Mudaram o curso e o rio começou a secar, até que poeticamente se deu o milagre

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Aos poucos, o rio foi secando cada vez mais

Carlos Newton

A poeta gonçalense Márcia Barroso escreveu a primeira parte do poema “Mudaram o Curso do Meu Rio”, onde externa tristeza e preocupação com as alterações climáticas e suas consequências catastróficas, enquanto que o poeta carioca Paulo Peres ao escrever a segunda parte, pede a Deus para vivificar o rio novamente.

MUDARAM O CURSO DO MEU RIO
Márcia Barroso e Paulo Peres

Mudaram o curso do meu rio
E as águas antes caudalosas
Começaram a secar

Os afluentes
Que sempre souberam sua direção
Se perderam

As nascentes
Antes potentes
Que sempre banharam a natureza
Se transformaram em filetes d’águas
Que até parecem com lágrimas
Escorrendo
Brotando lentamente
Das chagas hoje aparentes

Mudaram o curso do meu rio
E suas águas
Que antes refletiam
O brilho das estrelas
E a luz do luar
Hoje estão agonizando
Secando
Se arrastando pelos vales

Ah, meu rio
Antes tão alegre
Hoje espera pelo fim
E agora de tão triste
Até parece esperar por mim…

II

A agonia do rio
Com a mudança do seu curso
Que chover foi desafio
Invocou muito discurso

Pelo tanto que implorei,
Que cantei, que rezei,
Que Deus logo atendeu

Natureza ousou chorar
O dia inteiro choveu
Para a terra engravidar
Fez seu ventre florescer
O milagre da reprodução

A força da fé silenciou o sofrer
Transformou-se em riachão
Onde o sonho da nascente
Jorrar água novamente
Finalmente aconteceu

Alegria retornou
O meu rio renasceu

Toffoli acreditou em Tacla Duran e perdeu a credibilidade como ministro do Supremo

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Tacla Duran é pago para difamar a força-tarefa da Lava Jato

Carlos Newton

O tempo passa, o tempo voa e os ministros do Supremo — ativos e inativos — permanecem num constrangedor silêncio sobre a tresloucada decisão de Dias Toffoli, que de repente decidiu anular a chamada “delação do fim do mundo”, a maior que já foi homologada no Direito Universal, com depoimentos de dirigentes e 78 executivos da empreiteira Odebrecht.

A essa altura, está óbvio que foi celebrado um pacto entre os ministros — ativos e inativos, repita-se —, para que nenhum deles comente a desesperada atitude de Dias Tofolli, cujo objetivo era a missão impossível de “inocentar” Lula dos crimes pelos quais foi condenado, com abundância de provas e sempre por unanimidade.

MANOBRAS ARRISCADAS  – Impedir prisão após segunda instância, impondo um retrocesso jurídico medieval, que não existe em nenhum outro país da ONU, e depois “descondenar” Lula, alegando erro de endereço da vara de primeira instância, essas duas manobras foram desavergonhadas, realmente humilhantes para qualquer Suprema Corte. Tiveram de ser seguidas pela decisão bizarra que declarou a suposta “parcialidade” do então juiz Sérgio Moro, embora todas as sentenças dele tivessem sido confirmadas por unanimidade na segunda e terceira instâncias.

Não parou por aí a trama para inocentar Lula, que seguiu por etapas. Em seguida, consideraram válidas as pretensas provas de conluio da força-tarefa, obtidas ilegalmente por hackers e que sequer foram periciadas para garantir autenticidade.

Em cima disso, Lewandowski usou a alegação do doleiro Tacla Duran de que as provas do exterior foram enviadas irregularmente à Lava Jato e transportadas até dentro de sacola de mercado.

CONVERSA FIADA – Não havia provas de nada. Era tudo conversa fiada. Mesmo assim, às vésperas de se aposentar, Ricardo Lewandowski começou a anular condenações, discretamente, uma de cada vez.

Quando substituiu o ministro, Toffoli ficou encantado com essa manobra e viajou na maionese. Ora, por que não anular logo tudo e inocentar Lula? E logo se meteu a redigir as 135 laudas mais capciosas da História do Supremo.

O grande erro é que Lewandowski e Toffoli acreditaram nas afirmações do doleiro Tacla Duran, foragido do país, que conseguiu até uma estranha declaração do Ministério da Justiça, que agora veio a ser desmentida, garantindo a legalidade da cooperação internacional da Lava Jato. Além disso, também não há provas de documentos transportados em sacolas de superado. Para variar, Tacla Duran estava mentindo.

TUDO POR DINHEIRO – É incrível como os ministros do Supremo puderam confiar nesse doleiro, que vive às custas de propinas das empreiteiras, prometendo-lhes que vai destruir Sérgio Moro e a Lava Jato, para que as empresas fiquem livres de pagar os quase R$ 20 bilhões que ainda faltam?

Duran é aquele espertalhão que iludiu o juiz petista Eduardo Appio, prometendo vir ao Brasil acusar Moro. Mas ele não virá nunca, porque as provas que  diz ter foram grotescamente fraudadas, ele não pode apresentá-las, caso contrário responderá por outros crimes e sua pena aumentará.

Conforme já comentamos aqui na Tribuna, o trêfego Dias Toffoli pensou(?) que iria destruir o que resta da Lava Jato, mas o resultado pode ser justamente contrário, pois está dando motivos para que seja remontada a força-tarefa contra a corrupção .

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P.S. –
Praticamente tudo isso já era sabido, nada de novo no front ocidental. A única novidade é o constrangedor silêncio dos ministros do Supremo. Fizeram muitas coisas erradas, agora não sabem como consertar. Deviam perguntar a Lewandowski e a Toffoli, talvez tenham alguma sugestão para eles. (C.N.)

Mundo está na rota para aquecer mais de dois graus, e a culpa não é apenas do Brasil

Confira a charge de Miguel Paiva desta sexta-feira

Charge do Miguel Paiva (Arquivo JB)

Phillippe Watanabe
Folha

A mais abrangente avaliação já feita sobre o andamento do combate à crise climática aponta que, apesar de avanços ao redor do mundo desde a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, muito mais é necessário. O planeta não caminha para limitar o aquecimento ao preferível 1,5°C ou a 2°C.

Levando em conta os anúncios na última conferência climática, a indicação é que a humanidade está rumo a um aumento de 2,4°C a 2,6°C na temperatura média global em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial.

INVENTÁRIO – A UNFCCC (sigla em inglês para Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) publicou, nesta sexta-feira (8), véspera da cúpula do G20, reunião dos líderes das 20 maiores economias do mundo, o primeiro Global Stocktake, um inventário global das ações contra a crise climática.

Segundo a análise, se os compromissos de longo prazo de neutralidade climática apresentados na COP27, a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas que ocorreu ano passado, no Egito, forem totalmente implementados, o mundo tem a possibilidade de limitar o aquecimento entre 1,7°C e 2,1°C.

O documento aponta que a janela para aumentar as metas dos países e implementar os compromissos atuais para limitar o aquecimento global a 1,5°C está se estreitando rapidamente.

METAS INSUFICIENTES – “A ambição de mitigação das NDCs não é coletivamente suficiente para alcançar a meta de temperatura do Acordo de Paris”, diz o relatório. NDC é a abreviação para “nationally determined contribution”, ou contribuição nacionalmente determinada. Em resumo, são as metas de redução de emissões que os próprios países determinaram para si.

A avaliação destaca que, para alcançar uma redução de emissões de gases-estufa de 43% até 2030, 60% até 2035 (em comparação a 2019) para finalmente chegar ao chamado “net zero” global em 2050, “muito mais ambição em ação e suporte para implementação de medidas domésticas [internas, dos países] é necessária”.

“Eu insto os governos a estudarem cuidadosamente as descobertas do relatório e, em última instância, entenderem o que isso significa para eles e a ação ambiciosa que devem tomar em seguida. O mesmo vale para as empresas, comunidades e outros atores-chave”, disse, nesta sexta, Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC.

EFEITO ESTUFA – A partir da análise dos atuais compromissos climáticos dos países —as NDCs—, o documento aponta que, para o planeta ficar alinhado com a meta de limitar o aquecimento a até 1,5°C, existe uma lacuna de emissões. Ainda precisam ser cortadas de 20,3 gigatoneladas a 23,9 gigatoneladas de CO2 equivalente (unidade usada para somar os diferentes gases que causam o efeito estufa).

Quando falamos de aquecimento de 1,5°C até 2°C, a base de comparação é a temperatura do período pré-industrial, de 1850 a 1900. O documento aponta que o planeta já aqueceu 1,1°C, com inquestionável participação humana nesse processo que leva a eventos climáticos cada vez mais extremos e frequentes.

ENERGIA RENOVÁVEL – A avaliação aponta a necessidade de escalar o uso de energia renovável e eliminar todos os combustíveis fósseis. O texto trata esses pontos como indispensáveis.

Também é citada a necessidade de parar o desmatamento e a degradação de florestas, locais que são, potencialmente, sumidouros de carbono.

“A polida prosa das Nações Unidas encobre o que é um verdadeiro relatório condenatório para os esforços globais em relação ao clima. Emissões de carbono? Ainda em ascensão. Compromissos financeiros dos países ricos? Inadimplentes. Apoio à adaptação? Muito atrasado”, diz Ani Dasgupta, presidente da organização WRI (World Resources Institute), em nota. “Este relatório é um alerta para a injustiça da crise climática e uma oportunidade crucial para corrigir o rumo.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, o aquecimento climático já é uma realidade e a culpa não é do Brasil, apenas. É preciso um esforço mundial, mas não há vontade política. No Brasil, se for cumprido o Código Florestal, o país se tornará o maior paraíso ambiental do mundo. Mas o governo não consegue sequer fazer o Cadastro Ambiental Rural, para listar as propriedades rurais, o que é a base de tudo. É desanimador. (C.N.)

