aluno respondia que o setor mais avançado da economia do Brasil é ruim para o país, ou a sua resposta estava errada.

O capitalismo é obviamente condenado; exige-se, nas alternativas “certas”, que o aluno aponte o sistema como um mal em si. As perguntas apresentam como fatos indiscutíveis o que são unicamente as crenças políticas dos professores.

Fala-se nas “estruturas de opressão sócio e historicamente construídas”. Mais: além de uma fraude em termos de avaliação objetiva de conhecimentos, o Enem deste ano foi uma espetacular exibição de ignorância por parte dos que fizeram as perguntas.

PURA INCOMPETÊNCIA – Há questões redigidas com erros técnicos grosseiros; já não se trata, aí, de desvio de conduta, mas de pura incompetência. Há erros de português. Há perguntas impossíveis de se responder corretamente – ou todas as alternativas de resposta estão erradas ou todas estão certas, o que obriga o aluno a jogar na sorte.

O compositor Caetano Veloso, por exemplo, não conseguiu responder à pergunta que foi feita sobre duas de suas próprias canções. Depois de refletir com muita atenção sobre cada uma das alternativas, afirmou que todas estavam certas. Como é obrigatório cravar apenas uma opção das cinco apresentadas, a chance de errar é de 80%. É um dos pontos mais baixos a que já chegou o Enem.

Bancada do agro quer anulação de questões do Enem sobre o setor e convocação do ministro da Educação. E o presidente do Inep, após acusações de viés ideológico na prova, disse que nem não demoniza agronegócio.

MÉTODO EFICAZ – A ditadura ideológica imposta à educação brasileira é, além de uma violação aos direitos dos estudantes, o método mais eficaz de se concentrar renda que existe no Brasil. Os objetivos políticos dos encarregados de ensinar se opõem à aquisição de conhecimento real; isso cria um sistema que mantém a maioria dos alunos da escola pública em situação de ignorância perpétua.

Não aprendem o que é indispensável para se ter mais oportunidades, obter remuneração melhor ou reduzir a sua desigualdade. É um sistema que condena milhões de jovens brasileiros a viverem fazendo os trabalhos mais pesados, recebendo os salários mais baixos e tendo as menores chances de conseguir uma existência mais cômoda.

 Os educadores brasileiros não estão interessados em ensinar matemática, ciências e outras disciplinas necessárias para alguém atender às exigências do mercado de trabalho e da sociedade de hoje. Querem fazer “pedagogia na esperança” – essa mesma que mantém o Brasil como um dos países mais ignorantes sobre a face da Terra.

“Peronização do governo Lula pode levar o Brasil ao caminho da “argentinização”

Argentina. Para entender o peronismo e o seu oposto. Entrevista com  Alejandro Grimson - Instituto Humanitas Unisinos - IHU

Perón conseguiu destruir um dos países mais ricos do mundo

Fabiano Lana
Estadão

Na virada dos séculos 19 e 20, a Argentina era um dos países mais prósperos do mundo com renda per capita superior à dos Estados Unidos e das principais nações europeias. Por lá, como por aqui no Brasil, quase tudo é controverso, mas se atribui ao primeiro governo de Juan Domingo Perón ter jogado nossos vizinhos em uma crise da qual jamais se recuperaram plenamente.

Nos anos 40, Perón fechou o país ao mundo e iniciou um processo de intervenção do Estado na economia, de nacionalizações e quebra de contratos, com resultados econômicos bastante adversos.

AS MESMAS IDEIAS – Em tempos de discussão do nosso déficit público, o dramático é que parte dos integrantes do atual governo Lula e de seu partido, o PT, quer para o Brasil a implantação das mesmas ideias que prejudicaram a nação sul-americana.

Não é tão simples julgar o peronismo, até porque as opções ao sistema personalíssimo argentino muitas vezes tiveram resultados desastrosos.

A saber, a “revolução libertadora” que derrubou Perón nos anos 50, também se finalizou com um golpe; o regime militar de 1976 se desmoronou sete anos depois em meio à instabilidade, desmoralização pela derrota na guerra das Malvinas e um rastro de assassinatos ordenados pelos generais-presidentes.

FRACASSOS SUCESSIVOS – Após a redemocratizacão, dos três presidentes não peronistas eleitos, dois tiveram que renunciar antes do fim do mandato e nenhum conseguiu domar a inflação.

