Lula precisa parar de dizer bobagens, como a defesa do voto secreto no Supremo

Marco Aurélio reage à fala de Lula sobre voto secreto no STF: “Tônica da  administração pública é a publicidade“

Lula perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado

Roberto Nascimento

O desejo expressado pelo presidente Lula da Silva, de que os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal sejam secretos, portanto, impedidos de chegar ao conhecimento público, é dos maiores absurdos cometidos pelo presidente desde que ocupou a faixa presidencial, pela terceira vez, em primeiro de janeiro do corrente ano.

Por que não te calas, presidente Lula?, diria o rei espanhol Juan Carlos I. A Ciência do Direito não é sua praia. Logo, quando um auxiliar babão vier com essas ideias malucas, pare, pense, e consulte outros juristas que tenham notável saber jurídico. Isso seria o normal. Um presidente não pode ser preguiçoso e sair adotando ideias do primeiro que aparece falando bobagens.

RESULTADO TENEBROSO – O desgaste para o presidente foi assombroso no meio jurídico e político. Todos estão criticando a defesa do voto secreto, uma medida típica de ser adotada por ditaduras militares, que necessitam de censura ampla no país.

Lembram daquela medida do governo anterior, de sigilo de 100 anos para atos secretos do governo? Pois bem, Lula está querendo imitar Jair Bolsonaro? Só faltava essa, mais um retrocesso contra a transparência pública.

No fundo e na forma, Lula está tentando blindar seu antigo advogado, o ministro Cristiano Zanin, indicado por ele para o Supremo. Zanin tem adotado decisões ultraconservadoras, na linha mais à direita do que os ministros André Mendonça e Nunes Marques indicados por Bolsonaro.

MINISTRO CONSERVADOR -Lula tem sido muito criticado por escolher Cristiano Zanin, que é inadmissível para o campo progressista. O povo vai ter que engolir esse ministro indicado por Lula. Até os bolsonaristas estão aplaudindo Zanin, para desespero de Lula, que nem pode alegar que não sabia dessas ideias do século passado desse ministro conservador. E foi escolha pessoal de Lula.

Esse preço, o presidente vai pagar a fatura. Não tem mais jeito, quando o indicado é referendado pelo Senado e empossado no Supremo, passa a ter vida própria e deve obediência apenas a sua consciência.

Já começo a ter medo, da próxima indicação de Lula, quando a ministra Rosa Weber se aposentar em outubro. A tão alardeada intuição mágica de Lula não tem funcionado ultimamente. As escolhas de Lula, as falas de Lula, as ideias de Lula têm trazido aflição ao campo democrático. E nós, que pensávamos ter saído do pesadelo de quatro anos do governo anterior, quando olhamos em volta vemos que velhos pesadelos continuam a perturbar as mentes humanas e utópicas.

EXEMPLO ERRADO – Quando à posição do ministro da Justiça, Flávio Dino, que tentou passar um paninho na sugestão errada de Lula, é preciso que se saiba que não é verdadeira a versão de que nos EUA a Suprema Corte adote o voto secreto.

Esse procedimento é raríssimo e chamado de “per curiam” (pelo tribunal), em decisões adotadas pela Suprema Corte sem que se saiba como votou cada juiz, para protegê-los. Uma das últimas decisões assim foi no processo “Bush contra Gore”, que definiu a eleição presidencial de 2000, depois do imbróglio eleitoral na Flórida.

As decisões normais na Suprema Corte americana não são secretas. Se não houver unanimidade, são divulgados os votos de cada ministro.

Com a demissão da ministra Ana Moser, Lula perde pontos em matéria de credibilidade política

Ana Moser recebeu o apoio das várias entidades esportivas

Pedro do Coutto

A demissão da medalhista olímpica Ana Moser do Ministério dos Esportes e a sua substituição pode André Fufuca, acarretou para Lula uma considerável perda de pontos importantes em matéria de credibilidade política e não acrescentou a ele, a meu ver,  nenhuma parcela nova de apoio além daquele já negociado com o PP do deputado Arthur Lira, presidente da Câmara Federal.

Pelo contrário, a imagem que Lula passou foi a de que na busca de votos do Legislativo não leva em conta a habilitação efetiva dos ministros para ocuparem positivamente os espaços das respectivas áreas. André Fufuca, pelo que se sabe, não possui afinidade com o setor esportivo e muito menos apresenta capacidade para realizar projetos nessa área tão importante para a inclusão social de brasileiros e brasileiras.

CRÍTICAS – O senador Ciro Nogueira, por exemplo, que é do PP, também no 7 de Setembro, dirigiu críticas a Lula sobre as comemorações da Independência, acentuando assim uma distância do seu partido bolsonarista da nomeação do novo ministro dos Esportes. Reportagens de O Globo e da Folha de S. Paulo , edições desta sexta-feira, acentuam que até a primeira-dama do país, Janja, na internet,  demonstrou o seu desagrado.

Ana Moser, em postagem nas redes sociais, assinalou que teve pouco tempo para mudar a realidade do esporte no Brasil e recebeu o apoio das entidades esportivas, entre elas a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Brasileiro, do Movimento Esporte pela Democracia, do Atletas pelo Brasil e do Comitê Paraolímpico.  O reflexo negativo da demissão de Ana Moser ainda não esgotou o seu ciclo. Foi também uma surpresa para o movimento feminista a perda de um espaço tão importante ocupado por uma ex-atleta de grande importância.

PERSPECTIVA – O ato presidencial abriu uma perspectiva de desânimo na medida em que deixou flagrante a ausência de critério baseado na competência para a escolha de seus colaboradores diretos. Nesse ponto, Demétrio Magnoli tem razão ao analisar o problema na quinta-feira na GloboNews.

Inclusive, Lula está enfrentando um clima ácido junto aos próprios aliados, sobretudo do PT, em consequência da reforma parcial do Ministério. Vale acentuar também que, apesar de receber o Ministério de Portos e Aeroportos, o Republicanos não se mostrou plenamente receptivo para apoiar o presidente nas votações parlamentares.

DELAÇÃO –  O tenente-coronel Mauro Cid propôs à Polícia Federal fazer uma delação premiada com o objetivo de aliviar as consequências e a sua pena pelas ilegalidades praticadas – segundo se pode deduzir – por ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro. Na Folha de S. Paulo, a reportagem é de Constança Rezende. No O Globo, de Mariana Muniz.

A homologação da proposta, cujo conteúdo deve aparecer nos jornais de hoje, sábado, depende da aceitação do ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal.  O tenente-coronel já prestou três longos depoimentos à PF.  Caso a delação tenha o aval do Ministério Público Federal e a homologação de Moraes, Cid terá que prestar muitos depoimentos para esclarecer fatos de todos os inquéritos nos quais aparece como investigado.

123 MILHAS –  Na edição de quinta-feira, reportagens de Vitória Azevedo, Daniele Madureira, Pedro Lovisi e Cristiano Martins, Folha de S. Paulo, focalizaram a situação financeira da 123 Milhas e acrescentam que, além de tudo, a empresa deve também R$ 105 milhões às famílias de seus fundadores.

As dívidas têm que ser incluídas no projeto de recuperação judicial que envolve os pagamentos mensais escalonados de acordo com uma linha prioritária de credores.

Alto Comando não esperava confissão de Cid e já não duvida das provas da PF

Exército foge 3 vezes da mesma pergunta: polícia sabia de militar infiltrado? - Ponte Jornalismo

Charge do Junião (Arquivo Google)

Marcelo Godoy
Estadão

Eram 20 horas do 7 de Setembro quando começaram a circular nos telefones dos generais do Alto Comando do Exército e do gabinete do comandante da Força Terrestre, general Tomás Paiva, a informação de que o tenente-coronel Mauro Cid, segundo seu novo advogado, o criminalista Cezar Bitencourt, ia confessar as condutas imputadas a ele pela investigação da Polícia Federal (PF) e envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro nos delitos investigados.

Uma hora depois, um dos generais não tinha mais dúvida do que estava testemunhando. Disse que quando os fins justificam os meios, tudo é possível. A história humana nos ensinaria. Desta vez, quem se gabava de combater o comunismo passara a adotar a mesma atitude da nomenklatura, a burocracia soviética que afirmava lutar por um mundo novo, sem a opressão do trabalhador, mas que desfilava pelas ruas de Moscou com sua limusines ZIL, enquanto suas mulheres desfilavam casacos de pele pela Rua Arbat.