STF aprova  a contribuição sindical, sem definir como exercer “direito de oposição”

Contribuição Sindical e Reforma Trabalhista | Thomazinho, Monteiro,  Bellangero & Jorge

STF deixou uma brecha para tirar dinheiro do trabalhador

Fernanda Vivas
TV Globo — Brasília

Por maioria, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou válida a cobrança da chamada contribuição assistencial, que é o pagamento de um valor aos sindicatos de categoriais profissionais destinado ao custeio de atividades como as negociações coletivas — em que se acertam condições de

Os ministros concluíram o julgamento do tema nesta segunda-feira (11), no plenário virtual da Corte — formato de deliberação em que os votos são apresentados de forma eletrônica.

DOIS REQUISITOS – O Supremo deixou claro que a decisão não representa a volta da obrigatoriedade do chamado imposto sindical. Em 2017, a reforma trabalhista tornou o pagamento facultativo.

Pela decisão, a contribuição assistencial só poderá ser cobrada dos empregados que não são filiados aos sindicatos se forem preenchidos os seguintes requisitos:

1) se o pagamento for acertado em acordo ou convenção coletiva dos trabalhadores da categoria;

2) se os trabalhadores não filiados a sindicatos derem o aval expresso à cobrança.

IMPOSTO E CONTRIBUIÇÃO – Previstas em pontos diferentes da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a contribuição assistencial e imposto sindical não se confundem. Veja as diferenças de cada um:

Contribuição assistencial: é usada para custear atividades assistenciais do sindicato — principalmente as negociações coletivas. O valor não é fixo e é estabelecido por negociação. Também não tem natureza tributária.

Imposto sindical: também é conhecido como contribuição sindical e é destinado ao custeio do sistema. É equivalente à remuneração de um dia de trabalho. Antes de 2017, era obrigatória e tinha natureza de tributo. Com a reforma, só pode ser cobrada desde que o trabalhador autorize expressamente. É usado para o sindicato oferecer ao trabalhador benefícios como creche, bibliotecas, educação e formação profissional.

O caso analisado pelo Supremo se referiu somente à contribuição assistencial. Não houve discussão sobre o imposto sindical, cuja obrigatoriedade está extinta.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O Supremo deixou uma brecha para prejudicar os trabalhadores, ao deixar de definir como se exerce o “direito de oposição”. Certos direitos precisam ficar absolutamente claros. O Supremo deveria ter fixado que bastava o trabalhador comunicar a recusa por escrito ao empregador. Do jeito que ficou, os sindicatos tentarão dar um jeito que bloquear o “direito de oposição”, podem apostar. (C.N.)  

Mesmo sem provas de “terrorismo”, Moraes quer condenar o primeiro réu a 17 anos

Tribuna da Internet | A pretexto de combater a “extrema-direita”, Moraes  inventa a “democracia defensiva”

Charge reproduzida do site da Rádio Paraiso

Mariana Muniz e Reynaldo Turollo Jr
O Globo

O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a primeira sessão do julgamento que pode levar à condenação dos primeiros réus pelo 8 de janeiro. A análise do caso envolvendo o primeiro réu, Aécio Lúcio Pereira, será retomada nesta quinta-feira com o voto do ministro Cristiano Zanin.

Até o momento, apenas dois ministros votaram: o relator, Alexandre de Moraes, e o revisor, Nunes Marques. Enquanto Moraes propôs a pena de 17 anos de prisão para o réu, com regime inicial fechado, Nunes Marques sugeriu uma condenação de dois anos e seis meses em regime aberto.

VALOR DOS ESTRAGOS – No início do julgamento nesta manhã, Moraes mencionou que o prejuízo estimado pelos estragos causados no dia 8 de janeiro foi superior a R$ 15 milhões. Ao ler o relatório sobre a primeira ação penal analisada, o magistrado elencou os valores calculados após a invasão dos prédios.

— O prejuízo inicialmente estimado, e sem contar os danos incalculáveis a bens da União, foi de R$ 3,5 milhões no Senado Federal e R$ 3,039 milhões na Câmara dos Deputados. No Palácio do Planalto, os danos ultrapassam o valor de R$ 9 milhões apenas com obras de arte. No Supremo Tribunal Federal, ainda não há prejuízo estimado. Todos os valores serão aferidos — disse ele.

Moraes relembrou a destruição causada pelos radicais, que, segundo ele, estavam “possuídos de ódio irracional, quase patológico” e, “imbuídos de ousadia, ignorância, destroçaram bens públicos sujeitos a proteção especial, tombados pelo patrimônio histórico, como mobiliário, tapetes e obras de arte”.

SUBPROCURADOR APÓIA – O subprocurador-geral da República Carlos Frederico dos Santos, responsável pela investigação dos ataques, iniciou sua fala nesta manhã destacando que o julgamento representa um “marco na democracia”. Carlos Frederico disse que o país deixou de ser uma “república de bananas”, e que golpe de Estado é “página virada na história” brasileira.

O início dos julgamentos ocorre às vésperas da aposentadoria da presidente do STF, ministra Rosa Weber. Ela convocou sessões extras para esta semana para que pudesse participar da análise dos primeiros casos.

A expectativa no Supremo é que os julgamentos iniciais tenham forte carga simbólica, com recados duros, e terminem com punições exemplares. Os próximos julgamentos devem ser no plenário virtual.

EM JULGAMENTO –  Os quatro primeiros réus a serem julgados são Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar, Moacir José dos Santos e Matheus de Carvalho Lázaro.

Pereira, cujo processo é o primeiro a ser analisado, é ex-funcionário da Sabesp, a companhia de saneamento de São Paulo. Ele foi flagrado dentro do Congresso no dia 8 de janeiro usando uma camiseta com as inscrições “intervenção militar já”. Naquele dia, ele postou um vídeo sentado na mesa Diretora do Senado no qual dizia “Vai dar certo, não vamos desanimar”.

O advogado de Pereira, Sebastião Coelho da Silva, que é desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, negou que tenha havido a tentativa de um golpe de Estado. O defensor buscou minimizar a gravidade dos danos e das armas utilizadas pelos radicais.

DIZ O ADVOGADO — “Qual Poder deixou de funcionar? Este Supremo estava em recesso, o Congresso estava em recesso, o presidente da República, no dia seguinte, fez reunião com Vossas Excelências no Palácio do Planalto — disse o advogado. — Não é razoável dizer que houve tentativa de impedir o funcionamento dos Poderes — afirmou, acrescentando que seu cliente não praticou violência. Por fim, Coelho da Silva pediu que o Supremo reconhecesse que o processo deveria ser julgado na primeira instância, e não ali. O pedido foi rejeitado por Moraes.

No processo, a defesa de Pereira argumentou que ele estava em uma “manifestação pacífica” e que as depredações foram feitas por pessoas infiltradas, alheias aos que estavam acampados em frente ao Quartel-General do Exército.

Segundo os advogados, a denúncia oferecida pela PGR foi genérica e não individualizou a conduta do acusado.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Não é julgamento, mas justiçamento. Não há nenhuma prova contra o réu, uma só imagem dele destruindo alguma coisa, não há testemunha dizendo que ele quebrou isso ou aquilo. É apenas um desempregado que ganhou uma viagem a Brasília, com refeições gratuitas, e se iludiu com a política. Apenas isso. Dar 17 anos de prisão a esse pobre coitado é uma injustiça que clama aos céus. Os verdadeiros depredadores, que chegam na véspera e se hospedaram em hotéis, tinham máscaras contra gases, luvas protetoras e barras de ferro. Eram facilmente identificáveis pelo registro nos hotéis, mas nenhum deles foi preso. Meus Deus, é desesperador ver o Supremo chamar de terrorista um brasileiro desempregado que nem sabe o que significa terrorismo. (C.N.)

Usar a AGU para perseguir Garcia é uma medida ridícula do governo Lula

Alexandre Garcia toma atitude após ser alvo de decisão drástica do Governo  Lula

Garcia errou ao divulgar a informação sem confirmá-la

Diógenes Freire Feitosa e Leonardo Desideri
Gazeta do Povo

Alexandre Garcia é o mais novo integrante da lista de desafetos do governo petista. Depois de cobrar apuração sobre a eventual responsabilidade do governo federal na tragédia que atingiu o Rio Grande do Sul na semana passada, o jornalista com mais de cinco décadas de carreira virou alvo de uma investigação na recém-criada Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), uma espécie de órgão censor para identificar e punir críticos do governo, que vem sendo chamada de “Ministério da Verdade”. A PNDD está subordinada à Advocacia-Geral da União (AGU), que é comandada por Jorge Rodrigo Araújo Messias, que Dilma Rousseff chamava de “Bessias”.

Ao comentar sobre a tragédia no RS no programa “Oeste Sem Filtro”, no último dia 8, Alexandre Garcia disse que “a chuva foi a causa original [da tragédia]. Mas no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, três represas pequenas que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo”.

Em seguida, o jornalista defendeu que as autoridades deveriam apurar a responsabilidade do governo no agravamento da tragédia que deixou 46 mortes.

INVESTIGAÇÃO – Após a repercussão da fala do jornalista, o advogado-geral da União foi às redes sociais anunciar que determinou a “imediata instauração de procedimento contra a campanha de desinformação promovida” por Garcia.

Jorge Messias disse ainda que a declaração de Garcia é “inaceitável” e que o governo vai “buscar a responsabilização” do jornalista. Eventuais medidas a serem adotadas contra Garcia ainda não foram divulgadas pela AGU.

Após a manifestação do advogado-geral da União (AGU), o ministro da Justiça, Flávio Dino, também se posicionou sobre o caso, ainda que não tenha mencionado Garcia diretamente. Sem citar qualquer dispositivo da legislação vigente, Dino disse que “fake news é crime” e afirmou que a Polícia Federal “adotará as providências previstas em lei”.

NEM É CRIME… – A postagem de Dino foi enquadrada pelo recurso “notas da comunidade”, do X (antigo Twitter), por trazer a informação falsa de que as fake news são um tipo penal no Brasil.