Por meio de subsídios, auxílios, e mesmo pelo mito do próprio Perón e de sua jovem esposa Evita Perón, o peronismo possui uma conexão profunda com grande parte da população mais pobre Argentina.

O paradoxo lá é que se vota em uma doutrina que tem como principal bandeira política a proteção aos pobres, mas o país fica cada vez mais indigente, de eleição a eleição. Ainda com muita classe, muita elegância, excelentes filmes, mas cada vez mais carente.

SOLUÇÃO MÁGICA – A nova solução mágica para a Argentina não-peronista agora atende pelo nome de Javier Milei. Com a motosserra na mão, esse economista aparentemente quer destruir o que tiver pela frente, incluindo a moeda e o Banco Central, para reconstruir o país.

Mesmo com boatos desairosos como o de se aconselhar com o cachorro e coisas piores, lidera por pouco as pesquisas de opinião contra o atual ministro da Fazenda, o peronista light Sergio Massa — que comanda uma economia com inflação anual superior a 100%.

Há uns 70 anos, o Estado argentino tem dificuldade de se financiar, emite moeda, gera inflação, e ninguém conseguiu desarmar a armadilha iniciada no peronismo. Milei é a aposta do momento.

Entre o ódio e a vingança, o trauma do cerco e trucidamento na Faixa de Gaza

entrelinhas 1011 -  (crédito: Caio Gomez)

Ilustração do Caio Gomez (Correio Braziliense)

Luiz Carlos Azedo
Correio Braziliense

O “Adeus às Armas”, de Ernest Hemingway, publicado em 1929, é um romance quase autobiográfico, cujo protagonista é um americano que participa da Primeira Guerra Mundial como voluntário no exército italiano. É uma história de amor entre um soldado ferido na perna e uma enfermeira, que se conheceram no hospital.

O relacionamento se consolidou e resultou num filho do casal, mas o soldado teve que voltar à guerra. Ao retornar, já estava exausto do conflito, como a maioria dos seus companheiros. O herói deserta. A guerra se estendia por tempo demais.

PRIMEIRA GUERRA – Esse tipo de situação fora comum no front da Primeira Guerra Mundial, entre soldados alemães e ingleses, que chegaram a se confraternizar no Natal e realizar animadas partidas de futebol.

Com base no que ocorreu, o Estado-Maior britânico desenvolveu o conceito de “sombra de futuro”: os soldados procuram ganhar tempo, em ataques e retaliações quase que combinadas, à espera de que os políticos e os generais assinem um armistício.

Isso acontecia entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, até 7 de outubro passado, quando a milícia palestina realizou um inédito ataque terrorista a Israel, que matou 1.400 pessoas, das quais 828 civis e 31 crianças. Mais de 240 pessoas foram feitas reféns.

MUITAS VÍTIMAS – A retaliação de Israel ao Hamas na Palestina é uma operação de cerco e aniquilamento na cidade de Gaza e seus arredores, com bombardeios implacáveis, às vezes, indiscriminados, que deslocaram mais de um milhão de palestinos do Norte para o Sul da região.

Até o dia 6, segundo a BBC, somavam 25,4 mil palestinos feridos e 10 mil mortos, sendo 2,55 mil mulheres, 596 idosos e 4,1 mil crianças. Estão desaparecidos 2,5 mil palestinos, sendo 1,3 mil crianças, provavelmente soterradas nos bombardeios. Na Cisjordânia, 114 palestinos já foram mortos em ações do Exército de Israel.

Mais de 200 mil habitações foram destruídas, e há 1,5 milhão de desalojados, de uma população de 2,2 milhões da Faixa de Gaza.

GUERRA JUSTA? – A doutrina da guerra justa (Bellum iustum ou jus ad bellum) define em quais condições a guerra é uma ação moralmente aceitável. O conceito foi cunhado por Agostinho de Hipona (354-430), inspirado em Cícero, e também foi usado como justificativa para as Cruzadas.

Além de Agostinho, Tomás de Aquino (1225-1274) e Hugo Grócio (1583-1645), em O direito da guerra e da paz, defenderam essa doutrina. A expressão guerra justa faz parte da cultura jurídico-política do Ocidente.