ERA SÓ O QUE FALTAVA – A desilusão é definitiva. A notícia da futura confissão do coronel Cid era o que faltava para os incrédulos que ainda viam no caso novos excessos na conduta do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, do que os ilícitos cometidos pelo entourage de Bolsonaro e pelo próprio ex-presidente.

Até sexta-feira passada, os generais que conheciam a família Cid consideravam que uma delação do tenente-coronel, ex-chefe da Ajudância de Ordens da Presidência, era uma impossibilidade.

São várias as razões para isso, mas a principal era a antiga relação entre Bolsonaro e os Cid. É que Bolsonaro era colega de turma e amigo do futuro general Mauro Cesar Lorena Cid, pai do assessor do presidente.

O general e o chefe do Executivo pertencem à mesma turma – a de 1977 – da Aman. Ambos são artilheiros, paraquedistas e serviram no 8.º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista. Mauro pai e Mauro filho pertenceram às “forças especiais”.

SINECURA EM MAIMI – Ao passar para a reserva em 2019, o general Cid ganhou uma sinecura em Miami (EUA) – representante da Agência de Promoção das Exportações (Apex), com salário em dólar (US$ 9,6 mil).

Ao todo, o general acumulara vencimentos de cerca de R$ 80 mil (R$ 50,8 mil da Apex e R$ 30 mil como militar). A ligação entre eles foi o que levou o tenente-coronel Mauro Cid a ser nomeado ajudante de ordens de Bolsonaro, em 2019.

O que a PF revelou é que o general ajudava na alienação de joias e outros bens preciosos, levados, segundo a PF, para os EUA, a fim de serem vendidos. E as pessoas ligadas a esse grupo eram próximas aos promotores da campanha de difamação contra integrantes do Alto Comando do Exército, apresentados em redes sociais como traidores, melancias e oportunistas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Para o Exército e as Forças Armadas, a situação é cada vez mais vexatória. Os oficiais superiores jamais deveriam ter comprado a ideia equivocada do general Eduardo Villas Bôas, que comandava o Exército e foi o grande incentivador da candidatura de Bolsonaro. Se arrependimento matasse... (C.N.)

Como dizia Machado de Assis, a maior beleza é a que foi colhida na mocidade

Pin on DizerPaulo Peres
Poemas & Canções

O jornalista, crítico literário, dramaturgo, folhetinista, romancista, contista, cronista e poeta carioca Joaquim Maria Machado de Assis (1839-1908) é amplamente considerado como o maior nome da literatura nacional. No poema “Flor da Mocidade”, o poeta exalta a beleza que se colhe na juventude, com a mais bela flor que existe.

FLOR DA MOCIDADE
Machado de Assis

Eu conheço a mais bela flor;
És tu, rosa da mocidade,
Nascida aberta para o amor.
Eu conheço a mais bela flor.
Tem do céu a serena cor,
E o perfume da virgindade.
Eu conheço a mais bela flor,
És tu, rosa da mocidade.

Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.
Teme acaso indiscreta mão;
Vive às vezes na solidão.
Poupa a raiva do furacão
Suas folhas de azul celeste.
Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.

Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno;
Que a flor morta já nada val.
Colhe-se antes que venha o mal.
Quando a terra é mais jovial
Todo o bem nos parece eterno.
Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno.

Moraes aprovará a delação premiada, porque Mauro Cid indicou também provas materiais

Grandes Autores: Cezar Roberto Bitencourt - YouTube

Bitencourt, advogado de Cid, está confiante com a delação

Carlos Newton

Há muita especulação na imprensa, com notícias desencontradas e até contraditórias. O fato concreto é que o acordo para delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid já foi aceito pela Polícia Federal, que é a condição mais importante. Ainda precisa ser analisado pela Procuradoria-Geral da República, mas o parecer não é decisório, pois pode ser acatado ou não pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que tem a prerrogativa de deliberar a respeito.

Segundo pessoas próximas às investigações, está tudo certo para o acordo de delação de Cid ser aprovado, devido aos três longos depoimentos prestados por ele nesta semana, quando convenceu os representantes da PF de que há provas materiais.

PROVAS MATERIAIS – Mauro Cid e seu advogado Cezar Bitencourt, que acompanhou os depoimentos, só foram recebidos na quarta-feira pelo ministro Moraes porque a Polícia Federal garantiu a possibilidade de serem coletadas essas provas materiais indispensáveis ao inquérito.

Segundo a legislação específica, só pode ser utilizada delação premiada se houver provas materiais que a confirmem. No caso da Lava Jato, por exemplo vários réus escaparam de condenação porque não as acusações feitas pelos delatores não tiveram comprovação factual.

O advogado Cezar Bittencourt disse à Folha nesta sexta-feira (8) que o acordo ainda não foi fechado, mas se mostrou confiante. “Estamos conversando sobre os detalhes, mas isso para a semana que vem”, disse.

PIADA DO ANO – Quanto à manifestação de Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação da Presidência na gestão de Jair Bolsonaro, que publicou a frase “não há o que delatar” em seu perfil na plataforma X (antigo Twitter), nesta quinta-feira (8), a iniciativa foi considerada Piada do Ano.

Pela proximidade que o tenente-coronel do Exército e ex-ajudante de ordens Mauro Cid teve com o então presidente Bolsonaro durante quatro anos, é óbvio que não falta material para a delação premiada.

Por fim, em consequência da aceitação da proposta de delação premiada, o ministro Moraes consequentemente autorizará a libertação de Mauro Cid, mas com exigência de tornozeleira eletrônica, retenção de passaporte e outras restrições.

Tarcísio precisa varrer a estupidez que polui a Educação pública oferecida em São Paulo

Justiça de SP suspende distribuição de materiais digitais com erros pelo  governo Tarcísio de Freitas - Hora do Povo

Charge do Éton (Arquivo Google)

Elio Gaspari
O Globo/Folha

No início de agosto, o secretário de Educação de São Paulo, Renato Feder, anunciou que as escolas públicas do estado abririam mão dos livros didáticos impressos do programa federal, entrando na modernidade do material eletrônico. O doutor deu-se ao luxo de criticar os livros do Ministério da Educação, chamando-os de “rasos e superficiais”. Faltava dizer quem analisou as obras. Faltava dizer também:

1- Que a empresa da qual Feder é acionista tinha negócios com a secretaria.

2- Que dezenas de milhares de alunos não têm dispositivos capazes de acessar a internet.

3- Que mais da metade das escolas da rede pública não tem equipamento para imprimir as apostilas eletrônicas.

ERA APENAS ILUSÃO – Parecia que Feder abria de forma truculenta e inepta um debate que algum dia haverá de chegar: o uso de livros eletrônicos na rede pública. Parecia, mas era ilusão. A modernidade de Feder, endossada pelo governador Tarcísio de Freitas, era apenas uma cobertura para a estupidez.

A repórter Adriana Ferraz, do UOL, revelou que um slide de aulas para alunos da 9ª série informava que d. Pedro 2º assinou a Lei Áurea e que “em 1961, quando ele era prefeito de São Paulo”, Jânio Quadros assinou “um decreto vetando o uso de biquínis nas praias da cidade”.

Em 1961, Jânio era presidente, ele nunca proibiu o biquíni e São Paulo não tem praia. Quem assinou a Lei Áurea foi a princesa Isabel. Em maio de 1888, d. Pedro 2º estava em Milão, entre a vida e a morte.

NINGUÉM LEU… – Erros desse tipo não deveriam ser cometidos pelos autores patrocinados pela Secretaria de Educação. Admita-se que um autor jejuno enganou-se, o que não é pouca coisa. Ninguém leu os textos errados, coisa que não acontece com os livros do MEC. Rasa e superficial é a gestão de Feder.

Do alto de sua prepotência, a secretaria disse que afastou os responsáveis. Só faltava que os mantivesse. Feder é quem deveria ser afastado, até que explicasse quem colocou essas besteiras nos slides e por que elas não foram corrigidas.