“No Brasil, não há uma lei específica que defina e puna a criação e o compartilhamento de fake news, mas dependendo do conteúdo e do dano que elas causam, elas podem se enquadrar em outros crimes, como calúnia, difamação, injúria, racismo, homofobia, entre outros”, afirma a nota, produzida pela comunidade de usuários da rede.

A movimentação petista contra o jornalista ocorre no mesmo momento em que o presidente Lula enfrenta críticas por não ter visitado a região atingida pela tragédia.

GARCIA EXPLICA – Em vídeo divulgado em seu canal no YouTube na segunda-feira (11), Alexandre Garcia afirmou que seu objetivo era exigir transparência e pedir investigação sobre o caso, e não o de lançar acusações.

O jornalista ressaltou que os próprios prefeitos dos municípios da região do Rio das Antas levantaram, na semana passada, a dúvida sobre uma eventual influência das instalações do Complexo Energético Rio das Antas (CERAN) nas enchentes. Ele afirmou que apenas reproduziu a preocupação trazida pelas autoridades e manifestou a opinião de que era necessário investigar o caso.

No vídeo, Garcia também leu a nota enviada pela CERAN em resposta aos prefeitos – que não é conclusiva sobre os efeitos das instalações nas enchentes. “Se eu tivesse a nota oficial naquela noite, eu teria lido o texto da empresa imediatamente”, disse o jornalista.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Enviada por Mário Assis Causanilhas, a matéria esclarece bem a questão. A tal “fake news” não partiu de Alexandre Garcia, que cometeu um erro grave ao retransmitir a informação sem confirmá-la. Outro detalhe: também estão atribuindo a Garcia a notícia de que as três usinas foram construídas fora das especificações, mas ele já provou que jamais disse isso. (C.N.)

Miguel Reale, um jurista de trajetória notável, recusou o Supremo duas vezes

As heranças filosóficas e concretas de Miguel Reale

Miguel Reale realmente tinha o “notório saber”

José Carlos Werneck

Miguel Reale, em uma entrevista, certa vez contou que o ex-presidente Ernesto Geisel era uma personalidade de um espírito muito violento e um autocrata. “A palavra talvez mais ajustada a ele seria esta, autocrata, no sentido de querer impor sempre a sua vontade, como ele demonstrou em 1977, quando quis fazer a reforma do Poder Judiciário, que foi recusada pela Câmara dos Deputados. Incontinenti, ele decretou o recesso parlamentar e impôs, por emenda constitucional, a reforma por ele desejada. Assim, ele era um homem que não compreendia determinadas atitudes”.

CONVITE RECUSADO – E lembrou de um fato acontecido com ele que demonstra bem a natureza do espírito do ex-presidente. “Ele me convidou, como já o fizera o Presidente Costa e Silva, para ser membro do Supremo Tribunal Federal, mas confesso que jamais tive vocação para juiz, ainda que da Suprema Corte”, disse, acrescentando:

“Declarei que tinha compromissos de ordem filosófica com o Instituto Brasileiro de Filosofia, que eu havia fundado e do qual era Presidente, e com o compromisso do meu pensamento, com minha vocação verdadeira de jurista e de filósofo. Enquanto Costa e Silva o compreendeu e nada disse, Geisel de certa maneira respondeu: Há certos cargos que quem é patriota não pode recusar”.

“Eu respondi: Cabe a cada um saber no que consiste o patriotismo” e conclui: “Veja bem o tipo de homem ao qual estamos nos referindo!”- narrou Reale.

DISPUTA DA VAGA – Numa época, em que vemos supostos “juristas” nada “notáveis” disputando a qualquer preço uma indicação para integrar o STF, lembramos que Miguel Reale, profundo conhecedor da Ciência do Direito, para se dedicar a fazer o que realmente gostava, recusou convites que muitos consideram indeclináveis.

Sua trajetória é realmente brilhante. Formado em 1934 pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, onde sete anos depois já era professor e  por duas vezes reitor eleito nos períodos de 1949 a 1950 e de 1969 à 1973.

Em 1969 foi nomeado pelo presidente Artur da Costa e Silva para a “Comissão de Alto Nível”, incumbida de rever a Constituição de 1967. Ocupou a cadeira 14 da Academia Brasileira de Letras, a partir de 16 de janeiro de 1975. Escreveu coluna quinzenal no jornal “O Estado de S. Paulo”, onde discorreu sobre questões filosóficas, jurídicas, políticas e sociais da atualidade. Integrou a Academia Paulista de Letras.

OUTRAS ATIVIDADES – Foi supervisor da comissão elaboradora do Código Civil brasileiro de 2002, cujo projeto foi posteriormente sancionado pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, tornando-se a Lei nº 10.406 de 2002, novo Código Civil, que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003.

Como um dos fundadores da Academia Brasileira de Filosofia, Miguel Reale foi organizador de sete Congressos Brasileiros de Filosofia (1950 a 2002) e do VIII Congresso Interamericano de Filosofia (Brasília, 1972), relator especial nos XII, XIII e XIV Congressos Mundiais de Filosofia (Veneza, 1958; Cidade do México, 1963; e Viena, 1968).

Depois, foi conferencista especialmente convidado pela Federação Internacional de Sociedades Filosóficas para os XVI e XVIII Congressos Mundiais (Düsseldorf, Alemanha, 1978; e Brighton, Reino Unido, 1988), e organizador e presidente do Congresso Brasileiro de Filosofia Jurídica e Social (São Paulo, 1986, João Pessoa, 1988 e Paraíba, 1990).

IMPORTANTE OBRAS – Escreveu entre outros, “Filosofia do Direito’ e “Lições Preliminares de Direito”, “O Direito como Experiência”, “Horizontes do Direito e da História”, “Experiência e Cultura”, “Nos Quadrantes do Direito Positivo”, “Pluralismo e Liberdade, obras clássicas do pensamento filosófico-jurídico.

Diversos livros seus foram vertidos para outras línguas, como o italiano, o espanhol e o francês.

Dentre suas contribuições, a que lhe atribuiu maior prestígio foi a Teoria Tridimensional do Direito, apresentada primeiramente em suas obras “Teoria do Direito e do Estado” e “Fundamentos do Direito”, de 1940, quando buscou integrar três concepções de direito: a sociológica (associada aos fatos e à eficácia do direito), a axiológica (associada aos valores e aos fundamentos do direito) e a normativa (associada às normas e à vigência do direito).

Miguel Reale é um nome a ser para sempre lembrado.

Aras está errado! Polícia Federal não só pode, como deve conduzir acordos de delação

Qual será o lugar de Aras na história da crise democrática ...

Aras é o goleiro de Bolsonaro (Charge de Amarildo)

Jorge Pontes
Veja

A homologação, pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, do acordo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, um dos mais próximos auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi a notícia que dominou as redes sociais nesse último sábado, 9 de setembro.

O faz-tudo de Bolsonaro, ao que tudo indica, implicará o ex-chefe em investigações relativas à venda de joias, às fraudes em cartões de vacinação e, ainda, no inquérito que apura as tramas golpistas.

FIM DA LINHA – Pela proximidade que Cid tinha com o então presidente, tudo indica que Bolsonaro dessa vez irá para o cadafalso, pois terá muita dificuldade para negar os pontos relatados por seu ex-ajudante de ordens. Bom lembrar que se o conteúdo da delação não fosse extremamente relevante, a PF não teria avançado no acordo e tampouco Alexandre de Moraes o teria homologado.

Logo que a notícia tomou as manchetes digitais dos principais jornais do país, o procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifestou, declarando que a PGR não aceita processos de delação conduzidos pela PF.

Não se entende bem por qual razão Aras teria reagido dessa forma. Se simplesmente para prestar um derradeiro socorro ao presidente que o indicou ao cargo ou se para manter a eterna queda de braço de sua instituição com a PF, quase sempre motivada pela disputa por protagonismo no cenário da persecução penal no país.

ERRO GROSSEIRO – E Aras está redondamente enganado no seu posicionamento. Não apenas a Lei 12.850/2013 – conhecida como Lei das Organizações Criminosas – é clara e concede aos delegados de polícia, nos autos do inquérito policial, a capacidade de celebrar tais acordos, como o próprio Supremo Tribunal Federal, em decisão que remonta o ano de 2018, já bateu o martelo, decidindo que a participação da PF nesses processos não fere a Constituição Federal e tampouco descalibra o poder do Ministério Público.

Como se já não bastasse o texto legal e a decisão do STF, há inúmeros motivos lógicos e práticos para que a polícia judiciária seja contemplada com essa capacidade.

O primeiro e mais robusto deles é o fato de que as colaborações premiadas – ou delações – são “meios de obtenção de prova”, isto é, se consubstanciam em instrumentos da investigação, tal qual as interceptações de comunicação, as escutas ambientais e a infiltração policial, entre outros.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Jorge Pontes é delegado federal e tem toda razão. Aras quer criar um monopólio para o Ministério Público que não existe na lei. O único monopólio que o MPB tem é de recorrer contra decisão errada do Supremo, mas isso Aras nunca fez, sempre deixou o STF errar à vontade, sendo conivente o tempo todo. (C.N.)  

Quanto mais o STF diz que Lula é “inocente”, mais pessoas acreditam que é mesmo culpado

Charge DO DIA: Justiça brasileira começa a sujar fantasia de anjo de Lula -  Jota A! - Portal O Dia

Charge do Jota A (O Dia/PI)

J.R. Guzzo
Gazeta do Povo

O presidente Lula, definitivamente, tem uma neurose complicada com a noção geral de justiça. Já conseguiu do STF, TSE e coisas parecidas tudo o que um cristão poderia querer, mas não fica contente com nada. Saiu da cadeia, onde estava há vinte meses cumprindo pena por sua condenação pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, porque o STF anulou a lei que estabelecia a prisão fechada para condenados em segunda instância.