Na Roma Antiga, Cícero ensinou que havia bellum iustum quando os romanos entravam em guerra contra uma nação estrangeira por eventuais danos sofridos ou temidos.

TRAUMA DA GUERRA – As Forças de Defesa de Israel (FDI), fundadas em 1948, estão entre os exércitos mais experientes em batalhas no mundo, tendo participado de seis grandes guerras. Suas responsabilidades são defender a soberania e a integridade territorial do Estado de Israel, deter todos os inimigos e coibir todas as formas de terrorismo que ameacem a vida diária.

Em tese, suas tarefas são a consolidação de acordos de paz, como os celebrados com o Egito e a Jordânia; garantir a segurança na Cisjordânia em coordenação com a Autoridade Palestina; liderar a guerra contra o terrorismo, dentro e além de suas fronteiras; e manter a capacidade de dissuasão de ataques.

A estratégia militar de Israel é defensiva, mas suas táticas são ofensivas. Como não possui profundidade territorial, precisa tomar a iniciativa e, rapidamente, levar a batalha para o território do inimigo.

MAIS FORTES – Embora em menor número do que os exércitos vizinhos, as FDI possuem vantagem qualitativa, graças aos recursos e ao apoio estratégico que recebe dos Estados Unidos, e os sistemas de armas avançadas de que dispõe, entre os quais a bomba atômica, um segredo de polichinelo.

O efetivo regular do exército de Israel é pequeno, porém muito operacional. Sua força reside na capacidade de mobilizar homens e mulheres reservistas bem treinados, em todas as regiões do país. Todo o seu poderio está sendo demonstrado nessa operação de cerco e aniquilamento do Hamas, que já destruiu praticamente todo o norte da Faixa de Gaza.

A ONU PROTESTA – O conceito de guerra justa está sendo posto em xeque em razão dos sofrimentos impostos aos palestinos, sobretudo idosos, mulheres e crianças, além de destruição de seus lares, hospitais e escolas.

A ONU afirma que 88 funcionários da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente já foram mortos, com 18 trabalhadores da defesa civil. Até 5 de novembro, também morreram 46 jornalistas nos ataques de Israel.

O primeiro-ministro Netanyahu anunciou a ocupação da Faixa de Gaza “por tempo indeterminado”. Entre o ódio e a vingança, há uma guerra de narrativas sobre o que acontece em Gaza. Os refugiados palestinos têm seu lugar de fala, assim como os soldados de Israel, que agora caminham sobre escombros e entre milhares de cadáveres. Nos EUA, o chamado transtorno do estresse pós-traumático atingiu 800 mil veteranos do Vietnã, 175 mil da Guerra do Golfo e outros 300 mil retornados do Iraque e do Afeganistão. O trauma da guerra, como na obra de Hemingway, sempre atinge os soldados.

Fracasso da italiana Enel demonstra o apagar das luzes do neoliberalismo

Apagão atinge treze bairros das zonas Sul e Oeste | VEJA

Apagão mostra que a gestão da Enel é altamente irresponsável

André Roncaglia
Folha

Na mais rica cidade do país, mais de 2 milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica na semana passada. Desde 2018, o fornecimento de eletricidade na cidade e em outros 23 municípios da região metropolitana de São Paulo é feito pela Enel, empresa de economia mista controlada pelo Estado italiano (23,8% do capital).

Apesar dos bilhões em investimentos anunciados pela empresa desde 2020, a qualidade relativa do atendimento ficou inalterada, de acordo com o ranking de continuidade de serviço da Aneel, cujo rigor deixa muito a desejar. Ademais, gastos insuficientes com redução de riscos e manutenção da rede de distribuição já levantavam dúvidas sobre a capacidade de resposta a emergências.

TUDO PELO DINHEIRO – Os cortes de 43% nos investimentos em manutenção no segundo trimestre de 2023 — e de 28%, em relação ao segundo trimestre de 2022 — ajudaram a engordar os lucros da monopolista Enel na Grande São Paulo. Os valores de R$ 1,4 bilhão em 2022 e de R$ 900 milhões, no primeiro semestre deste ano, poderiam ter sido destinados, em parte, a enterrar a fiação aérea. Como o contrato de concessão não exige esse investimento, o dinheiro vai parar nos cofres do governo italiano.