O governador Tarcísio de Freitas formou-se pelo Instituto Militar de Engenharia em 2002, quando o Brasil já havia se livrado da maluquice da reserva de mercado para a produção de computadores.

RESERVA DE MERCADO – Meia dúzia de militares e algumas dúzias de espertalhões haviam criado um regime pelo qual era mais fácil entrar no país com um quilo de cocaína do que com um laptop.

O que parecia ser uma reserva de mercado era apenas uma mamata destinada ao fracasso. Tarcísio de Freitas sabe disso.

A entrada de material didático em plataformas eletrônicas é coisa séria, desde que os alunos tenham acesso aos equipamentos necessários. O que se tentou em São Paulo foi outra coisa. Livros impressos não precisam de manutenção. Plataformas eletrônicas precisam, e o doutor Feder sabe disso.

ERA ESTUPIDEZ – Uma plataforma eletrônica capaz de dizer que São Paulo tem praia e d. Pedro assinou a Lei Áurea é capaz de coisas que só um ex-aluno do IME pode imaginar.

Sobretudo se, no serviço público, esse aluno do IME participou de uma faxina parcial na burocracia de transportes do governo federal.

O que parecia ser um debate sério era apenas estupidez, e o que parecem ser erros pontuais sugerem que a coisa é muito mais feia do que se imagina.

Não é possível desprezar o potencial explosivo da delação pretendida por Mauro Cid

URGENTE - MAURO CID FARÁ DELAÇÃO PREMIADA - YouTube

Esta foi a pior notícia do 7 de Setembro de Jair Bolsonaro

Robson Bonin
Veja

Testemunha ocular da aventura bolsonarista no poder, Mauro Cid estava presente em diferentes momentos da vida de Jair Bolsonaro, da mulher dele, Michelle, e de figuras importantes do governo que terminou no dia 31 de dezembro do ano passado.

Cid testemunhou reuniões, recebeu recados sigilosos e inconfessáveis de bolsonaristas poderosos que procuravam o presidente com os mais variados e mirabolantes planos, movimentou dinheiro da Presidência fora dos canais tradicionais — os saques no cartão corporativo, por exemplo, são investigados por potencial desvio — e fez do seu celular um rico arquivo dos planos golpistas que gravitaram nas mentes do Planalto no fim do mandato do capitão.

APEGO A DETALHES – Com um leque tão rico e variado de histórias para contar, o menor dos problemas de Bolsonaro, caso a delação de Cid avance de uma simples confissão para algo maior, serão as joias e badulaques desviados do acervo de presentes do Planalto.

Militar conhecido por seu apego aos detalhes, o ajudante de ordens Mauro Cid guardava muita coisa em casa.

Nos quartos e até na cozinha de Cid, os investigadores acharam e apreenderam, em maio, um cartão de memória, nove pendrives, dois notebooks, três celulares, dois HDs externos, além de diferentes manuscritos.

ASSUNTOS VARIADOS – Foi achado também um documento “contendo a escrita emendas parlamentares e o valor de 8,9 milhões de reais, outro sobre o TSE e sobre urnas eletrônicas e um terceiro papel com “informações políticas e decisões do STF”.

Em uma delação tradicional, o ex-ajudante de Bolsonaro seria convidado a esclarecer diferentes fatos eventualmente encontrados nesses dispositivos, falar da papelada e de outros temas já identificados pelos investigadores nas quebras de sigilos de Cid.

Resta saber até onde o candidato a delator decidiu se abrir, nessa maratona de depoimentos a que tem sido submetido.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
É claro que Mauro Cid deve ser considerado um homem-bomba. Os bolsonaristas estão tentando desprezar o valor que podem ter suas informações, mas isso é uma bobagem infantil. Todos sabem que Cid é uma versão do personagem do filme “O Homem que Sabia Demais”, de Alfred Hithccock. (C.N.)

Os tropeços de China e Alemanha, o salto da Índia e o Brasil bestificado, sem projeto

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Charge reproduzida do Arquivo Google

Vinicius Torres Freire
Folha

China e Alemanha não têm estado lá muito bem depois da epidemia. O PIB da China é o segundo maior do mundo; o da Alemanha, o quarto. Os problemas chineses e alemães parecem um tanto luxuosos. Afinal, vivemos em um país semipobre e de baixo crescimento faz 40 anos.

Ainda assim, uma crise chinesa maior teria repercussão global, grande aqui. As dificuldades, por assim dizer, alemãs deveriam ser mais um motivo para pensarmos o que fazer da alteração da ordem econômica mundial.

ÍNDIA EM ALTA – Considerada a taxa média de crescimento da última década e extrapolando tal ritmo para o futuro, o PIB da Índia deve ultrapassar o da Alemanha e o do Japão em cinco anos. 2027. Ali na esquina. O conflito sino-americano, entre outros motivos, influencia mudanças em investimentos internacionais e em definições de tecnologia.

Tudo isso é sabido, mas em geral encarado como ruído de fundo por aqui, sem que a percepção dessas tendências se traduza em medidas práticas.

Sim, temos visto a importância que a diplomacia luliana dá ao “Sul Global”, ao “Brics Plus”, a uma moeda que abale o dólar e coisas assim. O que temos feito, porém, a fim de aproveitar logo capitais sobrantes no mundo e as reorientações geográficas de investimento? A fim de tirar algum proveito do novo peso relativo das economias? De tentar uma abertura maior para comércio e investimento, dadas essas mudanças?

ARROMBANDO AS PORTAS – Não costuma ser uma conversa do Brasil, um país que mora longe e, na prática, alheio às mudanças do mundo. Até que elas arrombem a nossa porta.

A China tenta manter a taxa de crescimento em ao menos 5% ao ano, ritmo que, para nós, seria uma graça dos céus. Tem de lidar com o risco de crise maior, talvez financeira também, pois houve superinvestimento no setor imobiliário. Seu crescimento, baseado em muita poupança, investimento, pouco consumo e escassa proteção social, talvez precise ser revisado.

“Talvez”. Os prognósticos para a China têm estado errados faz uns 20 anos. Desde a crise que explodiu em 2008, de matriz americana, o PIB (renda) per capita chinês cresceu 145%. O do Brasil, 7,3%. O da Índia, quase 92%. Coreia do Sul, 41%. EUA, 16,7%. Alemanha, 12,4%.

ALEMANHA FRAQUEJA – A economia alemã recuperara-se bem da crise de 2008-2012, mas passou a fraquejar em 2017. Não saiu bem da epidemia. Em relação a 2019, o PIB per capita alemão regrediu 0,6% (até fins de 2022); o da eurozona (Alemanha inclusive) cresceu 1,8%; o da União Europeia, 2,9%; o dos EUA, 3,6%.

A Alemanha padeceu especialmente com a crise mundial de energia que começou em 2021 e piorou com a guerra de Vladimir Putin. Ainda assim, o PIB per capita alemão, mesmo em paridade de poder de compra, é 3,5 vezes o do Brasil, 7,5 vezes o da Índia e o triplo do chinês.

A Alemanha também padece por causa da China, seu segundo maior mercado, que fraqueja um tanto e que também passa a vender mais carros, um grande negócio de exportação alemão. A Alemanha enfrenta ainda problemas como envelhecimento, falta de mão de obra qualificada, burocracia excessiva e tecnologicamente envelhecida.

MERECE ATENÇÃO – Não, a Alemanha não vai entrar em parafuso. Nem tem importância direta maior para a economia brasileira. Ainda assim, merece atenção. Ignoramos também a distante Índia, que logo será tão grande quanto a Alemanha.

Não prestamos atenção ao México, que nos últimos 30 anos conseguiu ter um desempenho econômico ainda pior que o do Brasil, mas que pode se beneficiar da “reocidentalização” de investimentos americanos, por exemplo.

Falamos de ocupar um lugar fixo no comando da ONU. Mas não temos meios nem de ajudar a vizinha Argentina. Muito pior, não temos um plano de ter um assento permanente de destaque na economia mundial em mudança rápida.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Vinicius Torres Freire, sempre de olho no mundo, nos traz essa inquietante análise, que mostra o escanteamento do Brasil na política econômica mundial. Se não fosse pelo agronegócio, estaríamos em queda livre. (C.N.)