O mesmo tribunal declarou extintas as ações contra ele, criando um novo instituto no Direito brasileiro – a “descondenação”. O condenado não é absolvido, mas a partir daí “não deve nada à Justiça”, de acordo com os jurisconsultos da TV Globo. Lula obteve também uma declaração judicial de que o juiz que o condenou, o atual senador Sergio Moro, não foi “imparcial”.

TUDO Á VONTADE – Lula não tem preocupação nenhuma com a qualidade jurídica dos manifestos que o STF lança em seu favor. Conseguiu do TSE a decisão de que o seu principal adversário não pode mais disputar eleições.

Conseguiu, ali mesmo, a cassação do deputado federal que foi promotor na sua condenação. Conseguiu agora uma declaração de que foi vítima de “um dos maiores erros judiciários da história do país”. É cômico, mas é assim que o STF se comporta em tudo o que tenha a ver com Lula.

O autor desta última proclamação judicial a favor de Lula é o ministro Dias Toffoli – advogado do PT, nomeado pelo próprio Lula para o STF e repetente, por duas vezes seguidas, no concurso público para juiz de Direito.

SEM SUBSTÂNCIA – Ele não apresenta nenhum fato objetivo para explicar de maneira coerente que erro foi esse. O despacho que deu é apenas um discurso político, escrito em mau português, desprovido de raciocínio lógico e sem sinais visíveis de vida inteligente. Mas quem está interessado nesse tipo de coisa?

Lula não tem preocupação nenhuma com a qualidade jurídica dos manifestos que o STF lança em seu favor. O que exige, e obtém sempre, são esses certificados sucessivos de bom comportamento – é a sua ideia fixa, que não dá sinais de estar em processo de cura

Para o que, afinal, serviria esse esforço todo? Não se sabe. Não é, certamente, para convencer ninguém da sua inocência; Lula não põe o pé na rua há anos, e muito menos hoje, com medo de ser chamado de ladrão.

ETERNO CULPADO – Não adianta nada o STF fazer o que faz. Na verdade, parece ser o contrário: quanto mais a “suprema corte” diz que Lula é inocente, quando mais gente acredita que ele é culpado.

Também não há necessidade nenhuma de ficarem repetindo essa mesma história para mostrar ao PT que o presidente não fez nada de errado; foi, apenas, vítima de uma conspiração universal por parte dos inimigos do “Estado de Direito”.

A esquerda brasileira nunca vai acreditar em qualquer denúncia de corrupção contra Lula – nem se ele mesmo, em pessoa, aparecer na televisão e confessar em público que roubou. As classes intelectuais não acreditam. A maioria dos jornalistas não acredita. O papa Francisco não acredita. Não precisam do STF, e nunca vão precisar, para que continuem achando exatamente o que acham.

(Artigo enviado por Mário Assis Causanilhas)

Doleiro Tacla Duran mentiu e fez Toffoli errar ao anular a delação da Odebrecht

Tacla Durán sobre a imparcialidade de Moro: 'Interpol decidiu meu caso' |  VEJA

Advogado passou uma informação falsa de Tacla Duran

Mariana Muniz
O Globo

O Ministério da Justiça encaminhou nesta terça-feira um ofício ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli em que afirma ter localizado uma solicitação de cooperação com a Suíça para o recebimento de provas de um dos sistemas usados pela Odebrecht para pagamento de propina. O trâmite na pasta teria sido cumprido para municiar a Procuradoria-Geral da República (PGR) em acordo de leniência da empreiteira.

Em uma decisão dada na semana passada, em que determinou a anulação de todas as provas obtidas no acordo de leniência da Odebrecht, Toffoli citou o acesso clandestino dos investigadores da Lava-Jato ao sistema Drousys, e ainda a falta de formalização de acordos de cooperação jurídica internacional, que devem ser firmados pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), vinculado ao Ministério da Justiça.

PEDIDO LOCALIZADO – No novo documento, agora enviado ao Supremo, o departamento diz ter localizado um pedido de assistência em matéria penal para a obtenção da “cópia integral eletrônica dos dados relativos ao sistema DROUSYS”. Esse sistema era usado pelo setor de Operações Estruturadas da empreiteira baiana para controlar os pagamentos indevidos a autoridades e políticos.

Em momento anterior à decisão de Toffolli, o DRCI informou não ter encontrado informações sobre cooperação. O envio foi feito após nova pesquisa de dados, segundo o órgão.

“Desta maneira, em que pese o pedido de cooperação juridica internacional não tenha sido realizado no bojo da ação informada originariamente, informa-se que foi enviado pedido para obtenção dos sistemas às autoridades suíças em 03.06.2016. Na data de 28.09.2017 foi encaminhado o pendrive contendo as cópias dos referidos sistemas para PGR, com o envio das senhas de acesso para este órgão em 02.10.2017. Desta forma, considera-se que, a partir desta data (O2.10.2017), as provas em comento foram efetivamente transmitidas às autoridades requerentes”, explica o DRCI.

TACLA DURAN – As informações erradas sobre a cooperação foram prestadas a Toffoli no escopo de uma ação apresentada ao STF pelo advogado Rodrigo Tacla Duran, que pedia à Corte a extensão dos efeitos da decisão que declarou a imprestabilidade das provas obtidas a partir do acordo de leniência da Odebrecht.

Em uma petição inicialmente encaminhada pelo DRCI, o órgão informava não ter “(…) encontrado registro de pedido de cooperação jurídica internacional ativo (apresentado por autoridade requerente brasileira) para fins de recebimento do conteúdo dos sistemas Drousys e My Web Day B. Os pedidos de cooperação que tiveram tal propósito foram passivos, ou seja, foram apresentados por autoridades estrangeiras para obtenção das informações que se encontravam em poder das autoridades brasileiras”.

RECURSO AO STF – Em um recurso apresentado ao STF contra a decisão de Toffoli, que anulou todas as provas decorrentes da leniência da Odebrecht, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) argumentou que o Ministério Público Federal (MPF) solicitou à Suíça, por meio de regular procedimento de cooperação jurídica internacional, cópia integral dos sistemas que haviam sido apreendidos em autônoma investigação suíça.

“O que efetivamente se sabe é que o Relatório final da Sindicância demonstrou de forma expressa que não houve qualquer irregularidade na condução do Acordo de Leniência, sobretudo em relação ao acesso, pelo MPF, aos sistemas de controle operados pela empresa, que decorreu de entrega voluntária dos dados por parte da empresa leniente e também de cooperação jurídica internacional, a qual, por sua vez, foi devidamente processada pelo DRCI e cujos documentos estão assinalados na citada sindicância”, diz o recurso da ANPR.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
– A importantíssima matéria de Mariana Muniz requer tradução simultânea. O processo estava com Ricardo Lewandowski e passou a Dias Toffoli após a aposentadoria. E como é que dois ministros experientes como Lewandowski e Toffoli foram dar ouvidos a um doleiro vagabundo como Tacla Duran, foragido do país e que forjou provas contra Moro e nunca as apresentou em juízo, para evitar que fossem periciadas? Somente a paixão política exibida por Lewandowski e Toffoli pode explicar um vacilo deste tamanho. E agora, como fica a anulação das provas da Odebrecht? Vamos voltar ao assunto, com detalhes impressionantes e absoluta exclusividade. É a credibilidade do Supremo que está em jogo. (C.N.)

“Cid é decente e não vai inventar nada”, diz Bolsonaro, que pretende abraçá-lo em breve

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)

Bolsonaro deu entrevista antes de fazer a cirurgia

Mônica Bergamo
Folha

Um dia antes de se submeter a uma cirurgia e endoscopia para corrigir desvio de septo e hérnia de hiato, na manhã de terça (12), Jair Bolsonaro recebeu a coluna para uma conversa na suíte do hospital Vila Nova Star, em São Paulo. Assim que o gravador foi ligado, e antes mesmo da primeira pergunta, ele negou que tenha participado de uma tentativa de golpe no Brasil.

“Desde que assumi, eu fui constantemente acusado de querer dar um golpe, tendo em vista a formação do meu ministério, e as minhas posições como parlamentar. Mas vocês não acham uma só situação minha agindo fora das quatro linhas da Constituição. Nenhuma. Não seria depois do segundo turno que eu iria fazer isso. Muito menos no 8/1. Eu já não era mais nada, estava fora do Brasil.”

O senhor diz que o ministro Alexandre de Moraes quer de qualquer forma envolvê-lo nos atos golpistas. Mas na verdade há mais quatro inquéritos em andamento [sobre milícias digitais, falsificação de vacinas, venda de joias e ataque às urnas eletrônicas]. Por que o senhor dá mais atenção ao do 8/1?
O 8/1 foi um movimento que, no meu entender, teve a participação do Poder Executivo [referindo-se ao governo Lula]. O nosso pessoal sempre foi de paz. Fez movimentos enormes no Brasil todo, e você não via uma cesta de lixo queimada, uma vidraça quebrada. E o que estamos vendo na CPMI são imagens apagadas. E as que vazaram na CNN mostravam o general G Dias passeando entre “terríveis terroristas e criminosos”, os “golpistas”. Portanto o 8/1 foi um movimento que, no mínimo, contou com a omissão do atual governo. Eu estava nos EUA e repudiei aquilo. Dei uma bobeada. Eu estava internado, tinha tomado morfina. E fiz a postagem no dia 10, dois dias depois [do 8/1], quando tudo já tinha acabado.

Como o senhor recebeu a notícia de que o tenente-coronel Mauro Cid fará uma delação premiada no âmbito de inquéritos em que o senhor também é investigado?
Com tranquilidade. Ele foi pessoa de minha confiança ao longo dos quatro anos. Fez um bom trabalho. E tinha aquela vontade de resolver as coisas. O telefone dele, por exemplo, eu chamava de muro das lamentações. Não só militares, mas civis que queriam chegar a mim, vinham através dele.