Sem controle social sobre os investimentos da empresa, é ofensiva a proposta do prefeito Ricardo Nunes de criar uma “taxa voluntária” para os bairros que quiserem enterrar seus fios. Por essa lógica neoliberal tacanha, os mais ricos serão protegidos enquanto os mais pobres continuarão vivendo sob risco de novos apagões, mero desdobramento do elitismo que marca a gestão do prefeito.

Premida pelas críticas, a empresa alegou — tragicomicamente — que a redução de 36% do quadro de funcionários desde 2019 não afetou sua capacidade de resposta ao evento. Será?

IRRESPONSABILIDADE TOTAL – Mesmo que a Enel consiga triplicar o pessoal colocado na rua para responder a uma emergência, a provável dependência de mão de obra terceirizada revela a visão curto-prazista da gestão.

A alta rotatividade e a menor qualificação desses trabalhadores limita a capacidade de avaliar e resolver problemas, como destacou ao UOL Eduardo Annunciato, presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo.

Essa perda de memória técnica da empresa é um problema crônico que afeta várias estatais privatizadas no setor; entre elas, a Eletrobras, que, como reportou a Folha, cortou quase metade do quadro de funcionários em preparação para a privatização lesa-pátria e ilegal da empresa.

FOCO NO LUCRO – Serviços de utilidade pública requerem uma visão integrada e de longo prazo. O foco no lucro adia —ou sacrifica— melhorias no atendimento. Não à toa, há uma onda da reestatização desses serviços em vários países.

Já se sabe que o neoliberalismo não cumpre suas promessas (“Neoliberalism: oversold?”, IMF, 2016). Desde a década de 1990, a privatização do setor elétrico promete maior eficiência do sistema, com menores custos e melhores serviços. O resultado foi um sistema fragilizado e um manicômio regulatório, que passaram a entregar a energia elétrica mais cara do mundo, se excluirmos os países afetados pela guerra entre Rússia e Otan.

As falhas de coordenação do setor elétrico vêm se avolumando e, com as mudanças climáticas, a frequência dos apagões tende a aumentar. Sob a pressão de maximizar o lucro dos acionistas, os cortes em investimentos e em quadro de pessoal implicam a socialização dos riscos e dos custos das falhas, onerando mais o orçamento dos mais pobres — além de graves acidentes de trabalho, muitos fatais. Parece aconselhável apagar as luzes do neoliberalismo antes que ele nos deixe no escuro permanentemente.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGMais um grande artigo do professor André Roncaglia, professor de Economia. Mostra que a Enel segue os passos da Light, que foi privatizada e os serviços pioraram absurdamente. Empresas privadas só visam ao lucro e não têm responsabilidade social. Apenas isso. Não tem nada a ver com ideologia. (C.N.)

Afinal, por que Lula está demorando tanto a indicar o novo ministro do Supremo?

A PÉSSIMA NOTÍCIA envolvendo o INSS é a grande dor de cabeça para Lula

Essa indecisão do presidente Lula não tem justificativas

José Carlos Werneck

O presidente da República, Lula da Silva, tem a importante incumbência de indicar o novo membro do Supremo Tribunal Federal, para a vaga aberta em decorrência da aposentadoria da ministra Rosa Weber. Mas não se entende por que demora tanto a tomar uma decisão.

O presidente Lula deveria surpreender a nação e apontar um jurista de verdade, com todas as qualificações necessárias para ocupar um dos cargos mais relevantes da Nação, não importa sexo ou raça.

GRANDES JURISTAS – O Supremo Tribunal Federal já abrigou nomes da envergadura de Prado Kelly, Adaucto Lúcio Cardoso, Aliomar Baleeiro, Evandro Lins e Silva, Moreira Alves, Luiz Gallotti, Xavier de Albuquerque, Eloy da Rocha, Ribeiro da Costa, Oswaldo Trigueiro, isto só para citar alguns dos inúmeros membros, que, além do notório saber jurídico e reputação ilibada, exigidos para o cargo, reuniam independência política, coragem pessoal, desapego a vaidades, além de vasta cultura geral, grande inteligência e erudição.

O próximo indicado deve possuir todas essas qualidades, para restabelecer quaisquer desgastes, que o STF, possa ter sofrido, nos últimos tempos.