Foi lindo e emocionante ver Lula e Janja fazendo o “L” no 7 de Setembro

7 de setembro: Janja veste vermelho e 'faz o L' para apoiadores em desfile  em Brasília; veja vídeo - YouTube

Provocativa, Janja fez questão de ir de vermelho ao desfile

Vicente Limongi Netto

Singelo, harmonioso, divertido, inesquecível,  belo e agradável  o desfile de 7 de setembro na Esplanada. O público aplaudiu tudo com entusiasmo. O palanque presidencial colorido e elegante. Lotado de patriotas.  Dona Janja de vermelho, mostrando que o PT veio para ficar.  Lula usava vistoso terno azul esperança e com uma faixa presidencial imensa, passando do joelho, feita sob medida para Jair Bolsonaro, porque a anterior não cabia nele.

O boquirroto ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, não deu o ar da graça, depois de chutar o pau da barraca, com desastrada declaração contra a lava-jato, enfatizando que a prisão de Lula foi uma “armação”. Síntese da farsa anunciada: só Collor de Mello foi servido na bandeja dos capachos engravatados.

Quando o batalhão de cavalaria passou em frente ao palanque presidencial, os cavalos relincharam, saudando as autoridades. Lula não se fez de rogado, sorriu, fazendo um L. Foi emocionante.

VOTO SECRETO??? – Vergonhosa, ridícula, deplorável, arrogante, desprezível, infeliz e inacreditável declaração de Lula, favorável ao voto secreto dos ministros do Supremo Tribunal Federal.

“A sociedade não precisa saber como o ministro votou”, aduziu, esbaforido, o presidente, sem mostrar nenhum pudor. Lula deveria falar menos e comer mais jaboticabas. Nesse sentido, salientou o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) que a declaração de Lula “já merece destaque no concurso de frase mais tosca do ano” (Coluna “Eixo Capital” – Correio Braziliense – 06/09).

Em defesa da abissal tolice de Lula, surgiu ofegante, fogoso saltitante, e altaneiro o ministro da Justiça, Flávio Dino, destaque do noticiário político como futuro ministro da Suprema Corte. E era só o que faltava…

Ampliar combate à fome deve estar acima de qualquer transação política do governo

Em 2016, 24,8 milhões de brasileiros viviam na miséria, 53% a mais que em  2014, revela IBGE | Economia | G1

Enfrentar a pobreza extrema precisa ser a maior prioridade 

Maria Hermínia Tavares
Folha

A criação do MDS (Ministério do Desenvolvimento Social), em 2004, foi um passo importante para a consolidação de avanços anteriores nas políticas de combate à pobreza extrema. Enfeixam garantia de renda mínima dos mais pobres entre os pobres, diferentes serviços assistenciais para os grupos especialmente vulneráveis e medidas para a promoção de mínima equidade para as vítimas de preconceito e estigmatização.

O MDS pôs sob o mesmo teto os programas de transferência de renda —como o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o Bolsa Família—, a assistência social —em processo de reforma— e, enfim, o CadÚnico, o cadastro que reúne, como diz o nome, as informações sobre a população de baixa renda, requisito de acesso a vários benefícios.

CORPO E COERÊNCIA – Sob o comando do ministro Patrus Ananias (2004-2010), as ações contra a pobreza ganharam corpo e coerência. O Bolsa Família se expandiu e a assistência social ganhou musculatura graças ao Suas (Sistema Único de Assistência Social), que permitiu definir melhor as regras de cooperação entre esferas de governo, introduziu parâmetros para a relação com os prestadores privados de serviços assistenciais e estabeleceu conexões com programas de transferência de renda.

Sua rede nos municípios assumiu o cadastramento dos beneficiários, estreitando o caminho para a manipulação clientelista, e passou a controlar o cumprimento dos compromissos assumidos pelos inscritos no Bolsa Família: manter as crianças na escola e as vacinas em dia. De forma especial, cuidou-se do atendimento às famílias participantes do programa.

No sábado passado (2), nesta Folha, os professores Ricardo Paes de Barros, Ricardo Henriques e Laura Machado mostraram a importância do apoio às famílias para o combate à privação extrema.

FAZER AINDA MAIS – Vai sem dizer que a superação da pobreza requer muito mais do que o MDS faz e pode fazer ainda melhor. E aglutinar as competências e os instrumentos amealhados em décadas é o mínimo a esperar de um governo que hoje, como no passado, colocou a luta contra a pobreza como objetivo central.

Assim, é bom que a possibilidade de desmembrar o MDS desça, como parece, do carrossel onde se negocia a mudança ministerial concebida para ampliar a base do governo no Congresso rumo à direita.

Por fim, o Brasil perdeu José Gregori. Democrata raiz, foi negociador flexível e atento ao que poderia unir divergentes e construir maiorias. Mas sempre soube que o direito de todos à vida digna era o limite inegociável de qualquer transação política. Esta coluna é dedicada à sua memória.

Mágoa de Lula com Toffoli ainda é grande, apesar dessa “decisão” sobre a Odebrecht

Toffoli esperou Lula voltar à Presidência para se opor à Lava Jato: antes,  fazia elogios à operação - Estadão

Dias Toffoli tenta limpar a ficha de Lula, mas faltou alvejante

Vera Rosa e Eduardo Gayer
Estadão

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz a quem lhe pergunta que já perdoou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli há algum tempo. Na prática, porém, amigos dos dois afirmam que Lula ainda guarda mágoa de Toffoli. Não se trata de uma mágoa política, mas, sim, pessoal, uma vez que Lula o considerava como um filho.

Toffoli se arrependeu de ter impedido o petista, então preso em Curitiba, de ir ao velório de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá, em 2019. À época presidente do STF, o ministro permitiu apenas que ele fosse a uma unidade militar, em São Paulo, para se encontrar com a família. Lula achou que isso seria uma humilhação e recusou.

DESDE O MENSALÃO – A relação entre os dois já vinha se deteriorando de longa data: Lula nunca escondeu o inconformismo com o fato de Toffoli ter condenado o ex-presidente do PT José Genoíno, em 2012, no caso do mensalão.

Nesse cenário, a decisão do ministro de anular provas da Lava Jato obtidas a partir do acordo de leniência com a Odebrecht – classificando a prisão do petista como uma “armação” e “um dos maiores erros judiciários da história do País” – foi agora mais um aceno feito na direção do presidente.

Lula considerou a decisão “exemplar”, mas ainda assim não esqueceu completamente o passado, nem os afagos que o antigo aliado fez a Jair Bolsonaro.

PEDINDO DESCULPAS – Em maio, Toffoli disse que via Genoíno como “ingênuo e inocente em tudo o que aconteceu” e afirmou não ter vergonha de pedir desculpas por erros cometidos. Antes, na cerimônia de diplomação de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 12 de dezembro do ano passado, o ministro já havia pedido perdão ao então presidente eleito por ter impedido sua ida ao velório de Vavá.

Horas depois, no entanto, ao participar de jantar oferecido por amigos, Lula relatou a conversa com Toffoli a alguns convidados. “É duro, mas foi por causa daquela condenação que o Genoíno não está aqui”, lamentou ele, ao lembrar que gostaria de chamar o ex-presidente do PT para o governo.

Um ministro disse à Coluna que Lula e Toffoli estão “em processo de reaproximação” há algum tempo. “Não é de hoje”, assegurou.

NÃO AO INDICADO – Nesta quarta-feira, porém, no mesmo dia da decisão do magistrado – que se referiu à prisão de Lula como “o verdadeiro ovo da serpente” –, o presidente não aceitou indicar Carlos von Adamek para o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Nome defendido por Toffoli, Adamek tem uma filha que é sócia no escritório de advocacia de Roberta Rangel, mulher do ministro.

Lula preferiu apresentar ao Senado, para o STJ, os nomes do mineiro José Afrânio Vilela, patrocinado pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do cearense Teodoro Santos, que tinha o apoio do titular da Educação, Camilo Santana.