O senhor não tem medo de que ele fale alguma coisa que o comprometa?
Não, não tenho. Ele não participava de nada. Eu estive com o Putin, por exemplo. Estive com o Trump. Éramos eu e o intérprete. Ele nunca estava. Ele agendava, ali, os horários de encontros com chefes de Estado, com ministros, com autoridades, com comandantes de força. Mas nunca participou dessas reuniões. Quando você conversa com os quatro estrelas, não fica nenhum tenente-coronel do lado. Até mesmo por uma questão de hierarquia.

O senhor quer dizer que ele é um personagem menor, lateral, e, portanto, sem informações?
Ele era de confiança. Tratava das minhas contas bancárias. Cuidava de algumas coisas da primeira-dama também. Era um cara para desenrolar os meus problemas. Um supersecretário de confiança. Fala inglês, é das forças especiais, é filho de um general da minha turma [Mauro Lourena Cid]. Mas ele não participava. Se você tirar da minha vida os presentes e o 8/1, que foi depois do fim do meu mandato, não tem o que falar do meu governo, com todo o respeito. Posso ter tido briga com a imprensa e falado palavrão, porque a gente fica revoltado. Fora isso, não há nada para falar.

O senhor diz isso, mas a proposta de delação dele foi aceita e homologada pelo STF.
Ministros do Supremo foram contra as prisões da Lava Jato que obrigavam o cara a falar. E falavam qualquer coisa, segundo eles, né? [Um dos advogados o interrompe e afirma que o tenente-coronel Mauro Cid sofreu um esgarçamento emocional por ficar preso quatro meses sem denúncia e sem ter como se defender. Bolsonaro diz então que concorda]. Eu vejo da mesma forma que o advogado fala aí. Não tenho nenhuma preocupação com a minha vida particular. Falam muito das contas da Michelle. Ela está tentando pegar o extrato na Caixa, e a Caixa não dá. Eu até perguntei a ela agora há pouco, quanto dava, em média, por mês. Não chegava a R$ 3.000. É ridículo.

E o cartão corporativo?
Nas primeiras semanas de governo, a Michelle foi ver o que poderia comprar com cartão corporativo. Não podia comprar, por exemplo, ração para cachorro e absorvente. Então ela tem nota fiscal de ração para cachorro, absorvente, gastos de R$ 2,50 na farmácia. Tem tudo. Até me surpreendeu. Eu sacava por mês das minhas contas, do meu salário de presidente e de proventos de capitão do Exército, em média, R$ 24 mil.

Então o senhor acha que o Cid não tem nada para falar…
O Cid é uma pessoa decente. É bom caráter. Ele não vai inventar nada, até porque o que ele falar, vai ter que comprovar. Há uma intenção de nos ligar ao 8/1 de qualquer forma. E o Cid não tem o que falar no tocante a isso porque não existe ligação nossa com o 8/1. Eu me retraí, fiquei no Palácio da Alvorada dois meses, fui poucas vezes na Presidência. Recebi poucas pessoas.

Ainda sobre o Cid, o senhor tinha afeto por ele.
Tenho, tenho. Sempre o tratei como um filho meu. Eu sinto tristeza com o que está acontecendo, né? Eu não queria que ele estivesse nessa situação. Ele é investigado desde 2021. Por fake news? Por causa das minhas lives, em que eu falava de Covid-19? Qual é a tipificação de fake news no Código Penal? Não tem. É como ser acusado de ter maltratado um marciano. Não existe isso aí. Por que se abre um inquérito dessa forma, e os inquéritos duram para sempre? Qual é a intenção?

Mas qual é o seu sentimento sobre ele depois dessa delação?
Quando eu era segundo-tenente do Exército, fiquei revoltado com um soldado e mandei um relatório para o subcomandante, um tenente-coronel antigão. Ele me chamou e disse: “Reflita sobre o que você escreveu e volte aqui às 16h. E mais: se coloque no lugar do soldado”. Quando voltei, à tarde, pedi para rasgar o que eu tinha escrito. Eu me coloquei no lugar do soldado. E agora, nos meus dias de reflexão, eu me coloco no lugar do Cid. E eu tenho um pensamento sobre ele: eu pretendo –e brevemente, se Deus quiser– dar um abraço nele. É só isso que eu posso falar.

A Polícia Federal também investiga, no âmbito do inquérito do ataque às urnas eletrônicas, uma reunião do senhor com Walter Delgatti da qual Cid teria participado. O senhor não se arrepende de ter recebido, como presidente da República, um hacker que, como diz o Sergio Moro, tinha uma alentada ficha corrida?
Ele estava em liberdade. Perguntei: O que você tem pra falar? Encaminhei para a comissão de transparência eleitoral [das Forças Armadas]. Ponto final. Com quase 2.000 pessoas presas [pelo 8/1], buscam a pessoa que poderia ter organizado aquilo. O meu celular foi apreendido. Não tem nada a meu respeito. Não tem. Nem forçando a barra vão encontrar algo [que o ligue aos ataques].

O senhor, quando era presidente, chegou a discursar em frente ao QG do Exército para manifestantes que pediam intervenção militar. Isso não ajuda na contextualização de que havia uma tentativa de golpe no país?
O pessoal estava se manifestando lá em frente ao Forte Apache e eu apareci. Botei panos quentes. Estava lá o cara levantando a faixa a favor do AI-5. Conversa com ele, pergunta se ele sabe o que é AI-5. Não existe mais AI-5 desde a década de 1970. Eu dizia “para de focalizar nesses assuntos porque apenas traz coisas contra a gente”. Ao longo do tempo, acabaram essas faixas. A gente vai educando o povo, para que as pessoas façam um protesto produtivo, e não provocativo. Se você observar, o número de pessoas em frente ao QG do Exército foi diminuindo depois que eu saí da Presidência. Por que nós permitimos que eles ficassem lá? Para dar segurança a eles. Ali não tinha prostituição, não tinha drogas, não tinha violência, não tinha armas, não tinha nada.

O Valdemar Costa Neto, presidente do seu partido, o PL, disse que as decisões dos magistrados contra o senhor são exageradas e que ‘brincadeiras’ deles vão se voltar como bumerangue contra o Judiciário. O que o senhor acha?
O Valdemar é uma excelente pessoa, mas ele gosta de responder tudo, e às vezes dá uma extrapolada aí. Ele tem sido 100% comigo. Agora, o que eu vejo nisso tudo aí? Tem certas pessoas, na República, que, de acordo com o poder, parece que são imortais ou que vão viver mil anos. Não existe pensarem “será que teve alguma coisa contra a vontade, vamos relevar?”. Não. A ideia simplesmente é ir no fígado. Se eu estivesse morto politicamente, não seria assim. A pressão é enorme porque eu represento alguma coisa ainda para o nosso Brasil. E se um dia vier a acontecer um retorno, o que é muito difícil, a gente saberá como se conduzir melhor, sem a inexperiência que tive no início. O nosso governo, queiram ou não os críticos, marcou a população brasileira.

O senhor enxerga a possibilidade ser preso?
Dentro da lei, não vislumbro isso para mim. Eu pergunto aos advogados, e eles me dizem que só se for por uma medida de força. Eu teria que ter um julgamento. Eu seria preso preventivamente? Por quê? Eu não estou obstruindo as investigações, não estou conversando com quem  tem medidas cautelares, não estou buscando combinar nada com ninguém, tá certo? Agora, nós reclamamos porque o nosso processo deveria estar correndo na primeira instância [da Justiça], como aconteceu com o Lula e com todos os que já teve problema. Todos. E isso não está sendo respeitado. Por que eu estou [sendo julgado] no Supremo Tribunal Federal? Porque ali não cabe recurso para mim.

O senhor está passando por novas cirurgias e tem problemas recorrentes de saúde. Tem medo de morrer?
Recebi agora imagens, inéditas para mim, de 2018, em que eu estava delirando [fica com lágrimas nos olhos]. Se eu tivesse morrido, não teria sentido nada. Então essa questão de vida, de morrer, não morrer, ela virá naturalmente. Só peço a Deus que, se for morrer um dia, eu morra sem sofrimento. Diferente do meu pai, que sofreu muito com um câncer. Então essa é a vida.

Lula diz que Bolsonaro estava envolvido até os dentes na tentativa de golpe

Charge do Laerte (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Perguntado por  jornalistas na tarde de segunda-feira em Nova Delhi, na Índia, sobre a delação do tenente-coronel Mauro Cid, o presidente Lula da Silva disse – reportagem de Patrícia Campos Mello, Folha de S. Paulo de ontem – que o ex-presidente Jair Bolsonaro estava envolvido até os dentes na tentativa de golpe de Estado deflagrada no dia 8 de janeiro com a invasão de Brasília.

“Estava altamente comprometido. A cada dia vão aparecer mais coisas e vamos ter mais certeza de que havia a perspectiva de um golpe contra a democracia”, afirmou. Lula destacou também que Bolsonaro só não estava pensando em golpe quando se encontrava preocupado em vender as joias que recebeu como presente. As declarações do presidente da República dão sequência política ao processo instaurado pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal.

CONTESTAÇÃO  – Inclusive, revela Julia Chaib, Folha de S. Paulo de ontem, que os advogados encarregados da defesa de Bolsonaro já começaram a estudar a hipótese de contestar a delação de Mauro Cid à Polícia Federal.   Logo, constata-se que a posição do ex-presidente da República é plenamente defensiva e se volta agora para tentar contestar as evidências que forem apresentadas por Mauro Cid.

O propósito básico não é contestar a existência de fatos, mas a legitimidade do depoimento do ex-ajudante de ordens que pode comprometê-lo fortemente, incluindo além da falsificação dos comprovantes de vacinação, venda das joias e projeto de decreto contra a Justiça Eleitoral, também o encontro com o hacker Delgatti no Palácio da Alvorada. O encontro tinha como objetivo achar um caminho falsamente técnico para contestar ou intervir nas urnas eletrônicas.