Num momento em que o Congresso Nacional, com pouquíssimas e honrosas exceções está carente de grandes nomes e abriga em seus quadros representantes medíocres e figuras, no mínimo exóticas, cabe ao mais alto Tribunal do País ser um ponto de equilíbrio para a salvaguarda das Instituições Democráticas e garantia das liberdades tão arduamente conquistadas pelo povo brasileiro.

PADRÃO DE EXCELÊNCIA – O Supremo Tribunal Federal já deu aos jurisdicionados, em outras quadras de sua história, através de notáveis decisões, exemplos pujantes de respeito à Constituição e às liberdades individuais.

Para voltar a manter este padrão de excelência, precisa abrigar, em seus quadros, o melhor dos melhores, para que o nível de qualidade seja sempre o mais elevado e atenda às altas atribuições que sua nobilíssima função requer.

Tudo isto o presidente Lula deverá levar em conta, quando, acredito, logo nos próximos dias, tomar a importante decisão de submeter ao Senado Federal, o nome do escolhido ou escolhida para ser o novo ministro ou ministra do Supremo Tribunal Federal. A demora na indicação não tem justificativas.

Fusão entre Patriota e PTB tira Jefferson da sigla que integrou por quatro décadas

Ex-deputado Roberto Jefferson, que presidiu o PTB por sete anos e está preso, não vai integrar a nova sigla

Jefferson está preso desde quando atirou em policiais

Mariana Muniz
O Globo

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou nesta quinta-feira a criação do Partido Renovação Democrática (PRD), resultado da fusão entre o PTB e o Patriota, ambos de orientação política à direita. A nova sigla não contará com o ex-deputado Roberto Jefferson, filiado há quatro décadas ao PTB, que ele presidiu por sete anos ao todo. O valor do fundo partidário reservado para a nova legenda é de R$ 24,6 milhões.

Nos últimos anos, o PTB abrigou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o próprio Jefferson e o ex-deputado federal Daniel Silveira, além do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha.

CLÁUSULA DE BARREIRA – Com as contas bloqueadas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e sem atingir a cláusula de barreira, a legenda via na fusão a única saída para sua sobrevivência.

Um dos mais tradicionais partidos do país, fundado por Getulio Vargas e que por décadas representou o trabalhismo na política brasileira, vinha diminuindo sua bancada no Congresso, o que se aprofundou com a guinada bolsonarista dada nos últimos anos por Roberto Jefferson, presidente de honra da sigla.

Ele cumpre prisão preventiva desde junho deste ano. Em outubro do ano passado, Jefferson se tornou alvo do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após descumprir medidas cautelares de sua prisão domiciliar, que cumpria desde janeiro de 2022. O ex-parlamentar resistiu a ordem de prisão e disparou três bombas de gás lacrimogêneo contra os policiais. Jefferson foi preso inicialmente em agosto de 2021, réu do inquérito das milícias digitais.

ESTRUTURA – Pelo acordo costurado com o Patriota, o PTB, que elegeu apenas um deputado federal, fornece ao novo partido a estrutura formada por um milhão de filiados e diretórios em todos os estados ao nanico Patriota, que elegeu quatro parlamentares, mas também não atingiu a cláusula de barreira.

A decisão do TSE, unânime, teve como base o voto da relatora do pedido de fusão das legendas, ministra Cármen Lúcia. Segundo a ministra, todas as exigências da legislação sobre o tema foram cumpridas.

A fusão foi acertada em outubro do ano passado depois que as duas legendas não alcançaram a cláusula de desempenho nas eleições de 2022.

FUNDO PARTIDÁRIO – No voto, Cármen Lúcia considerou ainda prejudicada liminar que reservava, desde fevereiro deste ano, os recursos do fundo partidário que seriam destinados à futura agremiação, no caso o PRD. Com a aprovação da fusão do Patriota e do PTB, o novo partido passa a ter efetivo direito a obter verbas do fundo partidário pela superação da cláusula de barreira.

A situação do PTB já era complexa antes da prisão em flagrante de Roberto Jefferson, que deu 50 tiros de fuzil e lançou granadas contra policiais federais em outubro do ano passado. O partido estava com as contas bloqueadas por conta de divergências na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral em 2013. Por causa disso, vinha enfrentando dificuldades em honrar compromissos de campanha em diferentes diretórios. Sem atingir a cláusula de barreira, o PTB não teria acesso ao fundo partidário.

