Pedro do Coutto
Nos Estados Unidos, o presidente Joe Biden mobilizou o governo para que num encontro com os dirigentes das big techs sejam encontrados caminhos e fórmulas para o uso da Inteligência Artificial de maneira que não constitua uma ameaça relativa à segurança nacional americana, mas cujo raio de alcance também se amplie sobre as questões relativas ao mercado de trabalho.
A Inteligência Artificial evoluiu tanto nos últimos tempos que se constata uma participação além daquela que poderia ser prevista com o sistema integrado pelo Google, pela Meta, pela Microsoft, pelo Facebook e pelo Instagram. É verdade que a plataforma Meta controla o Facebook, o WhatsApp e o Instagram. Mas surgiu no horizonte de forma muito intensa a ChatGPT desenvolvido pelo OpenAI que vai muito além do Google, como destacou Filipe Campello em almoço entre amigos na sexta-feira no Giuseppe do Leblon.
ALCANCE – Ele mostrou através do seu celular o alcance do ChatGPT que não só é capaz de responder às consultas, como até a de debatê-las, aceitando as opiniões dos interlocutores e estendendo o raciocínio às etapas sequentes e consequentes das perguntas formuladas.
Essa ruptura informativa cria um amanhecer novo e perigoso para o uso da comunicação em tal grau. As mensagens trocadas são escritas e respondidas e o processo pode ocorrer em várias línguas. No caso em tela, claro, em portugês. O que me surpreendeu foi o encadeamento lógico dos temas e das observações da Inteligência Artificial.
A Inteligência Artificial é capaz de formular e até adaptar textos no estilo de artistas, de escritores, sobre assuntos que atravessam as épocas. Fantástico isso. Mas, o fato predominante é que no fundo a Inteligência Artificial é impulsionada por seres humanos, uma vez que os robôs não são sensíveis aos padrões monetários porque são uma criação de cientistas que conseguiram efeitos lógicos dentro de um sistema gelado de troca de perguntas e explicações seguindo o padrão absoluto de lógica.
AMEAÇA – Há até situações em que diante de uma observação feita por qualquer um de nós, o ChatGPT repensa palavras que no momento anterior havia utilizado para fornecer traduções claras das questões. A ameaça no que se refere à Inteligência Artificial é quanto ao mercado de trabalho, como assinala Filipe Campello, pois no momento em que for financeiramente lucrativo e empresas e empresários investirem numa amplitude maior da Inteligência Artificial, ela poderá substituir um número enorme de empregos, e com isso emparedar a espécie humana num dilema: o interesse do capital sobrepondo-se novamente ao interesse social e a própria respiração e pulsação humanas.
Pelo que percebi, a distância entre a realidade de hoje e a que possa ser alcançada em consequência da trepidação pelo lucro, talvez possa ser estimada em 50 ou 70 anos. Inclusive depois que a tecnologia avança por um caminho, ela encontra maior facilidade em superar as escalas da viagem. Um exemplo disso está no automóvel; é mais trabalhoso retirar o carro da garagem do que dirigi-lo nas ruas e estradas. Ou seja, a dificuldade maior é sair do zero e chegar até dez. Passar de dez ao vinte é mais simples.
RISCO – A questão essencial é o risco com que a espécie humana volta a se defrontar, uma ameaça de um novo tipo de escravidão pelo encurtamento das ofertas de trabalho e pela necessidade de cada grupo se sustentar. A Inteligência Artificial pode se tornar um novo instrumento de dominação e mudar até diversas características humanas, alterando a sensibilidade, com os computadores alcançado e transpondo a floresta dos sentimentos dos seres humanos.
O presidente Joe Biden, destaca reportagem de O Globo deste sábado, matéria da Bloomberg News, disse que o compromisso assumido pelas empresas com Washington é apenas o primeiro passo e ao mesmo tempo se comprometeu a tomar medidas enquanto discute com o Congresso uma legislação para fixar regras e regulamentos para a Inteligência Artificial. “Devemos ter os olhos bem atentos e estar vigilantes”, disse. O perigo é a Inteligência Artificial sair fora de controle e que seres humanos utilizem a robótica para dominar ainda mais os seus semelhantes.
INTERVENÇÃO – Reportagem de Igor Gielow, Folha de S. Paulo de sábado, destaca a ameaça que Vladimir Putin dirigiu à Polônia, sustentando que o país pretende intervir na guerra da Ucrânia enviando tropas para o país com o apoio de nações do Ocidente. Putin diz ter provas do fato e que a Polónia quer forçar um tipo de coalizão sob o guarda-chuva da Otan, intervindo no conflito de Kiev.
Na minha impressão, Putin deve estar enfrentando alguma pressão interna e sua ameaça à Polônia é para desviar as atenções que envolvem Moscou para o plano internacional. O posicionamento da Polônia já é conhecido desde o início da invasão. De qualquer forma, a ameaça russa acende um sinal de alerta não só da volta da Guerra Fria, mas até mesmo de um confronto militar que possa se assemelhar à Segunda Guerra Mundial.
PLANOS DE SAÚDE – Joana Cunha, em excelente reportagem na Folha de S.Paulo deste sábado, revela que estão sendo examinados pelos planos de saúde aumentos de preços em função ao crescimento dos segurados acima de 60 anos de idade. Eram 3,3 milhões no ano 2000 e hoje são 7,3 milhões de homens e mulheres.
A elevação da idade é interpretada como um crescimento do risco, uma vez que os mais velhos são mais vulneráveis às doenças. Mas é preciso considerar que os mais idosos também contribuem há muito mais tempo para os seguros de saúde e, portanto, nas contas que possuem os seus saldos são muito maiores que os saldos existentes nas contas dos mais jovens, sobretudo porque os mais idosos representam apenas 14% do total dos contratantes, o que deveria ser fundamental para verificação equilibrada das contas.