INVASORES –  A Procuradoria-Geral da República manifestou-se pela condenação dos que invadiram e cometeram depredações em Brasília no dia 8 de janeiro, pela tentativa de desordem e a prática de um golpe de Estado para implantar um regime autoritário no país

A PGR assinala a existência de um conjunto probatório que não deixa dúvidas quanto ao projeto subversivo das manifestações e depredações. As primeiras condenações evidentemente abalarão a posição dos demais acusados pelo vandalismo e pela ideia de atentar contra a Constituição e a democracia.

CENTRÃO –  Numa excelente reportagem no O Globo desta terça-feira, Lauriberto Pompeu revela que apesar de ter aberto espaço para o PP e o Republicanos, o presidente Lula da Silva ainda vai encontrar dificuldades para aprovar a sua agenda econômica no Congresso, sobretudo na Câmara dos Deputados.

O presidente da Câmara, deputado Arthur Lira, está prevendo a necessidade de ainda mais entendimentos, inclusive no que se refere à reforma administrativa e às resistências aos projetos do ministro Fernando Haddad. Apesar da substituição de Ana Moser por André Fufuca no Ministério dos Esportes, o PP, partido de Arthur Lira, ainda deseja mais participação no governo. Não acaba nunca essa atitude. Lula deveria estar preparado para isso.

LOJAS AMERICANAS – Bruno Rosa, O Globo, revela na edição desta terça-feira que desentendimentos e trocas de acusações entre ex-dirigentes e dirigentes das Lojas Americanas estão dificultando um acordo para a recuperação da empresa.  Na Folha de S. Paulo, a reportagem é de Pedro Lovisi e abrange também críticas do atual comando da Americanas à ação ajuizada pelo Bradesco.

É incrível o que acontece. Não tem a menor lógica que bilionários em dólar, como Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira desconhecessem a dívida de R$ 42 bilhões acumulada há vários anos e a falsificação de balanços anuais na escala de R$ 20 bilhões. A impressão que fica é que a confusão pode fazer parte de um jogo exatamente para tumultuar o acordo sobre o qual se sustenta a recuperação judicial.

Pateticamente, Dias Toffoli procura fazer as pazes com Lula às custas da nação brasileira

De repente, todos se surpreendem por que Dias Toffoli vai cumprir a lei… -  Flávio Chaves

Charge do Kácio (Metrópoles)

Merval Pereira
O Globo

A palavra final sempre é do Supremo Tribunal Federal, mas volta e meia o próprio STF a muda e deixa todo mundo sem saber o que fazer. A decisão de Dias Toffoli tecnicamente não é uma anistia, mas é como está ficando conhecida, porque na verdade ele livrou de seus erros todos os processados pela Lava-Jato. A

 nossa história de voltar atrás nas punições aos poderosos é grande, sempre foi assim que funcionou, mas desta vez está maior.

DECISÃO TERATOLÓGICA – O ministro Toffoli é o relator do processo e deu um voto monocrático que tem efeito imediato. É o que se chama “decisão teratológica” no juridiquês. Se alguém reclamar, e vai reclamar, o plenário se pronunciará. Mas não acredito que possam ir contra a decisão de Toffoli, porque existe um sistema de autoproteção, corporativo, que impede que um ministro desautorize outro ministro.

O despacho de Toffoli é menos uma decisão jurídica e mais uma declaração política. Está pagando ao Lula o que fez com ele. Tem ligação umbilical com PT e com o próprio Lula e por essa razão foi nomeado para o STF.

Lula acha que o ministro se portou mal, no sentido de que não apoiou o PT nos momentos principais, e, pessoalmente, o proibiu de ir ao velório do irmão, o que foi um erro. Se tirar qualquer análise ideológica, foi uma decisão cruel e desnecessária. Agora, Toffoli quer fazer as pazes às custas da nação brasileira, às custas de revogar todos os processos da Lava-Jato, o que é mais grave ainda.

DEVOLVER O DINHEIRO – E ainda tem o caso da J&F, holding dos irmãos Batista, que fez acordo de leniência para pagar 10 bilhões de reais, e conseguiu de um subprocurador desconto de 70%. Mas com a decisão de Toffoli, o desconto pode virar 100%. Porque, se não aconteceu nada, está tudo anulado, a J&F pode até pedir de volta o que já pagou.

Vamos chegar num momento ridículo, devolver tudo o que a Lava-Jato recuperou. Foram bilhões de reais devolvidos aos cofres públicos, a Petrobras pagou bilhões aos investidores estrangeiros porque foi culpada por roubo. O diretor da Petrobras Pedro Barusco devolveu 100 milhões de dólares e agora deve estar esperando a devolução. Vai dar até a conta do paraíso fiscal para o depósito.

A decisão de Toffoli, além de errada, teratológica, é irresponsável porque vai deixar o governo numa situação dificílima. Como se trata esse assunto? Não se pode dar uma decisão sem saber como se resolve. Nesse caso, só devolvendo o dinheiro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Um artigo perfeito e irretocável de nosso querido amigo Merval Pereira, que merece um adendo. A expressão “decisão teratológica” é muito usada no meio jurídico para apontar algo monstruoso, uma medida absurda de algum magistrado ou membro do Ministério Público. A Teratologia é a ciência que se ocupa do desenvolvimento anormal e das malformações congênitas, que ocorrem no embrião ou no feto e se desenvolvem no ser humano. Mas no Direito há momentos em que os advogados se queixam de “decisões escatológicas”, ou seja, mais repelentes ainda. A Escatologia está relacionada a excrementos, sejam fezes ou urina, vejam a que ponto chegam determinados juízes e membros do Ministério Público. (C.N.)

Felicidade é um cidade pequenina, no universo de Moraes Moreira e Fausto Nilo

Moraes Moreira: depoimento de Fausto Nilo - Farofafá Moraes Moreira

Nilo e Moreira, dois compositores geniais

Paulo Peres
Poemas & Canções

O arquiteto, poeta e compositor cearense Fausto Nilo Costa Júnior, na letra de “Pão e Poesia”, em parceria com Moraes Moreira, afirma que nada consegue explicar o significado da felicidade. Esta música foi gravada por Simone no LP Amar, em 1981, pela Sony/CBS.

PÃO E POESIA
Moraes Moreira e Fausto Nilo

Felicidade é uma cidade pequenina
É uma casinha, é uma colina
Qualquer lugar que se ilumina
Quando a gente quer amar

Se a vida fosse trabalhar nessa oficina
Fazer menino ou menina, edifício e maracá
Virtude e vício, liberdade e precipício
Fazer pão, fazer comício, fazer gol e namorar

Se a vida fosse o meu desejo
Dar um beijo em teu sorriso, sem cansaço
E o portão do paraíso é teu abraço
Quando a fábrica apitar

Felicidade é uma cidade pequenina…

Não há passagem entre o pão e a poesia
Entre o quero e o não queria, entre a terra e o luar
Não é na guerra, nem a saudade, nem futuro
É o amor no pé do muro sem ninguém policiar

É a faculdade de sonhar, é a poesia
Que principia quando eu paro de pensar
Pensar na luta desigual, na força bruta, meu amor
Que te maltrata entre o almoço e o jantar

Felicidade é uma cidade pequenina…

O lindo espaço entre a fruta e o caroço
Quando explode é um alvoroço que distrai o teu olhar
É a natureza onde eu apareço metade
Da tua mesma vontade escondida em outro olhar

E como doce não esconde a tamarinda
Essa beleza só finda quando a outra começar
Vai ser bem feito nosso amor daquele jeito
Nesse dia é feriado, não precisa trabalhar

Pra não dizer que eu não falei da fantasia
Que acaricia o pensamento popular
O amor que fica entre a fala e a tua boca
Nem mesmo a palavra mais louca
Consegue significar felicidade

Felicidade é uma cidade pequenina…

Moraes infringe a lei ao impedir que defesa de Bolsonaro acesse o depoimento de Cid

Imagem da Matéria

Imagem Schmck / Revista Oeste /Google Imagens

Carlos Newton

No estilo de Martinho da Vila — devagar, devagarinho — o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, está impondo a famosa Lei do Mais Forte à Justiça brasileira. Tem sido assim desde que começou a tocar a investigação sobre milícias digitais, a partir de indícios da existência de uma organização criminosa, de forte atuação digital, com a finalidade de atentar contra a democracia e o Estado de Direito no país.

Trata-se do inquérito 4.874, aberto por Dias Tofolli em 2021, quando presidia o Supremo e que depois passou a ser conhecido como “Inquérito do Fim do Mundo”, porque não termina nunca e vai crescendo e anexando novas investigações sem parar.

AUTORITARISMO – Dois anos depois, não há  menor dúvida de que Alexandre de Moraes tem usado de autoritarismo na condução deste inquérito inacabável, ao qual foram anexadas as investigações sobre o caso da joias, fraude em caderneta de vacinação, disseminação de desinformação durante a pandemia, invasão dos três Poderes e tentativa de golpe de estado.

Em situação de normalidade democrática, jamais se viu nada igual na Justiça brasileira. No resto do mundo, também.  E agora Moraes acaba de negar à defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle o acesso ao depoimento prestado pelo tenente-coronel Mauro Cid à Polícia Federal.

A justificativa de Moraes foi a existência do acordo de delação celebrado por Mauro Cid com a Polícia Federal e homologado pelo ministro do STF no último sábado. Mas tal argumentação não procede, Moraes não pode trafegar à margem da lei.

DITADURA DO SUPREMO – Assim vai-se consolidando a sensação de que — devagar, devagarinho — estamos entrando na chamada Ditadura do Supremo, cujos integrantes cada vez mais se julgam no direito de infringir as leis, especialmente os ritos processuais.

A legislação é clara e repetitiva. Os advogados Paulo Cunha Bueno e  Daniel Bialski, que defendem Bolsonaro e Michelle, têm direito de ter acesso a todas as provas documentadas em procedimento investigatório, seja ele sigiloso ou não, conforme a Súmula Vinculante 14 do Supremo Tribunal Federal.