Duas mancadas! Embaixador israelense reúne-se com Bolsonaro e Milei critica Lula

Com toda certeza, o Brasil não é um país para os amadores ou fracos de espírito

Iotti: polarização | GZH

Charge do Iotti (Gaúcha/Zero Hora)

Duarte Bertolini

Nem Cristo, nem Gandhi nem Buda conseguiram ser humildes sempre e em todas as situações. Então, o que diremos dos simples mortais? Portanto, talvez possamos concordar que é muito mais fácil pertencer a uma tribo, e estar sujeito a receber pancadas apenas do lado opositor (entre outras coisas, pela falta de autocrítica), do que tentar se manter equidistante e receber bordoadas dos dois lados, como ocorre nesta tal de polarização, um alinhamento automático que provoca desprezo à discussão de quaisquer ideias.

No caso da grotesca manipulação da prova do Enem, ao invés de analisar a tragédia da costumeira ideologizacão rasteira e criminosa para o futuro dos jovens e mesmo para a economia do Brasil, o teor das denúncias é desprezado pelas esquerdas, por concordarem com a visão ideológica do autor da questão.

NÃO LEVA A NADA – Quais os benefícios para a cultura, ou para a formação intelectual e social dos estudantes, que vamos obter com estas questões num teste importante como o Enem?

É muito difícil discordar de que existe uma tomada de poder manipulatório no MEC, pois suas ações e decisões – invariavelmente e às vezes até de forma criminosa – tendem para a esquerda.

Reparem que nessas discussões, o recurso é sempre atacar o mensageiro, ao invés de criticar a mensagem. É claro que avançaríamos mais e deixaríamos de repetir erros no futuro se pudéssemos evitar essa ideologização? Se a examinarmos sob a ótica de uma mínima e necessária governabilidade, deveríamos ficar de sobreaviso.

SEMIPRESIDENCIALISMO – No meio dessa confusão, o deputado Arthur Lira, gentil e magnanimamente, avisa a Lula, nosso Luís XVI tupiniquim, que os ávidos do centrão (os novos bárbaros ou novos revolucionários) estão nas portas do palácio e o poder está trocando de mãos no semipresidencialismo.

De nada adianta distribuir brioches modernos (bolsa família e seus correlatos), porque as hordas financeiramente insaciáveis tomaram o poder e tudo deverá ser oferecido para saciar seu apetite.

Mas que vai divertido, como disse nosso colega Armando Gama, isto vai. Lira dando lições de boas práticas ao deus Lula? Nunca pensei que viveria para ver. O Brasil certamente não é para amadores nem para os fracos de espírito.

Mudança da percepção no Supremo sobre a possibilidade de prisão de Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro.

Ainda nem existe processo criminal contra Jair Bolsonaro

Bela Megale
O Globo

Diante da série de investigações que avançaram ao longo do ano sobre Jair Bolsonaro, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) mudaram sua percepção sobre uma prisão do ex-presidente. Se em janeiro a avaliação era a de que uma prisão poderia tumultuar o cenário nacional e aumentar seu capital político, hoje a leitura é de que as chances de o ex-presidente escapar de uma punição são pequenas.

Quatro magistrados ouvidos pela coluna avaliam que, pelos elementos já tornados públicos — como a falsificação dos cartões de vacina, as joias da Arábia Saudita e, em especial, a arquitetura de um golpe de Estado envolvendo diretamente Bolsonaro —, “é muito difícil” que o ex-presidente receba uma pena que mantenha sua liberdade.

DELAÇÃO É FRACA – Mesmo com as dúvidas levantadas pelo subprocurador-geral Carlos Frederico dos Santos sobre a delação do ex-ajudante ordens da Presidência Mauro Cid, os ministros da corte receberam informações de que a Polícia Federal avançou em provas ligadas aos fatos narrados pelo militar. Em entrevista ao Globo, Santos afirmou que a delação “é fraca”.

No STF, a expectativa é que a PF conclua em três meses a investigação sobre a atuação do ex-presidente em um plano golpista para impedir a posse de Lula. Esse é o caso considerado o mais grave e que pode levar Bolsonaro à prisão para os ministros da corte.

