‘Eu vou dar 20 ou 30 versões, posso dizer o que quiser’, diz advogado de Mauro Cid

O advogado Cezar Bitencourt, que atua na defesa de Mauro Cid.

Bitencourt diz que Wassef é trapalhão e lunático

Tácio Lorran
Estadão

Após recuar da informação de que seu cliente iria incriminar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no escândalo das joias, o advogado Cezar Bitencourt afirma que dará “20, 30 versões” e que “pode dizer o que quiser”. Em entrevista ao Estadão, o criminalista chega a afirmar que defenderia Bolsonaro se ele o procurasse “pagando bem” e “bem mais caro” do que o cobrado do seu cliente, o tenente-coronel Mauro Cid.

O advogado admite, por outro lado, que seu cliente fará de tudo para livrar o pai de uma eventual prisão e condenação, mesmo que isso atinja Bolsonaro. “Vou fazer o trabalho de defesa do meu cliente, se respingar nele [Bolsonaro], não vou deixar de usar”, afirmou.

A atuação do senhor seria pro bono (sem custo)?
Não, claro que não. Não é verdade. Não tenho que falar [o valor]. Os meus honorários eu falo para a Receita Federal.

O senhor poderia revelar os valores?
Não. Não vale a pena. Mas não sou barato, né?!

Mas chega na casa dos milhões?
Próximo, por aí. Mas não vamos valar em valores. Isso é entre o advogado e o cliente.

O senhor mudou o discurso em relação à linha de defesa?
Eu vou dar 20 ou 30 versões, posso dizer o que quiser. A versão da defesa, efetivamente, vai vir nos autos. Não é questão de mudar. Imagine se eu tivesse que ficar preso com uma informação que eu dei? A defesa técnica eu faço no processo. Eu falo sobre fatos para jornalistas, não vou falar sobre defesa técnica.

O senhor diz à revista Veja que o Bolsonaro teria pedido para vender as joias. E quando o senhor fala com a GloboNews o senhor tira essa parte. É um detalhe mínimo, mas importante, certo?
É, mas eu tinha que ter uma confirmação desse negócio porque eu poderia ter me enganado, né? Eu não tenho muita simpatia por ele, então tenho que tomar mais cuidado para não deixar essa antipatia falar.

Mas o senhor confirma que teve essa mudança?
Teve uma pequena mudança de redação. Teve, sim. A defesa eu não mudei porque eu não fiz a defesa ainda, isso eu vou fazer nos autos. Eu tô dando informações. Não é aquilo que a gente fala para a imprensa que a gente coloca no processo.

O senhor tem informação de que as investigações também podem chegar na Michelle Bolsonaro ou no Nelson Piquet?
Não tenho a menor ideia, eu não li os autos. A Michelle pode fazer a extensão? Acho que não. Desses fatos? Não sei. Acho difícil nela. Pode ser, mas acho difícil. E com o Piquet não vejo razão nenhuma.

Uma parte das joias chegou a ficar na fazenda do Piquet, que é aliado do Bolsonaro.
Se eu tenho uma fazenda, e um amigo coloca uma coisa lá, eu não tenho responsabilidade por isso.

Não tem responsabilidade?
Não. Como vou responder se eu tenho uma fazenda e um cara bota no canto um negócio lá?

Mas se a pessoa autoriza ela tem responsabilidade…
Então, mas aí você botou um ‘se’. Não sei, não. Não sou advogado do Piquet. Não tenho nada. É muita picuinha. O cara está participando? Não. Até fizeram uma brincadeira aqui comigo. Se o presidente resolver fugir de uma hora para a outra, com certeza vai pegar um avião do Piquet. Mas isso é uma brincadeira, né? Mas isso não vai implicar ele, não. O cara tem outras assessorias, outras pessoas mais próximas.

E no caso da Michelle? Temos outros fatores apontando para ela, como a questão do dinheiro vivo.
As pessoas podem ganhar presentes, não vejo problema nenhum. Ainda mais se tratando da primeira-dama. Presente é presente. Eu tive uma informação hoje. Tem um departamento lá que tem um cidadão que é chefe desse departamento há 10 anos. Chegou presente de fora. Eles têm um departamento encarregado de despachar, reportar, catalogar e verificar esses tipos de presentes. E tem dois setores, o público e o privado. O encarregado chefe desse departamento, que sequer o Bolsonaro conversa, vai lá e faz a catalogação. Ele bota lá como público e é público. Os outros ele diz que é particular, então é particular. Então isso é do presidente. E ele faz o que quiser, pode vender. Claro, caso tenha acontecido um erro, deve se apurar juridicamente. Mas isso aí tem um problema, tem um erro de direito, pode ter sido induzido a erro. Pode acontecer? Pode. Não tenho nenhuma simpatia com o Bolsonaro. Não sou político, não gosto de política partidária. Nunca fiz política. Eu sou advogado. Se o presidente me procurasse, pagando bem, faria a defesa dele. Bem mais caro, é claro.