Na petição direcionada a Moraes, os advogados afirmam que os depoimentos “constituem elementos já efetivamente documentados” e pedem “acesso imediato a esses documentos”, além de sua inclusão nos autos do processo.

GARANTIA DE JUSTIÇA – A divulgação dos atos processuais é mais que uma regra, é uma garantia importante para o cidadão, pois permite o controle da Justiça por qualquer indivíduo.

Tal regra está prevista na Constituição, em seu artigo 5º, dedicado às garantias individuais, e também tem previsão legal no Código de Processo Civil, nos artigos 155 e 444.

E não adianta alegar segredo de Justiça, porque a defesa tem direito a acesso ao inquérito que esteja em segredo de justiça há mais de 30 dias, e o Inquérito do Fim do Mundo já ultrapassou todos os limites, parece um imenso camburão, onde podem ser amontoados todos os tipos de suspeitos, já denunciados como réus ou não.

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P.S. 1
Uma pergunta que não quer calar é simples. Até quando Moraes vai descumprir as regras processuais impunemente, e sob aplausos de seus companheiros do Supremo, pois todos parecem apoiar esses descaminhos judiciais, digamos assim?  

P.S.2“Que país é esse?”, também perguntariam em uníssono o político Francelino Pereira e o cantor Renato Russo. E nós teríamos de responder: “Por um lado, é o país da impunidade criminal; por outro, é a meca de licenciosidade jurídica”. Desculpem o desabafo, mas alguém tem de dizer alguma coisa. (C.N.)       

Supremo começa a julgar os primeiros acusados de “golpismo” em 8 de janeiro

BOLSONARISTAS    BRASILIA DF  08/01/2023  BOLSONARISTAS/INVASÃO SEDES DOS TRÊS PODERES     -  NACIONAL -  OE -   Grupos de  Bolsonaristas  radicais invadirem as sedes dos três Poderes hoje em Brasília-DF.  FOTO: WILTON JUNIOR / ESTADÃO

Ao que parece, os réus serão julgados pelo “conjunto da obra”

Pepita Ortega
Estadão

Os ministros do Supremo Tribunal Federal começam, na manhã desta quarta-feira, 13, os três primeiros julgamentos de golpistas denunciados como ‘executores’ dos atos golpistas de 8 de janeiro, quando radicais invadiram e depredaram as dependências das sedes dos três Poderes.

As sessões extraordinárias convocadas pela presidente Rosa Weber para análise das acusações prometem ser emblemáticas – o colegiado, por diversas oportunidades, repudiou o levante que devastou em especial a sede da Corte máxima.

VANDALISMO – Neste primeiro momento, o STF vai decidir se condena ou não os réus Aécio Lúcio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar e Moacir José dos Santos. Eles são apontados como depredadores dos prédios do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional.

Aécio, Thiago e Moacir foram denunciados pelos crimes de prática de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado.

ACUSAÇÕES – Moacir é apontado como um dos ‘agentes que seguiram para o Palácio do Planalto, invadiram o prédio e quebraram vidros, depredaram cadeiras, painéis, mesas, obras de arte e móveis históricos, inclusive um relógio trazido ao Brasil por D. João VI em 1808, rasgaram uma tela de autoria de Di Cavalcanti, destruíram carpetes e outros bens, inclusive com emprego de substância inflamável’.

Já Aécio, segundo a Procuradoria-Geral da República, invadiu o Congresso Nacional e ‘passou a quebrar vidraças, espelhos, portas de vidro, móveis, lixeiras, computadores, totens informativos, obras de arte, pórticos, câmeras de circuito fechado de TV, carpetes, equipamentos de segurança e um veículo Jeep Compass, acessando e depredando espaços da Chapelaria, do Salão Negro, das Cúpulas, do museu, móveis históricos e a queimar o tapete do salão verde da Câmara dos Deputados, empregando substância inflamável’.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O que é isso, companheiro?, perguntaria Fernando Gabeira. Ao que parece, os três réus estão sendo acusados pelo “conjunto da obra”, ao invés de estarem sendo julgados pelos atos de cada um, com as respectivas provas, conforme está ocorrendo nos Estados Unidos, em relação aos invasores do Capitólio, um incidente muito mais grave, em que morreram cinco pessoas, incluindo um agente de segurança. Condenar com acusações genéricas não é Justiça, torna-se Justiçamento, algo muito diferente. (C.N.)

Bolsonaro está em recuperação, mas ainda falta fazer a cirurgia principal no abdômen

Bolsonaro posta foto de cirurgia — Foto: Reprodução

Bolsonaro corrigiu o desvio no septo e fez uma endoscopia

Hyndara Freitas
O Globo

O ex-presidente Jair Bolsonaro passou nesta terça-feira (12) por cirurgias de correção de desvio e septo e por uma endoscopia para correção de refluxo gástrico e os procedimentos transcorreram de forma satisfatória, de acordo com o boletim médico do Hospital Vila Nova Star, na Zona Sul de São Paulo. Após os procedimentos, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro divulgou uma foto ao lado do ex-presidente reforçando que ele “estava bem”.

“O paciente já se encontra em recuperação no quarto. As equipes responsáveis pelos procedimentos reavaliarão o ex-presidente no final do dia para novas informações”, informou o hospital. Ao todo, Bolsonaro foi submetido a três procedimentos cirúrgicos para o desvio de septo (septoplastia, uvulopalatofaringoplastia e turbinectomia) e uma endoscopia para redução de refluxo gastroesofágico.

PROBLEMA DA FACADA – Bolsonaro foi internado na última segunda-feira. Ele é assistido pelo gastroenterologista Antonio Luiz Macedo e pelo otorrinolaringologista Sérgio Salomão Abdala Carui.

Bolsonaro tem uma suboclusão intestinal provocada pela facada durante a campanha eleitoral de 2018 e, por isso, precisa passar frequentemente por exames e procedimentos relacionados ao estômago e intestino. Ele já passou por quatro cirurgias por complicações causadas pelo ferimento e já precisou ser internado em pelo menos outras oito ocasiões para tratar das complicações.

No mês passado, o ex-presidente foi internado em São Paulo com dores na região abdominal. Passou por ressonância magnética, endoscopia, tomografia e exames de sangue na ocasião. À época, o cirurgião Antônio Luiz Macedo, que comandou o procedimento desta terça-feira, afirmou ao Globo que Bolsonaro estava em condições de passar pelas cirurgias necessárias.

OITO INTERNAÇÕES – Antes da sua última passagem pelo Hospital Vila Nova Star, Bolsonaro já esteve internado em pelo menos oito ocasiões desde a facada. Em janeiro deste ano, ficou hospitalizado no hospital AdventHealth Celebration, em Orlando, Na Flórida (EUA), durante sua temporada nos Estados Unidos.

Em 28 de março de 2022, o ex-presidente passou um dia internado após sentir um desconforto abdominal. Havia a suspeita de uma nova obstrução intestinal, mas o quadro não se confirmou.

Em janeiro do mesmo ano, Bolsonaro ficou dois dias no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, por causa de uma obstrução no intestino. À época, o médico-cirurgião Antônio Luiz Macedo, que o acompanha desde que foi ferido em 2018, afirmou que o quadro foi ocasionado por um “camarão não mastigado”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A matéria está incompleta e ainda falta a cirurgia mais complicada, para eliminar as aderências na tela implantada no abdômen do ex-presidente e reposicioná-la. É cirurgia considerada de risco, porque exige anestesia geral e pode se prolongar por várias horas. Bolsonaro é um paciente rebelde, que não segue as ordens médicas de manter precauções e não forçar o abdômen. Por exemplo, jamais deveria andar a cavalo ou ser conduzido nos ombros pela multidão, como ocorreu na última campanha. Mas Bolsonaro não está nem aí. (C.N.)

Batalhão de Choque da PM acusa Exército de inércia e omissão no ato de vandalismo

Apesar de lados divergentes, Kemp e Contar são contra invasão no Congresso - Política - Campo Grande News

Guarnição do Exército deixou a PM sozinha na repressão

Bianka Vieira
Folha

Relatórios elaborados pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) e enviados à CPI do 8 de janeiro detalham a falta de cooperação e até mesmo os obstáculos que teriam sido impostos por membros do Exército durante os ataques ocorridos em Brasília.

Os documentos mostram, ainda, que a repressão aos golpistas teria exigido uma resposta e um volume de recursos “sem precedentes”, resultando em R$ 805.083,12 gastos com o uso de munições químicas para conter os manifestantes, como bombas de gás lacrimogêneo.

MUNIÇÃO DE BORRACHA“Na história recente, a última referência era a manifestação do dia 24 de maio de 2017 [no governo de Michel Temer], na qual foram utilizadas aproximadamente 900 munições de elastômero [balas de borracha]. Na manifestação do dia 8 de janeiro, utilizaram-se por volta de 3.500 munições de elastômero”, afirma a PM, em um dos relatórios.

A menção à atuação do Exército surge no relato do então primeiro-sargento Beroaldo José de Freitas Júnior, que após os atos golpistas foi promovido a subtenente. São deles os vídeos que circularam à época e que mostram membros do Exército sendo repreendidos por um integrante do Choque.

Diz um trecho do relato do então primeiro-sargento Beroaldo Júnior: “Nos aproximamos da guarita do Palácio do Planalto, onde um pelotão do Exército Brasileiro encontrava-se pronto e equipado; solicitei ajuda dos mesmos para nos auxiliar contra a turba, mas recebi a seguinte resposta: ‘Não podemos atuar’. Insisti para que pelo menos abrisse a grade/portão de acesso para que o pelotão de choque pudesse se abrigar ali e diminuir, mesmo que de forma precária, o ataque ferrenho que enfrentávamos. E, novamente, recebi como resposta que não podiam nos ajudar,”

FORÇAMOS O EXÉRCITO“Diante da aparente inércia do Exército Brasileiro, e já que meu comandante imediato segundo-tenente Marco Teixeira estava orientando e combatendo junto à linha de choque, resolvi arrebentar a grade com chutes e consegui um espaço na grade de proteção de aproximadamente um metro de largura, onde conduzi a tropa de choque por aquela passagem para a extensão menos conflagrada; já na área (interna) do Palácio do Planalto, onde reorganizamos a tropa e nos salvamos de um massacre certo, com essa atitude, forçamos o Exército a combater os vândalos também”, continua.