Adamek foi a segunda indicação de Toffoli rejeitada por Lula. O ministro já havia tentado emplacar Otávio Luiz Rodrigues Junior na vaga reservada à OAB no STJ. Rodrigues foi adjunto de Toffoli quando ele era ministro da Advocacia-Geral da União. Lula preferiu, porém, indicar uma mulher, escolhendo a advogada Daniela Teixeira.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Na sua ignorância, Lula acha que ministro por ele indicado tem obrigação de votar a ser favor, e ponto final. Na sua ignorância, Toffoli acha que pode fazer o que bem entender para agradar o chefe. Mas a vida não é bem assim. Ao tentar “inocentar” Lula, agindo acima da lei, Toffoli fez o que se chama de uma “cagada monumental”. Ao invés de sepultar a Lava Jato, ele conseguiu ressuscitá-la.

Ao declarar a inocência de Lula e tentar transformá-lo num perseguido político, Toffoli fez reviver a memória das pessoas, que lembraram que Lula teve pleno exercício de defesa e foi condenado por unanimidade em três instâncias. Lembraram também que as provas materiais de corrupção eram abundantes, as delações foram confirmadas com riquezas de detalhes, a promiscuidade de Lula com os empreiteiros era um fato, sua submissão a Emílio Odebrecht entrou para a História. Ou seja, o idiota do Toffoli, ao passar a borracha no passado de Lula, acabou sujando-o ainda mais.

Ninguém inventou nada. Lula só foi libertado porque Bolsonaro se tornou uma ameaça à democracia e o Supremo interveio. Se Bolsonaro tivesse sido menos autoritário, Lula estaria preso até hoje. Pense nisso. (C.N.)

Ideia de Lula para tornar secretos votos de ministros do STF é absurda, dizem analistas

Janaina Paschoal - Tudo Sobre - Estadão

Janaina Paschoal acha preocupante a ideia de Lula

Renan Ramalho
Gazeta do Povo

A ideia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de tornar secretos os votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal não é só inconstitucional, mas também “absurda”, “delirante” e “prejudicial” à avaliação crítica, pelo público geral e especializado, das decisões de um órgão megapoderoso e não eleito. É assim que vários estudiosos e analistas comentaram o “conselho” do petista, que, segundo ele, iria evitar “animosidade” contra os ministros.

À direita e à esquerda, a ideia de Lula teve repercussão negativa entre analistas do direito e de outras áreas de conhecimento.

MUITAS CRÍTICAS – Para Janaína Penalva, doutora e professora da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UnB), tornar os votos secretos seria como ter “juízes sem rosto”. “Isso precisa de emenda constitucional e ninguém vai concordar. Parece-me uma solução equivocada a sugestão do presidente”, afirma.

A Constituição diz, em seu artigo 93, que elenca os princípios que devem reger a magistratura, que “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade”.

Na avaliação de Janaina Paschoal, professora e doutora em direito penal pela USP, a manifestação de Lula é preocupante. “Por óbvio, compreendo o cuidado com a segurança dos ministros; entretanto, determinados cargos implicam riscos e pressupõem resistência às críticas. Já disse e repito, Lula é muito inteligente. Ele sabe que o julgamento do Mensalão não teria o desfecho que teve, não fosse o escrutínio popular”, disse no Twitter, acrescentando:

SONHO DA ESQUERDA – “Não podemos admitir recuos em termos de transparência. Há tempos, a esquerda ensaia fechar os julgamentos do STF, sob os mais diversos argumentos. Lula, estrategicamente, abraça justificativa difícil de contestar, mas é preciso!”, disse Janaina Paschoal.

Hugo Freitas, mestre em Direito pela UFMG e articulista da Gazeta do Povo, escreveu que “Lula sintetizou muito bem a filosofia neodemocrática pós-2016: ‘não criar animosidade’”.

“Democrático é tudo aquilo que sustenta o poder estabelecido. Antidemocrático é tudo aquilo que vai contra o poder estabelecido, inclusive com palavras. O prefixo ‘demo’ foi esquecido e ‘democracia’ virou uma metonímia para designar o próprio poder estabelecido, assim como ‘a Coroa’ era a metonímia usada nas monarquias”, postou.

EXCEÇÃO NOS EUA – O mestre, doutor e professor de direito constitucional João Carlos Souto, procurador da Fazenda e autor de um livro sobre a Suprema Corte dos Estados Unidos, postou que a sugestão de Lula é admitida nos EUA.

Explicou que há decisões ‘per curiam’, tomadas pelo Tribunal sem que se saiba como votou cada juiz, para protegê-los. “Bush. v. Gore, que definiu a eleição presidencial de 2000, depois do imbróglio eleitoral na Flórida, é uma das mais famosas decisões per curiam. A tradução é ‘pelo tribunal’”, explicou.

Doutor e mestre em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP, o advogado e professor Horacio Neiva observou, no entanto, que a ideia de Lula é diferente.

“Nos EUA a deliberação não é pública (assim como em muitos – creio que a esmagadora maioria – dos tribunais constitucionais ao redor do mundo). Mas os votos divergentes são publicados e sabemos quem formou a maioria e quem restou vencido”, postou o advogado.

AMPLA TRANSPARÊNCIA – “Sou a favor do fim da deliberação pública, mas tem que constar o nome de cada ministro, e como ele votou, na decisão. Se o Lula está sugerindo nem indicar quem votou e como, é um absurdo. Mas ao fim das discussões abertas eu sou favorável. O que interessa – e o que deve ser analisado e criticado – é o resultado final. Esse processo interno de deliberação não precisa ser público”, diz Horácio Neiva.

Beatriz Rey, doutora em ciência política, publicou que “o problema não é o voto ser público”. “Accountability [responsabilização] é sempre bom. O problema é ministro do STF dando palpite em assunto de outro poder, dando entrevista para a imprensa, fazendo conchavo para salvar políticos e por aí vai.”

Na mesma linha, Pedro Burgos, professor de Comunicação e Jornalismo do Insper, postou que “a declaração absurda do Lula vai fazer a gente voltar algumas casas em uma discussão legítima: do quão ruim é a espetacularização/personalização do Supremo (pavonice na TV Justiça, opiniões fora dos autos, entrevistas, etc). Solução não deve ser a absoluta falta de transparência.”

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOGA matéria enviada por Mário Assis Causanilhas mostra que Lula precisa urgentemente de uma mordaça. Cada vez que ele fala uma asneira, Flávio Dino e outros áulicos têm de correr para corrigir, e a emenda fica pior do que o soneto, como os poetas diziam antigamente. Está claro que as declarações de Lula é que precisam ficar sob sigilo, caso contrário vão pensar que ele já está com a data de validade vencida. (C.N.)

Generais veem ‘método Lava Jato’ na delação de Mauro Cid, e o Exército não se manifesta

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Messias  Bolsonaro (PL), presta depoimento  á CPI dos Atos Antidemocráticos, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, acompanhado por seu advogado, Cezar Bitencourt

Advogado Cezar Bitencourt convenceu Cid a fazer delação

Marcelo Godoy
Estadão

A decisão do tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid de procurar a Polícia Federal (PF) e o Supremo Tribunal Federal (STF) para colaborar com as investigações sob o comando do ministro Alexandre de Moraes após um longo tempo de prisão revela uma situação parecida com a vivida no passado durante a Operação Lava Jato.

Essa visão é compartilhada por militares ouvidos pela coluna no quartel-general da Força Terrestre. Cid foi preso há quatro meses, no dia 3 de maio, e teve todos os pedidos de soltura negados até agora.

SEM COMENTÁRIOS – Uma possível delação estava no horizonte das conversas no Forte Apache já no começo da semana. Oficialmente, o comando do exército decidiu não se manifestar sobre esse movimento da defesa do tenente-coronel. Primeiro porque o caso se encontra na esfera jurídica do STF. Depois porque os fatos investigados não aconteceram dentro dos muros da instituição verde-oliva.

A exemplo dos demais atores em Brasília, militares ouvidos pela coluna também trabalham com algumas hipóteses. A primeira pergunta que se fazem é sobre quais os meios de prova Cid ainda disporia para corroborar a sua delação que a Polícia Federal não tenha conhecimento.

Traduzindo: existe algum celular, pen drive ou HD externo escondido com novos documentos, fotos ou mensagens que os federais desconhecem em poder de Cid ou de sua família que possam esclarecer o papel dos envolvidos e o alcance dos delitos cometidos? Quase ninguém acredita nessa hipótese.