O senhor chegou a conversar com o dr Paulo Bueno, advogado do Bolsonaro?
Conversamos. Ele me telefonou, nos cumprimentamos. Não tem problema.

Qual foi o teor da conversa com ele?
Papo furado. A gente se trata bem. O advogado não é inimigo da parte contrária. Nós não assumimos a posição de parte, nós somos advogados da parte. Um jornalista não vai ficar inimigo de outro jornalista.

Os senhores chegaram a falar do processo?
Não, não falamos. Talvez eu nem conheça o processo ainda, está chegando. Ele faz o trabalho dele e eu faço o meu.

Ele chegou a te oferecer acesso aos autos?
Não, os autos são públicos.

Então o senhor já tem acesso?
Eu tenho acesso.

Na GloboNews o dr Paulo Bueno disse que te ofereceu acesso aos autos…
Gentileza, falando assim, mas eu tenho acesso. Troca de gentileza.

E quando foi essa ligação?
Não sei, acho que foi ontem a noite. Que dia é hoje? Hoje é sábado, nem me lembro mais. Acho que foi ontem. Mas foi só uma ligação, correto? Só uma ligação.

O Frederick Wassef chegou a te procurar também?
Não. Esse cara não tem nível, né. É um trapalhão.

O senhor acha que ele cometeu algum crime?
Não acho nada, não vou dar opinião sobre o colega. Acho que ele é um lunático, é motivo de piada.

A investigação da Polícia Federal diz que ele atuou na recuperação das joias, e ele mesmo disse que pagou com dinheiro do próprio bolso.
Ele só está querendo fazer média pois já está escanteado. Não ajuda o presidente, só atrapalha. Ele não tem nível, não tem preparo técnico. É complicado. Pelo que eu entendi, ele está sendo escanteado. Lá atrás pode ter ajudado nos negócios dos filhos, mas não tem conhecimento técnico-jurídico para encarar esse tipo de coisa.

E sobre o caso do ex-presidente Bolsonaro, o senhor acha que ele cometeu algum tipo de crime?
Quem vai julgar são as autoridades. Eu defendo um outro que nem está muito alinhado com ele, então é melhor não emitir opinião.

O senhor fala que o Mauro Cid não está muito alinhado com o Bolsonaro?
Não. Eu não estou alinhado. Eu vou fazer a defesa do meu constituinte e, se possível, nem tocar no nome do outro [Bolsonaro].

O senhor chegou a conversar novamente com o Mauro Cid?
Conversei hoje.

E o que trataram na conversa? Falou sobre a repercussão que teve?
Falei de um relatório das coisas que fiz durante a semana. Pedi um material que ele tem por causa do processo, e as coisas que a gente vai fazer na semana que vem.

Chegaram a falar em Bolsonaro na conversa?
Não, não é tão importante assim para ficar falando nele.

Mas ele demonstrou alguma preocupação em proteger o Bolsonaro?
Não, ele tem que se preocupar com a defesa dele, que é comigo. Esquece o outro lado. Acho que não é uma guerra.

Em relação ao pai, o Mauro Cid está demonstrando uma preocupação, correto?
É, mas o pai que está preocupado com o filho. Conversei com o pai também. Eles confiam no meu trabalho.

Podemos entender então que ele demonstra preocupação com o pai, e não com o Bolsonaro?
Pode. Ele se preocupa com o pai, com o Bolsonaro não. Não tem que se preocupar com o outro. Talvez o Bolsonaro pode ter preocupação com ele. Mas vi uma entrevista do presidente, ele olhou, viu o material que escrevi a respeito do meu cliente, e disse que não tem nada demais. E não tem mesmo. Essas coisas vão acontecendo no desenrolar do processo. Pode desagradar? Pode. Pode desagradar muito? Pode. Pode agradar? Também. Depende das circunstâncias. Alguém disse: ‘Você mudou a versão’. Olha, eu mudei, assim, o ângulo dos fatos. Mas a versão, defesa técnica, eu vou falar nos autos.

Mas essas mudanças protegem o Bolsonaro, correto?
Eu não estou preocupado com o Bolsonaro. Nem protege nem prejudica. O problema vai acontecer na hora certa. Quando tiver uma outra coisa. Tudo que saiu até agora eu acho que é neutro. Não tenho nenhuma preocupação em agradar ou desagradar o Bolsonaro. Vou fazer o trabalho de defesa do meu cliente, se respingar nele não vou deixar de usar.

O senhor não está preocupado se o Bolsonaro vai ou não ser preso?
Não, para mim não faz diferença. Quem decide isso é a Justiça, eu sou advogado do meu cliente.

Sobre o Mauro Cid, o senhor pretende avaliar uma prisão domiciliar?
Não, isso eu vou avaliar semana que vem. Nem falei com o delegado da Polícia Federal ainda. Um passo de cada vez.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
Caramba, o advogado fala demais, é desvairado. Chega a ofender um outro advogado envolvido, Frederick Wassef, dizendo que ele é trapalhão, lunático e não tem nível.  Bem, com um advogado desse naipe, o julgamento do El Cid será um espetáculo inesquecível. Quem viver verá. (C.N.)