Os ministros seguem com a opinião de que hoje não há elementos que justifiquem uma prisão preventiva do ex-presidente e defendem que ele precisa ter “todas as garantias do processo legal observadas” nos processos pelos quais responde.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O que aparece de narrativas e interpretações não está no gibi. Essas especulações, porém, sempre necessitam de tradução simultânea. Por enquanto, a única informação real que existe são as declarações do procurador Carlos Frederico dos Santos, que ainda não encontrou provas para condenar Bolsonaro e considerou “fraca” a delação de Mauro Cid. Se o procurador não pedir a abertura de processo contra Bolsonaro, o Supremo ficará de saia justa. Pensem nisso. (C.N.)  

Ritmo era o que mais desejava para seu dia-a-dia o poeta baiano Waly Salomão

Um poema-manifesto de Waly Salomão, propondo que se adote um frenesi pela vida - Flávio ChavesPaulo Peres
Poemas & Canções

O advogado e poeta baiano Waly Dias Salomão (1943-2003), no poema“Hoje”, demonstra  seu frenesi pela vida, a sua sede de celebrar o momento presente: o aqui e o agora. Logo, mesmo sem expressá-lo claramente, ele demonstra o desejo implícito de passar uma borracha no passado, de suplantá-lo, sempre cultuando o ritmo do presente.

HOJE
Waly Salomão

O que menos quero pro meu dia
polidez, boas maneiras.
Por certo,
um Professor de Etiquetas
não presenciou o ato em que fui concebido.
Quando nasci, nasci nu,
ignaro da colocação correta dos dois pontos,
do ponto e vírgula,
e, principalmente, das reticências.
(Como toda gente, aliás…)

Hoje só quero ritmo.
Ritmo no falado e no escrito.
Ritmo, veio-central da mina.
Ritmo, espinha-dorsal do corpo e da mente.
Ritmo na espiral da fala e do poema.
Não está prevista a emissão
de nenhuma “Ordem do dia”.
Está prescrito o protocolo da diplomacia.
AGITPROP – Agitação e propaganda:
Ritmo é o que mais quero pro meu dia-a-dia.
Ápice do ápice.

Alguém acha que ritmo jorra fácil,
pronto rebento do espontaneísmo?
Meu ritmo só é ritmo
quando temperado com ironia.
Respingos de modernidade tardia?
E os pingos d’água
dão saltos bruscos do cano da torneira
e passam de um ritmo regular
para uma turbulência
aleatória.

Hoje…           

Pesquisas indicam que o prestígio do Poder Judiciário diminui progressivamente

charge justica | Jornal Ação Popular

Charge do Alpino (Yahoo Notícias

Deltan Dallagnol
Gazeta do Povo

O descrédito do Poder Judiciário continuará a aumentar e a crescer ano após ano, a não ser que reformas profundas sejam feitas no Supremo e em nosso sistema de Justiça. A cada dia surge um exemplo. Vejam o caso de um desembargador do Tribunal Regional Federal do Trabalho da 8ª Região, que cassou a palavra de um advogado enquanto ele utilizava a tribuna para defender o seu cliente, dizendo:

“Agora não vai se manifestar. Antes a democracia daqui do que a do Hamas, mas, se quiser, a gente adota a do Hamas também”, disse o desembargador.

ADVOGADA GRÁVIDA – Esse mesmo magistrado já havia viralizado poucos dias antes com uma outra polêmica: ele negou um pedido de adiamento de audiência que uma advogada fez em razão de ela estar entrando em trabalho de parto. O desembargador respondeu grosseiramente: “Gravidez não é doença. Adquire-se por gosto”.

Em ambos os casos, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) anunciou a abertura de reclamações disciplinares para apurar as condutas do magistrado.

Mas não parece suficiente, porque não é. Continuaremos a assistir casos e mais casos de abuso judicial enquanto o maior abuso judicial de todos estiver acontecendo: aquele em curso atualmente no Supremo Tribunal Federal, órgão máximo do Poder Judiciário.

UM MAL MAIOR – Casos como a grosseria do desembargador são apenas sintomas de um mal maior, que vem de cima, e que tem irradiado Supremo abaixo para toda a hierarquia do Poder Judiciário como uma enchente que devasta a terra após a abertura de uma barragem. No Brasil, o mau exemplo sempre veio de cima: abusos, arbitrariedades, corrupção e ilegalidades. Se os ministros do STF podem, por que os demais juízes não?