MAIS INFORMAÇÕES – O mais provável, segundo os militares consultados, é que Cid tenha informações e dê seu depoimento sobre os papéis de cada um nessas tramas – venda de joias, falsificação de cartões de vacina, ataque às urnas eletrônicas, manifestações golpistas, operações para dificultar o voto no Nordeste. Há ainda quem acredite que a ação de Cid serviria para obter o compromisso de que seu pai, o general Mauro Cesar Lourena Cid, fique livre de qualquer acusação.

Até o começo da semana, era sentimento corrente entre os chefes do Exército que a prisão de Cid por mais de cem dias apontava para uma prática supostamente usada pela Lava Jato para obter provas contra políticos: forçar a delação de empresários. Cid – suspeitavam os generais – era mantido preso para confessar e envolver Bolsonaro como o mandante dos malfeitos.

Questionava-se ainda que, no caso da Lava Jato, os acusados ainda puderam, mais tarde, contar com a revisão de seus casos no Supremo. O que não aconteceria com Cid nem com Bolsonaro, processados já na última instância. Ou seja, não haveria ninguém no futuro para consertar possíveis erros do STF.

RESTRIÇÕES AO STF – Há um claro desconforto entre os militares quando o tema é STF. Seria necessário reequilibrar os poderes na República, muitos pensam, a exemplos de vários juristas. E, como argumento, usa-se uma linha de raciocínio que remonta à decisão de impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff, em 2016, até a mesma medida que impediu que Alexandre Ramagem se tornasse diretor da PF sob o governo Bolsonaro, em 2020.

Há ainda outras dúvidas suscitadas entre os militares pela delação. Ela poderia servir para isentar acusados da perda de posto e patente, desobrigando-os de serem submetidos a conselho de justificação? Este conselho é uma espécie de tribunal de honra que declara se o oficial é digno ou indigno do oficialato. Militares condenados a mais de dois anos de prisão são automaticamente desligados do Exército.

Cid poderia delatar e pedir em troca a preservação do posto e patente? Se um acordo assim for homologado pelo STF, ele teria de necessariamente ser cumprido pelo Superior Tribunal Militar (STM).

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Está tudo no ar e circulam muitas especulações. Vai ser um final de semana longo, aguardando a decisão do ministro Alexandre de Moraes sobre a delação de Cid. E haja Lexotan! (C.N.)

Decisão de Dias Toffoli revigora Lula e só atinge Moro, Dallagnol e a Odebrecht

Charge do Latuff (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Lendo-se com atenção o despacho do ministro Dias Toffoli invalidando o acordo de leniência da Odebrecht com a Operação Lava Jato, verifica-se, inevitavelmente, que seus efeitos concretos voltam-se contra as pressões exercidas sobre a empreiteira para forçá-la a delações, atribuídas ao ex-juiz e, agora senador, Sergio Moro, e a membros do Ministério Público, como é o caso de Deltan Dallagnol, que atuaram conjuntamente com a 13ª Vara de Curitiba.

Não é fato que o despacho possa gerar absolvições e reabilitações de condenados pela Justiça. Quanto à total reabilitação do presidente Lula da Silva, a manifestação de Dias Toffoli tem esse objetivo. Mas é preciso considerar que todos os processos contra ele julgados por Sergio Moro já foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal com base no princípio da parcialidade. Aliás, como se observa, uma decisão muito grave para um juiz de Direito.

ANULAÇÃO – Não creio que as condenações de políticos sejam anuladas. Muito menos a devolução de dinheiro obtido ilegalmente, como foi o caso de personagens da Petrobras que devolveram milhões de dólares à empresa pelos prejuízos que causaram. Não faria sentido que os que, como Pedro Barusco, fizeram devoluções à estatal obtivessem agora o direito de reaver o que devolveram. Não tem cabimento.

Por isso, é que no fundo a decisão de Dias Toffoli não causará reflexos, restando apenas a hipótese de a Odebrecht, que mudou de nome, tivesse, isso sim, que devolver o valor das quantias que tenham conseguido deduzir da corrupção com que se envolveram. Corrupção, inclusive, praticada em obras no exterior. Reportagens de Daniel Gullino e Jan Niklas, O Globo, e de José Marques, Folha de S. Paulo, edições desta quinta-feira, focalizam amplamente a questão e deixam no ar um elenco de hipóteses que poderão decorrer do despacho repentino de Dias Toffoli.

Na minha opinião, só funcionará como instrumento de alcançar Sergio Moro, que de juiz de Curitiba tornou-se um personagem nacional que cometeu o grande erro, como definiu o juiz Joaquim Barbosa, de aceitar ser ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. Rompeu com Bolsonaro na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, mas dele se reaproximou na campanha eleitoral de 2022, ao ponto de assessorá-lo no debate que travou na TV Globo. Realmente, a movimentação do senador Sergio Moro foi surpreendente. Saiu de magistrado para o plano político aberto.

CENTRÃO –  Finalmente, o presidente Lula decidiu ampliar a participação do PP e do Republicanos, nomeando André Fufuca para o Ministério dos Esportes no lugar de Ana Moser e Silvio Costa Filho para Portos e Aeroportos. Na minha opinião, ridícula a foto distribuída pelo governo com o ministro Alexandre Padilha no meio dos dois ministros sorrindo e destacando um aperto conjunto de mãos.

O momento não era festivo. Tratava-se de nomeações, mas também de demissões, sobretudo de uma atleta que esteve nessa primeira hora com a campanha de Lula pela Presidência. No O Globo, reportagem de Jeniffer Gularte, Sérgio Roxo, Alice Cravo e Lauriberto Pompeu. Na Folha de S. Paulo, de Julia Chaib, Mariana Holanda, Renato Machado e Thiago Rezende.

SUPERSALÁRIOS – Numa entrevista a Geralda Doca e Vitória Abel, O Globo, e a Natália Garcia, Marianna Holanda e Vitória Azevedo, Folha de S. Paulo, nas edições de quarta-feira, o ministro Fernando Haddad afirmou que vai dirigir suas atenções para conter os supersalários no serviço público que apresentam níveis de remuneração muito altos.

Os salários já estão limitados por emenda constitucional ao teto dos ministros do STF. Logo, deve haver apenas observação quanto à ruptura do teto através de critérios sem base legal.

Mas o ministro Fernando Haddad, digo, devia incluir nas suas preocupações a questão dos subsalários e também, no caso do serviço público federal, o congelamento durante os quatro anos do governo Bolsonaro quando sequer tiveram os índices de inflação repostos. Foram diminuídos, portanto. O que é absolutamente inconstitucional. A dívida para com os servidores federais é muito grande.

Sobram estranhos enigmas e faltam respostas objetivas naquela Esplanada dos Ministérios

O Congresso Nacional e a Esplanada dos Ministérios, vistos de cima

Na Esplanada, há muitos mistérios que continuam sem explicação

José Casado
Veja

O governo diz não ter imagens gravadas dentro da sede do Ministério da Justiça durante o atentado de 8 de janeiro. Também diz não possuir gravações do Ministério da Defesa sobre uma suposta audiência clandestina de Walter Delgatti Netto, prestador de serviços de espionagem eletrônica, com o ex-ministro Paulo Sergio Nogueira e sua equipe de especialistas em sistema de votação eletrônica.

Nos dois casos alegam-se razões contratuais para inexistência de armazenamento de gravações em video, o que é paradoxal numa época em que é rotineira a preservação de dados em “nuvem” — coisa banal, tanto no sofisticado sistema financeiro quanto na telefonia celular.

NÃO HÁ SEGURANÇA – Seriam falhas pontuais, não fosse a extraordinária fragilidade da administração pública federal, estadual e municipal na gestão de informações dos cidadãos e na segurança do patrimônio público.

Ano passado, por exemplo, o Ministério da Saúde ficou virtualmente paralisado durante três semanas por causa de uma invasão na sua rede de computadores.

Até hoje não sabe exatamente o que aconteceu e qual a dimensão das perdas de informações armazenadas. Mês passado, publicações especializadas relataram um ataque hacker à Fiocruz, no Rio, com vazamento de 500 Gigabytes de dados sobres pesquisas.

Da mesma forma, não se sabe o que efetivamente ocorreu no apagão de energia elétrica de três semanas atrás que deixou 25 Estados sem eletricidade.

