‘The Economist’ sabe que Bolsonaro não terá um julgamento imparcial 

The Economist chamou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de "juiz estrela" em matéria publicada nesta quarta-feira, 16.

The Economist diz que Moraes tem um poder excessivo

J.R. Guzzo
Estadão

Até tu, “The Economist”? Sim, até tu, “The Economist”. Tinha de acontecer um dia, mais cedo ou mais tarde, e aconteceu. O semanário inglês, tido como leitura obrigatória dos grandes deste mundo, foi durante mais de 100 anos um dos principais santuários disponíveis para o pensamento conservador com viés racional.

Hoje, antenado na Tábua de Mandamentos do pensamento globalista com viés esquerdoso, serve como um escritório de certificação do que existe de mais politicamente correto na vida pública mundial. Tanto na sua primeira encarnação como na segunda, é visto como um árbitro da virtude dos governos – e esse árbitro acaba de dizer que o STF está nu.

PARCIALIDADE – O que “The Economist” disse, com muita delicadeza e cuidado em cada palavra, mas sem qualquer dúvida para o bom, ou mesmo médio, entendedor, é que o ex-presidente Jair Bolsonaro não vai ter um julgamento imparcial no processo que o STF promove contra ele.

Não dá, realmente, para se dizer que “The Economist” é bolsonarista, como se diz automaticamente de quem afirma a mesma coisa aqui no Brasil – Bolsonaro, ao contrário, é uma “bête noîre” definitiva no seu elenco de maus elementos mundiais.

A conclusão é que o STF, enfim, se vê exposto perante o mundo como aquilo que de fato é: um não-tribunal que se deu poderes totalitários, opera como uma facção política e tornou-se incapaz de fornecer justiça.

ENFIM, JÁ SABEM – Era pouco provável, naturalmente, que o STF continuasse a fazer tudo o que tem feito nos últimos anos sem que ninguém no mundo percebesse, um dia. É o flagrante perpétuo, a prisão provisória por tempo indeterminado e o julgamento dos réus em lotes.

É a anulação de todos os processos de corrupção. É o inquérito policial que continua aberto há seis anos. É a defesa por vídeo. É a nomeação do advogado pessoal do presidente da República para uma cadeira no tribunal.

É o julgamento de Bolsonaro por uma câmara de cinco juízes, e não pelo plenário. É o traficante búlgaro que ganha a proteção do STF por caprichos de vingança de Alexandre de Moraes. É muito mais ainda.

NADA IGUAL – Não existe nada parecido com isso em qualquer sociedade civilizada do planeta. Na verdade, só no Brasil vigora a ficção de que o Supremo Tribunal Federal cumpre a lei, que não há nada de anormal em condenar a 17 anos de cadeia pessoas que participaram de um quebra-quebra e que houve uma tentativa de golpe armado em que a armas eram estilingues, bolas de gude e um batom, no papel de “substância inflamável”.

O que há, no mundo real, é uma fratura que vai ficar cada vez mais exposta até a hora do julgamento. Terão de ser exibidas em juízo as provas do golpe do STF – e aí sim, “The Economist” vai ver o que é a justiça brasileira.

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