O descrédito do Poder Judiciário continuará a aumentar e a crescer ano após ano a não ser que reformas profundas sejam feitas no STF e em nosso sistema de Justiça.

Não basta o Judiciário brasileiro ser o mais caro do mundo (custando 1,5% do PIB quando na OCDE a média é 0,5%) e ser um dos mais inefetivos (a Justiça Criminal brasileira é a oitava mais inefetiva segundo o World Justice Project).

PERDA DE PRESTÍGIO – Nos últimos meses, temos visto exemplos de perseguição e punição de adversários políticos do governo, de agentes que lutaram contra a corrupção, incomodando poderosos, e até mesmo – pasmem! – das vítimas dos crimes.

Não é à toa que o Poder Judiciário é a instituição que mais perde prestígio, confiança e credibilidade perante a população. Num dos levantamentos mais recentes, a pesquisa A Cara da Democracia, publicada em setembro deste ano pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT), observa-se que 36% dos brasileiros não confiam nem um pouco no STF, percentual que no levantamento anterior, de um ano atrás, era de 32%.

Se somarmos os 20% que confiam mais ou menos no STF, assim como os 15% que confiam pouco, os números indicam que pelo menos 67% dos brasileiros não conseguem ter plena confiança no Supremo, o que é um vexame para a Corte – uma verdadeira medalha de descrédito.

AVALIAÇÃO NEGATIVA – A avaliação da Justiça Eleitoral, representada pelo TSE, braço eleitoral do Supremo, não é diferente: 31% não confiam nem um pouco na Justiça Eleitoral, enquanto que 14% confiam pouco e 30% confiam mais ou menos.

O descrédito do Poder Judiciário continuará a aumentar e a crescer ano após ano a não ser que reformas profundas sejam feitas no STF e em nosso sistema de Justiça, tanto pela própria Corte quanto pelo Congresso Nacional, que parece ter acordado, recentemente, para a escalada inaceitável dos arbítrios e desequilíbrio entre Poderes.

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Michelle e Eduardo teriam incitado Jair Bolsonaro a dar golpe, alega Mauro Cid

Exército avalia promover Mauro Cid - O Cafezinho

Charge do Jorge Braga (O Cafezinho)

Deu no Correio Braziliense
Agência Estado  

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, disse em sua delação premiada à Polícia Federal que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira-dama Michelle faziam parte de um grupo que incitava o ex-presidente a não aceitar a derrota nas urnas para o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e a dar um golpe de Estado.

As informações foram dadas pela coluna de Aguirre Talento no portal UOL.

ARGUMENTOS – Segundo Cid, esse grupo de conselheiros radicais, que incluía a ex-primeira-dama e o filho 03 – que é deputado federal por São Paulo -, dizia que Bolsonaro teria apoio da população e de pessoas armadas, incluindo os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), que tiveram o acesso a armas facilitado durante o governo do ex-presidente.

A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que as acusações são “absurdas”, enquanto Eduardo disse que a “narrativa não passa de fantasia, devaneio”.

O senador Flávio Bolsonaro, filho 01 do ex-presidente, estaria em outro grupo, que tentava convencer Bolsonaro a se pronunciar publicamente e aceitar o resultado da eleição.

DISSE BOLSONARO – O ex-presidente só falou ao público mais de 44 horas depois do fim do segundo turno, no dia 1º de novembro, mas não admitiu abertamente a derrota. Ele afirmou que as manifestações que ocupavam as ruas na época demonstravam um “sentimento de injustiça” do povo. Ficou para o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, confirmar que o governo iria cumprir a lei de transição.

Segundo a delação de Cid, a resistência de Bolsonaro em admitir a eleição de Lula e desmobilizar os acampamentos golpistas em frente a quartéis-generais das forças armadas era porque o então presidente acreditava no aparecimento de algum indício de fraude nas urnas para anular o resultado.

No entanto, segundo o ex-ajudante de ordens, nenhuma prova de fraude foi encontrada.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bolsonaro deve estar muito arrependido de ter dito que considerava Mauro Cid como “um filho”. O tenente-coronel, que enriqueceu nos Estados Unidos ninguém sabe como, agora quer passar por bonzinho e dizer que foi enganado por Bolsonaro, botando mais pimenta no angu. (C.N.)