OUTROS MISTÉRIOS – Permanece desconhecida, ainda, a origem das falhas de segurança no armazém da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Resende (RJ) que possibilitaram o sumiço – ainda não esclarecido – de pelo menos duas cápsulas com amostras de urânio enriquecido, gás hexafluoreto de urânio (UF6), usado na produção de combustível para as usinas nucleares de Angra dos Reis.

O desaparecimento desse material radioativo só foi percebido em julho. O governo não faz ideia de quando sumiu e, muito menos, quem levou tubos de oito centímetros com gás UF6.

Coisas estranhas se sucedem nos bastidores de Brasília: imagens de vigilância não armazenadas por contrato; invasões e sequestros de redes de dados; apagão de energia de causa incerta, e, roubo de urânio enriquecido dentro de área supostamente de segurança máxima. Sobram enigmas, faltam respostas objetivas na Esplanada dos Ministérios.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Mais um excelente artigo de José Casado. Pegou vários incidentes esparsos, estabeleceu um raciocínio que indiscutivelmente os une, para então repetir um pensamento shakespeariano e mostrar que no Brasil também há mistérios que desafiam a nossa vã filosofia. (C.N.)

“Pavão misterioso, pássaro formoso, tudo é mistério nesse teu voar…”

Poesia em Si: Romance do Pavão Misterioso ( cordel de José Camelo de Melo)

Pavão misterioso é um famoso cordel nordestino

Paulo Peres
Poemas & Canções

O cantor e compositor cearense José Ednardo Soares da Costa Sousa, foi buscar inspiração no cordel de José Camelo para compor Pavão Mysteriozo, uma das sagas de amor similares à Romeu e Julieta, que conta a história de jovem turco muito rico que resolveu roubar uma condessa e casar-se com ela, independentemente da vontade dos pais e, para isto, mandou construir uma nave em forma de pavão e cumpriu seus objetivos.

Ao contrário de Romeu e Julieta, esta saga tem um final feliz. Ednardo compôs esta canção em ritmo de novena, que no Ceará é mais lento apara acentuar um clima de lamento. O LP “Ednardo – O Romance do Pavão Mysteriozo” foi gravado em 1974, pela RCA Victor. Em 1976, a música foi tema da novela Saramandaia.

PAVÃO MYSTERIOSO
Ednardo

Pavão misterioso, pássaro formoso,
tudo é mistério nesse teu voar
Ah, se eu corresse assim, tantos céus assim
Muita história eu tinha pra contar

Pavão misterioso nessa cauda aberta em leque
Me guarda moleque, de eterno brincar
Me poupa do vexame de morrer tão moço
Muita coisa ainda quero olhar

Pavão misterioso, meu pássaro formoso
No escuro desta noite, me ajuda a cantar
Derrama essas faíscas, despeja esse trovão
Desmancha isso tudo que não é certo, não

Pavão misterioso, pássaro formoso
Um conde raivoso não tarda a chegar
Não temas minha donzela, nossa sorte nessa guerra
Eles são muitos, mas não podem voar.

Festival de sandices só aconteceu porque a decisão foi redigida pelo próprio Toffoli

Para Dias Toffoli, direito de resposta é liberdade de expressão plena

Tofolli fez questão de redigir o texto e causou essa confusão

Carlos Newton

Os ministros do Supremo Tribunal Federal reclamam que trabalham muito, mas é tudo conversa fiada. Com exceção da presidência da Corte, que trabalha menos ainda, cada assessoria dos ministros é composta de um chefe de gabinete, oito operadores de Direito (juízes auxiliares, advogados, procuradores ou defensores) e dois assistentes judiciários (também com formação superior). Assim, raramente os ministros redigem as decisões e despachos.

Esse tipo de assessoria é desempenhado por operadores de alto nível, são eles que cuidam os processos. O próprio Sérgio Moro, como juiz auxiliar, chegou a trabalhar no Supremo, como assessor da ministra Rosa Weber durante o escândalo do mensalão. Se Toffoli tivesse pedido a algum assessor para redigir a decisão, ele se recusaria, explicaria que não poderia, por isso e por aquilo. Mas Toffoli quis redigir e o resultado é desastroso.

DE PRÓPRIO PUNHO – Desta vez, porém, no afã de bajular pessoalmente o presidente Lula da Silva e se reaproximar dele, o ministro Dias Toffoli esqueceu que foi reprovado duas vezes em concurso para juiz e resolveu ele próprio redigir a decisão que supostamente sepultaria a Lava Jato.

Embriagado pelo poder, Toffolli decidiu aproveitar uma brecha  aberta ilegalmente por Ricardo Lewandowski para levar o Supremo a reconhecer a validade de provas da Operação Spoofing, cujo alvo foi a quadrilha que gravara mensagens entre a força-tarefa da Lava Jato, algumas incluindo o então juiz Moro. Por serem grampos ilegais, as provas não poderiam ser aceitas judicialmente, porém Lewandowski operou esse milagre.

SEM BASE LEGAL – Voltando a Toffoli, seu desarticulado texto foi uma vergonheira fétida. Sem a menor base legal, ele sentenciou que a prisão de Lula da Silva foi um dos maiores erros judiciários do país, e assim difamou não só os dois juízes da 13ª Vara de Curitiba, mas também os três desembargadores do TRF- 4 e os cinco ministros do STJ, que foram unânimes nas condenações de Lula.

Além disso, o ministro viajou na overdose jurídica e determinou que sejam investigados os agentes públicos envolvidos na condenação de Lula, o que significa incluir no inquérito todos os magistrados e membros da força-tarefa (leia-se: procuradores, auditores da Receita e delegados federais.

E fez uma denúncia gravíssima contra todos eles, ao acusar: “Sob objetivos aparentemente corretos e necessários, mas sem respeito à verdade factual, esses agentes desrespeitaram o devido processo legal, descumpriram decisões judiciais superiores, subverteram provas”.

CHAMEM A AMBULÂNCIA – Meus amigos e amigas, é caso médico-psiquiátrico. O pedido de investigação foi redigido como se fosse uma sentença condenatória e encaminhado à Procuradoria-Geral da República, Advocacia-Geral da União, Ministérios das Relações Exteriores e da Justiça, Controladoria-Geral da União, Tribunal de Contas da União, Receita Federal, Conselho Nacional de Justiça e Conselho Nacional do Ministério Público. Mas Toffoli não tem esses poderes. É tudo um jogo de faz de conta.

O pior é que o ministro Flávio Dino demonstrou ser tão irresponsável quanto Toffoli. Ao invés de chamar a ambulância psiquiátrica para recolher o “Napoleão de hospício”, como são chamados os loucos que gostam de dar ordens, o titular da justiça imediatamente acatou as determinações de Toffoli.

Colaboração premiada não é capítulo de novela', adverte delegado da Lava Jato - Estadão

Delegado Márcio Ancelmo criou a Lava Jato

Dino deveria ter dito que ia verificar o assunto, mas foi logo anunciando que, assim receber a decisão de Toffoli, vai mandar a Polícia Federal investigar todos os envolvidos, o que significa devassar ela própria, pois foi o delegado federal Marcio Ancelmo quem descobriu o esquema de corrupção na Petrobras e formou a força-tarefa.

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P.S. 1 –
Caramba, amigos! O PT e o Planalto se tornaram dois asilos tipo Casa Verde machadiana. O personagem principal, o alienista/psiquiatra Simão Bacamarte, é interpretado por Lula da Silva, que atribui a própria loucura às dores diabólicas que sente no ventre, embora nem esteja grávido…

P.S. 2 – Os malucos assumiram o controle da Casa Verde, o personagem Dias Toffoli já está usando o jaleco do psiquiatra-chefe e seu comparsa Flávio Dino preferiu assumir a cozinha do estabelecimento, onde se sente mais à vontade. Bem, depois a gente volta, para contar o que Lula na verdade está achando disso tudo. (C.N.)

STF se livraria de muitos problemas se os ministros tivessem notório saber e reputação ilibada

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Charge do Laerte (Folha)

José Carlos Werneck

A Constituição Federal prevê em seu artigo 101 que “o Supremo Tribunal Federal compõe-se de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada”.

Assim, ao ler a espantosa decisão de Dias Toffoli, imediatamente constata-se que não se está exigindo notável saber jurídico para os integrantes do Supremo Tribunal Federal.