Júnior foi um dos três PMs do Distrito Federal derrubados da cúpula do Congresso Nacional por manifestantes, sofrendo uma queda de quase dois metros da altura, segundo relatório feito dias após os ataques golpistas.

De acordo com o documento, agora em posse da CPI, os três foram “atacados com selvageria por parte dos vândalos” mesmo após a queda, passando a ser agredidos com madeiras e barras de ferro. O então primeiro-sargento chegou a desmaiar por causa dos golpes.

NÃO SAIRIA VIVO“Eles buscavam também tomar minha arma de fogo que estava no coldre e retirar meu capacete balístico com a clara intenção de matar”, relata o militar. “Temi por minha vida acreditando que não sairia vivo daquela situação.”

Em um dos vídeos gravados pelo integrante do Batalhão de Choque no 8 de janeiro, é possível ouvi-lo gritando para que um oficial do Exército comandasse a sua tropa e parasse de “frouxura”. A passagem também é relembrada por Júnior no relato oficial.

“Reconheço que fora uma medida extrema, a fim de que essa incoerente apatia do oficial do Exército não contaminasse nossa tropa e fôssemos dominados pelo medo e desespero, o que resultaria consequências devastadoras e derrota certa”, diz.

DE POSSE DA CPIOs relatórios do Batalhão de Choque da PM-DF foram enviados à CPI após requerimento do deputado federal Delegado Ramagem (PL-RJ), apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O parlamentar justificou o pedido afirmando ser necessário descobrir “quem são os responsáveis pelos atos que resultaram na destruição” do patrimônio público —seja por ação, seja por omissão.

Sigilosos, os documentos obtidos pela coluna trazem imagens de viaturas danificadas pelas ações dos golpistas e fotografias de ferimentos causados na tropa. As conclusões dos relatórios são baseadas em informações prestadas por comandantes, patrulheiros, motoristas, atiradores e escudeiros.

OBRIGADOS A RECUAR – Em mais de uma passagem, integrantes do Choque rememoram a desvantagem do efetivo em relação ao número de manifestantes, bem como o esgotamento de munições e armas químicas.

“Ficamos obrigados a recuar mesmo contra nossa doutrina, pois fomos superados de forma desproporcional ao efetivo empregado, que era de dez escudeiros, dois atiradores e três operadores químicos”, diz o relatório do Choque enviado à CPI.

Ao todo, a PM teve 87 materiais extraviados, incluindo 78 munições, dois carregadores de pistola, uma chave de um veículo, dois capacetes e até mesmo uma máscara contra gases. Algemas também foram roubadas pelos golpistas.

CORONÉIS PRESOS – No mês passado, a Polícia Federal prendeu comandante da Polícia Militar do Distrito Federal, Klepter Rosa Gonçalves, e outros integrantes da corporação.

Integrantes da cúpula da PM à época do 8 de janeiro foram denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob suspeita de omissão no dia dos ataques aos prédios dos três Poderes.

Segundo a PGR, a investigação constatou que havia “profunda contaminação ideológica” entre os oficiais da corporação. A PGR afirmou ainda que integrantes do comando da PM se mostraram adeptos “de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
O relato é impressionante e inquestionável, porque acompanhado de imagens comprobatórias de que o Exército se omitiu, ao invés de cerrar fileiras com a PM, como se diz no jargão militar. É uma passagem constrangedora na história do Exército, não há dúvida.(C.N.)  

Cid vai citar generais Heleno, Ramos, Pazuello e Braga Netto em sua delação

Leitor afirma que Bolsonaro 'gourmetizou' a corrupção - 06/08/2023 - Painel  do Leitor - Folha

Charge do Thiago Aguiar (Folha)

Mônica Bergamo
Folha

O tenente-coronel Mauro Cid vai citar militares que participaram do núcleo do governo de Jair Bolsonaro (PL) em seu acordo de delação premiada, homologado no fim de semana pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro, deve citar, entre outros, o general Augusto Heleno, que foi chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo passado, e também o general Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência.

NADA A VER –Heleno já negou, em depoimento à CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF, que tivesse ajudado a articular uma tentativa de golpe.

Ramos afirmou, quando estava no cargo, que seria “ultrajante e ofensivo” afirmar que os militares estariam envolvidos em algum plano de golpe. Mas fez um alerta para “o outro lado”,dizendo: “Não estica a corda”.

De acordo com pessoas familiarizadas com as tratativas de colaboração de Cid, ele deve citar também os generais Eduardo Pazuello e Braga Netto, e um outro general da reserva.

UM ALÍVIO – O Exército, no entanto, pode respirar aliviado: o ex-ajudante de ordens não deve citar militares da ativa em seu depoimento, mesmo diante do fato de golpistas do 8/1 terem permanecido por longo tempo acampados no QG do Forte Apache, de onde só foram retirados à força no dia seguinte aos distúrbios.

Pelo contrário: o tenente-coronel Mauro Cid vem afirmando que o Exército barrou qualquer tentativa de estímulo a uma intervenção militar no processo político.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Em tradução simultânea, Mauro Cid vai citar os generais do Planalto como participantes do esquema do golpe, porque nenhum deles se envolveu nas outras duas questões que o afetam — a falsificação da caderneta de vacinação e vendas das joias. Ou seja, só resta o golpe.(C.N.)

Família de Juscelino Fº, ministro de Lula,  é “especialista” em serviços sem licitação 

Juscelino Filho está tranquilo, porque Lula segura a onda

Mateus Vargas
Folha

Empresa de diagnóstico médico ligada à família do ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), lucrou com serviços prestados no Maranhão sem licitação ou questionados pelo TCU (Tribunal de Contas da União). A Dio (Diagnóstico por Imagem e Oftalmologia) recebeu cerca R$ 6,2 milhões da Prefeitura de São Luís de 2017 a 2019, mesmo sem ter vencido uma concorrência pública para fornecer profissionais de diagnóstico e laudo de exames a um hospital da capital maranhense.

O TCU também avaliou contrato da Dio com o Hospital Jackson Lago, do governo estadual do Maranhão. Os auditores concluíram, entre outros pontos, que a empresa recebeu o valor cheio do contrato — R$ 3,65 milhões pagos de janeiro de 2017 a dezembro de 2018 — mesmo sem cumprir com todas as metas de exames.

EM NOME DA MULHER – A empresa não pertence ao ministro, mas chegou a ser registrada no endereço em que ele morava. Hoje são sócios da Dio a esposa dele, Lia Rezende, e o marido da irmã de Juscelino, Luanna Rezende (União Brasil), prefeita que foi afastada do cargo.

No período em que a Dio atuou sem licitação em hospital de São Luís, a sogra de Juscelino, Maria Cavalcanti Fialho, era secretária municipal de Meio Ambiente.

Juscelino e sua irmã, que é sócia da Dio, estão no centro de suspeitas da Polícia Federal sobre possível fraude em convênios para obras de pavimentação firmados entre estatal federal Codevasf e o município de Vitorino Freire.

BENS BLOQUEADOS – O ministro do governo Lula (PT) teve bens bloqueados, e Luanna foi afastada do cargo no começo do mês. As empresas de saúde ligadas à família de Juscelino fornecem profissionais para a realização dos exames e fazem laudos dos resultados.

No caso dos serviços de radiodiagnóstico prestados sem licitação pela Dio, de 2017 a 2019, os pagamentos foram recebidos enquanto se arrastava um pregão para contratação de empresa especializada na mesma atividade.

A própria Dio participou desta disputa e foi desclassificada. Além de apresentar valor mais alto que uma concorrente, a Dataimagem, a empresa da família do ministro não ofereceu serviços de urgência e emergência, segundo os documentos da concorrência.

NOVA LICITAÇÃO – O edital foi anulado em janeiro de 2018, após se arrastar por cerca de um ano e ser suspenso quatro vezes. A prefeitura, então, abriu nova licitação em junho de 2018.

A disputa seguinte foi vencida pela CADI (Centro Avançado de Diagnóstico por Imagem), empresa fundada pelo ministro das Comunicações em 2008 e que, atualmente, tem como sócias a esposa dele, Lia Rezende, e Rochelle Oliveira Coêlho, ex-assessora parlamentar de Juscelino na Câmara dos Deputados.

O contrato foi assinado em 7 de janeiro de 2019 e vem sendo renovado a cada ano por meio de aditivos. Questionada, a Prefeitura de São Luís não respondeu se realizou novas pesquisas de preço antes de atualizar os contratos.

ALTOS LUCROS – O acordo com o hospital prevê pagamentos de até R$ 2,4 milhões por ano. A CADI recebeu cerca de R$ 10,5 milhões desde 2019.

A Dataimagem tentou impedir na Justiça a anulação da primeira licitação e abertura de nova disputa. Na ação, que foi rejeitada, a empresa afirmou que havia “uma espécie de conspiração em curso” para favorecer as concorrentes ligadas à família de Juscelino Filho.

O juiz entendeu que o município tinha legitimidade de promover nova licitação por causa de vícios no edital e recusou os argumentos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mesmo com os bens bloqueados e com a irmão afastada da Prefeitura por corrupção, o ministro Juscelino Filho continua blindado na gestão de Lula. É um inútil, nada entende de comunicações e a família tem DNA corrupto. Com certeza, é por reunir essas qualidades que o presidente Lula mantém Juscelino Filho no ministério, doa a quem doer, como se dizia antigamente. É desanimador.
(C.N.)