12 thoughts on “‘Eu vou dar 20 ou 30 versões, posso dizer o que quiser’, diz advogado de Mauro Cid

  1. Um PTista de carteirinha, antes que digam que é um bolsonarista.

    Quem é o novo advogado de Cid, que criticou prisão ‘ilegal’ de Lula e ‘asseclas de Bolsonaro’ pelo 8 de janeiro
    https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2023/08/16/quem-e-o-novo-advogado-de-cid-que-criticou-prisao-ilegal-de-lula-e-asseclas-de-bolsonaro-pelo-8-de-janeiro.ghtml

    Professor de Ciências Criminais na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Bitencourt já proferiu diversas declarações de cunho político, em diferentes ocasiões. Nas redes sociais, ele comentou, por exemplo, o processo contra Lula, afirmando que o atual presidente “foi condenado sem provas” e classificando sua prisão como “açodada, intempestiva e ilegal”. O jurista também defendeu a indicação de Cristiano Zanin, advogado do petista na ação, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

  2. Precisamos deixar de lado essa brincadeira de bandido e mocinho da moeda lulobolsonarista. Apesar do ufanismo enganador o país tem enormes desafios a enfrentar. As duas faces da moeda preferem manter a eleitoreira Indústria da Miséria e Exclusão. Inclusive unindo-se pra manterem o Secular Mecanismo do Cleptopatrimonialismo.

    https://youtu.be/jDN1tt_0wcY

    Só mesmo gente alienada, fanatizada, cultuadores de totens de pés de barro para cair no KO desta torpe da energúmena ópera bufa.

    Até nossos intelectuais abandonam a Ciência, para tornaram-se ideólogos do cleptopatrimonialismo. Assim paramos no tempo, com uma sofrível Educação, cujo papel é formar massa ignora de apoio aos ascensoristas sociais, cujo único objetivo é encherem seus bolsos legal ou ilegalmente.

  3. Há propósito, a
    “intelectualidade” hegemônica é a da face lulista, que positivistas, travam sua batalha social e política no mundo etéreo do positivismo léxico; mudando denominações dos excluídos, como se isto resolvesse seus problemas reais.

    Um exemplo que merece destaque é a ridicula linguagem neutra. Com a palavra a travesti Nany People:

    https://youtu.be/vAjhzuj2tQw

    Que gente imprestável. Mas é que estas turbas que apoiam desejam manter a eleitoreira Indústria da Miséria e Exclusão.

  4. O advogado César Bitencourt entrou em cena para confundir a opinião pública.
    Seu compromisso não é com a verdade.
    De dia ele afirma uma coisa, de noite outra e no dia seguinte se desmente de novo.

    Já é o terceiro advogado de Mauro Cid. Provavelmente, esse vai ser defenestrado pelo cliente.

    Fará dobradinha com Paulo Bueno, o advogado de Bolsonaro. A família Cid, tem que ficar de olho, porque Bitencourt parece que já está defendendo Bolsonaro.

  5. Tenho a impressão que a fritura do Moro, que vem aliando-se erroneamente com o bolsonarismo, estava no Pacote Lulobolsonarista Pró Manutenção do Clepto-patrimonialismo.

    Gostaria de saber quem está colocando combustível no Mecanismo. Talvez sejam aqueles em que a Lava Jato estava chegando, quando fora demonizasa.

    Afinal cadeia é pros 4ps, pretos, pobres, puta e pederasta.

  6. Cacetada!

    Tá difícil de entender que esses objetos não eram presentes?

    ERAM PRA SER VENDIDOS!

    Os presentes foram pagamento de corrupção disfarçados de presentes.

    LOGO OS PRÍNCIPES E REIS JAMAIS SE Ofenderíam.

    Sabiam que as jóias, virariam grana.

    Porque essa quadrilha foi CENTO E CINQUENTA VEZES AO BAHREIN E ARÁBIA SAUDITA?

    FAZER O QUE?

    Pelo amor de Deus!!!

    Isso é dinheiro de corrupção!!!

    Como é fácil enganar os brasileiros.

    Quanto a mim, nenhum dos dois me engana

    SÃO DOIS CRÁPULAS!

    Um deveria continuar preso e o outro deveria ser preso imediatamente.

    Não me venham com papo furado.
    São dois ladrões e deveriam estar na jaula juntos com seus filhos cúmplices do roubo.

    Lula e Bolsonaro se merecem.
    Nós é que não merecemos essa dupla escrota até o talo.

    Ah! O povo, quer?

    ENTÃO TOMA!!!

    Que se dane o país junto com os adoradores de ladrões.

    Deu!

    José Luis

    • “Que se dane o país junto com os adoradores de ladrões.”

      Vixe,

      Sr. José Luís

      Alguns adoradores de ladrões, bandidos, corruptos não vão gostar desse seu texto

      Grande abraço.

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