VÃ EXIGÊNCIA – Notável é aquilo que está acima da média do conhecimento de todos, algo que é admirável, extraordinário,  que inclui saber acadêmico, livros publicados, reconhecimento nacional e até internacional como jurista. Na prática, este requisito nem sempre tem sido seguido pelos presidentes nas indicações.

O eminente jurista Ives Gandra Martins em um artigo lembrou que “a reputação ilibada e notório conhecimento, que a Constituição impunha e impõe para a indicação de ministro do colendo excelso, são critérios de tal forma subjetivos e de difícil avaliação que ao Senado Federal tem restado, apenas, papel homologatório da indicação”.

Na época, o artigo foi comentado pelo notável jurista e ministro aposentado do STF José Carlos Moreira Alves, que defendeu a nomeação nos moldes em que era e é feita, lembrando fato não despiciendo de que, na história do STF, tal tipo de nomeação não reduziu jamais a independência da Corte, nem a qualidade de suas decisões.

OUTRA POSTURA – Ives Gandra diz que hoje sua postura seria diversa daquela mencionada. “Em minha pessoal visão do Poder Judiciário, entendo que a função dos tribunais superiores é menos fazer justiça e mais preservar as instituições. Em outras palavras, justiça se faz nas duas instâncias inferiores, perante o juízo monocrático e perante o órgão de segundo grau, colegiado encarregado da revisão da decisão, mediante o oferecimento do recurso cabível”.

Para ele, a função dos tribunais superiores é preservar as instituições jurídicas e o Estado democrático de Direito, motivo por que, nesta pessoal concepção, apenas as causas que transcendam o interesse das partes ou que impliquem manifesta violação da lei, da Constituição ou da jurisprudência consolidada é que deveriam subir para essas cortes.

“Fosse sua função a de administrar justiça, como ocorre com as instâncias inferiores, em que o duplo grau de jurisdição é garantia constitucional, e teríamos uma multiplicação infinita de instâncias – quatro no mínimo, visto que há ainda outros tipos de recursos regimentais no âmbito dos próprios tribunais – para as seções ou para o plenário”.

E COMPLETA – “Dir-se-á que é o que ocorre hoje, mas tal ocorre por excesso de competências, algumas superpostas, o que transforma, em realidade, os tribunais superiores em terceira e quarta instâncias de administração da Justiça, e não apenas naquelas voltadas à preservação do direito e das instituições”.

Gandra ressalta que desde 1987 propugna por duas instâncias de administração da Justiça: “uma instância de uniformização (STJ), cabendo à Suprema Corte função de autêntica corte constitucional, acrescida de algumas competências de natureza jurídico-política para estabilização do direito”.

Evitar-se-ia, assim, que dez ministros do STF (o presidente só decide em plenário) recebessem mais de 100 mil processos, por ano, o STJ mais de 130 mil e o TST outros 130 mil.

TRIBUNAL DE CONTAS – “Na minha proposta, as cortes de contas seriam transformadas em órgãos do Poder Judiciário, com a função de controlar os gastos das entidades e órgãos públicos”, diz ele.

Gandra conclui o artigo afirmando não ver por que mudar sua atual posição, a não ser que se encontre um sistema que não prejudique essa concepção jurídico-política que deve conformar uma corte constitucional e suprema.

Mas é claro que está se referindo a nomeação de juristas realmente de notável saber e reputação ilibada, e não de amigos do presidente ou advogados de seu partido político, como ocorre hoje no Brasil.

Confirmado! Mauro Cid fará delação premiada e Bolsonaro não terá condições de se defender

Mauro Cid na CPI do DF

Declarações do advogado já indicavam que Cid faria delação

Mariana Muniz
O Globo

O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, esteve nesta quarta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF) para entregar um termo de intenção no qual se dispõe a firmar um acordo de delação premiada com a Polícia Federal. A informação sobre as tratativas foi inicialmente revelada pelo blog da jornalista Andréia Sadi, do g1.

Cid e seu advogado, Cézar Bitencourt, foram ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes e se reuniram com o juiz auxiliar Marco Antônio Vargas, que recebeu o documento.

ESPONTÂNEA VONTADE – A audiência na Corte teve como objetivo de atestar que a intenção do tenente-coronel em firmar um acordo de delação ocorreu “por livre e espontânea vontade”.

A viabilidade da colaboração de Cid, contudo, ainda depende do aval do Ministério Público Federal e posterior homologação pelo ministro Alexandre de Moraes. Não há data para que isso ocorra. Procurada, a defesa do ex-ajudante de ordens não retornou aos contatos.

Mauro Cid foi ajudante de ordens de Bolsonaro durante todo o seu mandato e, desde o fim do governo, virou foco de investigações envolvendo suspeitas relacionadas a fraude em cartões de vacinação, venda irregular de presentes dados ao governo brasileiro e também em tramas para um possível golpe de estado no país.

VENDA DE PRESENTES – A investigação mais avançada é a que trata da venda de presentes recebidos por Bolsonaro durante sua passagem pela Presidência.

Investigadores identificaram que Cid, com participação do seu pai, o general da reserva Mauro Lourena Cid, vendeu dois relógios recebidos por Bolsonaro de outros chefes de estado, além de joias e outros itens de luxo.

Cid está preso desde maio, entretanto, em razão de outro inquérito, que apura uma suposta fraude em cartão de vacina. Segundo a investigação da Polícia Federal, Cid teria atuado para fraudar certificados de votação para si próprio e para seus familiares antes de uma viagem aos Estados Unidos. Os dados do ex-presidente Jair Bolsonaro, assim como o de sua filha, Laura Bolsonaro, também teriam sido fraudados por orientação do então ajudante de ordens.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Bem, é o começo do fim de Bolsonaro como político. Assim como aconteceu com Lula, é praticamente certo que Bolsonaro seja condenado à prisão, por peculato, associação criminosa, abolição do Estado Democrático de Direito etc. Continuará a ser um importante líder, mas não conseguirá novamente sair candidato. Assim, a direita tem de arranjar um novo líder para substituí-lo. Aliás, acho até que já arranjou e ele se chama Tarcísio de Freitas. E vida que segue, como dizia João Saldanha. (C.N.)

Associações de Juízes e Procuradores devem recorrer contra a decisão patética de Tofolli

Toffoli ignorou sindicância da PGR de Aras que isentou Lava-Jato em acordo da Odebrecht

Dias Toffoli quis agradar Lula e causou um grave problema

Julia Duailibi
GloboNews.

A decisão do ministro Dias Toffoli, que acabou anulando as provas do acordo de leniência firmado pela 13 Vara Criminal Federal e a Odebrecht, deve ser analisada pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal.

Isso porque a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) vão entrar de maneira conjunta com um recurso contra a decisão do ministro Dias Toffoli. A decisão do ministro pode levar à anulação do acordo de leniência assinado por cerca de 80 dirigentes e executivos da empreiteira.

SEGUNDA TURMA – Como a decisão do ministro foi numa reclamação apresentada pelos advogados de Lula, o colegiado responsável por analisar o recurso é: Toffoli, Gilmar Mendes, Edson Fachin, Nunes Marques e André Mendonça.

Porém, as duas entidades ainda não definiram qual instrumento vão usar. Pode ser um agravo ou um embargo de declaração – ou até os dois. A ideia é que a decisão de Toffoli seja revista pelos demais ministro do STF.

Os embargos de declaração não têm o poder de mudar a decisão do ministro, mas podem servir para que ele explique determinado trecho. Já o agravo pode, sim, alterar a decisão. Isso porque o colegiado é quem deve analisá-lo.

Vale destacar que Mendonça é o ministro relator de uma ação movida por PV, PSOL e Solidariedade que questiona justamente todos os pagamentos nos acordos de leniência firmados antes de 2020. Os partidos também questionam a atuação do MPF nos casos.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
A matéria está juridicamente confusa. O recurso não pode ser embargo de declaração, pois a decisão é monocrática, não se trata de acórdão. As Associações devem apresentar um Agravo de Instrumento para desfazer as arbitrariedades e sandices de Toffoli, que parece ter voltado aos tempos da juventude e tomou um ácido lisérgico antes de redigir o texto. Virou um juiz doidão, tipo personagem de comédia. (C.N.)